Felipe Severo Sabedra Sousa

USO DE RECURSOS DIDÁTICOS TECNOLÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

A sociedade demanda o desenvolvimento de objetos e projetos que solucionem seus problemas, e partindo desse pressuposto, surgiram as primeiras noções tecnológicas, que freneticamente expandiram-se para todos os setores de nossa sociedade. Outros aspectos passaram a ter relevância: valoriza-se o conhecimento; a riqueza dos países passou a ser medida pelo acesso tecnológico e sua capacidade de desenvolvimento na área; a informação e as práticas relacionadas a ela se tornaram o principal setor da economia [Kohn; Morais. 2007]. Estes três principais fatores levam hoje à instauração de um simbolismo da tecnologia como bem maior, a ser perseguido e incorporado em novas práticas sociais.

Com os avanços tecnológicos são solucionados grande parte dos problemas atuais, porém outros são gerados, e desta maneira nossa geração é representada pelo avanço do consumo e produção de informação de grande acesso, ocasionados pela aceleração tecnológica.

A realização de aulas expositivas com o uso de novas tecnologias demonstra-se uma ótima ferramenta para que o aluno realize a experimentação do conteúdo e estabeleça uma dinâmica relação entre teoria e prática, tornando-a visível para quem aprende e fomentando o conteúdo explicado pelo docente, Atualmente, as possibilidades de aprendizagem mediada por computador já levam para dentro dos laboratórios e salas informatizadas inúmeros recursos multimídia com possibilidade de deixarem as aulas mais ricas, tendo como base a internet, uma grande biblioteca digital [Savi. 2009].

Os impactos positivos sobre o uso de novas tecnologias são vistos de diversas formas, e por mais que sejam comprovados, são pouco utilizados pelos profissionais da educação sob a justificativa do desinteresse de alunos e de mesma forma de docentes para não modificar seus planos de aula e suas explicações sobre os fatos ocorridos. O preparo da aula expositiva requer que o docente conheça seu público para adequar o conteúdo aos prévios conhecimentos da turma [Peleias, et al; 2013]. Outro aspecto a considerar, em especial no planejamento da aula, refere-se aos recursos que o docente terá à disposição e de quais fará uso, para buscar e selecionar os conteúdos a serem transmitidos.

É por muitas vezes possível compreender o desinteresse dos docentes pela falta de recurso nas instituições de ensino, principalmente tecnológicas, onde as que pouco se encontram, ou estão sem manutenção, ou estão defasadas para a proposta do profissional. O ensino de “caso investigativo” baseado no uso de narrativas sobre indivíduos sobre enfrentamento de decisões ou dilemas, que podem ser reais ou fictícios como exemplos facilitam a compreensão de alunos  [Waterman. 1998].

Alunos, em sua maioria possuem dificuldades para compreensão da disciplina de História, pelo modo com qual as aulas são ministradas, sem recursos tecnológicos, como por exemplo os laboratórios de informática, a ausência de materiais na escola também impacta negativamente para o ensino-aprendizagem dos discentes. Desta maneira os estudantes encontram-se desmotivados para assistir às aulas, visto que a maioria dos docentes não utilizam novas tecnologias para atualização de suas dinâmicas em sala de aula.

A formação atualizada dos docentes para a inserção de novos recursos didáticos e tecnológicos é fundamental para se adequar à nova realidade dos jovens de hoje, e desta maneira se torna peça chave para inclusão de estudantes com Necessidades Educacionais Especiais. Conforme Mercado [1999] a formação de professores é fundamental para o sucesso da utilização das novas tecnologias como ferramentas de apoio ao ensino.

Muitas vezes os profissionais do ensino encontram dificuldades para encontrar materiais adaptados, visto o grande número de deficiências, assim com as novas tecnologias integradoras se torna possível tornar o processo de ensino-aprendizagem usual para ambos, sem a necessidade de limitações, como ocorre por muitas vezes. Os profissionais que hoje atuam na área da educação precisam atender às novas exigências da profissão, realizando atualizações constantes, o que normalmente não ocorre, e desta maneira se mostram resistentes em aderir às novas tecnológicas e ao se comunicar com jovens alunos.

É passível de análise, que não apenas seja inserido no ambiente escolar novas tecnologias, mas também sejam realizados curso que capacitem os educadores e seja disponibilizado um material previamente analisado e construído para este profissional com base na sua instituição de ensino [Moran. 2004]. Algumas instituições de ensino preparam e outras permanecem inseridas em paradigmas antiquados para a sociedade tecnológica, bem como algumas instituições estão mais desenvolvidas na parte tecnológica, e preparadas para receber aos diversos estudantes, é observável que as mudanças ocorrem aos poucos, em todos os níveis e modalidades educacionais aos quais há investimento.

Acredito que investimento se conecte melhor com a questão, não apenas financeiramente, mas também nas capacitações dos profissionais que atuam na área, e principalmente num investimento de futuro à longo prazo, no qual não haverá sem educação. Recomenda-se aos professores da disciplina de História que continuem a aprender e debater sobre o uso de recursos tecnológicos em sala de aula, realizando atualizações constantes, reflexionando sobre suas aulas, priorizando o uso de tecnologias educacionais e enriquecendo seu trabalho. A aprendizagem provém do envolvimento ativo do aluno com a construção do conhecimento e as ideias prévias dos alunos têm papel fundamental no processo de aprendizagem, que só é embasada naquilo que ele já sabe [Brasil, 1997].

Cabe ao educador atualizado estar disposto a inovar e experenciar novas atividades, como por exemplo em técnicas de ensino como aplicativos educacionais, ferramentas de Tecnologia da Informação e Comunicação e a exploração do uso de dispositivos eletrônicos em sala de aula, buscando incorporar estas novas tecnologias em sala de aula. Conforme Khan e Morais [2007] a Sociedade da Informação,  é representada por uma sociedade na qual a informação é utilizada intensamente como elemento da vida econômica, social, cultural e política, dependendo de um suporte tecnológico para se propagar, demonstrando que esse processo se tornou um fenômeno social, instaurado dentro da sociedade.

A instituição de ensino deve estimular aos educadores o uso de novas tecnologias, já que estas se encontram presentes em nossa sociedade em aparelhos eletrônicos como smartphones, buscando promover formações voltadas ao seu uso e potencialidades no ensino, desta maneira visando a estimulação do educando e seu aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem. É importante ressaltar que os novos recursos tecnológicos abrem um leque de possibilidades para facilitar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos, tornando a aula expositiva mais palpável pelos estudantes, facilitando sua aprendizagem e tornando o ensino dinâmico e participativo.

Os recursos tecnológicos de ensino devem ser usados para facilitar, acelerar e intensificar a aprendizagem, esses recursos não devem ser usados para imitar outros professores que os usam. O objetivo dos recursos é serem simples, de fácil uso e conservação [KARLING, 1991]. Conforme Lunetta [1991] as aulas práticas podem ajudar neste processo de interação e no desenvolvimento de conceitos, permitindo assim que os estudantes aprendam como abordar o seu mundo e desenvolver soluções para problemas complexos.

Conforme Nicola e Paniz [2016] sabemos que a impotância dos recursos tecnológicos é tanto para o aluno, quanto ao professor, que é a figura mais próxima do aluno, desenvolver-se inúmeras capacidades. Desse modo, faz-se necessário que o professor esteja preparado para utilizar os recursos didáticos, objetivando que o aluno possa realmente aprender.

Atividades práticas são experiências vividas, e, portanto, ao serem utilizadas durante as aulas com o uso de novas tecnologias se tornam meios de produção e transmissão de conhecimentos, não apenas no ambiente escolar, mas como um propagador de conhecimentos por toda comunidade na qual a escola está inserida. Os professores, ao deixarem de realizar atividades práticas podem estar incorporando formas de ação presentes historicamente no ensino, como uma abordagem tradicional, sem observar a importância da prática na aprendizagem [Andrade; Massabni, 2011].

Cabe ao educador analisar o perfil de seus discentes com os quais está atuando, para que posteriormente possa direcionar sua prática pedagógica com utilização de novas tecnologias, que pode ser construído coletivamente com os estudantes, mas com um objetivo pré-determinado. Conforme Costoldi e Polinarski [2009] o professor deve ter formação e competência para utilizar os recursos didático-pedagógicos que estão ao seu alcance e muita criatividade, ou até mesmo construir juntamente com os alunos, pois, ao manipular esses objetos a criança tem a possibilidade de assimilar melhor o conteúdo.

O uso de novas tecnologias para inclusão de deficientes no sistema de ensino já possui disponibilidade, e desta forma cabe aos profissionais, e às instituições adequar-se aos novos modos de inclusão, visto que estas são benéficas tanto nos processos de ensino quanto de socialização, é evidente que a educação inclusiva é coletiva, e, portanto, democrática, nunca segregadora, na qual todos os participantes são beneficiados, e não se possui efeitos adversos de sua prática, tanto nos processos de aprendizagem quanto de socialização [Sousa; Anadon. 2018].

Tornar as aulas acessíveis e inclusivas é uma prática que deve se tornar obrigatória a todas às escolas e sucessivamente aos educadores, visto que a educação inclusiva é democrática, nunca segregadora, onde todos os envolvidos no processo de ensino- aprendizagem são contribuídos positivamente, e com o auxilio de nos tecnologias essa integração pode se tornar mais fluida e menos complicada. As atividades práticas nos processos de ensino-aprendizagem das ciências humanas constatam que há um abismo entre a importância atribuída às atividades práticas e a sua execução, desta maneira os recursos tecnológicos unem as duas partes, tornando o ensino integrativo.

Khan e Morais afirmam que a informação é a transmissão de mensagens que possuem um significado comum entre o emissor [quem produz a mensagem] e um sujeito [quem recebe a mensagem], por meio de um suporte tecnológico que faz a mediação dessa mensagem. Toda informação é dotada de consciência, objetivo e finalidade ao ser transmitida do emissor para o interlocutor.

As bases do ensino da disciplina de História é de que tudo é construído por alguém, com algum objetivo e finalidade, desta maneira ao ser inserido na construção de conhecimento os novos recursos tecnológicos disponíveis o ensino se torna integrado, unindo o teórico e o prático, e desta forma cabe aos educadores dinamizar os seus conteúdos aplicados, tornando-os palpáveis para todos. Percebe-se que os professores estão realizando formações com o viés tecnológico, ressaltando a ideia de que é fundamental para os profissionais da área pensar na sua formação e suas práticas pedagógicas constantemente, articulando os seus diferentes saberes e conhecimentos adquiridos durante seus anos de experiência em salas de aula, e de contato com os mais diferentes estudantes com a teoria recebida em suas bases de formação.

Tardif [2006] buscando penetrar em seu processo real de escolarização, considerando que os seus diferentes saberes [disciplinares, curriculares, pedagógicos e da experiência] se articulam no trabalho diário em interação com os alunos e com os outros professores. O ensino realça o saber fazer ou a aquisição e manutenção de respostas. O conhecimento só poderá se estabelecer através do diálogo competindo ao professor diversificar as estratégias de ensino para corresponder às expectativas de cada geração,  a utilização de novas tecnologias, torna as dinâmicas socias e de ensino-aprendizagem mais palpáveis pelos alunos, buscando diminuir a lacuna entre teoria e prática, tornando o acesso ao conhecimento aberto aos estudantes.

Considerações finais

Conforme a pesquisa realizada é verificável a importância do trabalho com as novas tecnologias disponíveis, e o quanto o trabalho do docente se enriquece com o seu uso. O profissional da área da educação é mediador do processo de ensino-aprendizagem, e desta maneira, com o uso de novas tecnologias é possível que o discente explore novas possibilidades de aprendizagem, colocando o profissional da educação no eixo central como guia em seu processo de conhecimento.

É passível de observação que os recursos tecnológicos contribuem para absorção do conteúdo por parte dos discentes, seja de maneira direta ou indireta, e desta forma possibilitando aos alunos uma melhor aprendizagem e assimilação de conteúdo, além de um acesso democrático e acessível. Em relação aos docentes conclui-se que estes devem buscar sua aprimoração e atualização para trabalhar com jovens em sala de aula, e estudar as melhores formas de utilizar os recursos tecnológicos didáticos disponíveis, diversificando e dinamizando suas práticas pedagógicas, tornando-as inclusivas.

É verificável com base na pesquisa que os profissionais da área educacional buscam realizar um trabalho com primazia, mas cabe ao conjunto pertencente ao educador, o ambiente escolar e o educando para que seu trabalho seja desenvolvido com plenitude, e possa ser desenvolvido com o uso de novas tecnologias para torná-lo mais atrativo e inspirador.

Referências

Felipe Severo Sabedra Sousa é Antropólogo pela Universidade Federal de Pelotas, e atualmente cursa Formação Pedagógica em História pelo Centro Universitário Internacional.

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