UMA VISITA À PASTORAL AFRO EM CAXIAS/MA
O presente texto
tem por objetivo apresentar algumas das experiências vividas durante a visita
ao evento sobre conscientização negra, promovido pela Pastoral Afro da Paróquia
de São Benedito, no município de Caxias/MA no ano de 2019. Essa visita foi uma atividade
proposta pelo professor Me. Reinaldo dos Santos Barroso Júnior, responsável
pela disciplina de História e Cultura afro-brasileira, durante o sétimo período
da graduação em História cursada na Universidade Estadual do Maranhão, campus
Caxias.
Pastoral Afro em Caxias/MA: A ação da Igreja Católica no combate ao
preconceito racial
A criação da
Pastoral Afro, organismo vinculado à Paróquia de São Benedito na cidade de
Caxias/MA, ocorreu no ano de 2015. O objetivo que orientou a sua criação foi o
de promover, entre os membros da Paróquia e da comunidade em geral, a inclusão
e a valorização da população negra, a partir da discussão de práticas e temas
relacionados à história e cultura afro-brasileira. Esse objetivo se coaduna com
o que Oliveira [2017, p. 07] reconhece como objetivo maior da Pastoral
Afro-brasileira, pois conforme ela “a Pastoral
Afro-brasileira se propõe a fazer uma reflexão social sobre a identidade do
negro”. Na fotografia abaixo, vê-se o banner da Pastoral Afro e os
símbolos - católicos e africanos - que a representam, os quais indicam o
sincretismo religioso, traço muito presente na cultura brasileira [Soares,
2002].
Na ocasião,
conversamos com o senhor Francisco Alves dos Santos, conhecido popularmente
como Chico do rádio. Atualmente, ele exerce as atribuições de coordenador da
Pastoral Afro e de presidente da associação dos produtores e produtoras
agrícolas rurais quilombolas do povoado Usina Velha na cidade de Caxias/MA.
Tratando sobre a criação da Pastoral, o senhor Chico do rádio nos disse que a
ideia de criá-la surgiu da necessidade de acolher os negros na Igreja.
Com isso,
evidencia-se que se configuraria em um verdadeiro contrassenso se caso a
Paróquia de São Benedito não abrisse espaço para acolher os negros que comungam
da fé católica. Ademais, no caso específico desta Paróquia, esse contrassenso
seria ainda maior, porque o seu santo padroeiro e que lhe dá nome, São
Benedito, é um santo negro, ao ponto de ser também conhecido como Benedito, o Mouro. Adicionalmente,
conforme seu coordenador, a Pastoral Afro atua sem nenhuma vinculação com a
política partidária, o que reforça o caráter autônomo do seu funcionamento na
promoção da inclusão e valorização dos negros na sociedade.
As atividades da
Pastoral Afro envolvem eventos culturais e palestras; as quais se concentram em
conscientizar as pessoas sobre a importância do negro e da sua cultura para a
sociedade brasileira. O senhor Chico do rádio disse que a atuação da Igreja
Católica através da Pastoral nessa causa é importante, porque ajuda muitas
pessoas que ainda não conseguem se reconhecer enquanto negras a valorizar a sua
identidade étnica, positivando assim o que ele chamou de ser negro. Isso está de acordo com o que Oliveira [2017] diz ser
também uma das funções da Pastoral Afro-brasileira, visto que de acordo com a
ela:
"Além
de estimular a espiritualidade do negro cristão, a Pastoral Afro-brasileira
evidencia a cultura afro com o intuito de colaborar para que o negro assuma sua
negritude e entenda melhor sua afrodescendência, através de estudos e ações,
para que assim possa assumir a sua luta em prol da questão racial"
[Oliveira, 2017, p.12].
O dito evento
promovido pela Pastoral Afro é realizado todo ano, tradicionalmente no mês de
novembro para se coadunar ao dia da consciência negra - 20 de novembro. Apesar
disso, faz-se necessário sublinhar que, outras ações menores são desenvolvidas
pela Pastoral ao longo de todo o ano relacionadas ao propósito fundante deste
organismo, qual seja, o de promover a inclusão e a valorização dos negros na
sociedade.
A equipe que dirige
a Pastoral Afro é composta pelo bispo Dom Sebastião, pelo padre José de
Ribamar, pelo Dom Valdecir e por diversos colaboradores ligados à Paróquia de
São Benedito, a exemplo do Júnior Silva e da Claudiane Silva, além do próprio
Chico do rádio que atualmente coordena a Pastoral.
Sobre os resultados
das atividades desenvolvidas pela Pastoral, o senhor Chico do rádio nos
informou que antes as pessoas não sabiam o que era quilombola, porque elas
simplesmente falavam a palavra sem saber o seu significado. Mas graças ao
trabalho da Pastoral, o movimento quilombola cresceu tanto no campo como também
na cidade, mostrando com isso que as pessoas passaram a entender o que está
envolvido em ser quilombola, bem como a aceitar a sua identidade negra, disse
ele.
Atividades do evento
O evento alusivo
ao dia da consciência negra que ocorreu em Caxias/MA no dia 22 de novembro de
2019, organizado pela Pastoral Afro da Paróquia de São Benedito da referida
cidade, contou com uma programação variada constituída por missa, participações
de agentes públicos do município, palestras de convidados e também por
atividades culturais, a exemplo de apresentações de capoeira, desfiles e
exposições de produtos artesanais. Ao longo do evento, também foi oferecida
assistência às famílias carentes de Caxias/MA, através da ação de assistentes
sociais.
A programação do
evento se iniciou com uma missa realizada às 07 horas da manhã na Igreja de
Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, localizada nas proximidades da Praça Rui
Barbosa no centro de Caxias/MA. A escolha dessa Igreja para essa atividade, que
deu início ao programa do evento, condiz com a essência e o objetivo dele,
visto que a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída no ano
de 1775 por meio do uso da mão-de-obra escrava negra, como afirma Souza [2016].
Inclusive, essa
Igreja era frequentada somente por negros, impedidos de assistir as missas em
outras Igrejas da cidade, por causa do preconceito imperante na época. Para
mais, o próprio nome da Igreja também da a conhecer a sua importância simbólica
para a população negra católica de Caxias/MA, o que consequentemente a torna um
espaço privilegiado para marcar o início das atividades de um evento alusivo ao
dia da consciência negra.
A missa,
ministrada pelo padre França da Paróquia de São Benedito, destacou, dentre
outros pontos, que a Igreja Católica deve se tornar um local de acolhimento; e
que para tanto, ela deve se ocupar em assistir a todas as pessoas que carecem
de acolhida, amparo e ajuda para atender suas necessidades espirituais e
físicas. Assim, destacando o papel social da Igreja Católica e dos seus
concrentes, o padre França disse ainda que o acolher é uma expressão do amor,
e que em função disso, este ato deve fazer parte da vida de todos aqueles que são
realmente devotos a Deus.
Com certeza, a
exposição dessa mensagem na abertura do evento foi muito pertinente, pois
reiterou a necessidade de romper com o racismo ainda lançado sobre os negros na
sociedade atual, incentivando por consequência, o amor e o respeito a todas as
pessoas, independentemente das suas características fenotípicas,
socioeconômicas e/ou culturais.
Após a missa,
estava programada uma caminhada até o salão paroquial da Paróquia de São
Benedito, localizado nas adjacências da Praça Vespasiano Ramos no centro de
Caxias/MA. Porém, por força de circunstâncias que não foram informadas, a
caminhada foi cancelada. Em virtude disso, todos os presentes na missa foram
orientados a se encaminharem para o salão paroquial para o prosseguimento das
atividades do evento.
O programa do
evento no salão paroquial da Paróquia de São Benedito iniciou-se com a fala da
secretária da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia do município de
Caxias/MA, Ana Célia Pereira Damasceno de
Macedo. Ela discursou sobre a necessidade de criar uma proposta curricular
capaz de atender as necessidades dos quilombolas situados no território do
município, reconhecendo que para isso, ouvir quem é quilombola é fundamental.
Além disso, a secretária ainda falou sobre a importância de a escola valorizar
a cultura quilombola dos alunos, a fim de fortalecê-la e consequentemente
dirimir os estigmas calcados em pré-conceitos que ainda orbitam em torno dela.
Em
seguida, o senhor Francisco de Assis de Abreu Júnior, secretário da Secretaria
de Assistência e Desenvolvimento Social do município de Caxias/MA, assumiu a
palavra e refletiu sobre o dia da consciência negra, reconhecendo, ao mesmo
tempo, que um dia não é suficiente para combater problemas que já se arrastam
por séculos no Brasil, a exemplo do racismo e das desigualdades sociais.
Francisco Júnior ainda disse que a cidade de Caxias possui atualmente seis
comunidades quilombolas reconhecidas. O secretário também falou que foi criado
um setor específico, chamado Núcleo quilombola,
dentro da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social de Caxias/MA,
depois que foi detectado que apenas um pequeno número de pessoas se
identificava como descendentes de quilombolas, quadro que, segundo ele, não
condiz com a situação real do município. Assim, o Núcleo quilombola se encarrega, dentre outras funções, de
desenvolver atividades que possam auxiliar na afirmação da identidade
quilombola entre os caxienses.
A
primeira palestrante do evento foi a senhora Graziela Martins Nunes, membro e
representante da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos. Ela ministrou a
palestra intitulada Vidas humanas valem,
na qual tratou sobre a valorização da vida humana a partir da discussão sobre o
racismo. Um conceito interessante, e ao mesmo tempo preocupante, relacionado
aos negros que Graziela Nunes apresentou para o público foi o de “vidas
matáveis”; afirmando a partir dele que existe na sociedade brasileira uma
mortalidade maior entre os negros do que entre os brancos. Uma das razões que
explicam isso, conforme a palestrante é o fato de que os negros são os que
estão mais expostos às condições precárias de vida, o que inclui além da
pobreza a própria violência que se faz presente tanto no contexto urbano como
também no rural.
Graziela
Nunes disse ainda que a morte é para todos, mas a maneira de morrer varia muito
a depender das características de cada indivíduo. Nesse sentido, segundo ela,
as mortes mais violentas atingem em maior grau os negros tanto no cenário
nacional como também no cenário estadual. Outro importante aspecto da fala da
palestrante diz respeito ao perfil da população carcerária em nosso país e
Estado, a qual é, segundo ela, esmagadoramente constituída por jovens negros.
No final da palestra, a representante da Sociedade Maranhense de Direitos
Humanos concluiu sua fala dizendo que não existem vidas melhores do que outras,
porque todas as vidas valem.
O
evento também foi marcado por críticas encaminhadas à Fundação Cultural
Palmares. Os organizadores do evento, representados pelos senhores Júnior Silva
e Claudiane Silva, disseram que os representantes dessa organização não querem
se deslocar até Caxias/MA para visitar as comunidades quilombolas existentes no
território deste município. Foi também dito que esse órgão visita todas as comunidades
quilombolas do Estado do Maranhão, mas se recusa a visitar as comunidades
situadas em Caxias/MA.
Apresentado
a importância dessas visitas, os organizadores do evento disseram que elas são
extremamente necessárias para se adquirir a certificação da Fundação Palmares,
o que torna possível o reconhecimento das comunidades quilombolas pelo governo
federal. É por causa disso que atualmente apenas seis comunidades são
reconhecidas como quilombolas em Caxias/MA, como destacou o secretário de
Assistência e Desenvolvimento Social do município, mencionado anteriormente. Na
ocasião, também foi informado que os representantes da Pastoral Afro estão
articulando um movimento e um abaixo-assinado para exigir as visitas da
Fundação Palmares às comunidades quilombolas caxienses.
A
segunda palestrante do evento foi a senhora Dalva de Almeida e Silva,
professora aposentada do Departamento de História e Geografia da Universidade
Estadual do Maranhão, campus Caxias - DHG/UEMA. Em sua fala, ela apresentou um
panorama histórico da presença do negro no Brasil, percorrendo desde o período
colonial até a contemporaneidade. A professora disse que a luta pelo fim da
escravidão foi um processo longo e que envolveu a participação dos negros, ao
contrário do que se costuma apregoar. Ela foi enfática ao dizer que o fim da
escravidão não representou o fim do sofrimento do negro e que o Brasil, por ser
um país com a maior parte da população negra, deve possibilitar condições de
vida digna para esse grupo étnico que muito contribuiu para a formação da nossa
nação.
A
professora Dalva de Almeida e Silva ainda disse que as relações entre brancos e
negros em Caxias/MA ainda continuam muito tensas, por causa do modelo de
formação da sociedade caxiense, em que os brancos não deixaram de serem os
donos da terra e os negros ainda não conseguiram escapar da condição de
subjugados. Na finalização da sua fala, sob a citação do artigo 5º da
Constituição Federal e dos seus incisos, a professora afirmou que os direitos
dos negros no Brasil hoje não são apenas negados, mas também desconhecidos por
muitos negros. Isso explica, conforme ela, a importância de apresentar esses
direitos à população negra.
Depois
das palestras, ocorreu um desfile expondo os principais produtos do artesanato
local. O interessante é que a base desse artesanato consiste no aproveitamento
de materiais típicos da região, como por exemplo, o coco babaçu. No início do
desfile, o destaque foi dado para os produtos artesanais. Porém, depois, o
destaque voltou-se para os próprios artesãos que apresentavam para o público
suas produções. Essa foi, sem dúvida, uma ótima maneira de valorizar, ao mesmo
tempo, um aspecto da cultura local e os responsáveis por ele. Vale destacar que
durante todo o evento, havia bancas com os artesanatos à venda, na porta de
entrada do salão paroquial.
Uma das atividades
culturais do evento foi a apresentação de capoeira do grupo que integra o
projeto Mãos amigas, sob a instrução
de Aldeir da Silva Conceição, mais conhecido como instrutor Coiote. Ele, além
de instrutor nesse projeto, também é coordenador e presidente do projeto de
capoeira chamado Mar de Angola. De acordo com suas informações, atualmente são
sessenta assistidos no projeto Mãos
amigas, com faixa etária entre sete e dezesseis anos. Faz-se necessário
destacar que além da capoeira, o projeto oferece também oficinas de danças,
música e de outras expressões culturais de raiz africana.
Sobre a história do
projeto social, o instrutor Aldeir disse que o Mãos amigas, décadas atrás, era um projeto proposto pela Igreja
Católica. Com o tempo, ele passou a ser gerido pela Secretaria de Assistência e
Desenvolvimento Social de Caxias/MA. Assim, o período de existência do projeto
tem entre quinze e dezessete anos, conforme ele. Aldeir Conceição ainda disse
que a importância maior do projeto é possibilitar o resgate dos valores,
especialmente os valores familiares, a cultura local, além de tirar os jovens
da marginalização e das drogas.
O
evento estava programado para ocorrer até o final da tarde. Mas, em decorrência
de alguns imprevistos, tais como a falta não deliberada de membros de
comunidades quilombolas que foram impedidos de estarem presentes na ocasião por
causa de problemas com o transporte e o cancelamento das participações de
palestrantes, o evento foi encerrado mais cedo, logo no início da tarde. Apesar
disso, pode-se afirmar que ele cumpriu com seu objetivo.
Considerações finais
Indubitavelmente, ter participado do evento promovido pela Pastoral Afro
e pela Paróquia de São Benedito, foi uma experiência muito significativa e
enriquecedora, por pelo menos dois motivos, quais sejam: 1. O de perceber que a
Igreja Católica está engajada na luta contra o racismo e em prol da inclusão e
valorização da população negra na sociedade; e 2. O de saber que a Pastoral
Afro tem se empenhado em ajudar as pessoas, tanto da Igreja como também da
comunidade mais ampla, a se reconhecerem enquanto negras, a desenvolver consciência
de grupo e principalmente a reivindicar os seus direitos.
Na
visita, foi possível perceber que as atividades da Pastoral Afro se estruturam
a partir da necessidade de promover a conscientização sobre os direitos e a
importância dos negros no Brasil. Elas são realizadas durante todo o ano, mas o
ápice da atuação da Pastoral é o mês de novembro, em virtude da data de
comemoração da consciência negra. Por ser um organismo desvencilhado da
política partidária, estando vinculado apenas à Igreja Católica, não raro, os
membros da Pastoral precisam usar recursos próprios para promovem as atividades
deste organismo.
Foi
também observado que o funcionamento da Pastoral Afro promove o envolvimento de
crianças e adolescentes em atividades culturais, tais como a capoeira, além de
dar incentivo às comunidades quilombolas de publicizar sua arte e cultura,
através da exposição e comercialização das peças artesanais confeccionadas
pelos próprios moradores dessas comunidades.
Portanto,
a partir dessa visita percebemos que o dia 20 de novembro, data em que se
comemora o dia da consciência negra no Brasil, não pode ser reduzido à apenas a
um feriado. Pois, ele deve ser convertido em um lembrete de que o problema do
racismo ainda continua latente na nossa sociedade e que precisa ser
extensivamente enfrentado por todas as instituições
e pessoas. Isso porque o racismo
não é problema de somente um grupo, mas sim de toda a sociedade.
Referências
Raimundo Nonato
Santos de Sousa – É acadêmico do oitavo período do curso de História na
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, campus Caxias. Atualmente, atua como
pesquisador-bolsista PIBIC/UEMA e pesquisador-colaborador UNIVERSAL/FAPEMA.
Irenilda
Costa da Silva – É acadêmica do
oitavo período do curso de História na Universidade Estadual do Maranhão -
UEMA, campus Caxias.
OLIVEIRA,
Camila Moraes de. A Importância da Pastoral Afro-Brasileira [PQB]. XXXI
Congresso Alas Uruguay, 2017. [Artigo]
SOUZA,
Joana Batista. Educação patrimonial:
passados possíveis de se preservar em Caxias-MA. Dissertação [Mestrado em
Ensino de História] – Universidade Estadual do Maranhão-UEMA, 2016, 147 p.
[Dissertação]
SOARES, Afonso Maria Ligorio. Sincretismo afro católico no
Brasil: Lições de um povo. Revista de Estudos da Religião, n°3, 2002, p.45-75.
[Artigo]
Boa tarde!
ResponderExcluirAqui é o Marcelo Azevedo Trindade, sou aluno do terceiro período do curso de Licenciatura Plena em História, da Universidade Federal do Maranhão. Aqui em São Luís, Maranhão.
BEm! Eu não sei se vocês conheceram ou ouviram falar de Padre Bráulio um padre Negro. Então! Hoje a igreja do Maranhão perdeu um grande sacerdote negro, um grande padre negro. Que se chamava Padre José Bráulio Sousa Ayres. Mais conhecido como Padre Bráulio. Com forte atuação nas Ceb's: comunidades Eclesiais de Bases, e um grande formador de padres. Eu entendo que ele muito contribuiu dentro da igreja Católica, enquanto Padre e principalmente enquanto formador de seminaristas, ou seja, de futuros padres. Para que a proposta e as ideias do artigo de vocês acontecesse na prática, na vida comunitária eclesial. Que é de inclusão e valorização da população negra do Maranhão, para que tivesse espaço, voz e vez dentro da igreja Católica no Maranhão.
A primeira pergunta vai para os dois comunicadores:Raimundo Nonato Santos de Sousa e Irenilda Costa da Silva
1. Como vocês vêem essa perda repentina de um padre negro, um líder negro ativo no tocante a Pastoral Afro e as Ceb's. Que que comungava das mesma idéias e dos ideias da Pastoral Afro e das Ceb's. Movimentos estes que existem dentro da igreja Católica do Maranhão para incluir, valorizar a população negra e os pobres excluídos e marginalizados da sociedade. Isso fortalece ou enfraquece a luta no combate ao Racismo e o Preconceito dentro da igreja Católica?
A segunda pergunta vai para o comunicador: Raimundo Nonato Santos de Sousa
2.Essa realidade chamada "Pastoral Afro"; "inclusão"; "valorização da população negra"; "igreja Católica Apostólica Romana do Maranhão"; "Dom Sebastião Bandeira" que acontece em Caxias/MA, que por sinal é muito louvável. Não é uma realidade Maranhão no seu todo. Com grande desafios na área urbana. Então, porque está dando certo essa proposta em Caxias! MA. Que é uma parte do macro religioso e não dá certo no macro religioso? Quem falta se conscientizar nesse processo de inclusão e valorização da população negra?
A terceira pergunta vai para a comunicadora: Irenilda Costa da Silva
3. Como você observa a aceitação, a inclusão das mulheres negras dentro da igreja Católica. De que forma elas são incluídas dentro de uma processo de conscientização da importância que a mulher negra tem para a sociedade ou ainda hoje continua sobre uma catequese que não liberta, só aliena a mulher, nessa linha de pensamento do seu artigo?
Parabéns pelo belíssimo artigo! Amei!
Marcelo Azevedo Trindade, aluno do curso de Licenciatura Plena em História. Da Universidade Federal do Maranhão.
São Luís, MA. 18 de maio de 2020.
Boa noite, senhor Marcelo Azevedo Trindade. Obrigado pelas perguntas. Apreciamos suas expressões. Infelizmente, a perda do padre José Bráulio Sousa Ayres representa uma perda muito significativa não só para a comunidade católica, mas também para a sociedade em geral. Acredito que o legado deixado pelo padre Bráulio fará com que outras pessoas deem continuidade à obra que foi por ele realizada. No tocante à sua segunda pergunta, é possível que falta conscientização por parte dos dirigentes da Igreja para atuarem no sentido de proporcionar a inclusão e valorização dos negros na comunidade religiosa, em particular, e na sociedade, em geral. E, talvez o que explique a preocupação dos dirigentes da Igreja Católica em Caxias/MA se mostrarem sensíveis à essa problemática social (leia-se racismo) esteja relacionada com a própria história de Caxias e a do catolicismo nesta cidade. De todo modo, cabe-nos celebrar as ações que estão sendo desenvolvidas contra o racismo, nos empenhando assim por uma sociedade em que a cor da pele não seja um marcador de diferenças.
ExcluirAbraços!
Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa.
Bom dia, Marcelo Azevedo Trindade. Em resposta a primeira pergunta, concordando com o meu colega Raimundo Sousa, reafirmo que a perda do Padre José Braúlio Sousa Ayres é significativa tanto para a comunidade católica quanto para a comunidade em geral. E acredito que essa perda enfraqueça sim, a luta no combate ao racismo, pois embora o racismo seja a realidade da maioria de nós negros, este ainda se encontra muito mascarado e apenas as pessoas que o sofrem na pele tem uma noção real da sua amplitude, e perder uma pessoa que se coloca à frente dessa luta trás um sentimento de desamparo, ainda que sirva de incentivo para que demos continuidade a sua missão. Em relação a terceira pergunta, eu como mulher e negra, a respondo levando em consideração a realidade em que vivo, na cidade em que moro e na igreja que frequento, então posso lhe afirmar que em momento algum houve essa conscientização da importância que a mulher negra tem para a sociedade, pois na mesma são abordados os assuntos, mais no tocante à nossa relevância, inclusão e aceitação não há nenhum tipo de diálogo. Ter tido um contato com a Pastoral Afro em Caxias-MA me fez perceber a minha importância enquanto negra e mulher e ver que na minha cidade há uma carência enorme neste aspecto, e perceber que se essa iniciativa não partir de nós mesmos, a realidade de uma sociedade igualitária nunca será possível. Desde já agradeço por suas perguntas e espero ter sido clara em minhas respostas.
ExcluirAtenciosamente: Irenilda Costa da Silva.
ExcluirBoa tarde!
Senhora Irenilda Costa da Silva
Me sinto contemplado em suas respostas, referente as perguntes que lhe fiz.
Parabéns por você tem tido a coragem de dá um testemunho de vida pessoal e de vida comunitária!
Obrigado!
Continuemos na luta pelos direitos da população negra, em todos os espaços da sociedade.
Um forte abraço e um axé do povo negro!
Amém! Axé! Aleluia! Saravá!
Atenciosamente,
Marcelo Azevedo Trindade.
Aluno de curso de Licenciatura Plena em História. Da Universidade Federal do Maranhão.
Bom dia!
ResponderExcluirSenhor Raimundo Nonato Santos de Sousa!
Grato pela resposta referente aos meus questionamentos
Parabéns pelo belíssimo artigo!
Um forte abraço e um axé do povo negro!
Amém! Axé! Aleluia! Saravá!
Atenciosamente,
Marcelo Azevedo Trindade.
Aluno de curso de Licenciatura Plena em História. Da Universidade Federal do Maranhão.