“REVOLUTION UND NATION –
CONSTRUINDO A NACIONALIDADE ALEMÔ: UMA PROPOSTA DE JOGO DE RPG PARA O ENSINO DE HISTÓRIA
Introdução
Atualmente inúmeras reflexões acerca das práticas
pedagógicas adotadas pelos professores têm marcado o campo do Ensino de
História. A mudança de perspectivas teórico-metodológicas nesse campo, segundo
Bittencourt [2011], surgiu na década de 1980, sendo apenas na década de 1990,
que essas reflexões tiveram como objetivos propor novas metodologias no Ensino
de História.
Desta forma, inúmeros trabalhos passam a explorar
linguagens alternativas, oferecendo aos professores o desafio de elaborarem
propostas de aulas utilizando recursos como: jogos, imagens, produções teatrais
e cinematográficas, textos literários, entre outras.
Diante do debate do uso de novas metodologias,
apresentaremos uma discussão e proposta do uso de jogo RPG [Role-Playing Game] intitulado: “Revolution und Nation - Construindo a Nação e a Nacionalidade
Alemã”, sobre a atuação dos diferentes grupos sociais que vivenciaram os
processos revolucionários de março de 1848 nos territórios alemães, sobretudo
na Prússia.
O jogo no ensino de História
Uma questão recorrente no Ensino de História,
representando um desafio para professores, consiste em conseguir desenvolver
atividades que aliem conteúdo, ensino e aprendizagem, despertando nos alunos o
interesse em aprender.
Um fator que contribui para esse desafio são os
currículos escolares, que apresentando um conjunto expressivo de conteúdos a
serem trabalhados, tornam os professores reféns de métodos tradicionais,
buscando repassar grande quantidade de conteúdos em menos tempo.
Entretanto, é importante ressaltar que os currículos
escolares não podem ditar a prática docente, e como pontua Silva [2010], se
encontram em um campo de disputa de poder, permite compreendê-los como
construções culturais, marcados por relações de poder, devendo ser pensados
como territórios a serem contestados, para que seja possível desconstruir
propostas de conhecimentos hegemônicos, decorrentes de uma única história,
trazendo abordagens que ultrapassem as propostas nos currículos escolares.
Portanto, para romper com o tradicionalismo das aulas,
os jogos podem ser utilizados como recursos em sala, considerando os
pressupostos teóricos que o definem enquanto produto da cultura e facilitador
na aprendizagem.
Huizinga [2010], entendendo o jogo como fenômeno que
antecede a cultura, o definiu como:
“[...] uma atividade ou ocupação voluntária, exercida
dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras
livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si
mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência
de ser diferente da vida quotidiana”. [Huizinga, 2010, p. 33].
Ressaltando
o caráter social do jogo, descrevendo-o como voluntário e presente em
diferentes sociedades, o autor observa que mesmo sofrendo modificações, sempre
mantém seus aspectos de regras e divertimento.
A utilização de jogos no Ensino de História, quando
abordados no processo de ensino-aprendizagem, deve apresentar metodologias bem
definidas e amparadas pela ludicidade. Fortuna [2013], discutindo sobre a
ludicidade nos processos de ensino-aprendizagem, pontua que:
“[...] a questão central da abordagem lúdica dos
processos de ensino-aprendizagem não é ensinar como agir, como ser, pela
imitação e pelo ensaio através do jogo, tampouco obnubilar o ensino e os
conteúdos escolares, manipulando o aluno-jogador, mas a possibilidade de
desenvolver a imaginação, o raciocínio, a expressão, a relação com o outro e
consigo mesmo”. [Fortuna, 2013, p. 81]”.
Discutindo este conceito, Leal e D’Ávila [2013] o
consideram como consequência de um conjunto de vivências relacionadas ao lazer,
resultantes de experiências externas, bem como de condições internas dos
sujeitos que participam da experiência lúdica, através de fatores como a
partilha e a convivência. Refletindo
sobre esses fatores, observam ainda duas questões, primeiro que resultam da
coletividade, e segundo, que antes de representar um sentimento comum, passam
pela esfera individual de cada sujeito.
Portanto,
como observado em Fortuna [2013] e Leal e D’Ávila [2013], ao adquirir as
características inerentes a ludicidade, o jogo permite o exercício das
capacidades mentais, fazendo o aluno-jogador cruzar ideias, utilizar a
imaginação, mobilizar conhecimentos e desenvolver estratégias para alcançar
objetivos, vivenciando um processo de interação social e troca de
conhecimentos.
Diante
dessas características de sociabilidade, Meinerz [2013] explora a temática do
Ensino de História com jogos partindo do potencial presente nessa experiência
lúdica, ressaltando a importância do jogo enquanto prática cultural e criador
de vínculos entre alunos e professores, e os conhecimentos presentes dentro e
fora da sala de aula. Assim, os jogos permitem processos de interação social e
experimentações pedagógicas de construção do conhecimento, permitindo ainda,
segundo Friedmann [1996]:
“[...]
uma situação educativa cooperacional e interacional, ou seja, quando alguém
está jogando está executando regras do jogo e ao mesmo tempo, desenvolvendo
ações de cooperação e interação que estimulam a convivência em grupo”.
[Friedmann, 1996, p. 41].
Segundo
Huizinga [2013], ao refletir sobre as vivências educativas decorrentes da
utilização de jogos, é preciso levar em consideração suas características de
liberdade e não-seriedade.
Fortuna
[2000] observando que essas características muitas vezes, diante de atividades
escolares, acabam associando o jogo à improdutividade, pontua que o ato de
jogar contribui com os processos de ensino-aprendizagem, possibilitando ao
aluno uma posição ativa, que ao desenvolver o papel de sujeito da experiência,
busca dominá-la, vivenciado a experiência lúdica e a troca de conhecimentos.
Na
mesma linha, Kishimoto [2008, p. 149] pontua que o jogo: “Para a criança e o
adulto é o espaço para usar a inteligência, um banco de provas, viveiro para
experimentar formas de combinar o pensamento, linguagem e fantasia”.
Portanto,
os jogos constituem uma possibilidade no Ensino de História, rompendo com os
saberes tradicionais e possibilitando novas abordagens nos processos de
ensino-aprendizagem, que promovam a liberdade de expressão e a interação entre
os sujeitos.
Caminhando rumo à Unificação Alemã
O conteúdo selecionado para a elaboração do jogo
proposto se direciona na experiência nacionalista na Alemanha durante o século
XIX, por considerarmos um tema pertinente para a compreensão do conceito de
“Estado” e “Nação”.
O início do século XIX representou um momento de
mudanças na história da humanidade. De um lado, no “Novo Mundo”, os territórios
outrora colonizados lutavam por emancipação política, do outro, como pontua
Guedes [2009], a Europa era sacudida por acontecimentos
político-militares.
Esses eventos que marcaram a Europa foram frutos da
propagação das ideias liberais da Revolução Francesa, que em 1789 contestaram a
estrutura do Antigo Regime, além da ascensão de Napoleão Bonaparte, que em 1804
chegava ao trono francês empreendo campanhas militares.
Durante estas campanhas, as ideias francesas se
propagaram, exportando os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, que
como pontua Hobsbawn [2016], estruturaram as bases dos movimentos
nacionalistas.
Não tardou para que as monarquias nacionais reagissem
no combate à entrada das ideias que haviam promovido o declínio do Antigo
Regime francês, e de acordo com Guedes [2009], o momento crucial para essa
reação foi o ano de 1815, quando Napoleão foi derrotado na Batalha de Waterloo.
Com a derrota de Napoleão, as monarquias europeias
organizaram o Congresso de Viena em 1815, com o intuito de restabelecer as
fronteiras de seus territórios e conter as ideias que representavam perigo ao
poder dos soberanos.
Hobsbawm [1990],
analisando o contexto político, econômico e social que favoreceu o surgimento
dos movimentos nacionalistas no século XIX, considera que estes movimentos
foram ocasionados pela reação conservadora dos soberanos e aristocratas dos
Estados europeus, que preocupados com questões relacionadas à nação e a
nacionalidade, traçaram um domínio político-administrativo sobre o povo.
Embora
este domínio se manifestasse nas ações dos Estados europeus, estes, foram
obrigados a ouvir as demandas populares, pois os arranjos políticos existentes
no período, bem como a entrada das ideias liberais, haviam dado força às
insatisfações desta classe.
Os acordos políticos desenvolvidos no Congresso de
Viena, no caso dos Estados Alemães, ocasionaram na criação da Confederação
Alemã, que consistiu em uma aliança na qual os representantes desses Estados,
numa tentativa de se fortalecerem, formaram uma dieta sediada em Frankfurt.
A criação da Confederação Alemã representou o início
do movimento constitucional, que já se desenvolvia na Europa, e da reação
conservadora estabelecida pela Áustria e Prússia no Congresso de Viena.
Guedes [2009] destaca que as principais reivindicações
desse período consistiram na limitação do poder monárquico e na positivação de
direitos universais como na Revolução Francesa.
Em 1835, diante da postura conservadora adotada pela
Áustria e Prússia, as ideias liberais ganharam espaço nos territórios alemães.
Nesse ano morria o Imperador austríaco Friedrich I, e em seu lugar assumia
Fernando I, que incapaz de administrar o Estado Austríaco, diante das
crescentes manifestações, transferiu seu poder para um Conselho.
As insatisfações populares, em meio às ações
conservadoras adotadas pela Áustria e Prússia ganharam força em 1840. Como
pontua Evans [2010], os territórios alemães nessa década foram abalados pela
“fome de 40”, que gerou um contexto de pobreza, reascendendo o desejo por
mudanças. Surgia então uma nova classe intelectual insatisfeita com a
situação alemã.
Evans [2010] entende que as reivindicações dessa
classe contribuíram para que o movimento liberal ganhasse espaço nas
universidades, através de encontros e debates, fazendo com que as ideias
liberais chegassem às ruas através de jornais, onde se defendia a criação de um
Estado Alemão embasado em instituições que garantissem direitos fundamentais e
liberdade de expressão.
Nesse contexto, como assinala Guedes [2009], a Áustria
não havia ainda realizado uma reforma administrava, como fez a Prússia em 1820,
ocasionando conflitos internos que gerou um descontentamento que se espalhou
pelo Império, contribuindo para que a Prússia ascendesse no cenário político,
encontrando como desafio o “germe da revolução” instalado entre a população.
O movimento iniciado na França em março de 1848,
rapidamente se espalhou pelos demais Estados europeus, e se antes o motivo dos
principais protestos era a fome, agora a questão era a concessão de direitos
fundamentais previstos em constituição.
Diante das agitações políticas nos Estados Alemães,
Metternich, na Áustria, pede demissão do cargo de Ministro das Relações
Exteriores, e Fernando I, como cita Guedes [2009], aceita acatar algumas
reivindicações, abolindo a censura e o sistema repressivo, mas criando, por
outro lado uma Guarda Nacional.
Já na Prússia, Friedrich Wilhelm IV promete elaborar
uma constituição contendo as reivindicações populares. Assim, os
revolucionários convocaram eleições, e os liberais acabaram chegando ao poder,
organizando um Parlamento, que direcionou no ano de 1849 a elaboração da
Constituição em uma Assembleia sediada em Frankfurt.
Mesmo com a abertura política permitida pelo rei
prussiano durante a elaboração da Constituição, os revolucionários, como cita
Evans [2010], não conseguiram o controle do exército por meio da
legislação. Guedes [2009] acrescenta que com o movimento enfraquecendo no
decorrer de 1848, e os monarcas da Prússia e Áustria ganharam novamente o apoio
do exército.
Em 1849, numa reação conservadora, Friedrich Wilhelm
IV rejeita a Constituição elaborada pelos revolucionários, e outorga em 1850,
uma Constituição preparada por setores da aristocracia ligados ao
rei. Elias [1997] entende
à reação conservadora que dissolveu a Assembleia de Frankfurt, como decorrente
dos modelos militares de comando e de centralização do poder.
Embora o projeto de Estado pensando pelos liberais
tenha sido frustrada, sua essência se manteria nas reivindicações populares que
surgiriam após 1850.
O recorte
temporal discutido neste trabalho compreende o período de 1815 a 1850, marco no
desenvolvimento dos movimentos nacionalistas e da ascensão das ideias liberais
na Europa. No contexto alemão, consideramos que os processos
político-sociais desse período, que culminaram na promulgação da Constituição
Alemã em 1849, e em seguida na Declaração de Direitos da Prússia em 1850,
constituíram a gênese do processo que levou a Unificação da Alemanha em 1871. Portanto o recorte
temporal abordado torna-se fundamental para o entendimento deste evento final.
Uma proposta de jogo
Diante dos pressupostos teóricos que situam o jogo
como facilitador da aprendizagem e da importância do conteúdo da experiência
nacionalista na Alemanha durante o século XIX, sobretudo na discussão de
conceitos fundamentais na cultura política contemporânea, como direitos
políticos, liberdade de expressão, constitucionalismo, liberalismo, nação e
nacionalismo, escolhemos como modalidade de jogo a ser proposto, o RPG.
A elaboração do jogo seguiu as orientações propostas
por Marcatto [1996] na obra: “Saindo do Quadro”, que estabelece pontos a serem
desenvolvidos na elaboração desta modalidade.
Na impossibilidade de abordar todo o conteúdo
referente à Unificação Alemã, selecionamos o recorte temporal discutido
anteriormente, que situa os acontecimentos revolucionários de março 1848,
momento no qual os territórios alemães eram sacudidos pelo movimento liberal,
também denominado pela historiografia como: “Primavera dos Povos”.
Este recorte abarcará as questões em torno do primeiro
projeto constitucional de caráter liberal da história dos Estados Alemães,
iniciado em 1848, diante das reivindicações populares, e promulgado em 1849,
com o título de Constituição
Alemã. Ainda será abordada a reação conservadora, que derrubou em 1850 a
Constituição proposta pelos liberais, e outorgou a Declaração dos Direitos da
Prússia.
O jogo é destinado aos alunos do 2º ano do Ensino
Médio, momento no qual ocorre o contato com os conteúdos referentes aos
movimentos nacionalistas do século XIX.
Entre as expectativas de aprendizagem a serem
alcançadas pelos alunos estão: a compreensão dos processos políticos,
econômicos e sociais que contribuíram com a formação dos Estados Nacionais no
século XIX; e a relação entre essa formação e a ascensão do pensamento liberal.
Antes de utilizar o jogo, recomendamos aos professores
que discutam com os alunos os acontecimentos que marcaram a ascensão e o
declínio de Napoleão Bonaparte; a formação da Santa Aliança no Congresso de
Viena [1815]; os acordos estabelecidos entre as potencias europeias que
formaram esse Congresso; e a situação econômica, social e política da Alemanha
a partir da década de 1840.
O objetivo do jogo consiste na apresentação, por cada
grupo político, de uma “Carta com as Reivindicações” a serem enviadas ao
Parlamento de Frankfurt [grupo de ideias liberais] e ao Rei da Prússia [grupo
dos conservadores]. Portanto, antes de iniciar o jogo, deve-se haver a formação
de dois grupos, onde a divisão dos membros ocorrerá mediante a escolha dos jogadores.
O primeiro grupo será ligado às ações revolucionárias:
formado por mulheres, jornalistas, segmentos do exército, profissionais
liberais, operários, estudantes, intelectuais, artistas, componentes da classe
média e alguns camponeses que tiveram contato com as ideias dos liberais [com
20 membros].
O segundo grupo, à reação conservadora: formado por
setores do exército, juristas, aristocratas e membros da alta burguesia [com 11
membros].
Após a divisão, cada grupo receberá o material que
estará na caixa do jogo, que contém as instruções que definirão suas ações,
devendo ser entregues pelo “Mestre” [narrador do jogo, preferencialmente o
professor].
A caixa contém: o Manual
de Regras; as Cartas das Cenas com
descrições dos contextos políticos, econômicos e socioculturais das cenas de
cada [Imagens 1 e 2]; as Cartas dos
Personagens [Imagens 3 e 4], com as descrições das características de cada
personagem: nome, idade, ocupação, ideologia política e “Estrelas de Honra”; as
“Cartas de Reivindicações” e Organização das Pautas dos Grupos, com
descrição dos subgrupos que serão formados para discutir as pautas a serem
reivindicadas: educação, segurança, liberdade [Imagens 5 e 6]; os Mapas do Reino da Prússia e de Berlim
[Imagens 7 e 8]; os trechos da Constituição
Alemã de 1849 e Declaração dos
Direitos da Prússia de 1850 [Imagens 9 e 10]; a Proposta de uso do Jogo e os dados.
Imagens1
e 2: Cartas descrevendo
as Cenas das Ações do Jogo.
Fonte: Autores, 2019.
Imagens
3 e 4: Cartas dos Personagens [Conservador e Liberal – Respectivamente]
e suas Características.
Fonte: Autores, 2019.
Imagem
5: Carta [frente e verso] das Reivindicações e Organização das
Pautas do Grupo 1.
Fonte: Autores, 2019.
Imagem 6:
Carta [frente e verso] das Reivindicações e Organização das Pautas do Grupo 2.
onte: Autores, 2019.
Imagem
7: Mapa de Berlim.
Fonte: SELTER [1846]. Disponível em:
https://docplayer.com.br/40369864-Mestrado-integrado-em-arquitetura-schinkel-e-o-desenho-da-cidade-de-berlim-ana-rita-forjaz-rocha-m2016.html.
Imagem
8: Mapa do Reino da Prússia.
Fonte: WILPOT. Disponível em: http://www.1familytree.com/index.htm.
Imagens
9: Cartas com Artigos da Constituição Alemã de 1849 [frente e
verso].
Fonte: Autores, 2019.
Imagens
10: Cartas com Artigos da
Declaração dos Direitos do Estado Prussiano de 1850 [frente e verso].
Fonte: Autores, 2019.
Após a divisão dos grupos, cada jogador deverá definir
o seu personagem e ler suas características. Em seguida o “Mestre” iniciará o
jogo narrando as regras, mostrando os mapas e lendo as cenas nas quais os
grupos estarão inseridos.
Depois de reunido, cada grupo irá se dividir de acordo
com os subgrupos indicados nas “Cartas de Reivindicações” e “Organização das
Pautas”, e discutir os pontos em comum que cada personagem possui dentro do
subgrupo.
Os subgrupos organizados irão propor pontos a serem
reivindicados escrevendo uma “Carta” em uma folha disponibilizada pelo
“Mestre”. Tais pontos deverão estar de acordo com os tópicos a serem defendidos
por cada grupo, de acordo com o lugar social de cada personagem e pensamento
político.
Cada subgrupo contém uma quantidade de “Estrelas de
Honra” que representa a soma total das “Estrelas” de cada personagem. Só
poderão indicar pontos a serem reivindicados nas “Cartas” os subgrupos que
apresentarem cinco “Estrelas”.
A possibilidade de indicação de pontos a serem
reivindicados nas “Cartas” se dará da seguinte forma: cada subgrupo que tiver
cinco ou seis “Estrelas” indica um único ponto a ser reivindicado; o que tiver
sete ou oito “Estrelas” indica até duas reivindicações.
Os grupos devem debater e produzir os itens que irão
compor as duas “Cartas” a serem apresentadas. O tempo de elaboração das
“Cartas” será definido pelo “Mestre”.
A cada reivindicação proposta pelo subgrupo ocorrerá a
rolagem dos dados, caso o número tirado seja par, a reivindicação será aceita,
caso seja ímpar a reivindicação não será aceita e o subgrupo terá que elaborar
uma nova. Assim que as “Cartas” estiverem prontas os grupos irão entregar ao
“Mestre” que deverá ler os resultados. Em seguida o “Mestre” e os
jogadores, irão comparar as “Cartas” produzidas às Constituições que foram
promulgadas em 1849 e 1850.
Considerações
finais
O exemplo de jogo de RPG aqui apresentado aborda como eixo temático a formação de
organizações políticas e sociais dos Estados Alemães no século XIX, lançando
olhares sobre conceitos como: nação, nacionalismo, liberalismo e
constitucionalismo, evidenciando os conteúdos históricos na criação de jogos a
serem utilizados no Ensino de História.
Ao discutirmos os aspectos teórico-metodológicos da
produção e utilização de jogos nos processos de ensino-aprendizagem, com a
experiência do jogo apresentado, consideramos que este recurso pode ser
utilizado como uma linguagem alternativa para se trabalhar conteúdos
pedagógicos, por permitirem uma aproximação entre a realidade dos alunos e as
demandas escolares.
Referências
Anderson Bezerra de Jesus é graduando em Licenciatura Plena em
História na Universidade Federal Rural de Pernambuco [UFRPE], Gestor de Turismo
no Instituto Federal de Pernambuco [IFPE], Especialista em História e Cultura
do Brasil na Estácio. Membro do Laboratório de Estudos e Intervenções em
Patrimônio Cultural e Memória Social [LEPAM-UFRPE].
[http://lattes.cnpq.br/0156112897210399].
Jonas Clevison Pereira de Melo Júnior é graduando em Licenciatura
Plena em História na Universidade Federal Rural de Pernambuco [UFRPE]. Membro
do Núcleo de Ensino e Pesquisa Arqueológica [NEPARQ-UFRPE]. [http://lattes.cnpq.br/5369785841074865].
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> Acesso em 20 nov. 2019. [internet]
Olá Anderson e Jonas. O uso de games no ensino vem crescendo e também, salvo melhor juízo, esbarrando em problemas como infraestrutura nas escolas e os próprios limites dos games. Outra questão é a logística e tempo de aula para inseri-los de forma adequada e educacionalmente válida. Vocês pensaram a possibilidade e a validade de trabalhar com os games também num contra turno ou atividade extra curricular: Abcs
ResponderExcluirEverton Carlos Crema
Boa tarde professor, certamente a falta da infraestrutura das escolas, sobretudo nas públicas, é um entrave para a aplicação de atividades como jogos, sejam eles no formato RPG ou jogo de tabuleiro, contudo existe a possibilidade da aplicação dos mesmos com a confecção própria do docente. Neste caso em específico, elaboramos todo o jogo, sem um custo maior, tendo em vista que até os dados foram confeccionados, desta forma acredito ser viável a proposta e sua aplicabilidade.
ExcluirA questão do tempo da jogabilidade é de fato um complicativo, no caso de jogos de RPG, onde é necessário um tempo considerável para uma boa dinâmica, é recomendável que seja feito em aulas germinadas, ou seja, em duas aulas seguidas; outra alternativa válida seria uma prática integrativa com outras disciplinas da escola.
Anderson Bezerra de Jesus
Boa tarde professor, obrigado pelas considerações! Essa questão da falta de infraestrutura esteve em discussão durante toda a elaboração do jogo. Quando começamos a elaboração do jogo, pensamos em uma forma de fazer com que fosse de fácil acesso pelos professores, tanto em termos técnicos, quanto financeiros,principalmente porque muitos professores não dispõem de tantos recursos (no caso materiais didáticos) no espaço da escola. Diante dessas reflexões foi que pensamos na elaboração do jogo de RPG cujos recursos necessários para a jogabilidade possuíssem como suporte papel.
ExcluirJunto com o material do jogo vai um roteiro para guiar as possibilidades do professor de usar esse material na sala de aula. Devido a limitação na extensão do texto, optamos por não apresentar, mas nesse roteiro está dicas de como otimizar o tempo durante a aplicação do jogo, o que deve ser trabalhado com os alunos antes e após a utilização do jogo.
Jonas Clevison Pereira de Melo Júnior
Boa noite! A partir da leitura acima gostaria de saber como acontece o processo avaliativo mediante o ensino por meio de games? Essa avaliação envolve a participação e o domínio de conteúdo? Desde já agradeço a atenção.
ResponderExcluirCamilla Mariano
Boa tarde Camilla, a avaliação pelas atividades que envolvem o jogo fica a cargo de cada docente. Particularmente acredito que no momento do jogo o envolvimento do aluno nesta prática deve ser observado pelo professor, porém o uso do jogo numa aula de história tem a função de trazer conteúdos, estes podem ser cobrados numa avaliação posterior independentemente do jogo em si, que apesar de estar repleto de informações ainda tem um caráter lúdico.
ExcluirAnderson Bezerra de Jesus
Boa noite! Contribuindo com o que escreveu Anderson, ressalto que junto com o material do jogo vai um roteiro para guiar as possibilidades do professor de usar esse material na sala de aula. Devido a limitação na extensão do texto, optamos por não apresentar, mas nesse roteiro está dicas de como otimizar o tempo durante a aplicação do jogo, o que deve ser trabalhado com os alunos antes e após a utilização do jogo, além de dicas de possíveis avaliações a partir da atividade.
ExcluirJonas Clevison Pereira de Melo Júnior
Boa tarde! A pergunta que eu tenho é bastante simples, gostaria de saber o porque de vocês terem optado pelo formato de RPG e quais vantagens ele apresentou em relação à outros.
ResponderExcluirParabéns pelo ótimo trabalho!
Boa tarde Aissa, este jogo em particular veio de uma proposta que nos foi dada por orientação de nossa professora de História Contemporânea, escolhemos o formato RPG pelo fato de suportar bastante informações para passar aos alunos, além de ser um formato que agrada os mesmos. Já trabalhamos com jogos de tabuleiro, que posso dizer que é bastante atrativo, porém não suporta tantas informações quanto o RPG, assim o jogo de tabuleiro é mais indicado para assuntos menos densos.
ExcluirEm se tratando de vantagens, posso dizer que os alunos interagem mais com a prática do jogo, e se esforçam para compreender o conteúdo para ter uma boa jogabilidade com a turma. Contudo o complicativo seria o tempo utilizado nesta prática, seria recomendável mais de uma hora/aula para o bom desenvolvimento do jogo e da assimilação do conteúdo, a opção seria executar em aulas germinadas ou através de práticas integrativas com outras disciplinas.
Anderson Bezerra de Jesus
Boa tarde! A pergunta que eu tenho é bastante simples, gostaria de saber o porque de vocês terem optado pelo formato de RPG e quais vantagens ele apresentou em relação à outros.
ResponderExcluirParabéns pelo ótimo trabalho!
(Comentando novamente porque esqueci de assinar o meu nome :D)
Aissa Fernanda Pereira Santos
Boa noite. Além do que já expresso por Anderson acima, ressalto que além da questão de que no jogo de RPG há uma maior possibilidade de mobilização do conteúdo - ou tema - histórico a ser discutido, pontuo que em um jogo de RPG, na medida em que o alunos incorporam as ações dos personagens para promover as decisões necessárias para o andamento do mesmo, estes participam ativamente no processo de construção do conhecimento histórico a ser discutido durante o jogo. A partir das ações dos personagens, suas personalidades, suas inclinações políticas, seus espaços de atuação social, observados durante a atividade, os alunos podem refletir, e assim discutir, o papel desses personagens no próprio processo histórico em questão, contribuindo com o aprendizado histórico e a construção de uma consciência histórica, ao perceber as diferentes formas como a história é vivida e concebida.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaros autores,
ResponderExcluirachei muito interessante a prática de vocês. Faço mestrado em Ensino de História (ProfHistória) pela UFRGS, e tenho o objetivo de construir um RPG narrativo sobre a história de nossa cidade, Esteio/RS, com meus alunos e alunas. Fomos pegos por esta pandemia, então alguns ajustes à proposta terão de ser refeitos, como a própria presencialidade.
Acerca da prática de vocês, achei muito interessante como tinham de objetivo reconstruir certos processos históricos e trabalhar conceitos com eles. Observei, porém, que uma das escolhas de vocês foi retirar (ou pelo menos não dar ênfase) para algumas características no RPG de vocês, notadamente a narratividade (que não está ausente, mas é relativamente fechada) e interpretação de papéis (que está presente dentro de um conjunto de regras bastante fechado, como atuar na construção das reivindicações). O quê levou vocês a fazerem estas escolhas para a prática pedagógica?
Muito obrigado pela atenção.
Atenciosamente,
Guilherme Garcia Sumariva
Professor de História - Esteio/RS
P.S.: Caso tenham interesse de trocar ideias, eis meu e-mail: guilherme.sumariva@gmail.com . Produzo, também, um podcast chamado "Acontece no Ensino", falando sobre boas práticas de nossa rede. Seria interessante um episódio especial falando sobre RPGs em sala de aula.
Estimado Guilherme, agradecemos seus questionamentos!
ExcluirEste jogo partiu de uma proposta de elaboração de jogo como parte da avaliação da disciplina de História Contemporânea I, na qual através de um sorteio foi nos dado o tema da construção da Unificação Alemã, e a professora sugeriu a elaboração de um jogo na modalidade RPG. Como o processo histórico intitulado de Unificação Alemã se estendeu durante um período significativo do século XIX, considerando todos os movimentos sociais, mudanças políticas, além das questões econômicas e culturais, nos voltamos para um recorte específico do processo que levou a Unificação Alemã. Este recorte consistiu no período revolucionário de 1848 à 1850, mas especificamente na Prússia, com a primeira experiência constitucionalista nos moldes liberais. A escolha partiu da possibilidade em se trabalhar as ideias nacionalistas e liberais, bem como a atuação de diferentes grupos sociais na elaboração de um projeto de estado, por meio de movimentos sociais, proposta inclusive presente nos PCN’s, ainda em vigência quando o jogo foi elaborado.
Particularmente não éramos jogadores deste tipo de modalidade, apenas havíamos dito contato em outras experiências pedagógicas com a mesma professora. Para nos auxiliar na elaboração deste projeto foi indicada a obra “Saindo do Quadro” de autoria de Alfeu Marcatto, publicado em 1996, que apresenta algumas discussões sobre as possibilidades de utilização de jogos de RPG no ensino, além de alguns exemplos. Após a leitura da obra consideramos a proposta do autor bastante interessante, e assim o jogo seguiu os pressupostos estabelecidos por Marcatto (1996). Além da leitura desta obra, também consultamos jogos de RPG para observar a jogabilidade e a forma como foram construídos.
Sobre a questão levantada: como estávamos trabalhando com um conteúdo histórico, precisamos tomar alguns cuidados em relação ao trabalho desse conteúdo, afinal, mesmo tratando-se de um jogo, no qual a liberdade e o caráter de não seriedade são algumas marcas, como discutido no texto, ele tem um objetivo pedagógico. Esse objetivo consistia em possibilitar aos alunos uma reflexão sobre as diferentes reivindicações dos grupos políticos que atuaram a favor ou contra os processos revolucionários de 1848 nos território alemães e quais as propostas de Estado feitas pelos diferentes grupos sociais durante os conflitos. Precisamos então construir uma narrativa, sobretudo com a apresentação do contexto histórico, do local de atuação dos grupos políticos (representado na cena e ambiente onde o jogo se passa) e dos objetivos desses grupos no jogo, para que o aluno ficasse ambientado na proposta e no que representou esse momento, para assim tirar suas próprias conclusões, questionamentos, observações, importantes na construção do conhecimento histórico escolar. Para trabalhar o conteúdo histórico de forma a levar o aluno a refletir sobre o processo e os diferentes modos como ele foi pensando pelos grupos políticos, segundo o que é apresentado pela historiografia, precisamos construir uma narrativa que tivesse um ponto de partida bem definido. Durante o jogo os alunos vivenciam as principais pautas e reinvindicações dos grupos sociais que participaram desse processo histórico, e como atuaram para promover suas reinvindicações, no caso através da discussão política e dos movimentos sociais e de forças contrárias aos processos revolucionários. A partir do papel dos personagens, e suas inclinação políticas e sociais, os alunos podem observar: quais setores defendiam a manutenção da monarquia absolutista e porque defendia; quais eram contra; o espaço que a mulher tinha; a atuação dos artistas e intelectuais; dos trabalhadores do campo e da cidade; dos setores militares; etc.
Nosso e-mail para contato: Anderson Bezerra de Jesus (pordompedro@hotmail.com) e Jonas Clevison Pereira de Melo Júnior (clevisonjonas@gmail.com). Seria mesmo interessante um podcast para discutirmos jogos de RPG e ensino de história.
Atenciosamente,
Jonas Clevison Pereira de Melo Júnior.
Boa noite Guilherme, primeiramente gostaria de agradecer pelo convite em participar do seu projeto.
ExcluirO Jonas já respondeu bem a pergunta, mas apenas complementando, de fato por ter sido um projeto com orientação, o uso das fontes para compor o jogo foi priorizado, além do fato de termos que resumir bastante nosso projeto para se enquadrar ao evento. De toda forma poderemos enviar o projeto original para um melhor entendimento.
Atenciosamente,
Anderson Bezerra de Jesus
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa noite!
ResponderExcluirParabéns aos autores! Adorei a proposta. Sou professora da educação básica e recentemente tenho me aventurado mais nesta proposta de gameficação. Utilizo uma estratégia parecida também, só para compartilhar, que é o teatro do improviso.
Gostaria de saber se, por acaso, o jogo criado por vocês está disponível online? Ou se pretendem publica-lo de forma completa para o uso na educação básica?
Obrigada!
Boa noite Carolina, respondendo sua pergunta, temos a intenção da publicação do projeto original, mas por enquanto ainda não o fizemos. De toda forma gostaria bastante de conhecer o uso do teatro de improviso.
ExcluirCom certeza este evento está nos rendendo bons contatos e experiências.
Nossos e-mails para contato: Anderson Bezerra de Jesus (pordompedro@hotmail.com) e Jonas Clevison Pereira de Melo Júnior (clevisonjonas@gmail.com).
Assim podemos trocar as experiências e se for do seu interesse enviamos o projeto original.
Atenciosamente,
Anderson Bezerra de Jesus.
Olá. Parabéns pelo texto. Meu questionamento é sobre o uso de jogo a em plataformas digitais (vídeo games, celulares, pcs). Eu costumo usar jogos dessas plataformas em alguns conteúdo do ensino regular. Por exemplo, o uso do JOGO assassins creed. Vocês já pensaram numa estratégia de usar esse tipo de plataforma na pesquisa de vocês?
ResponderExcluirBoa noite Willian, ainda não tivemos a oportunidade de utilizar o ensino de história pelo meio digital, mas certamente é uma ótima iniciativa, sobretudo o RPG que com a devida pesquisa trará mais conteúdo historiográfico ao game. Uma boa plataforma seria a criação de um aplicativo que poderia contar com a ajuda dos próprios alunos em uma atividade interdisciplinar com a informática da escola. Grato pelo comentário.
ExcluirAtenciosamente,
Anderson Bezerra de Jesus
Boa noite Willian. A questão da virtualização de um jogo é algo bem complexo, falo do ponto de vista do acesso. Vejo constantemente profissionais justificando a necessidade de utilizar as mídias digitais no ensino, de modo que alegam um uso geral por parte dos alunos por exemplo, quando na realidade muitos não possuem celulares e computadores, e muito menos acesso a internet diariamente. Acho importante a introdução de tecnologia no ensino, tendo em vista o cenário atual, entretanto muitas vezes vejo uma fetichização do digital, como se atualmente devido a a demanda por novas tecnologias no ensino, outras práticas pedagógicas que não utilizem a tecnologia fossem mais simples ou não tivesse o mesmo peso, o que não é verdade. O jogo, em superfícies de madeira ou em outros tipo de suporte, de papéis por exemplo, é algo de mais fácil acesso aos professores e alunos, inclusive do ponto de vista do curso de adoção de tais materiais didáticos. E uso de tais jogos já mostraram a partir de diversos estudos, como os citados no trabalho, como esses tipos de jogo promovem uma maior interação social e troca de conhecimentos a partir da convivência e da partilha de experiências. Esse foi nosso ponto de partida para pensar essa proposta.
ExcluirAtenciosamente,
Jonas Clevison Pereira de Melo Júnior.