Mayra Ferreira Barreto


REPRESENTAÇÕES DA DITADURA CIVIL-MILITAR NOS JORNAIS SERGIPANOS [1968-1978]



A presente comunicação mostra proposta de utilização de fontes jornalísticas como recurso didático para o ensino de história, especialmente nas abordagens de temáticas relacionadas ao período da Ditadura Civil-Militar no Brasil. Para a realização deste trabalho foram selecionadas edições do jornal Gazeta de Sergipe entre os anos de 1968 e 1978. A escolha do recorte temporal decorre do interesse em trabalhar com as representações do periódico adotado a respeito dos “anos de chumbo” e o chamado “milagre econômico”.

Durante o regime militar, a Gazeta de Sergipe foi um veículo de grande circulação e que exerceu influência na capital sergipana, pois era um periódico publicado diariamente e um dos poucos jornais que continuou circulando depois do golpe de março de 1964, sendo este um dos motivos que levaram à escolha do jornal como objeto de estudo.

Para compreender o posicionamento do jornal sobre o regime militar, foram analisadas todas as edições entre os anos de 1968 e 1978. Além dos editoriais, foram analisados os artigos, as reportagens, as entrevistas, as manchetes e os anúncios. As fontes selecionadas vieram a ser posteriormente catalogadas e organizadas em quatro eixos temáticos, assim divididos: “Propagação do ideário da ‘Revolução de 1964’ ao povo sergipano”; “Resistências à Ditadura”; “Os Atos Institucionais do Regime Militar” e “Em nome do Desenvolvimento Econômico”.

Além do uso das fontes, que permitem ao aluno compreender como ocorre a construção do conhecimento histórico, a pesquisa também tem como motivação ampliar o debate sobre a Ditadura Civil-Militar na sala de aula, sendo esta temática uma demanda do nosso presente. A temática é considerada um “tema sensível”, porque “[...] designa assuntos de um passado problemático [...]” [Araujo, 2013, p. 9], levando em conta que a ditadura foi um período de grandes violações dos direitos humanos e dos valores democráticos. Mesmo com os avanços em pesquisas acadêmicas apontando que o regime militar foi um período de repressão, sofrimentos e retrocessos, não há ainda, no país, um consenso do que foi esse período e o que ele representou para a sociedade brasileira.

Além disso, percebemos a existência de uma parcela conservadora da população que defende o retorno da ditadura como solução para os problemas sociais, políticos e econômicos do país. O que falar da reedição da “Marcha da Família com Deus” em 2014, na qual um grupo de pessoas saiu às ruas com cartazes em favor de uma intervenção militar para o combate da “corrupção” e dos “comunistas” no Brasil? E dos discursos defendidos por autoridades políticas que fazem referências ao período ditatorial de forma saudosista, exalta torturadores e defende a volta do Ato Institucional N° 5 [AI-5], maior instrumento de repressão da ditadura? São falas que atentam contra os preceitos da Constituição de 1988, portanto contra o estado democrático de direito.

Igualmente, uma série de discursos em defesa do autoritarismo é propagada nas redes sociais. Nelas encontramos um campo fértil para a divulgação de documentários e programas, sem referências confiáveis, com argumentos distorcidos, falsos e com armadilhas ideológicas. Logo, atrai o público mais jovem que, por não ter vivenciado o período, acaba construindo uma visão idealizada de que no “tempo da ditadura era melhor”, não existia corrupção, violência e crise econômica, quando, no Brasil, vivia-se um clima de estabilidade política e social, segurança, desenvolvimento econômico, justiça e ordem.

Sabemos que a sala de aula não é o único espaço de conhecimentos históricos dos alunos, eles constroem sua aprendizagem por diversos meios, a exemplo da comunidade, familiares, filmes, novelas e principalmente com os meios de comunicação. Em muitos casos, as mídias acabam propagando uma visão distorcida do que foi o regime militar. Por isso, precisamos trazer este debate para a escola, trabalhar as memórias que foram deixadas pela ditadura militar.

Sendo assim, essa pesquisa tem por finalidade entender a contribuição da Gazeta de Sergipe na sustentação do ideário do regime militar, para isso foi feita uma análise das matérias políticas produzidas no período e divididas nos eixos apresentados a seguir.

Propagação do ideário da “Revolução De 1964” ao povo brasileiro
Na Gazeta de Sergipe, encontramos, seja em reproduções de fala de políticos ou nos editoriais, afirmações de que a “Revolução de 64” garantiu “um clima de prosperidade política, econômica e social no Brasil”, e foi responsável em “libertar o seu povo da miséria, da fome, e do analfabetismo”. Além de prover “um clima de segurança a grande família brasileira em torno dos negócios e investimentos”, por “assegurar emprego aos trabalhadores” e “oportunidades de estudos a juventude” [Gazeta de Sergipe, 1969]. Essas afirmações de que a “Revolução de 64” permitiu a tranquilidade social e econômica e o desenvolvimento do país colocavam a ditadura militar como expressão máxima dos desejos e anseios da maioria dos brasileiros. No jornal, percebemos também um esforço em propagar que o governo instaurado pelos militares era “democrático” e os seus atos representavam “mudança”, “renovação” em todas as esferas brasileiras.

Outro fator utilizado pelo regime para se legitimar era apresentar as medidas do governo como uma reação à propalada propagação do comunismo. Desta maneira, o comunismo era considerado o inimigo real da “Revolução de 64”, contra o qual ela estaria lutando e para “acabar com esse mal” era necessária a adesão de toda a população brasileira.

A propagação do “medo comunista” e das ideias anticomunistas era muito comum nos meios de comunicação, na Gazeta de Sergipe não era diferente. Frases como “[...] a revolução vai livrar o Brasil do comunismo [...]” eram bastante divulgadas no periódico. Pode ser citada como exemplo a matéria publicada em 01/04/70 que relata um discurso do General José Graciliano Nascimento para o curso de formação de oficiais de Polícia Militar de Sergipe. De acordo com o relato podemos perceber que o general alerta aos alunos o “perigo do comunismo”, apresentando as técnicas das quais os “comunistas” utilizavam para conquistar mentes por meio das propagandas “subversivas”. Ao final da matéria ele adverte aos soldados os “perigos” dessa doutrina que, segundo ele, tinha como objetivo “dominar o país” [Gazeta de Sergipe, 01/04/70].

Outra propaganda utilizada para promover a “Revolução de 64” foi o discurso contra a corrupção, em que os militares estavam dispostos a “extirpar esse mal do Brasil”. O jornal Gazeta de Sergipe foi um grande propagador da “Revolução de 64”, vista como responsável por eliminar a corrupção no Brasil. Frases como “a persistência e obstinação das forças militares que não se sensibilizam diante da marotagem dos corruptos” [Gazeta de Sergipe, 03/05/69] eram propagadas à população sergipana.

Também é possível encontrar o projeto de criar uma memória nacional mediante o culto a “heróis nacionais” do passado e sua relação com a imagem dos militares. Em relação a isso, identificamos várias matérias exaltando figuras como Tiradentes, D. Pedro I, José Bonifácio, Joaquim Gonçalves Ledo, D. João VI e o Duque de Caxias. O último era apresentado como “patrono do exército brasileiro”, “um exemplo de dedicação e amor à pátria” [Gazeta de Sergipe, 1970].

Igualmente, com o objetivo de incutir uma imagem positiva a respeito dos militares na sociedade brasileira, principalmente entre os jovens, inúmeras homenagens eram feitas pelo jornal aos soldados que aparecem como “heróis” e “protetores da pátria”, ou como aqueles que são chamados para “livrar o país dos males que o atacam” e que por isso são “defensores das liberdades democráticas” [Gazeta de Sergipe, 1970]. Não obstante, a partir das propagandas em torno dos militares como garantidores da paz, ordem e da segurança, tentava-se amenizar os impactos das suas ações ditatoriais, buscando reconhecimento do povo brasileiro.

Os atos institucionais na ditadura
No regime militar foram utilizadas várias estratégias para justificar este e outros atos impostos à população com a finalidade de buscar a sua aceitação, evitando manifestações contrárias. Eles eram representados e mantidos como necessários para a manutenção da “ordem”, “segurança”, “democracia”, a “moral e aos bons costumes” e a para a preservação e defesa da própria “Revolução de 64”. Até os casos de torturas, segundo Médici, eram justificados para obter confissões e evitar “um mal maior”. De acordo com Rezende [2013, p. 35], “[...] os condutores do regime partiam da perspectiva de que eles ganhariam adesão à sua proposta de organização se conseguissem uma opinião pública cada vez mais favorável a seus feitos e intenções”.

Em Sergipe, logo após a instauração do AI-5, o jornal Gazeta de Sergipe publica uma matéria, na primeira página, apresentando o discurso do Ministro da Justiça Gama e Silva, e aponta os reais motivos para a aprovação desse ato institucional. Segundo a fala do ministro, o AI-5 representava a “[...] defesa dos interesses superiores da nação e do povo brasileiro”. Continuando, Gama e Silva explica à população brasileira que estava sendo observada “[...] uma série de fatos atentatórios aos direitos individuais, a paz e a tranquilidade pública, ameaçando tais procedimentos as próprias garantias, que a Revolução reservou para o povo brasileiro” [Gazeta de Sergipe, 15/12/68].

Diante da declaração do ministro, podemos perceber que a ditadura justificou o AI-5 e todas as suas medidas de exceção, alimentando na sociedade o imaginário do medo, da insegurança, e da desordem; todo esse clima de intranquilidade era causado pelos “inimigos da nação brasileira”: o comunismo e a corrupção.

Seguindo com a análise do jornal, identificamos vários editoriais em apoio ao AI-5, contribuindo para legitimar o ato perante a sociedade sergipana. Chamado de “Revolução de 68”, o periódico apresenta o AI-5 como “o meio legal para a punição dos ladrões, da corrupção, dos crimes de homicídio e de contravenções fiscais”, fazendo elogios à sua “ação saneadora”. Percebemos o esforço do jornal em apresentar o AI-5 como algo “popular” ou que merecia prestígio de vários setores da população brasileira, por seus “feitos” [Gazeta de Sergipe, 1969]. Neste sentido, podem ser citadas como exemplo afirmações do tipo: “Revolução de 68 eclodiu e ganhou todas as camadas sociais”; “o povo, com efeito, passou a sentir alegria, contentamento, confiança na Revolução de 1964” [Gazeta de Sergipe, 1969]. A ideia era criar a impressão de que o país estava sendo “limpo”, “curado de todas as suas mazelas” e livre daquilo que representava um “empecilho” para o seu desenvolvimento.

Infere-se, portanto, que as propagandas divulgadas na Gazeta de Sergipe eram utilizadas como “máscara” ocultando as ações negativas do governo com a aplicação desse ato repressor, negando qualquer possibilidade do povo à democracia e de participação dos indivíduos no cenário político.

Resistências à Ditadura Civil-Militar
Para compreender como a Gazeta de Sergipe apresentava à população sergipana os grupos de resistência ao regime, foram selecionadas matérias do movimento estudantil e da luta armada. Devido à censura, muitos jornais ficavam proibidos de noticiar as manifestações populares, mas é possível encontrarmos várias matérias que retratam a luta dos estudantes contra a ditadura e os atos de violências tomados pelos militares para conter as manifestações. Por meio do jornal, podemos acompanhar as passeatas estudantis em São Paulo e em diversas capitais brasileiras, assim como prisões de estudantes sergipanos que foram participar do XXX Congresso da União Nacional Estudantil [UNE].

Em relação às ações dos militares contra as manifestações dos estudantes, o periódico afirmava “[...] não achamos que possam nossas autoridades solucionar a grave série a crise universitária com o emprego da força, da violência, da simples repressão policial-militar” [Gazeta de Sergipe, 15/10/68]. Identificamos no jornal certo apoio ao movimento estudantil, como apontado no editorial, publicado dia 09/10/68: “[...] as lutas estudantis são validas e merecem os respaldos devidos, quando não traduzem interesses alienados expressos em linguagem orientada” [Gazeta de Sergipe, 09/10/68]. Todavia, percebemos também que o periódico, vez ou outra, tenta desestruturar o movimento afirmando que estes estariam sendo influenciados por grupos de “subversivos”.

Como justificativa para o uso da violência contra as manifestações de oposição, o regime usava a imprensa para fazer apelo aos pais para que não permitissem que seus filhos participassem das manifestações organizadas contra a ditadura. Segundo o jornal, esses atos eram organizados por “agitadores” e “desordeiros” que colocavam em “perigo a vida do povo nas ruas”. A ideia era desqualificar os movimentos de oposição apresentando-os da forma mais negativa possível e fazer a população acreditar que as medidas repressivas visavam proteger a sociedade contra “perigo de uma minoria” [Gazeta de Sergipe, 1970].

Sobre as resistências das organizações de esquerda, encontramos uma série de adjetivos que os enquadravam como “subversivos”, “comunistas”, “terroristas”, “nocivos à segurança do país” e “inimigos da pátria”. Nas notícias de confrontos com a polícia, os grupos envolvidos na “subversão”, assim considerados, eram os primeiros a atirarem na polícia, “eram fugitivos armados”, “ladrões”, “assaltantes” [Gazeta de Sergipe, 1968 a 1970].

Em matéria publicada no dia 29/05/69, resultando na prisão do líder estudantil Marcos Antônio e do teatrólogo Fausto Machado Freire, a Gazeta de Sergipe informava que os envolvidos em “subversão”, depois de um longo tiroteio com a polícia, assaltaram o negociante Cesário Roubim e roubaram dois carros durante a perseguição. Segundo o jornal, não resta a menor dúvida de que os fugitivos “integram uma quadrilha de assaltantes de bancos” [Gazeta de Sergipe, 29/05/69].

O periódico fazia campanha e travava uma verdadeira “guerra ideológica” contra o que denominava de “terrorismo”. Inúmeras chamativas eram publicadas convocando a população sergipana a se unir para o “combate desse mal”. Outra forma de discurso consistia associar as ações desses grupos como causadoras de mazelas sociais. Podemos perceber na fala do governador de São Paulo, Hilário Torloni, que pede a atenção do povo “[...] para com os agitadores, para com os exploradores das angústias do povo eles querem agravar os problemas destruir a economia e semear o ódio” [Gazeta de Sergipe, 13/06/69].

Diante dos fatos abordados, conclui-se que existia todo um aparato de propaganda para demonizar a oposição e convencer a população de que eram pessoas perigosas e que por isso necessitavam de medidas repressivas. Em fala do Ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, sobre denúncias de tortura no país, este declara: “[...] ninguém, no Brasil, é preso por ter pensamento diferente do governo. No Brasil, não existem presos políticos e sim: terroristas detidos” [Gazeta de Sergipe, 02/08/70].

Para os agentes da ditadura, “quando a tortura não era negada, era justificada para salvar inocentes da contaminação das ideias ou das práticas letais terroristas. A tortura era um mal necessário para a produção de um bem coletivo: a segurança da sociedade” [CNV, 2014, p. 323]. Essas declarações eram usadas para justificar as torturas e os assassinatos aos opositores, negadas pelos agentes do estado ou encobertas com versões falsas, quase sempre reproduzidas pela imprensa, de “atropelamentos”, “suicídios” ou “morte em tiroteio”.

Em nome do “Desenvolvimento” Econômico
No jornal Gazeta de Sergipe eram constantemente divulgadas “as grandes realizações do regime militar”, a exemplo dos avanços da indústria automobilística, os índices econômicos da indústria do país, o desenvolvimento no Nordeste e os investimentos em saúde e educação.

Além de reportar as notícias do denominado desenvolvimento econômico nacional, a Gazeta de Sergipe também noticiava o “milagre econômico” em terras sergipanas. Assim, exaltava as descobertas de novos poços de petróleo e de minérios, principalmente no município de Carmópolis. De acordo com as publicações do periódico, as descobertas petrolíferas possibilitariam ao estado o crescimento do seu parque industrial e a criação de empregos.

Na matéria intitulada “Povo acompanha o surto do petróleo em Sergipe”, o presidente da Federação das Indústrias de Sergipe, o Sr. Eziel Mendonça, afirma que “[...] todos os sergipanos estão contentes, pois compreendem que ninguém poderá parar o desenvolvimento do Estado” [Gazeta de Sergipe, 19/02/1971]. Publicações do tipo contribuíam para incutir uma avaliação positiva do regime, fazendo com que as mazelas fossem colocadas em segundo plano em nome do propalado “progresso econômico”.

Também é perceptível um esforço do jornal em divulgar uma imagem positiva do presidente Médici, associada ao desenvolvimento e à segurança econômica do Brasil. Em vários editoriais, o presidente é comparado a Getúlio Vargas, tanto em nível da popularidade quanto das reformas econômicas e sociais. Ele é mostrado como o “gaúcho de simpatia popular”, “gaúcho tranquilo” e que “desfruta de prestígio enorme entre todas as camadas sociais brasileiras” [Gazeta de Sergipe, 01/11/72].

A imagem do presidente Médici também era apresentada como “líder do povo”, principalmente entre as classes operárias brasileiras, como um “grande estadista”, um “homem de confiança” e “homem que tem um imenso amor ao Brasil”. Em editorial publicado em 12/10/69, o jornal afirmava que: “Surge, agora, um líder nacional pronunciando coisas simples, mais tradutora das aspirações do povo brasileiro, de progresso econômico, bem-estar social, liberdade democrática e justiça social. As suas palavras inspiram confiança, induzem colaboração e tranquilizadoras arrastaram essa geração de jovens brasileiros a novas tomadas de posição. A sorte está lançada. Mãos à obra, povo brasileiro” [Gazeta de Sergipe, 12/10/1969, p. 03].

Desta maneira, foi criado um “mito” em torno da imagem de Médici como o “conciliador” das diversas classes sociais e por isso deveria ser amado pela juventude brasileira. Podemos citar como exemplo desta afirmação a matéria publicada no dia 19/05/71, que consistia no resultado de uma pesquisa realizada entre 1.400 alunos do Colégio Estadual Professor Ernani Cardoso, em Bangu, com idade entre 14 e 20 anos, o presidente Médici foi apontado como o vulto mais importante da vida brasileira com 41,6%, seguido de Pelé com 10,4% e Getúlio Vargas com 4,9%.

Identificamos ainda várias matérias direcionadas ao operário brasileiro, exaltando o valor do trabalho para a “construção do Brasil”, ou como forma de “dignificar o homem”, além da exaltação do patriotismo e do civismo [Gazeta de Sergipe, 1970 e 1971]. Portanto, os discursos divulgados durante o período do denominado “milagre econômico”, pela Gazeta de Sergipe, visavam tornar o regime aceitável e evitar todo tipo de contestação em nome do propalado “progresso”, “otimismo” e “amor à Pátria”. Conclui-se, dessa forma que as publicações do jornal Gazeta de Sergipe contribuíram para apoiar e legitimar a Ditadura Civil-Militar, influenciando, neste sentido, a população sergipana.

Referências
Mayra Ferreira Barreto possui mestrado em Ensino de História/ Profhistória pela Universidade Federal de Sergipe [2020]. Graduação em História pela Universidade Federal de Sergipe [2014], atualmente e professora de História da Prefeitura Municipal de Itabaiana/ SE.
ARAUJO, Maria Paula. Ditadura militar e democracia no Brasil: história, imagem e testemunho. 1. ed. Rio de Janeiro: Ponteio, 2013. [livro]

BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Relatório / Comissão Nacional da Verdade. – Recurso eletrônico. Brasília: CNV, 2014. [relatório]

REZENDE, Maria José de. A ditadura militar no Brasil: repressão e pretensão de legitimidade: 1964-1984. Londrina: Eduel, 2013. [livro]

Fontes
Jornal Gazeta de Sergipe [1968 – 1978]

4 comentários:

  1. Boa Tarde, Mayra.

    Quando comentou da existência de uma parcela conservadora da população que defende o retorno da ditadura, lembrei dos dias atuais que vivemos, sob governo Bolsonaro, pensando por outro lado, acredita que os jornais como materiais de análise possam ser usados como objeto de contraposição ao discurso negacionista de que no Brasil não houve tortura e nem ditadura, e sim um golpe militar ?,

    Grato!

    Fernando Tadeu Germinatti.

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    1. Boa noite, Fernando Tadeu Germinatti! Obrigada pelas suas perguntas!
      Acredito que sim! Vou responder a sua pergunta do ponto de vista de professora de História da Educação Básica. Durante o governo militar, e ainda hoje, as mídias propagaram uma visão distorcida do que foi a ditadura. O regime militar utilizou-se dos meios de comunicação para se auto-propagar. Muitas desses mitos, que amenizam a experiência da ditadura, são reproduzidas atualmente nas mídias e nas redes sociais. Dessa forma, a escola precisa debater as memórias que foram deixadas pelo regime militar. Uma maneira de desconstrui-las é apresentando, aos alunos, sobre o que as mídias nos mostram não é a realidade dos fatos, mas representações, já que esses podem ser deturpados e marcados por ideologias de quem as escreve. Logo, para que os alunos possam fazer uma reflexão das informações e dos discursos autoritários tão presente na nossa sociedade, como no atual governo. Dessa forma, a nossa função como professor (a) de história na situação do Brasil atual é possibilitar a formação crítica do aluno a respeito de práticas autoritárias, para que sempre atue em defesa aos direitos humanos e da democracia acima de quaisquer circunstâncias. Consoante afirma Silva (2018, p. 81) “[...] se as reflexões não ocorrerem, as possibilidades de pequenas (terríveis) ditaduras se manterem sob disfarce democrático serão muito grandes [...]”.

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  2. Boa noite, Mayra! Muito relevante sua pesquisa. Como você pensa a questão da aplicabilidade da sua pesquisa? Você já sistematizou as matérias levantadas no jornal em uma proposta pedagógica (como uma sequência didática) de modo que o professor possa operacionalizar essas fontes em sala de aula? Novamente, parabéns pela proposta!
    Leonardo Leal Chaves

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    1. Boa tarde, Leonardo Leal Chaves! Obrigada pelas suas perguntas!
      Como resultado da análise das matérias jornalísticas foi elaborado um caderno de atividades com cinco propostas didáticas a serem exploradas e utilizadas pelos estudantes com a ajuda do professor. As atividades tiveram como objetivo, contribuir para o entendimento dos alunos sobre a Ditadura Civil-Militar no Brasil. Elas foram pensadas para serem desenvolvidas com estudantes da Educação Básica, especialmente com o 9º ano do Ensino Fundamental. As propostas didáticas seguiram os seguintes eixos temáticos: “Propagação do ideário da ‘Revolução de 1964’ ao povo sergipano”; “Resistências à Ditadura”; “Os Atos Institucionais do Regime Militar” e “Em nome do Desenvolvimento Econômico”. Algumas dessas atividades estão sendo apresentadas no presente Simpósio, na mesa “Ensino de História: Mídias e Tecnologias”, com o título “O jornal em sala de aula: a Ditadura Civil-militar na Gazeta de Sergipe [1968-1978]”.

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