Anna Elisa Mastrangelo


REFLEXÕES SOBRE O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO E O LUGAR DO PROFESSOR NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA



Nesse artigo, há a proposta de refletir sobre a questão da educação brasileira, no que concerne a relação ensino-aprendizagem, a partir da década de sessenta, dando enfoque, também, como estava a situação da educação no período da redemocratização. Inicialmente, será abordado a situação das escolas brasileiras, evidenciando a relação professor-aluno e vice-versa. Posteriormente, haverá um breve relato de como essa relação, que é uma via de mão dupla, se apresentava no passado e, como esta, ocorre nos dias atuais. No momento seguinte, será discutido a posição hierarquicamente desfavorável do professor em relação ao pesquisador, a necessidade de seu reconhecimento como autor de sua aula e, consequentemente, como autor de história. Ademais, haverá uma menção ao cenário que estava sendo apresentado nos anos 90, na qual a educação estava passando por algumas questões complexas justamente por ser a transição da época da ditadura para a redemocratização.

Como forma de ilustrar os cenários destacados serão utilizados documentos de autores que trabalham com esse enfoque: “‘Mas não somente assim! ’ Leitores, autores, aulas como texto e o ensino-aprendizagem de História” de Ilmar Rohloff de Mattos e “Caminhos da História ensinada” de Selva Guimarães Fonseca. Para demonstrar como é viável e possível o professor se aproximar do aluno e a importância da história para os jovens como forma de buscar modificar o cenário temeroso que o início da década de 90 passou, o livro, “Ensino de História e Games, dimensões práticas em sala de aula”, de Marcella Albaine Farias da Costa é excelente para tornar a temática possível.

Relação professor/aluno, aluno/professor
No que diz respeito à educação, o Brasil, ainda precisa avançar em muitos aspectos, em relação a maioria da população. Todavia, se analisarmos a situação das escolas brasileiras, é possível notar grandes mudanças tanto nas relações aluno-professor, como no próprio papel do aluno dentro de uma sala de aula.

Para as pessoas que vivenciaram a sala de aula em um passado recente, o papel do professor era de o único detentor do saber e, consequentemente, o aluno era considerado um ser sem luz, “alumnus”.  O professor exercia a autoridade máxima dentro da sala de aula e, com isso, cabia ao estudante não somente respeitá-lo, como também obedecê-lo.

As fontes de informação às quais o aluno tinha acesso, eram bastante reduzidas se comparadas com os dias atuais. O avanço tecnológico possibilitou um acesso imediato a muitos tipos de informações. Aliado a isso, devemos considerar, também, em um contexto geral, que a própria educação familiar se modificou, trazendo consigo mais liberdade e, principalmente, suavizando o que antes era tão rígido. Tudo isso, evidentemente, refletiu nesse “novo” aluno que está nas escolas.

A partir de análises históricas, é possível concluir que a tradição do ensino de história sempre foi pautada pela memorização de conteúdos muito extensos, sendo a prova, um mero exercício estritamente vinculado à essa capacidade do aluno em registrar tudo exatamente como lhe foi ensinado. Como hoje o aluno não é mais o mesmo do passado, por alguns fatos já explicitados acima, a pergunta que causa uma certa curiosidade é: por que perpetuar uma forma de ensinar sem levar em consideração as mudanças sociais e psicológicas desse estudante ao longo do tempo? Essa premissa de que uma turma tem característica homogênea é absolutamente equivocada. Em um país diverso como o nosso, onde as realidades são diferenciadas e cada aluno tem a sua história de vida, se faz necessário estabelecer uma ponte, para que esse estudante seja ouvido. É evidente que a assimetria existente entre a posição do professor e a posição do aluno irá sempre existir, podendo concluir que a relação não é de igualdade, mas se faz necessário que o professor estabeleça uma maior proximidade com o universo do aluno, procurando saber como ele pensa, raciocina e o que o mobiliza, já que seu papel é o de condutor da aprendizagem.

Por outro lado, não podemos desconsiderar que o professor lida atualmente com inúmeras questões como, por exemplo, a situação cada vez mais precária das escolas, a má remuneração de seu trabalho, além de uma carga horária excessiva distribuída por diversas instituições de ensino, dentre outras. Sem dúvida, esses fatores são altamente desestimulantes para o exercício de sua criatividade.

O professor e historiador Ilmar Rohloff de Mattos, em seu artigo, destaca três palavras igualmente iniciadas pelo prefixo “des” as quais, professores em formação e aqueles que já apresentam experiências docentes, devem sempre adotar como práticas constantes para a sala de aula: Desnaturalizar, Descentrar e Desequilibrar. O objetivo primordial desse prefixo é justamente mostrar as etapas que um professor precisa utilizar para poder compreender melhor o universo de cada aluno na sala de aula. Dessa forma, os estudantes conseguirão aprender de uma forma mais fluida e interessante. Afinal, deve-se ter em mente que é preciso conectar as experiências de vida com um conteúdo escolar que, em primeira vista, representa algo abstrato e inútil na vida cotidiana daqueles que aprendem. Retomando os prefixos mencionados por Ilmar, pode-se dizer que Desnaturalizar significa que a história é uma criação humana e, por esta razão, pode ser diferente, ela não é imutável, sendo perfeitamente passível de correções, inclusões. O segundo ponto, Descentrar, diz que o professor ao sair de sua “condição superior”, no sentido de somente seu ponto de vista ser o certo, precisa se despir de preconceitos, se aproximando do aluno para entendê-lo. E finalmente, desequilibrar significa o professor buscar novas propostas para os alunos, saindo da mesmice de sempre, ou seja, saindo de sua zona de conforto.


Relação professores e pesquisadores
Essa é uma relação passível de ser revista, pois a posição inferiorizada que o professor ocupa nessa hierarquia, entre sua função e a de pesquisador, é injusta. Ademais, a relação é destacada no segundo capítulo do livro Caminhos da história ensinada, de Selva Guimarães, na qual a autora nos mostra que a academia se considera superior ao colégio e, com isso, acabam rumando caminhos distintos, se separando. Por esse comportamento, descartam a possibilidade de andarem juntos, afinal, precisam ser consideradas uma via de mão dupla e não setores completamente antagônicos. Evidentemente, essa não é uma relação de igualdade e a reivindicação não é esta, pois existem diferenças entre essas duas profissões. O que se faz necessário é o reconhecimento da autoria do professor em sua aula e o fato de que ele também faz história. Relacionando os argumentos de Ilmar Mattos com de Selva Guimarães, pode-se dizer que há uma certa semelhança, pois assim como ela, Ilmar observa essa posição inferiorizada que o professor ocupa, relatando que há um forte argumento que os que ensinam contam uma história apresentando, assim, um caráter passivo em relação aos pesquisadores. Todavia, esquecem que professores de história fazem história por meio da aula sendo esta considerada como texto:

“Um sentimento de desforra e uma heterodoxia que se expressam por meio de uma denominação – a Aula como texto – que a muitos poderá parecer pedante e desnecessária. Guarde-se, porém, que o que ela expressa, antes de mais nada, é a consciência de uma prática; a diferença que nos identifica.” [Mattos, 2006, p.12]

O preparo de uma aula exige que o professor recorra a várias fontes provenientes da historiografia acadêmica e também de livros didáticos. Ao unir todo esse material em um texto para aquela determinada aula, ele está exercendo sua autoria, pois o escreve traduzindo todas essas diversas informações. Cada aula é um texto que acontece somente no encontro do professor com o aluno. Uma mesma aula ministrada em turmas diferentes nunca deve ser considerada como igual, isso porque ela depende do “outro”, do aluno. Assim, nesse encontro com o inesperado, surgem novas questões e conexões.

Cenário da década de 90
No livro, Caminhos da história ensinada, a autora Selva Guimarães Fonseca aborda como foi o cenário da educação do ensino de história na década de 90. A autora destaca diversos pontos negativos que a educação passou nesse período. Ademais, Selva Guimarães busca compreender o cenário tendo como base suas experiências nas escolas públicas de 1º grau. No capítulo 1, Selva se refere a esse cenário como um “colapso educacional” já que neste período as taxas de analfabetismo, no país, eram elevadíssimas e há uma continuidade da predominância do público sobre o privado [decorrente da política da década de 70 e 80 se mantém forte]. Muitos professores, deste período, sentiam dificuldade em tornar real as propostas educacionais nas escolas justamente pelas péssimas condições que eram dadas aos professores.
 Assim, com esse cenário, fica cada vez mais inviável pôr em prática aquilo que o professor Ilmar destacou na década de 70. Na obra da autora ainda há um destaque na predominância das licenciaturas curtas que formavam professores em um período extremamente reduzido e que tiveram origem no governo militar. Por esse acontecimento, o senso crítico do professor apresentava um grande risco de se esvaziar e, consequentemente, apresentava dificuldades de incentivar o pensamento crítico do aluno [dificultando a proposta apresentada pelo professor Ilmar], pois se o conhecimento é reduzido, como se pode responder a alguns questionamentos de forma reflexiva e crítica? Como consequência disso, Selva Guimarães diz que essas licenciaturas, no período da redemocratização, estavam em alta, pois muitos professores se formaram no período anterior e estavam ainda lecionando.

Ademais, a autora cita a lei 5692/71 que tem como objetivo principal fornecer a educação necessária, qualificação no trabalho, além de preparar o exercício da cidadania. Esses deveres têm como principal alvo alunos do primeiro e do segundo grau. Selva Guimarães cita esta lei com o intuito de demonstrar a transição do cenário vigente na época da ditadura para a redemocratização. Justamente por isso que esta lei se torna de extrema importância para a área de educação. Outro ponto de destaque que a autora faz menção em seu livro, é o descaso de diversos acadêmicos que apenas condenam o ensino da história nas escolas, mas não fazem nada para modificar o cenário. Eles ficam preocupados em levantar teses e pesquisas com teor eurocêntrico e fazem pouco caso com o ensino de história nos colégios, pois muitos desses profissionais apontam os problemas apresentados nas escolas, mas não trazem mudanças.

Por fim, outra questão abordada por Selva Guimarães e que traz diversas reflexões foi sobre as reformas curriculares que foram temas de múltiplas discussões. A primeira delas foi a Reforma Curricular de São Paulo na qual, o processo se inicia em 1983. A proposta tinha, por objetivo, prever seminários, debates e um encontro final com o intuito do reestabelecimento imediato de história e geografia nas quintas e sextas séries [esse modelo apresentava uma visão do marxismo cultural, mas não tanto radical]. Já a Reforma Curricular de Minas Gerais [1983-1984], tinha como proposta as mesmas da anterior, mas com a adoção de uma versão simplificada do marxismo sendo ortodoxo demais.

Inovação na sala de aula
Assim como Selva Guimarães, Marcela Albaine, no decorrer de seu livro, se baseia em teorias baseadas nas experiências que adquiriu na sala de aula. Ademais, o que o professor Ilmar propõe também é visto na prática no livro Ensino de História e Games, dimensões práticas em sala de aula, pois a autora Marcella Albaine, ao longo de sua obra, procura tornar a matéria mais acessível aos seus alunos, através do uso de games em sala. Essa experiência, tendo como contexto histórico a Roma Antiga, se realizou em uma escola da zona sul do Rio de Janeiro, perto das comunidades Pavão-Pavãozinho e Cantagalo em 2015. A autora observou o interesse dos alunos na proposta e colocou em prática seu objeto de estudo. Vale ressaltar a dispersão dos alunos em sala de aula, movidos pelos atrativos de seus aparelhos eletrônicos, dentre outras razões. Albaine busca através da própria linguagem dos alunos e de seus interesses, estabelecer uma proximidade, objetivando compartilhar o conteúdo pretendido de uma maneira estimulante e interativa. Assim, o discente aprende com algo palpável, trazendo o que está no campo do conteúdo para o prático.

No começo de seu livro, a professora pergunta à sua turma qual a opinião do uso dos games como forma de aprendizagem. No final do trabalho, questiona aos mesmos a experiência que tiveram, relacionando a aprendizagem com a tecnologia, sendo o resultado final satisfatório. Desse modo, o roteiro padrão de uma aula [professor/livro/quadro] é quebrado, propiciando, assim, uma nova forma de aprendizagem. Unir a tecnologia com o ensino, muitas vezes, é visto com repulsa por diversos professores, pois uma considerável quantidade de mestres encontra dificuldades práticas de trabalhar com esse universo. Por isso, preferem optar pelos métodos mais tradicionais. Os jovens e as crianças contemporâneas, vivendo em um mundo mais globalizado e instantâneo, se adaptaram a respostas mais rápidas e objetivas. Quando um professor segue uma didática de apenas uma via, o aluno se dispersa com mais facilidade e não consegue refletir sobre o assunto apresentado.

Albaine, com essa experiência, vai além da teorização do conteúdo tornando-a, assim, concreta, pois a escola é, antes de mais nada, um local de aprendizagem e formação de conhecimento. A autora, também consegue pôr em prática o fortalecimento do pensamento crítico dos alunos, pois trazendo os ensinamentos de forma lúdica, os alunos terão uma maior facilidade em assimilar o conteúdo. Apesar dos conteúdos serem de cunho eurocêntrico, a professora conseguiu criar uma ponte entre os alunos do sexto ano e a matéria vigente. Com essa atitude, Marcela Albaine, consegue, com seu experimento, mostrar a possibilidade de modificar a situação tenebrosa presente na década de 90.

Conclusão
Mesmo com todas as dificuldades inerentes a essa relação professor/aluno e vice-versa, esse debate está longe de se esgotar. E, apesar do cenário da década de 90 ter sido desfavorável para a formação de professores, Marcela Albaine demonstrou que é possível mudar o cenário visto nas salas de aula pondo em prática os ensinamentos do mestre Ilmar, além de transformar a sala em aula texto consolidando a ideia de que o professor e o pesquisador andam juntos, como defende Selva Guimarães. Deve-se perceber ainda que tudo está sempre em constante mudança, tanto internamente quanto externamente. Há que se empreender um esforço contínuo para que essa comunicação, essa troca de conhecimento entre mestres e discípulos, seja um processo fluido. Desejamos que essa profissão de professor seja reconhecida no que há de mais nobre, resgatando a dignidade há décadas perdida. Assim, conclui-se esse ensaio com uma frase de Ilmar Rohloff de Mattos, citada em algumas palestras ministradas pelo historiador, já mencionada anteriormente: “Fazer da aula uma nova Ágora. ”. Retomando as ideias já vistas previamente, a sala de aula precisa ser um local de conversas, na qual haja o compartilhamento de ideias, além de trabalhar com habilidades e desenvolvimento da capacidade de argumentação.

Referências
Anna Elisa Mastrangelo é graduanda em História pela PUC-Rio

ALBAINE, Marcela. História e Games: dimensões práticas em sala de aula. Curitiba: Appris, 2017. [livro]

FONSECA, Rosa Guimarães. Caminhos da história Ensinada. 13. ed. São Paulo: Papirus, 1993. [livro]

MATTOS, Ilmar Rohloff de. “‘Mas não somente assim!’ Leitores, autores, aulas como texto e o ensino-aprendizagem de História”. Tempo, Revista de história da Universidade Federal Fluminense, vol 11, nº 21, jul-dez 2006, pp. 15-26. [artigo]

46 comentários:

  1. Na obra "Caminhos da história ensinada", Selva Guimarães dá destaque aos cursos de licenciatura que tiveram origem no governo militar, os quais formavam professores em período reduzido e apresentavam grandes riscos em relação ao pensamento crítico professor/aluno. Tendo em vista a procura e o tempo de duração, podemos fazer uma comparação entre essas licenciaturas citadas pela autora e os cursos de complementação pedagógica, criados com o intuito de habilitar os graduados bacharéis ou tecnólogos para administrar aulas na educação básica? Nesse caso, podemos dizer, também, que os professores formados em cursos de licenciaturas regulares reproduzem o preconceito que sofrem por parte dos pesquisadores, diminuindo, de certa forma, a capacidade que esses profissionais têm de lecionar?

    - Elaine da Silva Simplício

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    1. Sim,acredito que, de certa forma, exista um preconceito por parte desses professores. Mas, ao meu ver, a crítica, se faz mais pelo fato de ainda existir instituições que reduzam a formação dos docentes. O julgamento é feito mais ao sistema em si do que propriamente ao professor, pois muitos ainda veem o setor educacional como uma área de pouca importância, justamente para fazer jus a interesses políticos. Com isso, critica-se como forma de mostrar uma certa resistência e apontar o que precisa ser modificado.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  2. Em primeiro lugar gostaria de parabeniza-la pelo seu texto, já que acredito que essa temática é de suma importância para refletirmos o lugar da formação do professor de História na atualidade, pois todo este processo exposto no texto, mesmo que longe do ideal, estava caminhando para um novo olhar da prática docente. A dicotomia entre o professor e o pesquisador vinha sendo muito questionada, principalmente nos debates do ensino de História.
    Neste sentido, gostaria de perguntar como você avalia a prática docente e a própria formação de professores frente a Base Nacional Comum Curricular e as novas diretrizes para formação de professores?
    Desde já agradeço.

    Maria Paula Costa

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    1. Deve-ser ter em mente que, com a BNCC, agora as escolas precisam nivelar os objetivos específicos que nela trazem. Primeiramente temos que entender que existe uma grande diferença em relação ao currículo real e ao oficial. A BNCC, apesar de dizer reconhecer as particularidades de cada região e de cada instituição (públicas ou privadas), aborda, paradoxalmente, um teor generalizante, pois nela há competências que não apenas os professores precisam cumprir, mas os próprios discentes. Ela esquece de levar em consideração as limitações daqueles e, também, as de uma determinada escola. Na prática, essas competências exigidas pela BNCC não são cumpridas em sua totalidade devido a embates existentes em relação ao currículo que precisa ser realizado, em sua máxima, sendo cobrado por diretores e coordenadores, das instituições de ensino e, também, por disputas ideológicas em relação às próprias famílias dos discentes que exigem que determinados tópicos ou metodologias ocorram ou não. Na BNCC, as competências englobam temáticas interessantes como, por exemplo, a utilização de uma linguagem cultural, propondo exposições e outras formas de tornar o ensino do aluno mais dinâmico e dialogador. No entanto, como isso pode ocorrer se, por diversas vezes, há uma impossibilidade dessas atividades por falta de espaço, por exemplo? Ademais, não leva em consideração, na prática, a existência de pessoas que apresentam alguma necessidade especial. Um outro fato que merece destaque é que a BNCC também visa a igualdade, diversidade e equidade justamente por alegar ter como foco não apenas o conhecimento cognitivo do aluno, mas a dimensão afetiva. Observando essas questões, percebe-se que ela não estabelece uma hierarquização sobre esses dois setores. Todavia, na prática, a hierarquização ocorre e a dimensão afetiva é posta em segundo plano – já que grande parte das instituições de ensino observam a educação de forma mercadológica e não vinculada à formação do indivíduo como um ser. Com esses apontamentos realizados, é possível perceber que, na realidade, a prática é muito mais complexa, abarcando diversas dimensões da teoria e muitas outras.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  3. Olá Anna. Quando vou a colégios fazer formação, vejo com frequência colegas professores se espantando com a ideia de fazerem pesquisa aplicada. Penso que as graduações reproduzem tão claramente uma divisão e distanciamento entre ensino e pesquisa que naturalmente constroem um lugar para ambas, lugares que não se comunicam. Outra questão por vezes é uma visão romântica ou idealizada de pesquisa, que pouco se comunicaria com a realidade escolar, o que discordo. A pesquisa também deve buscar resolver os problemas mais imediatos e cotidianos da escola. Pergunto pra você como podemos ir mudando o estado das coisas?: Abcs

    Everton Carlos Crema

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    1. Acredito que essa modificação ainda está longe de ocorrer, mas penso que se torna necessário, já na graduação, ter experiências concretas que incentivem os estudantes de história a realizarem esse diálogo entre o campo de pesquisa e de ensino. Um exemplo disso, é o PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência). Além de estar associado a prática de ensino, o programa também estimula a área da pesquisa, isto é, incentivar os futuros historiadores a prática de lecionar, além de iniciar pesquisas. Desta forma, o aluno consegue ter uma noção de ambos os setores começando a compreender as suas dimensões. Outrossim, algo que observo no discurso acadêmico é a forte hierarquização colocando os pesquisadores no topo da pirâmide. Um exemplo ilustrativo é o fato de muitos estudantes optarem primeiramente por realizar o bacharel em história e, em seguida, a licenciatura. Dessa forma, esses historiadores não apresentam a formação simultânea tratando, assim, o desenvolvimento desse profissional como se fossem questões separadas. Para uma modificação efetiva desse cenário, se torna necessária, a conscientização, por parte do historiador, da real dimensão de formação desse profissional tornando-se necessário o aprendizado simultâneo, ou seja, tanto da área da pesquisa quanto no de ensino. Essa conscientização ocorreria através de disciplinas que abordassem tais questões, como também, incentivos a projetos, que abarcassem ambos os setores (ensino e pesquisa), além de contemplar um currículo de história que promova um diálogo efetivo, sem hierarquizações, entre elas.

      -Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  4. Olá Ana primeiramente parabéns pelo texto, realmente interessante este debate. Ao meu ver por mais que tenha havido mudanças muitos professores não mudaram os métodos de produzir uma aula, você acredita que isso é como se fosse uma espécie de "prisão no tempo"? ou alguns tem receio de "certos" conteúdos não estariam de acordo com as competências da BNCC?

    Maria Evilene de Aquino.

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    1. Concordo plenamente com o que você expôs. Ao meu ver, muitos educadores, quando entram em contato com a realidade escolar, optam por reproduzir esse sistema tradicional do que simplesmente modificá-lo. Isso ocorre, por ser mais fácil reproduzir um sistema vigente do que mudá-lo. Alguns, até tentam, já no início de sua carreira, produzir algo diferente, mas, a maioria logo desiste justamente por conflitos com as próprias esferas institucionais que ainda estão calcadas em metodologias tradicionais. Ademais, as próprias pressões existentes com alguns pais dos discentes influenciam, também, na desmotivação do profissional. Quando o professor consegue adentrar, de fato, na experiência de lecionar, percebe-se que há diversas barreiras que precisam ser quebradas e que demanda um tempo para existir alguma modificação. Claro, que alguns professores tentam e conseguem, como foi caso de Marcela Albaine. Mas, as metodologias tradicionais, infelizmente, ainda apresentam uma certa soberania no ensino impedindo, muitas vezes, que exista uma mudança.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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    2. Olá Anna ao meu ponto de vista concordando e complementando seu posicionamento, muitos professores tentam de fato, porém o sistema cheio de regras e regras, os impedem de se adentrar ao novo, de fato uma situação complicada. Eu como futura profissional da educação, na sua opinião o que posso fazer para mudar este cenário?

      Maria Evilene de Aquino.

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    3. Acredito que mesmo com diversas questões que nos impedem de modificarmos o sistema, sempre podemos inovar! Algo fundamental quando você for trabalhar, em alguma instituição escolar, é ter acesso ao projeto político pedagógico da escola que nos mostra, por exemplo, os projetos políticos e metodológicos que a instituição defende e aplica. Dessa forma, você ficará por dentro de quais diretrizes seguir como forma de começar a quebrar essas barreiras tradicionais. A partir disso, um excelente meio, para começar a realizar esse processo, é ouvir o aluno, perceber o que eles têm para nos oferecer. Com isso, é possível realizar algumas modificações como, por exemplo, utilizar memes para explicar alguns contextos históricos, algo que está em alta de uns tempos para cá. Um outro mecanismo muito interessante seria propor visitas a museus e a exposições como forma de dialogar com o conteúdo estudado em sala de aula. São mecanismos simples, mas que já podem quebrar com algumas barreiras dessas metodologias tradicionais até mesmo em ambientes que são considerados conservadores. Espero ter ajudado!

      -Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  5. Primeiramente, parabenizo o seu texto, pois você propõe a discutir questões relevantes para a nossa área, de educadores. Fazendo uma breve contextualização histórica sobre o papel do professor e do ensino de história nas décadas anteriores. Pois bem, em virtude do que está acontecendo com o Sistema educacional brasileiro, pasando por novas mudanças, minha questão sintetiza-se na aprovação da Lei 13.415/17 que consiste na Reforma do Ensino Médio e pela aprovação da BNCC. Tendo em vista que esta última etapa do Ensino Básico, no passado, foi alvo de uma educação dualista (ensino técnico-profissional e ensino secundário), já com essa nova Reforma no Ensino Médio podemos suscitar uma permanência do dualismo na educação e se também causa implicações no ensino de história?


    Maurício Vasconcelos Pereira.

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    1. Sem dúvida. Acredito que ainda ocorra a permanência desse dualismo na educação, justamente pela nova Reforma no Ensino Médio e que, com certeza, causa impactos no ensino de história. Um exemplo claro, é que cada vez mais a história, por interesses políticos, vem sendo desqualificada, podendo ser considerada como uma opção para os discentes, ou seja, eles podem fazer a disciplina ou não, já que agora não é uma matéria obrigatória. Essa situação é por demais triste, justamente pelo fato do próprio poder Executivo vetar a regulamentação da profissão do historiador. Seguindo esse pensamento, a própria população acaba desconsiderando a real dimensão que a história representa e acabam titulando como uma matéria não importante para a formação dos discentes. Outro aspecto que merece destaque, que gerou muita polêmica, foi quando tentaram implantar na proposta da reforma, que 40% dos conteúdos seriam passados através do sistema de EaD. Analisando o cenário atual, estamos no meio de uma pandemia, é possível perceber que essas questões trazem diversas problematizações, pois como ter aulas online se a maioria da população brasileira não tem acesso a internet? Ademais, como fazer o diálogo com os alunos, no decorrer da aula? Muitos discentes também apresentam péssimas condições de acesso a internet e, justamente por isso, se sentem desmotivados a participarem efetivamente do processo de aprendizagem. Precisa se ter uma real conscientização dos desdobramentos dessa reforma.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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    2. Certamente. Ao analisamos o contexto social, econômico e político observarmos que as transformações educacionais ocorrem em grande parte por questões de poder político. Os interesses políticos influenciam as reformas educacionais, tendo em vista o objetivo de formar indivíduos que se alinhem ao projeto político vigente. E essa nova Reforma tende a prevalecer a educação dualista. Tal reforma também prejudica as disciplinas de humanas, na redução de carga horária.
      Portanto, devemos levantar discursões a respeito das políticas educacionais que estão em vigor hoje, e das reformas no sistema do ensino, escabeceando reflexões sobre os interesses políticos que permeiam a Reforma do Ensino Médio e a implementação da Base Nacional Comum Curricular – BNCC.

      - Maurício Vasconcelos Pereira.

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    3. Com certeza! Essas questões ocorrem como maneira de reduzir o pensamento crítico do aluno. As reflexões feitas, sobre o que está acontecendo, é uma forma de resistir e de poder se indagar de como ultrapassar essas bases tradicionais que são impostas à educação. Abçs.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  6. Olá, Anna! Gostaria primeiramente de parabenizá-la pelo texto, gostei muito. Eu concordo com o ponto de vista de que os professores devem inovar em suas aulas e tentar apresentar o conteúdo de forma mais interativa. No entanto, com o sistema educacional que temos, isso muitas vezes se torna uma tarefa difícil, tendo em vista que o professor tem um tempo muito limitado de aula para passar todo o conteúdo previsto no plano escolar, e as próprias escolas (principalmente públicas) não oferecem os recursos adequados. Seria o docente capaz de superar esses obstáculos e inovar em sala de aula? Se sim, como?


    Jennifer da Silva de Castro

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    1. Ao meu ver, acredito que sim, pois apesar das diversas dificuldades existentes nas instituições escolares, sempre é possível inovar em sala de aula. Um exemplo que acredito ser muito interessante e útil é a utilização da música como um instrumento de inovação de ensino. Alguns docentes já utilizaram esse meio como forma de passar o conhecimento de uma forma bastante fluida, divertida e que dialogue com o universos dos alunos. Um estilo musical bastante utilizado, por exemplo, é o funk, pois, através dele, alguns docentes conseguem compor uma música com o tema proposto em um específico momento da disciplina. Uma professora que realizou tal atividade foi a docente Ane Sarinara que leciona em uma escola da periferia de Osasco, em São Paulo. Ela utilizou o funk como forma de romper laços com aquelas metodologias tradicionais (se quiser saber mais sobre o que essa professora fez, recomendo ler a notícia que se encontra neste link: https://www.google.com/amp/s/br.sputniknews.com/amp/brasil/201607015401319-professora-historia-alunos-funk-musica-ensino-periferia/ ).

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  7. Boa noite, Anna!
    Adorei o seu texto e acredito que este é um tema extremamente importante para reflexão.
    Visto que por vezes é possível haver certa resistência por parte dos educandos no processo de inovação, dado que quando tratamos das áreas de humanas percebemos frequentemente ataques (vindos de diferentes campos sociais) quanto ao método de ensino e conteúdos discutidos, gostaria de saber, portanto, qual você considera a maior dificuldade nesse processo de inovação dentro das salas de aula?

    Bethânia Luisa Lessa Werner

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    1. Oi, Bethânia! Então, boa questão! Acho que qualquer metodologia que venha romper barreiras com aquelas consideradas tradicionais encontram uma certa resistência de diversos grupos, sendo difícil escolher uma que seja considerada como a top 1 rsrs. Bom, ao meu ver, acredito que uma questão também já levantada em algumas outras respostas, é a resistência que muitos responsáveis de alunos apresentam com determinados métodos de ensino. Além desse grupo, muitos diretores e até a própria instituição escolar em si podem apresentar um caráter tradicional vindo a não concordar com determinadas questões. Uma inovação na sala de aula que é alvo de bastante crítica seria o uso de tecnologias e games, pois muitos grupos acreditam que eles, na verdade, só servem para atrapalhar o processo de aprendizagem desses discentes. Só que muitos esquecem que esse material, quando utilizado de forma adequado, rende positivos resultados. Um outro problema desse meio inovador é que muitas instituições não apresentam uma boa infraestrutura ou financiamentos para adotarem esse projeto inovador. Às vezes ele pode até ser bem visto por esses grupos, em um determinado contexto, mas, por outras dificuldades não se consegue implantá-lo.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  8. Boa noite, Ana!
    Parabéns, pelo belíssimo texto!
    É realmente um assunto de grande relevância, para o dias atuais.
    Então, meu comentário será referente, a Relação Aluno/Professor. Segundo Ilmar Rohloff, um professor em formação ou em exercício deve adotar as seguintes características em sala de aula:Desnaturalizar,Descentrar e por último, Desequilibrar. Se quiser obter resultados satisfatórios em relação aos seus educandos. Diante disso surge uma indagação..? Será que essas três palavravinhas tão importantes, estão de fato sendo ultilizadas em nosso sistema de ensino..? ou os nossos professores dizem que conhecem, e se conhecem, mais porém, não praticam..?

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    1. Excelente reflexão, Ana Patrícia! Então, acredito que exista sim alguns professores que estejam aplicando os três “des” que Ilmar propõe, mas ao meu ver, infelizmente, isso ocorre de maneira bastante reduzida. Essa questão ocorre, pois apesar de alguns professores pensarem dessa forma, uma outra parcela acredita que a educação serve apenas para passar o conteúdo sem um exercício reflexivo e empático. A educação, nesse caso, é resumida em algo massivo e genérico. Alguns, por outro lado, com prazo para cumprir as obrigações que o currículo escolar e a direção do colégio demandam, não conseguem exercer os três “des” propostos por Ilmar. Alguns preferem não abrir mão de suas zonas de conforto justamente com medo de não conseguirem responder por, talvez, não terem a real dimensão de um determinado assunto da matéria e por quererem ter sempre um controle de superioridade nas salas de aula. Apesar dessas questões, os professores precisam persistir e realmente entender, de fato, a importância do que está sendo exposto na sua pergunta, pois no país em que vivemos, infelizmente, os governantes não andam a favor da educação, dado que sempre buscam mecanismos que desqualificam o profissional e essa área tão rica e poderosa para a transformação não só de um país, mas do mundo como um todo.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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    2. Nada! Eu que agradeço! Abçs.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  9. Olá Ana!
    Inicio destacando que foi um prazer ler seu texto, e que foram ricas as discussões pautadas.

    Você argumenta que os novos tempos exige a necessidade de algumas mudanças na relação educador/aluno em sala de aula, e no ensino de História, e que a "educação tradicional" ou "educação bancária", termo defendido por Paulo Freire, seja superado. Para que isso ocorra, você pontua algumas metodologias que podem promover um ensino mais emancipador, como a utilização de games/jogos, músicas, dentre outros, assim como defende Guimarães e Albaine, por exemplo. Contudo, sabemos que existem inúmeras realidades em torno disso, e a falta de recursos muitas vezes configura-se como principal empecilho para a promoção dessas metodologias ativas na sala de aula e no ensino de História. Na ausência de alguns recursos tecnológicos, você pode mencionar algumas outras formas para que educadores de diversas realidades possam construir uma maior interação e democratização na sala de aula e no ensino de História?

    Maicon Douglas da Silva

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    1. Oi, Maicon! Tudo bem? Então, acho que um excelente meio de diálogo com os alunos, como forma de quebrar as metodologias tradicionais, seria a própria música. Em uma das respostas, falei que ela serve como um instrumento de inovação de ensino. Através dela, é possível transmitir o conhecimento de forma bastante fluida e que dialogue com a realidade do aluno (no caso, eu citei o funk que muitos docentes utilizam para fazer essa ponte de comunicação com os estudantes). Mas, acho também que um outro mecanismo seria propor visitas a museus e a exposições como forma de dialogar com o conteúdo estudado em sala de aula. Assim, os discentes poderão ter uma outra dimensão sobre tudo aquilo que foi exposto pelo professor no decorrer da aula. Dessa forma, os alunos podem ver, na prática, como determinado fato histórico ocorreu. Além disso, algo que também acho de extrema importância, e que não necessita de materiais grandiosos, seria o próprio professor incentivar mini esquetes teatrais como forma dos alunos montarem o enredo como maneira de relacionarem o conteúdo estudado com as experiências de vida deles. É uma forma bastante lúdica e interessante do que simplesmente inculcar conhecimentos sem nexo para os discentes. Abçs.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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    2. Agradecido pelas ponderações Ana! parabenizo-lhe por promover essa discussão tão pertinente e necessária capazes de impulsionar reflexões em torno da Educação e do ensino de História. Parabéns pelo texto! Abçs.

      Maicon Douglas da Silva

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    3. Fico feliz que tenha gostado do texto! Gratidão! Abçs.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  10. Olá Ana Elisa
    Parabéns pelo texto.
    São reflexões super importante sobre essa relação aluno/professor e o sistema educacional brasileiro.
    Precisamos de uma educação que promova o desenvolvimento integral ( social, econômico e político) de nossos estudantes . A minha prgunta é : Como escola e professores podem contribuir na formação de indivíduos questionadores de sua realidade em um pais onde o ensino na sua maioria segue uma linha tradicional?

    Eleilda da Silva Santos

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    1. Olá, Eleilda. Ao meu ver, o primeiro passo que tanto a escola quanto os professores podem exercer para instigar o senso crítico dos alunos é justamente propor debates que dialoguem com as experiências deles, ou seja, não tratar as matérias de uma forma abstrata, mas relacionar com a vida cotidiana. Existem diversas formas para a realização dessa proposta como, por exemplo, a utilização de meios artísticos e culturais (música, mini esquetes, debates na sala de aula, visitas em museus ou em exposições. Se a instituição escolar relacionar o conteúdo obrigatório do currículo com a realidade dos discentes, haverá uma quebra nessas metodologias tradicionais. Temos que ter em mente que, infelizmente, barreiras sempre existirão com o objetivo de impedir que isso ocorra, mas é possível modificar as metodologias de forma bastante sutil, inicialmente, para depois desencadear em uma grande mudança no sistema.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  11. Ainda que não se tenha abandonado completamente o modelo tradicional de ensino no Brasil, novas técnicas vêm sendo adotadas por professores de História em suas aulas, visando maior aproveitamento do conteúdo por parte dos alunos. Além de promover maior interação e colaboração da turma, aulas diferenciadas proporcionam a valorização do individual, visto que cada aluno pensa, aprende e se expressa de maneira e em tempo diferente dos demais. No entanto, é possível trabalhar teorias de forma mais atrativa e que venha a atingir a todos? E quanto a avaliação, qual seria a forma mais adequada de se avaliar o aproveitamento do aluno quanto ao conhecimento passado, considerando que a prova escrita ainda ocupa espaço e se faz importante?
    LUANA KULICZ

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    1. Oi, tudo bem? Respondendo a sua primeira pergunta, é possível transmitir a teoria de forma bastante dinâmica. Um exemplo que meu colega de profissão faz é propor gincanas, dentro e fora da sala, com jogos divertidos e que os discentes adoram! No final de cada rodada, ele dá algum prêmio simbólico como um chocolate, por exemplo. Essa realidade, feita por ele, gera bons resultados em relação ao processo de aprendizagem dos alunos. Em relação a forma de avaliação, agora respondendo a sua segunda pergunta, acredito que a prova escrita seja sim um bom mecanismo de avaliação, mas não consegue abarcar todas as dimensões que um aluno apresenta já que, no momento da prova, o aluno pode ficar nervoso ou não estar bem e, por consequência, obter uma nota ruim. Acho que uma outra forma de avaliar o aluno é através da participação em sala de aula. Essa participação não se limita apenas a falar em sala, mas o olhar do aluno já diz muito sobre o que ele está sentindo, ou seja, se entendeu ou não o conteúdo. Caso realize atividades artísticas, como forma de transmitir a teoria, observe também como o aluno reage a ela levando, em consideração, o trabalho em equipe e a dedicação para aquela tarefa, por exemplo (isso seria uma forma de complementar esse tipo de avaliação escrita). Os docentes precisam ter em mente que o aluno é mais do que um zero ou um dez. Existem outras formas de avaliação que conseguem abarcar o indivíduo em sua totalidade. Abçs.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  12. Boa noite. Primeiramente parabéns pelo excelente texto apresentado. Percebemos ao longo do texto, as diversas mudanças ocorridas nas relação professor/aluno, aluno/professor, que reescreveram a forma de ensinar e de compartilhar o conhecimento. Nesse sentido, mesmo com todas as dificuldades apresentadas, o professor adquiriu práticas de ensino, que facilita sua interação com seu aluno e o controle de sua sala de aula. No entanto nos últimos anos, os professores tem enfrentado, repressões ideológicas que desumaniza o papel do professor. Qual sua opinião sobre o projeto de lei O escola sem partido, n° 867/2015, que propõe a proibir a prática de doutrinação política e ideológica em sala de aula?

    Gemima Gomes de Carvalho Santos

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    1. Olá, Gemima. Tudo bem? Então, na verdade, eu não concordo com a lei escola sem partido justamente porque, para mim, não existe um discurso sem ter uma ideologia. Até quando o professor diz que quer manter a neutralidade isso, nas entrelinhas, já carrega consigo um caráter ideológico. Até as palavras que escolhemos utilizar ou não já nos mostram um posicionamento por parte do docente. Além disso, temos que ter em mente que a sala de aula é um local diverso e essa lei fere o pluralismo de ideias (como forma de ocultar as experiências dos indivíduos). Essa lei também limita as escolhas do professor justamente por ir contra as concepções pedagógicas, pois temos que ter em mente que até a escolha do professor em como ministrar a aula apresenta uma ideologia e os ideais que ele defende. Abçs.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  13. Olá, Anna. Ótimo texto.
    Assim como Albaine, há outros autores que defendem um processo de aprendizagem mais ‘humanizado’, sobretudo aqueles que praticam a licenciatura em paralelo com métodos da educação especial. Ao citar a forma hierárquica que se dá a relação aluno-professor, propõem que pensamos em uma forma de educação menos fatigável. Na escola pública, por exemplo, há um desgaste já sistêmico nessa relação. No entanto, qual seria a melhor metodologia para mudar essa realidade, dando flexibilidade na relação, inovando nas aulas e não perdendo o foco principal que é a disseminação do conhecimento?

    Cleiton Mello Ribeiro.

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    1. Olá, Cleiton. Excelente questionamento! Então, como já mencionado em algumas respostas, acredito que a música é um excelente meio para realizar essa ponte entre a teoria com a realidade dos alunos. A utilização de gincanas com os temas propostos em sala de aula também é um ótimo meio de ajudar nessa comunicação com os discentes. Visitas a museus e a exposições conseguem, também, fazer um diálogo visto na teoria com a prática. A realização de mini esquetes teatrais sobre temas vinculados as matérias apresentadas, pelo professor,também conseguem exercer esse diálogo. Além desses meios, existem outros que também ajudam no diálogo entre a teoria com as experiências dos docentes. Abçs.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  14. Excelente texto Anna.
    A discussão que você trouxe é de suma importância. É nítido que a educação brasileira apresenta inúmeros problemas que impactam no aprendizado. Logo o diálogo entre professor/aluno e vice-versa é fundamental para a superação das adversidades na educação. Por mais que que tenha ocorrido mudanças na interlocução do docente/discente e vice-versa ainda é evidente a conservação de traços que tiveram ênfase no governo militar no que tange a imposição,é possível que a realidade sócio-econômica tenha resquícios nessa questão?

    Rafael de Jesus Pinheiro Privado.

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  15. Texto e temas promissores, Anna! Possivelmente desejará ampliar sua discussão para um mestrado. Se esse for o caso, além de desejar-lhe sucesso, sugiro algumas leituras de Paulo Freire e Jörn Rüsen. Abraço!

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    1. Olá, Antonio! Muito obrigada! Fico feliz que tenha gostado do texto! E, sim, as leituras de Paulo Freire e Jörn Rüsen são por demais interessantes! Abçs.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  16. Thatiana Silva de Araújo22 de maio de 2020 às 10:13

    Muito bom seu texto, Anna!

    Tenho dúvida no seguinte ponto: os professores precisam utilizar uma linguagem mais acessível aos seus alunos e também aproximar o conteúdo e o conhecimento histórico da realidade dos estudantes. Contudo, o professor é visto não como alguém que sabe mais, mas como alguém que sabe diferente.

    Você acredita que este pensamento ajuda a desqualificar e a desmerecer o trabalho dos professores?

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    1. Olá, Thatiana! Acredito que esse pensamento que você expôs, de que o professor é visto não como alguém que sabe mais, mas como alguém que sabe diferente; de uma certa forma, pode vir sim a ajudar a desqualificar a profissão do docente. No entanto, acredito que se olharmos por outro ângulo, esse tipo de comentário não ocorre com tanta frequência. Muitos ainda veem o professor como aquela figura essencial para a aprendizagem dos discentes e que, com certeza, faz a diferença na vida daqueles que aprendem. Esse pensamento ainda se faz presente por algumas estruturas da sociedade. Ademais, essa profissão, para muitos, é tida como ferramenta essencial para a transformação do mundo carregando um forte símbolo de esperança. Abçs.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  17. Olá, Thatiana! Acredito que esse pensamento que você expôs, de que o professor é visto não como alguém que sabe mais, mas como alguém que sabe diferente; de uma certa forma, pode vir sim a ajudar a desqualificar a profissão do docente. No entanto, acredito que se olharmos por outro ângulo, esse tipo de comentário não ocorre com tanta frequência. Muitos ainda veem o professor como aquela figura essencial para a aprendizagem dos discentes e que, com certeza, faz a diferença na vida daqueles que aprendem. Esse pensamento ainda se faz presente por algumas estruturas da sociedade. Ademais, essa profissão, para muitos, é tida como ferramenta essencial para a transformação do mundo carregando um forte símbolo de esperança. Abçs.

    - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  18. Olá!
    Gostaria de primeiramente te parabenizar pelo texto e pela pesquisa feita. Diversos pontos são apresentados que promove muita reflexão e debate.Enfim, acho que nesse momento que estamos é de suma importância que pesquisas como essa sejam apresentadas e discutidas!
    Bom, algo me chamou muita atenção e gostaria de saber seu ponto de vista sobre isso. Em relação ao professor conhecer e perceber que um sala de aula não é um espaço homogêneo e que é necessário trabalhar as singularidades presentes, esse atitude que precisa ser tomada e trabalhada no ambiente educacional não funcionaria melhor se tivesse um amparo maior do governo ?
    Bianca Gabrielle Moreira Verissimo

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    1. Oi, tudo bem? Sim, acredito que se tivesse um amparo maior do governo não seria apenas a instituição escolar que trabalharia com as diferenças de uma forma mais eficiente, mas outras esferas da sociedade também conseguiriam abarcar diversas dimensões tendo como produto final a empatia e a solidariedade. Todavia, mesmo sem o apoio devido do governo,os docentes são a peça chave para que o ambiente escolar comece a propagar esses ideais tão importantes para a construção do indivíduo. Abçs.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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  19. Boa Noite, parabéns pelo artigo. Com relação ao tema professor/aluno, quais seriam os métodos mais eficazes para que o aprendizado para que com o nível de informação e desinformação é diariamente bombardeado trazendo com isso uma dificuldade para o ensino e com isso o professor precisa de forma diária e dinâmica precisa se atualizar e levar o conteúdo correto para esses alunos?

    Hebimael Travassos Lima,
    Primeiro período de História.

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    1. Boa noite, pelo que entendi da sua pergunta, acredito que uma forma eficiente dos docentes transmitirem o conhecimento, de uma maneira lúdica e inovadora, seria através da música, pois ela serve como um verdadeiro instrumento capaz de dialogar o conteúdo com as experiências de vida dos alunos. Uma maneira do professor descobrir instrumentos capazes de inovar as metodologias de ensino seria estar com uma atenção às redes sociais e perceber quais são os meios que dialogam melhor com os discentes. Um exemplo bastante concreto seria o uso de memes que são utilizados de forma frequente e que são uma ponte para o conhecimento teórico com as experiências dos alunos. Um bom exemplo disso é uma página que se chama: História no paint. Nessa página, eles publicam diversos memes vinculados a assuntos de história. É muito interessante e lúdico a forma como eles abordam os temas. Espero ter ajudado, abçs.

      - Anna Elisa da Silva Gomes Mastrangelo

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