OS EDUCADORES E SUAS FORMAS HISTÓRICAS NO ENSINO E APRENDIZAGEM HISTÓRICA
Para início de
discussão
O presente trabalho versa sobre como
se constituíram as distintas formas históricas de educadores ao longo da
história da educação. Genericamente, objetivou-se identificar quais os grupos
docentes concebidos como “detentores do saber educativo na história da
educação”, dentre uma margem de período histórico específicos, a saber:
primórdios ao Medievo. Para isso, buscou-se sistematizar uma classificação dos
grupos docentes que predominaram em cada momento histórico, investigando suas
características e funções. Tal pesquisa surgiu de paulatinas reflexões acerca
do trabalho docente em nossos dias, a partir destas discussões, constatou-se na
extensa produção acadêmica, a existência de duas vertentes as quais se debruçam
sobre o estudo do trabalho docente.
Um lado se detém estabelecer estudos e
discussões acerca das condições e características do trabalho docente e assim,
apresentam as seguintes características: intensificação
da jornada de trabalho, fragmentação, precarização, desvalorização social e
econômica, proletarização, feminização, sindicalização, etc. como sustentam
autores como Alves ]2005, 2006], Cação [2001], Lancillotti [2008], Oliveira
[2004], Saviani [1997], Wenzel [1994].
Por outro lado, há também pesquisas sugerindo que este grupo docente [atual]
seja reflexivo, competente e “pesquisador” como atestam autores como Libâneo
[1998], Lüdke e Boing [2004], Pimenta e Ghedin [2008], Perrenoud [2000], Veiga,
Araujo e Kapuziniak [2005], Veiga e d’Ávila [2008) dentre outros.
Desta forma, ao refletirmos sobre
essas incongruências acima elencadas, parecerá paradoxal, pois, se de um lado
há uma gama de obras e autores que denunciam o estado atual das condições e
características do trabalho docente. Há por outro lado, obras e autores os
quais clamam por um perfil e características que deem conta das necessidades
sociais vigentes em nosso tempo, explicitando um anacronismo, o qual tem como locus a escola.
Assim sendo, para melhor captar os
movimentos históricos do trabalho docente bem como, melhor compreender este
paradoxo e o anacronismo vigente, considerou-se imperativo iniciar tais estudos
a partir da constituição histórica do trabalho docente, e no interior deste,
mais especificamente, aprofundar estudos sobre os diferentes grupos docentes
que, historicamente, constituíram-se, nas diferentes épocas da História, como
detentores do saber educativo. Para tanto, elaborou-se o seguinte problema: Quem foram os grupos docentes concebidos
como detentores do saber educativo na história da educação?
Tais, argumentos se justificam no fato
de que, independente da abordagem e/ou perspectiva histórica que se elenque
como mote teórico-conceitual para a produção de conhecimento histórico, via
Ensino de História, este, didaticamente, só se dará concretamente na escola, a
partir de um entendimento claro acerca das diferentes formas históricas de
trabalho didático realizado pelo grupo de sujeitos responsáveis pelo ato de
educar/ensinar.
De detentores à
reprodutores? educador no decorrer da história da educação
Primeiramente, entende-se por
“detentores do saber” aqueles grupos que “[...] em vários períodos da história,
propuseram novos modos de conceber a natureza e de interagir com ela. Portanto,
produziram, conservaram e propagaram o
saber” [Gingras, Keating, Limoges, 2007, p. VIII, grifos nossos]
colaborando desta forma, para novas formas de interagir e compreender o mundo
natural e social, suas instituições, as diferentes formas de organização social
e o próprio entendimento de ciência e educação.
O objetivo desta pesquisa foi
investigar, a partir de textos clássicos da educação, quais foram os grupos
concebidos como detentores do saber educativo em cada época específica da
humanidade. Buscando desta forma, identificar suas características e funções,
elaborando, posteriormente, uma classificação desses grupos e, a partir disso,
estabelecer discussões comparativas tendo em vista um maior esclarecimento
sobre os movimentos históricos que perpassaram o processo de constituição
destes grupos docentes, pois, parte-se da premissa que “cada época,
concretamente, produz a relação educativa que lhe é peculiar. Isto é, produz
uma forma histórica de educador” [Alves, 2005, p. 11, grifos nossos].
Para tal, optou-se metodologicamente,
por utilizar uma “pesquisa bibliográfica” em obras da história da educação
sendo este procedimento de caráter “exploratório” [Gil, 2008]. Para tanto,
necessitou-se estabelecer uma margem de periodização histórica com fins de
viabilizar a concretização do objetivo principal da pesquisa, identificar e classificar
cronologicamente os grupos de docentes concebidos como detentores do saber.
Desta forma, os períodos da história foram delimitados, a priori, da seguinte forma: Primórdios I [sem escrita], Primórdios
II [surgimento da escrita], Antiguidade [Greco-romana], Idade Média, Idade
Moderna e Idade Contemporânea [Cambi, 1999; Hobsbawn, 1982, 1996; Le goff,
1984, 1989]. Esta periodização tem como critério norteador, diferentes
vertentes, porém, sem cair em um ecletismo.
Alguns
resultados
Os resultados desta
investigação abrem margem para novos diálogos. Tal empreendimento, organizado a
partir dos períodos históricos assinalados abaixo, possibilitou-nos classificar
estes grupos da seguinte maneira: ágrafos-bardos [Primórdios I], escribas
[Primórdios II], filósofos e sofistas [Antiguidade Grega], clérigos e retóricos
[Antiguidade Romana], mestres-escola clericais e intelectuais [Idade Média],
jesuítas e cientistas [Idade Moderna]. Constatou-se a partir desta
classificação, que desde os Primórdios até a fase de transição para a Idade
Moderna, isto é, do ágrafo-bardo ao mestre-escola clerical, estes diferentes
grupos responsáveis pela detenção do saber, caracterizavam-se por pertencerem a
um grupo sacerdotal, sacralizado e político:
O ágrafo-bardo: Este grupo consistia em ser, exclusivamente,
integrados por indivíduos pertencentes a um grupo “sacerdotal”, sagrado,
representante/porta-voz das divindades que, por sua vez eram da sua
tribo/comunidade primitiva cultuava. [Aranha, 2006; Cambi, 1999; Giles, 1987;
Gusdorf, 1963; Havelock, S/D; Larroyo, 1974; Luzuriaga, 1990; Monroe, 1976; Ponce, 2007)
O escriba
mesopotâmico e egípcio: Este grupo surge
com a escrita cuneiforme na Mesopotâmia e com o escrito hieróglifo no Egito.
Neste sentido, o escriba está intrinsecamente ligado aos afazeres burocráticos
das sociedades Mesopotâmicas e Egípcia. Deste modo, conforme o desenvolvimento
destas sociedades tornou-se imperativo a formação e preparação de sujeitos
instruídos com a função de gerir e administrar os aspectos econômicos das
principais cidades-estados. Não obstante, esses grupos ainda herdavam o caráter
“sacerdotal” dos seus antecessores, os ágrafos-bardos, já que as preparações
destes sujeitos se davam por meio de instrução dos sacerdotes, os quais
residiam em um templo dedicado ao culto aos deuses, estes locais eram chamados
de zigurat. Além disso,
caracterizavam-se por serem sujeitos de vida público-administrativos, gozavam
de prestígios sociais, e no interior deste grupo havia subdivisões as quais,
eram baseados nos diferentes ofícios existentes e necessários nestas
sociedades. Porém, eram ofícios essencialmente de caráter prático ou destinados
à vida literária. [Brunner, S/D; Giles, 1987; Gingras, Keating, Limoges, 2007; Gusdorf,
1963; Havelock, S/D; Larroyo, 1974; Lucas, S/D; Manacorda, 2006].
Do filósofo ao clérigo - da Antiguidade
Greco-Romana ao Medievo: Este período
pode-se afirmar sem hesitação, que foi um dos períodos do apogeu educacional,
como atestam inúmeros autores da história da educação, tamanha é a produção de
processos educativos e pedagógicos. Para Marrou [1975] a Educação Clássica
Grega em seus dois períodos [homérico e helênico] são a prova cabal do nível
que uma determinada civilização pode atingir ao dedicar-se, quase que
exclusivamente, para a formação do homem [bildung].
Tão profícuo foi seu desenvolvimento que ainda hoje nos remetemos a esta
civilização com muita admiração. É nesta paisagem que surgem os primeiros
grandes detentores do saber, com um ingrediente novo, comparado com os seus
dois ancestrais, supracitados. Que elemento é este? É o surgimento das ciências
pitagóricas, a medicina hipocrática, a política, etc. o primeiro grupo
estabelecido, em acordo com o referencial teórico subsidiador da pesquisa,
apresenta os “sofistas” como os primeiros sujeitos a voltarem-se para o
processo educativo dando-lhe um caráter profissional [Marrou, 1975, p. 84-88] e
com eles a dialética, a retórica, a eloqüência, em uma palavra, a Paidéia. Não obstante, de outra
perspectiva teórico-metodológica, W. Jaeger [2001, p. 335] assim se manifesta
“foi com os sofistas que essa palavra [...] haveria de ampliar cada vez mais a
sua importância e a amplitude do seu significado”.
Neste sentido,
este grupo diferencia-se radicalmente dos seus antecessores, bardos e escribas,
pois, elevam esse status de detentores do saber, de um caráter apenas
sacerdotal e divino para um patamar político e profissional, isto é, “desde o
começo a finalidade do movimento educacional comandado pelos sofistas não era a
educação do povo, mas a dos chefes” [IDEM, p. 339]. Por fim, ainda em Jaeger
[Idem, p. 347], “os sofistas são, com efeito, as individualidades mais
representativas de uma época” e a “sua existência fundamentava-se
exclusivamente no seu significado intelectual”.
No entanto,
surgem os primeiros “filósofos” e como decorrência, seus mais significativos
representantes, a saber, Sócrates e Platão. Não por acaso, ainda em Jaeger
[Idem, p. 512] diz que “Sócrates é o mais espantoso fenômeno pedagógico da
história do Ocidente”. Para tanto, nos detemos a explicitar que com este grupo
específico de intelectuais, surgem a Academia e o Liceu e com estas, uma
poderosa instituição educativa com fins de produzir, preservar e propagar o
conhecimento através das descobertas das ciências da época, segundo Cambi
[1999], é neste período que a Pedagogia/tradição pedagógica é inaugurada.
Estes dois grupos
de detentores do saber perdurarão por alguns séculos, influenciando
expressivamente a educação [e a pedagogia] na Antiguidade Grega e Romana. No
que se refere a esta última, devido às condições materiais e exigências ao seu
tempo, surge um novo grupo responsável pela organização, preservação e
propagação do conhecimento, a saber, “o retórico”, pois, “na hierarquia dos
valores profissionais e sociais, o reitor ocupa um posto visivelmente mais
elevado que seus colegas” [Marrou, 1975, p. 436).
Assim durante um
período estimado de quase mil anos, estes três grupos irão reger o mundo das
ciências educativas, respectivamente [Jaeger, 2001; Manacorda, 2006; Marrou,
1975; Ponce, 2007]. Portanto, estes três grupos apresentando-se como soluções
educativas, ao seu tempo, trataram de dar cabo às exigências no campo intelectual
e prático, além de alavancarem o progresso educacional e pedagógico, inauguram
um novo contexto o qual, marcado pela “escrita alfabética” [Havelock, s/d], não
há lugar para os seus “ancestrais educadores” bardos e escribas,
principalmente, o primeiro.
No entanto, este novo contexto,
apresenta algumas peculiaridades, entre tantas, “resgatar” um elemento
inaugurado desde os primórdios e que, durante a Paidéia grega e a patrística
romana, encontrava-se há alguns séculos esquecidos no interior destes grupos responsáveis
pelo conhecimento educativo, qual seja, o elemento “sacerdotal”. Tal aspecto,
ganha vigor com o grande movimento de instituições religiosas as quais, tinham
além da propagação da “palavra de Deus”, a formação de seu contingente
clerical, isto é, a “formação de novos clérigos”. Evidencia-se também, que com
o movimento de expansão religiosa, a qual perdurará por quase toda a Idade
Média, através da construção de igrejas, paróquias, mosteiros, etc. anexados a
estes estabelecimentos, havia um espaço destinado a instrução. As primeiras
escolas, de acordo com os autores estudados, foram as escolas paroquiais e
monacais, sendo que tal processo, como já enunciado, perdurou até a passagem
para a Idade Moderna, deste modo, percebe-se que este grupo de detentores do
saber educativo, irão através de sua instituição maior [a igreja], promover a
expansão do saber educativo ao seu tempo. [Brunner, S/D; Cambi, 1999; Giles,
1987; Giordani, 1972; Havelock, S/D; 1996; Jaeger, 2001; Larroyo, 1974; Le
goff, 1989; 2005; Lucas, S/D; Luzuriaga, 1990; Manacorda, 2000; Marrou, 1975;
Nunes, 1980; Ponce, 2007].
O
intelectual universitário: Após alguns séculos, a Igreja manteve-se
predominantemente detentora do saber, em seu processo de elaboração,
sistematização e veiculação. Continuou assim mesmo com a grande transição
social, cultural, econômica e intelectual entre o séc. X-XIII. É imperativo
compreender “[...] a clivagem entre a escola monástica, reservada aos futuros
monges, e a escola urbana, em princípio aberta a todos, inclusive a estudantes
que continuarão laicos, em sua maioria eram clérigos”, reconhecidos na história
da educação como “intelectuais” [Le goff, 1989]. É nessa época que se produz o
“livro clássico”.
Esta ferramenta, para Jacques Le
Goff [Idem, p. 72], “[...] é um objeto completamente diferente do livro da Alta
Idade Média. Ele se liga a um contexto técnico, social e econômico
completamente novo. É a expressão de uma outra civilização”. E conclui “[...] O
desenvolvimento do ofício intelectual criou a era dos manuais, isto é, do livro manuseável e manuseado [...] de
instrumento, o livro se torna produto industrial e objeto comercial” [Idem,
p.74, grifos nossos].
Assim, é com esses intelectuais e
esse instrumento didático que se produz os primeiros centros de produção
intelectual não só religiosa, mas também laica, as universidades. O ensino
ainda se dava em caráter de Preceptorado, tendo
sua forma históricas mais bem desenvolvidas nos chamados “Modus Italicus” e/ou “Modus
Parisiensis” [Lancillotti, 2008].
O
professor manufatureiro [e o manual didático]: Quase
três séculos depois do surgimento das primeiras Universidades Europeias, emerge
uma nova forma histórica de educador [que irá perdurar até a
contemporaneidade], o professor manufatureiro. Assim nos reportamos ao
professor surgido com a Reforma Protestante em meados do séc. XV. Tomando como
molde a proposta de método de ensino de Comenius e sua Didática Magna ou a arte
de ensinar tudo a todos, cristaliza-se uma forma de ensino coletivo, rompendo
com o modelo anterior, de ensino individual. Com esse novo modelo, que o bispo
morávio tomou como molde o sistema de funcionamento da manufatura, que emergia
na mesma época. Um ensino sistematizado, compartimentado, vulgarizado e mediado
por um novo recurso didático, que também perdura até nossos dias, a saber: o
livro didático. Os grupos de maior expressão entre o séc. XV e XVIII, não há
dúvidas, foram os jesuítas e seu Ratio
Studiorum [Alves, 2005; Hisldrof, 2005].
Não
obstante o que se refere aos condicionantes acima elencados, durante o séc. XX
e XXI houve tentativas de superar o modelo anterior de trabalho didático, como
o “ensino mútuo”. No entanto, pouco ou quase nada surtiu de efeito. Embora se
testemunhe uma eclosão de postulados científicos e pedagógicos, concretamente,
o instrumental didático e o local específico onde se dá esse trabalho didático,
continuou o mesmo, a escola seriada, compartimentalizada separadas por níveis
de complexidade de conteúdo, aos moldes do modelo da manufatura do séc. XV.
Professor-pesquisador, isto é, o mesmo sujeito histórico que, além
de transmitir e socializar os conhecimentos produzidos social e historicamente,
agora também é responsável por produzir novas concepções, ideários e ideias
pedagógicas. Esses, exclusivamente, estabeleceram-se em Instituições de Ensino
Superior. Seus instrumentais didáticos, atem-se à: artigos, livros, um quadro
negro [ou branco], data show.
Professor-virtual:
como fruto do avanço tecnológico na
atualidade, surge o Ensino à Distância [EAD] e com ele uma nova forma histórica
de educador. Segundo Possolli & Cury [2009, p. 3450), em EAD os materiais
didáticos [MD] podem ser distinguidos em três tipos: “[...] impressos [como livros, apostilas e
guias de estudo), audiovisuais [como
transmissões radiofônicas e televisivas]
e digitais [como os Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVA e recursos de
informática e internet)”. Esses
materiais determinam a relação educativa e acabam por si só, realizando a
tarefa de mediar todo o trabalho didático. Atualmente, em Brasil, a
oferta e a procura por cursos EAD crescem vertiginosamente.
À guisa de
considerações
Como sugere o subtítulo, os resultados
e as conclusões aqui esboçadas representam uma proposta de abertura de diálogos
reflexivos acerca do fazer pedagógico, do trabalho docente, da formação de
professores, enfim, da Organização do Trabalho Didático. No que diz respeito a varredura feita entre a
periodização estabelecida, constatou-se que desde o ágrafo-bardo ao clérigo,
estes diferentes grupos detentores do saber educativo caracterizavam-se por
pertencerem a um grupo sacerdotal, elitizado e político.
Estes grupos, à luz da categoria
“organização do trabalho didático” [Alves, 2005], tinham em comum, enquanto
forma histórica de relação educador-educando, “o preceptorado”. No que diz respeito, ao instrumental mediador
desta relação, houve uma variedade, pois, cada tempo e lugar, produziram o
instrumento em acordo com os condicionantes materiais ao seu tempo, variando
muito de sociedade para sociedade [por exemplo, os escribas usufruíam dos
tabletes de argila, já os egípcios do papiro, os povos sem escritas era a fala
ritmada]. Por fim, quanto ao local, estes também variam muito de acordo com o
tempo e o lugar, eram utilizados desde um simples passeio à florestas [bardos],
a ágora e as praças, as academias, os liceus, as escolas paroquiais, monacais,
etc.
Deste modo, o que se defende a partir
deste estudo à luz da categoria Organização do Trabalho Didático, é que tendo
como forma histórica o preceptorado, estes diferentes grupos de detentores do
saber educativo, promoveram e deram cabo às exigências educacionais e
pedagógicas ao seu tempo. Constatou-se que o preceptorado perdurou durante um
longo período, desde a antiguidade até a transição da Idade média para a Idade
Moderna, quando surge uma nova relação entre educador e educando, surge um novo
instrumental mediador e um novo local específico, fatores estes que modificarão
e contribuirão para a queda desta característica peculiar da “detenção do
saber” para a secularização, laicização da instrução, através de
empreendimentos ideológicos, econômicos, filosóficos. Características estas
que, enunciadas em meados do séc. XVII permanecem cristalizadas no processo
educativo dos dias atuais.
Tendo em vista, uma melhor compreensão
acerca dessas relações educativas, em uma perspectiva histórica, buscando
privilegiar os sujeitos os quais, considera-se a polaridade imprescindível para
promover a instrução das camadas jovens de nossa sociedade é que se traz esta
humilde contribuição como reflexão sobre o processo de trabalho docente. Além disso, ter clareza desses movimentos
históricos, os quais não foram lineares, sem tensões dialéticas com avanços e
retrocessos, contribui significativamente para o ensino e aprendizagem
histórica.
Referências
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Manifestações Culturais- Universidade Feevale. Doutorando em Processos e
Manifestações Culturais. Pedagogo – UFSM. Especialista em TIC na Educação –
FURG. Professor na Rede Municipal de Campo Bom. E-mail: martinsjander@yahoo.com.br.
M.a. Vitória Duarte Wingert: Mestra em Processos e
Manifestações Culturais- Universidade Feevale. Especialista em Mídias na
Educação [IFsul Pelotas] Licenciada em História - Universidade Feevale.
Professora na Rede Municipal de Campo Bom. E-mail: vitoriawingert@hotmail.com
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Olá Jander! Interessante as categorias que se desenvolvem em tipologia acerca dos professores de história e do nosso trabalho, achei o texto interessante. Pessoalmente gosto muito da ideia do professor pesquisador! Gostaria de saber como você pensa essa relação do professor com a pesquisa, seria exclusivamente de cunho historiográfico ou relativa a todo trabalho docente e aos problemas enfrentados pelos docentes em sala de aula? Abcs
ResponderExcluirEverton Carlos Crema
Olá caro Everton, obrigado pela indagação. Indo direto, a análise realizada aqui, é fragmento de um "arcabouço teórico" maior. O estudo se dá, à luz de uma categoria analítica chamada Organização do Trabalho Didático. Como tal, ela busca, em um primeiro plano, estabelecer análises e conjecturas acerca do "trabalho docente" (em sentido lato). Visto que, o ofício de educar, transmitir conhecimento é milenar. No entanto, o "trabalho" de professor, é algo que surge com a Reforma Protestante. Assim, poderíamos mensurar que, fosse o historiador docente/pesquisador ou de outra área de conhecimento. Ambos estariam definidos dentro dessa tipologia, visto que tem a ver com: "relação educador-educando, tipo de instrumental didático utilizado" e local em que se dá a concretude desse ato de ensinar".
ResponderExcluirAssim, partimos do entendimento que, o ofício docente também depende dos condicionantes em que está ocorrendo (rede privada, rede pública, educação básica - EF II, EM ou ES). Nesse sentido, a própria noção de "pesquisa" merece um olhar reflexivo, pois a pesquisa realizada na esfera escolar, não se dá nas mesmas proporções e, quiçá, a natureza da mesma é distinta da produzida nas IES por historiadores. Quanto "aos problemas enfrentados", levando em consideração a categoria analítica, a questão do instrumental didático é um "tendão de áquiles" do ensino historiográfico. Ainda que, estejamos cientes de que um "ensino tecnicista", como outrora fora a educação brasileira, não tem mais sentido de se vigorar.