O PROTAGONISMO NHEENGAÍBA E O SEU LUGAR NO LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA EM ESCOLAS DA ILHA DO MARAJÓ, BREVES/PA
O presente ensaio
é parte integrante de uma pesquisa de dissertação de mestrado, desenvolvida no
Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura [PPGEDUC], Universidade Federal
do Pará. A investigação aqui apresentada fará uso do debate sobre o
protagonismo de populações indígenas, no caso os Nheengaíbas, nos materiais
didáticos utilizados em escolas públicas da ilha do Marajó, mais especificamente
do município de Breves, no Pará.
O termo
protagonismo origina-se da palavra protagonista,
que remonta a Grécia antiga. Segundo o professor Darci Secchi [2007, p. 14], o
termo é composto pelas raízes da palavra proto,
que se traduz como “o principal” e agonites,
que significa “lutador”, indicando o vencedor das lutas travadas nas arenas da
Antiguidade Clássica. Posteriormente, a palavra é usada para designar “o
principal ator da tragédia”, com referência à personagem de destaque nas
apresentações teatrais.
No Brasil, nas
duas últimas décadas, o protagonismo,
enquanto categoria de estudo, tem sido amplamente discutido [no campo das
ciências sociais], entre historiadores e antropólogos, em seminários temáticos,
simpósios e congressos nacionais, regionais e estaduais, através de pesquisas e
reflexões interdisciplinares que têm contribuído para uma mudança de paradigma
nas percepções sobre povos indígenas, promovendo suas visibilidades na história
e possibilitando importantes discussões em torno de problemáticas em áreas
educacionais específicas, como o Ensino de História e Cultura Indígena no
currículo da Educação Básica [Silva; Souza, 2016, p. 255], que se tornou
obrigatório nas escolas a partir da lei 11.645, despertando interesses em
professores e pesquisadores. Como assinalam Oliveira e Almeida [2016]:
“[...] a educação
e o ensino de história indígena. É um tema que, desde 2008, com a implantação
da Lei 11645 tem despertado bastante interesse entre os profissionais da
História e merecido mais atenção dos pesquisadores, sobretudo dos que se
dedicam ao ensino” [Oliveira; Almeida, 2016: p. 13].
Para efeito de
compreensão sobre a categoria currículo, utilizamos a definição de:
“[...] tudo
aquilo que uma sociedade considera necessário que os alunos aprendam ao longo
de sua escolaridade. Como quase todos os temas educacionais, as decisões sobre
currículo envolvem diferentes concepções de mundo, de sociedade e,
principalmente, diferentes teorias sobre o que é o conhecimento, como é
produzido e distribuído, qual seu papel nos destinos humanos” [Melo, 2014, p.
1].
Comentam os
educadores Fábio de Souza e Luisa Wittimann [2016, p. 7] que, tais pesquisas se
articulam através de encontros teóricos metodológicos, proporcionando olhares
diferenciados sobre povos e indivíduos indígenas e suas representações,
revelando “[...] o quanto suas escolhas e atuações, em diferentes tempos e
espaços, influenciaram e influenciam os rumos dos processos em que estão
inseridos”. De modo que, “o ponto de partida é o reconhecimento de que os povos
indígenas devem ser abordados como verdadeiros protagonistas da história do
Brasil”.
O reconhecimento
do protagonismo indígena em tempos pretéritos, impacta sobre as narrativas
históricas, exigindo-se a revisão das ações indígenas na história do Brasil,
como assinalam Coelho e Rocha [2018, p. 469]: “A busca de reconhecimento de seu
protagonismo em sua história na contemporaneidade leva a que se indique que a
história indígena narrada incorpore o indígena como protagonista no tempo
passado”.
Apesar do desafio
constante com que se depara o pesquisador, quando se propõe a encontrar em
fontes históricas, indícios de protagonismos indígenas no passado, é importante
atentar-se ao fato que, em critérios de pesquisa, quaisquer vestígios, já se
fazem relevantes e dignos de atenção especial.
Entre os anos de
[1639-1659], os Nheengaíbas de Marajó
protagonizam vinte anos de
resistências ao colonialismo português na foz do rio Amazonas, articulando
assaltos isolados ou tecendo alianças intertribais para se opor e dificultar o
fluxo das embarcações portuguesas que, imprescindivelmente, transitavam pelos
canais dos Estreitos de Breves,, que segundo Teodoro Braga [1910, p. 05]
tratava-se de “uma série de canais que vão da Bahia dos Bócas ao Amazonas e a
que os comandantes dos vapores denominam com muita propriedade: os Estreitos”.
Por conta de suas
atuações em proteger suas liberdades e modos de vida próprios, e pelas
contribuições que tiveram no processo de consolidação dos primeiros
assentamentos portugueses na região, através de habilidades próprias e usos de
saberes tradicionais, os Nheengaíbas ficaram apregoados nas narrativas
históricas que se encarregaram de delinear a história regional amazônica.
Importante
destacar que Nheengaíba é um termo pejorativo dado pelos portugueses às nações
indígenas que habitavam a região oeste do arquipélago de Marajó no século XVII.
A palavra tem origem no tupi podendo significar: “falar más palavras; falar mal
de” [Barbosa, 1951 p. 108], ou “malfalante” [Edelweiss, 1969 p. 198]. Tais
significações teriam dado a esses indígenas os injustos atributos de povos de
“língua ruim” ou “incompreensível” [Azevedo, 1918 p. 318]. Segundo os estudos
de Schaan [2009, p. 32 § 01], “os Nheengaíbas eram cerca de 29 nações indígenas
diferentes dentre as quais ele [Antônio Vieira] cita os Anajás, Mapuás,
Paucacas, Guajarás, Pixipixis, Boccas, Pauxis, Mamaianazes, Mocoões, Jurunas,
Muanás e Sacacas”.
Partindo do
pressuposto que, o protagonismo indígena não
é apenas um fenômeno contemporâneo, mas que, se revela já em tempos
coloniais [sob outras roupagens] e a fim de subsidiar novas reflexões sobre a
aplicabilidade da Lei 11.645/2008 no ensino de história e cultura indígena
[nesse caso em específico] em escolas públicas do Município de Breves,
Marajó/PA, problematizamos entender
como ocorrem diferentes formas de representação dos Nheengaíbas, a partir de um
exemplar didático contemporâneo.
Revisão da temática indígena expressa
em um exemplar didático
A seleção do exemplar didático, foi realizada
mediante consulta a dois professores de história da rede pública municipal de
Breves/PA, atuantes nas escolas Estêvão Gomes e Miguel Bitar, ambas localizadas
no espaço urbano do município. Na ocasião da visita às escolas, em março de
2020, identificou-se que o referido livro é um recurso que está entre os
materiais didáticos utilizados pelos docentes nas referidas escolas. Como
metodologia, utilizou-se uma pesquisa qualitativa com base em análise
documental, priorizando-se pela subjetividade sobre a compreensão dos fenômenos
estudados.
A fim de subsidiar reflexões sobre o lugar do
indígena brasileiro [inclusive o marajoara] no conteúdo dessa publicação,
levou-se em conta as reflexões de Ramos, Cainelli e Oliveira [2008], quando nos
dizem:
“O tratamento que a temática indígena recebe
nos livros didáticos requer uma análise de como historicamente esse assunto se
transforma em conteúdo a ser ensinado nas escolas para crianças e adolescentes
por intermédio do livro didático, mais especificamente para escolas de sujeitos
não indígenas [Ramos; Cainelli; Oliveira, 2008, p. 64].
O exemplar revisado foi o livro Povos Indígenas e Afro-brasileiros: Um
estudo da diversidade no Brasil, dos autores Creusa Barbosa dos Santos,
Paulo Sérgio Martins Braga e Rildo Ferreira da Costa. O livro foi publicado
pela editora Samauma [Belém] com sua primeira edição no ano de 2011. A obra
contém 128 páginas distribuídas em quatro unidades, sendo que, a Unidade I está
dividida em três capítulos: 1º O Brasil Antes da Conquista Portuguesa, 2º
Conhecendo os Primeiros Povos Indígenas e 3º As Sociedades Cerâmicas e Suas
Sobrevivências na Amazônia. A Unidade 2 se divide em dois capítulos, sendo
eles: 1º Percebendo as Sociedades Indígenas e 2º As Condições de Vida e
Trabalho dos Índios. Os dois últimos capítulos tratam, especificamente, da
temática afro-brasileira, que não trataremos por motivo de delimitação.
Notou-se que, o livro tem seu conteúdo
destinado ao currículo das séries finais do Ensino Fundamental e ao Ensino
Médio, sendo um material com característica interdisciplinar e
multidisciplinar, direcionado à formação escolar de crianças, jovens e adultos,
tendo por finalidade, segundo os autores, “contribuir para a aplicabilidade da
Lei 11.645/2008 e de uma educação plural no Brasil” [Santos; Braga; Costa,
2011, p. 4]. O livro trabalha com a temática História e Cultura Afro-brasileira
e Indígena dentro de uma dimensão nacional, porém, com olhares voltados para as
questões relativas à Amazônia, trazendo debates relacionados a posicionamentos
de valorização à diferença como condição fundamental na construção de uma
cidadania solidária.
Como alguns aspectos considerados relevantes,
pontua-se que, o livro situa, oportunamente, a existência de povos indígenas
brasileiros [os primeiros habitantes do Brasil], “há pelo menos 12 mil anos”,
enfatizando a existência de uma história indígena pré-colonial e contribuindo
para a desconstrução da perspectiva eurocêntrica de uma história brasileira
restrita, iniciada somente a partir da chegada do europeu ao continente
americano. Além disso, o exemplar deixa claro que, embora, tais grupos
indígenas dominassem tecnologias consideradas simples, alguns já mantinham vida
sedentária produtiva e um relacionamento sustentável com a natureza,
constituindo “culturas ricas e variadas” [Santos; Braga; Costa, 2011, p. 7].
Em se tratando de povos marajoaras em
específico, a obra pontua evidências de que tais grupos constituíram uma
“sociedade bastante complexa” com domínio desenvolvido da agricultura,
dedicando-se à caça, ao artesanato, sendo “grandes artistas e decoradores de
objetos cerâmicos” [Santos; Braga; Costa, 2011, p. 31]. Além disso o livro faz
alusões a importantes culturas brasileiras pré-coloniais como as culturas:
“Umbo, Humaitá e dos Sambaquis”, mencionando, inclusive, que na Ilha de Marajó,
“era muito comum as pessoas construírem suas casas sobre os sambaquis [tesos]
para fugirem das enchentes em determinadas épocas” [Santos; Braga; Costa, 2011,
p. 17; 20].
Notou-se ainda que, o livro faz referências a importantes
espaços de memória que preservam artefatos legítimos da cultura marajoara como
o Museu do Marajó, no município de cachoeira do Arari, criado em 1972 por
Giovanni Galo, o Museu Goeldi em Belém/PA, entre outros [Santos; Braga; Costa,
2011, p. 36]. O exemplar, também faz referências significativas a descobertas
arqueológicas consideradas recentes sobre as sociedades complexas que viveram
na ilha de Marajó no período pré-colonial [Cultura Marajoara], pontuando,
brevemente, aspectos de suas artes cerâmicas como “urnas funerárias, tigelas,
jarros e até tangas cerâmicas” [Santos; Braga; Costa, 2011, p. 31], destacando,
inclusive, a presença marcante da figura feminina na arte cerâmica marajoara e
a especificidade das tangas de cerâmica encontradas somente em sítios
arqueológicos da ilha de Marajó [Santos; Braga; Costa, 2011, p. 32]. Além
disso, recorrendo aos estudos da arqueóloga Denise Pahl Schaan [2007], a obra
menciona evidências de “cacicados” com uma das formas de organização de povos
indígenas marajoaras [Santos; Braga; Costa, 2011, p. 33].
Ao discorrer sobre o período colonial, o livro
aborda aspectos das condições de vida e trabalho dos índios, no contexto dos
primeiros contatos com os portugueses, denunciando a instalação de uma economia
de exploração no território brasileiro [Santos; Braga; Costa, 2011, p. 76].
Sobre a organização da mão-de-obra indígena, os autores evidenciam que, no
regime de missões religiosas, em sua maioria controladas por jesuítas, “os
aborígenes perdiam a própria identidade. Sem alternativa, absorviam a doutrina,
a moral e hábitos precedentes da Europa, tornando-se mão de obra barata a
serviço da Colonização Portuguesa”. Apesar disso o livro não deixa de pontuar a
resistência indígena ao colonialismo português através de movimentos tribais
“individuais” ou “envolvendo várias tribos”, através de “luta direta entre
nativos e colonos, fugas e rejeição ao trabalho forçado” [Santos; Braga; Costa,
2011, p. 79-81].
Observa-se que, o livro aborda a temática
indígena em diferentes temporalidades e espaços [período pré-colonial, colonial
e contemporâneo; no contexto brasileiro e, em específico, no amazônico]
utilizando-se de uma linguagem clara e acessível, apropriada para uma obra
destinada a um público escolar multisseriado. Como recurso para apoiar as
ideias textuais, o livro é enriquecido com ilustrações.
Um aspecto da obra que chama atenção, de modo
especial, é que, embora seja uma importante ferramenta didática em função da
diversidade cultural e de uma educação plural, que faz referências
significativas a pesquisas arqueológicas recentes sobre sociedades complexas
que viveram em Marajó no período pré-colonial, sendo um exemplar didático
bastante presente nos espaços escolares de Breves, região de Marajó; quando
dedica-se à abordagem do período colonial, não se percebe em seu conteúdo,
nenhuma alusão às guerras sustentadas por indígenas marajoaras em oposição ao
colonialismo português na Amazônia do século XVII. Ao destacar aspectos sobre a
resistência indígena no contexto brasileiro, incluindo a região Amazônica,
assinala-se o protagonismo de “Tamoios, Potiguares e Guajajaras”, como os
primeiros indígenas a lutar pelo direito à terra que lhes pertencia e além
desses exemplos, destaca mais três eventos históricos envolvendo guerras
indígenas como a “Guerra dos Bárbaros”, ocorrida no recôncavo baiano [região
Nordeste], a “Revolta de Ajuticaba”, ocorrida na região do Rio Negro e a
revolta ocorrida “no contexto histórico da fundação de Belém”, mencionando,
inclusive, a morte do líder tupinambá “Cabelo de Velha” [Santos; Braga; Costa,
2011, p. 82]. No entanto, não se faz qualquer menção aos vinte anos de guerras
sustentadas pelos Nheengaíbas de Marajó em oposição ao colonialismo português
na Amazônia do século XVII, como se evidencia por meio das consultas às
narrativas históricas.
Ao que se observa não se nota no exemplar
didático consultado, a presença desse protagonismo, caracterizando-se o reforço
de silenciamentos sobre as nações nheengaíbas de Marajó na literatura didática,
exigindo-se a necessidade de novas investigações nesse campo de estudos, para
que esses indígenas sejam reconhecidos e melhor compreendidos em seus contextos
históricos.
Figura
1 – Livro didático usado nas escolas Estêvão Gomes e Miguel Bitar.
Fonte:
Acervo da Escola Estêvão Gomes, 2020.
Referências
Everton Cristier
Tavares Barreto é mestrando em
Educação e Cultura pela Universidade Federal do Pará [PPGEDUC] – Campos
Universitário do Tocantins/Cametá [Turma Extra de Breves/PA].
Francivaldo Alves Nunes é doutor em
História na Universidade Federal Fluminense e Professor Associado I na
Universidade Federal do Pará.
AZEVEDO, João
Lúcio de. “A História de Antônio Vieira Com Fatos e Documentos Novos” Tomo
Primeiro. Livraria Clássica. Editora de A. M. Teixeira. Lisboa, 1918. [livro]
BARBOSA, A.
Lemos. “PEQUENO VOCABULÁRIO TUPI-PORTUGUÊS”. Livraria São José. Rio de Janeiro,
1951. [livro]
BRAGA, Teodoro. O
Município de Breves [1738 -1910] - Monografia Organizada com o Estudo Feito
Sobre Documentos Oficiaes e Obras Vulgarizadas. Livraria Gillet de Torres &
Cia, Pará – Belém. [monografia]
COELHO, Mauro
Cezar; ROCHA, Helenice Aparecida Bastos. Paradoxos do protagonismo indígena na
escrita escolar da História do Brasil. Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 10,
n. 25, p. 464 - 488, jul./set. 2018. [artigo]
EDELWEISS,
Frederico G. “ESTUDOS TUPIS E TUPI-GUARANIS – Confrontos e Revisões. Livraria
brasiliana Editora, 1969. Digitalizado pela Biblioteca Digital Curt Nimuendajú
Disponível em
[http://www.etnolinguistica.org/index:edelweiss]. [internet]
MELO, Guiomar
Namo de. CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL: concepções e políticas. Setembro de 2014.
[livro]
SECCHI, Darci.
Autonomia e Protagonismo indígena nas Políticas Públicas. In: JANUÁRIO, Elias;
SELLERI, Fernando Silva. KARIN, Taisir Mahmudo [Orgs.] Cadernos de Educação
Escolar Indígena – PROESI. Barra do Burges: Ed. UNEMAT – Universidade do Estado
do Mato Grosso, v. 5, n. 1, 2007. [artigo]
OLIVEIRA, J. P.
[2016]; ALMEIDA, M. R. C. [2016]; SILVA, E. [2016]; SOUZA, N. M. [2016].
Protagonismo indígena na história / Fábio Feltrin de Souza, Luisa Tombini
Wittmann [Organizadores]. - Tubarão, SC: Copiart; [Erechim, RS]: UFFS, 2016.
[livro]
RAMOS; CAINELI;
OLIVEIRA. As Sociedade Indígenas nos Livros Didáticos de História: Entre
avanços, lacunas e desafios. Revista História Hoje, v. 7, nº 14, p. 63 - 85 –
2018. [artigo]
SANTOS; BRAGA;
COSTA. Povos Indígenas e Afro-Brasileiros: Um estudo da diversidade no Brasil.
Belém, Samauma, 2011, 128 p. [livro]
SCHAAN, Denise Pahl.
Cultura Marajoara. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2009. 400p. Edição
trilíngue: português/espanhol/inglês. Inclui bibliografia. Publicado em
parceria com Ed. Senac São Paulo e Fecomércio/PA. [livro]
Olá Everton e Francivaldo. No texto vocês escrevem oportunamente "O reconhecimento do protagonismo indígena em tempos pretéritos, impacta sobre as narrativas históricas, exigindo-se a revisão das ações indígenas na história do Brasil", A contextualização comparada cria condições cognitivas e uma moralização fundamental para a compreensão do processo histórico com impactos reais nas carências de orientação do tempo presente de nossos alunos. Parabéns. Gostaria de saber se os alunos participantes do projeto desenvolveram algum protagonismo, tomada de consciência ou ação efetiva dentro da dinâmica do projeto? Abcs
ResponderExcluirEverton Carlos Crema
Boa noite prezado Everton Crema! Fico feliz em saber que você dedicou tempo e atenção ao ler o nosso trabalho. O protagonismo indígena é uma problemática muito pertinente quando se trabalha com alunos do ensino fundamental, pois quase sempre, a literatura didática carregada de discursos eurocêntricos, o silencia ou quando não, o mantém nos bastidores dos conteúdos programáticos a serem trabalhados com os alunos, cabendo ou docente buscar formas alternativas para colocá-lo em evidência em seus projetos de aula. Quanto à reação dos alunos de Marajó, sempre que estimulados, eles demonstram muito interesse em estudar sobre as nações marajoaras do passado, tomando inclusive consciência se sua importância. No entanto, temos notado que, muitos professores ainda não se sentem preparados ou lhes falta subsídios para trabalhar a temática em sala de aula. E nossa pesquisa vai ao encontro disso – dar a esses profissionais, condições para que possam trabalhar a temática indígena marajoara de forma crítica e contínua. Espero ter respondido sua pergunta. Abraços!!! EVERTON CRISTIER TAVARES BARRETO
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Everton, olá Francivaldo. Primeiramente, parabéns pelo texto. É sempre muito gratificante ler resultados de pesquisa sobre os indígenas do Brasil, seja quanto produção de conteúdo histórico ou como reflexão sobre o ensino e a cultura dos povos tradicionais na educação formal. Bem, vejo que um dentre os vários problemas acerca do protagonismo indígena no conteúdo dos livros de história está na forma como os índios são retratados. Ou seja, aparecem apenas em alguns períodos, mormente nos estudos sobre o Brasil Colônia, e depois desparecem ou são abordados como efeitos alegóricos, sem evidenciar de fato a presença e a participação que estes povos tiveram no todo da história. Outro ponto que entendo como crucial, é a incapacidade de boa parte da sociedade de entender o índio como um agente social, definido como tal por auto reconhecer-se como índio, e não por estereótipos físicos ou culturais a eles impelidos. Então, meu questionamento, ou melhor, minha incitação a reflexão é a seguinte: Com base na pesquisa de vocês e com referência ao atual cenário político do Brasil, como o professor, em sala de aula, pode contribuir para suprir a "invisibilização" do indígena na história?
ResponderExcluirUm abraço!
Eloi Giovane Muchalovski
Boa noite, prezado Eloi Muchalovski! Obrigado por ter dedicado tempo e atenção à nossa produção. Primeiramente, tratando do atual contexto brasileiro, sabemos que na BNCC, a temática indígena está prevista na Lei 11.645/2008 e está contemplada como Educação Para as Relações Étnico-raciais, entre os seus Temas Contemporâneos.
ResponderExcluirTenho percebido com base em pesquisas recentes que, no processo de elaboração do texto oficial da nova base (2015-2016), ao passo que o texto preliminar propunha um maior reconhecimento das culturas indígenas, sua versão final apresentou um retrocesso quanto a isso. Pois toda ênfase recaiu sobre os direitos alcançados pelos povos indígenas contemporâneos em detrimento do passado indígena que foi fundamental na formação étnico-cultural do povo brasileiro (ARAÚJO, NAZARENO, 2017). Diante dessa circunstância desfavorável, o protagonismo indígena em tempos pretéritos se torna muito mais pertinente. Com relação as contribuições de professores para suprir a “invisibização” indígena na história, essa não é uma pergunta fácil de se responder. Mas, acredito que, primeiramente, é necessário ao professor buscar para si subsídios pedagógicos que os ajudem a desconstruir por meio de seus projetos de aula essas lacunas comuns em livros didáticos e assim, colocar o indígena em um lugar de evidência na história. Para isso existem muitos autores que podem contribuir, entre alguns que lembro: Funairi e Pinőn (2011); Bergamaschi; Zen; Xavier (2012) entre outros. No mais, acredito que é preciso suprir as ausências dos livros com pesquisas sobre a temática indígena em seus contextos históricos, adaptando essas informações ao entendimento do aluno. Espero ter ajudado! EVERTON CRISTIER TAVARES BARRETO