Rayme Tiago Rodrigues Costa


O ENSINO DE HISTÓRIA DO BRASIL A PARTIR DE MULHERES NEGRAS



Segundo o atlas da violência de 2019 houve um crescimento dos homicídios femininos em 2017, com média de 13 assassinatos por dia. Somando-se um total de 4.936 mulheres mortas, o maior número desde 2007. Ao colocar o recorte racial nesses números observa-se o racismo agindo como fator de mortalidade. Entre os anos de 2007 e 2017 a violência contra a mulher negra cresceu 29,9% enquanto das mulheres não negras cresceu 4,5%, ainda segundo a instituição 66% das mulheres assassinadas em 2017 eram negras, o que indica como o racismo somado ao sexismo são causadores de mortes, e tem ocasionado um genocídio da população negra, nesse caso em particular das mulheres negras.

A diferença de mais de 25% da quantidade de mortos em relação as mulheres negras e não negras acima, não é aleatória, assim como não são os demais dados sobre a população negra nesse país. Essa necropolítica [Mbembe, 2018] é organizada e alicerçada no processo escravista que perdurou mais de 300 anos onde seres humanos foram tratados como objetos, tendo sua cultura, conhecimento e história exterminados, entretanto, após o fim da legalidade da escravização esse projeto continuou, utilizando-se de outros mecanismos para manter o poder de um grupo herdeiro dos escravizadores, onde moveram os sistemas econômicos, judiciário, político e ideológico para tal. E é neste último elemento que a educação é utilizada.

O racismo como um sistema estrutural que rege e condiciona diversos sistemas sociais, necessita de um aparelho que o viabilize, que não o torne agressivo, para tal, a educação foi o principal instrumento utilizado para naturalizar as mortes, prisões e subempregos de pessoas negras. Abdias Nascimento denominou de genocídio cultural essa prática de embranquecimento institucional da cultura e história brasileira, onde foi utilizado principalmente da falácia da democracia racial para produzir uma aculturação ou assimilação da cultura da população negra. Ele afirma:
“O sistema educacional funciona como um aparelho de controle nessa estrutura de discriminação cultural. Em todos os níveis do ensino brasileiro – primário, secundário, universitário, o elenco das matérias ensinadas, constitui um ritual da formalidade e da ostentação das salas da Europa e mais recentemente dos Estados Unidos. Se consciência é memória e futuro, quando e onde está a memória africana, parte inalienável da consciência brasileira, no currículo escolar? Onde e quando a história da África o desenvolvimento de suas culturas e civilizações, as características de seu povo, foram ou são ensinadas nas escolas brasileiras? Ao contrário, quando a uma referência ao africano ou ao negro é no sentido de afastamento e da alienação da identidade negra” [Nascimento, 2017, p. 113].

A escola e o ensino de história [Mattos, 1998] contribuíram para que essa ideologia se concretizasse na mentalidade social, tratando a diferença como um fator de discriminação e contando uma única história, a versão europeia, do que seria a história do Brasil. Para o pensador decolonial Grosfoguel [Grosfoguel, 2016] epistemicídio e genocídio são estruturas modernas inseparáveis, ou seja, para que um grupo inteiro seja morto é necessário que antes, sua religiosidade seja condenada, sua língua desvalorizada e seus corpos marginalizados. Somente desta maneira quando tal grupo for assassinado o restante da população naturalizará e justificará suas mortes, essa lógica remonta a experiência moderna colonial realizada nas Américas.

Toda vez que o continente africano é visto como um país, quando não se conta a história dos reis e povos do Congo, do império do Mali ou das riquezas e abundância de recursos e conquistas do império de Gana, quando as personagens femininas são invisibilizadas e tem lugares subalternos nos livros didáticos, é isso que está acontecendo. A ideologia racista e sexista está sendo confirmada e a escola e o ensino de história estão sendo utilizados a serviço desta ideologia que tem dizimado mulheres negras.

É necessário pensar outros conhecimentos a partir de outras cosmogonias, outras geografias da razão e do saber como afirma Djamila [Ribeiro, 2017]. Onde estão os saberes das mulheres de terreiro, das Ialorixás e Babalorixás, das mulheres dos movimentos sociais? Das irmandades negras, das quitandeiras, das mulheres negociantes que juntaram bens e se locomoveram socialmente e as amas de leite? Para que esses conhecimentos alcancem as aulas de história é necessário descolonizar o conhecimento e questionar o saber eurocêntrico apontando para outras possibilidades de ser no mundo.

Diante disso, a proposta da pesquisa foi produzir uma narrativa do ensino de história do Brasil colonial [Séc. XVI-XIX] como é popularmente nominado, que tivesse como interlocutor as vidas de mulheres negras, mais especificamente, conhecimentos e lugares de Dandara, Chica da Silva, Luiza Mahin, Mônica e Maria Firmina dos Reis, percebendo-as como protagonistas de suas histórias e como importantes construtoras das características do país existentes hoje. Isso foi feito com os alunos do segundo ano do ensino médio do Instituto Federal do Pará em sala de aula e terá como produto a construção de um sistema web com as biografias, instruções de usos e propostas de atividades para serem realizadas atividades nos diversos ambientes e fundamentalmente divulgar as histórias de mulheres negras.

O lugar da mulher negra como oportunidade para o ensino de história
Para se tratar essas temáticas é necessário ter um posicionamento político que valorize a vida, a igualdade, os direitos fundamentais e a diversidade, que seja antirracista e antissexista, e ter clareza que a educação deve ser utilizada como instrumento de libertação, como orienta Gilberto Freire, “uma educação fundada na ética, no respeito à dignidade e a autonomia do educando ”, [FREIRE, 2018, p. 12] em que competência técnico-científica caminhe ao lado de amorosidade e respeito. Para isso é necessário realizar uma descolonização epistemológica, [Mignolo, 2003] valorizando sujeitos e valores excluídos da epistemologia ocidental, modificando não apenas metodologias, mas as próprias perguntas que iniciam a produção do conhecimento.

A pesquisa fundamentou-se na metodologia de aula oficina de Izabel barca [Barca, 2004] e outras ferramentas procedimentais para tornar o uso da biografia um caminho fértil para o ensino de história, elas são a micro história e o gênero, além da utilização da narrativa como método de ensino-aprendizagem e de instrumentos oriundos do feminismo negro, como a interseccionalidade. Utilizando-as em conjunto com a biografia, o ensino de história ganha personificação sem perder a perspectiva histórica e as análises contextuais.

Especificamente o gênero foi utilizado como referencial analítico. Segundo o conceito de Scott, [Scott, 1989, p. 115] para ela, gênero é: “[...] uma categoria de análise histórica, cultural e política que expressa relações de poder, possibilitando sua utilização para diferentes sistemas de gênero e na relação desses com outras categorias, como raça, classe ou etnia”.

A partir deste conceito utilizei o gênero com o objetivo de pensar como as construções sociais do feminino e do masculino contribuem para formar a identidade, oportunidades e a própria forma de ser no mundo, para se perceber os personagens dentro de uma categoria relacional e utilizar tal metodologia como meio de avaliar a diferença entre os sexos e denunciar o uso de poderes a partir da declaração da diferença. Ou seja, fazendo uma leitura da história e de mundo de modo a valorizar as construções, percebidas de forma dinâmica e intrínseca a formação dos sujeitos e das próprias instituições sociais, entendendo esse sujeito como fruto das construções relacionais que o cercam.

A pesquisa foi dividida em três etapas, o planejamento da sequência didática, das estratégias metodológicas e a pesquisa sobre mulheres negras que pudessem me ajudar a contar a história do Brasil do século XVI ao XIX, nesse interim foi apresentado a proposta aos alunos e o debate na qual está se inseria. No segundo momento, após ouvir os discentes foi apresentado de modo dialogal, utilizando diversas fontes, os momentos históricos em uma perspectiva geral [séc. XVI-XIX], e em particular os universos das cinco mulheres negras escolhidas, Dandara, Chica da Silva, Maria Firmina dos Reis, Luiza Mahin e Mônica. E por fim os alunos, com orientação e disponibilização de material de pesquisa apresentaram em equipe seminários sobre as respectivas mulheres e seus contextos históricos, relacionando o particular ao geral, tendo que produzir biografias das mulheres, cinco perguntas sobre o conteúdo apresentado e pensar com quais mulheres do presente aquelas personagens históricas se assemelham. Dessas atividades foram produzidas as biografias das mulheres negras que estarão disponíveis em um aplicativo web para serem utilizadas por outras pessoas interessadas, o qual contará com um quiz, produzido em parte pelos alunos e orientações de como proceder para realização da atividade.
 Dialogando com o texto de Patrícia Hill Collins e com o conceito de Outsider Within [forasteira de dentro], em que a socióloga argumenta que muitas mulheres negras têm utilizado sua marginalidade de maneira criativa, para produzir um pensamento feminista negro “capaz de refletir um ponto de vista especial em relação ao self, a família e a sociedade” [Collins, 2020, p. 95]. Foi possível perceber que este conceito carrega grande potencialidade para o ensino de história no ambiente escolar, pois o lugar de outro do outro e de marginalidade social no qual as mulheres negras se encontram historicamente, pôde ser utilizado para pensar a história de novos ângulos, com outros olhares, a partir de referenciais historicamente ignorados e invisibilizados, sendo assim, de grande potencial transformador. Todavia, tal lugar deve ser pensado de modo crítico problematizando-o, percebendo que existe um grupo social que se beneficia da situação indigna oferecida a estas, e que mesmo em tal situação existiu e existe resistência das mulheres pretas, resistência a qual formou a cultura e as famílias brasileiras.

Ao apresentar o debate histórico sobre a invisibilidade da mulher e especialmente da mulher negra, surgem oportunidades de se produzir um ensino de história antirracista e antissexista e questionar os lugares sociais impostos sobre as mulheres, utilizando a perspectiva de gênero como ferramenta analítica, questionando que nem todas as mulheres são iguais e ainda possibilitando definir o significado de gênero e como este é construído socialmente para submeter as mulheres a retribuições menores, abusos e explorações diversas. Esse debate foi realizado nos primeiros momentos da atividade, onde estava-se apresentando a justificativa da proposta aos alunos, devido à proximidade da desigualdade de gênero ainda hoje, é possível usar diversos exemplos para explicar essa construção histórica, como os dados citado no início deste trabalho, além de reportagens e exemplos do próprio ambiente escolar.

Utilizando-se do jogo de escalas e do debate da micro-história foi possível dialogar entre os diversos contextos, relacionando histórias particulares ao contexto maior que cercam as personagens, percebendo o indivíduo como parte de um todo que o influencia e o forma. O que torna-se um importante instrumento de materialização da história, pois ao utilizar pessoas com histórias reais e rostos facilita-se a compreensão dos alunos. Segundo Borges, [Borges, 2008] o movimento da sociedade contemporânea tem revelado uma grande fluidez das relações modernas, um individualismo e uma midiatização que tem gerado uma crise de identidade onde o indivíduo cada vez mais se detém sobre ele mesmo, mas sabendo menos de si próprio. Baumam [Baumam, 2007] explica que esse ambiente novo é resultado da passagem da fase “sólida” da modernidade para a “líquida” onde as instituições e as organizações sociais que antes limitavam e impunham formas e costumes agora estão em decadência não estabelecendo mais modelos de ações para o indivíduo. Esse enfraquecimento das estruturas sociais tem levado a um desmembramento, uma fragmentação da vida, onde pessoas individuais transformam-se em modelos, tal contexto social não é diferente na realidade pesquisada.

Diante de tal conjuntura a utilização da biografia e da micro história são pensados como elementos importantes para explorar tal situação, pois esse caráter popular as tornam atrativas para serem pensadas como instrumentos de ensino de história, despertando a curiosidade do educando e personalizando a história que em muitos momentos sofre com a falta de materialização. Todavia se utilizará a biografia não para aumentar essa tendência, mas para a partir desta propor um pensamento crítico para tal realidade pensando o homem e a sociedade de modo complexo e relacional.
Desta forma, foram apresentados os momentos históricos dialogando com as perspectivas especificas de cada personagem com as características gerais da época. Por exemplo, ao falar do século XVII utilizei a personagem Dandara, desta foi possível explorar o seu lugar social e pensá-lo de uma nova perspectiva, de uma mulher negra que vivia em um centro de resistência negra. Possibilitando o surgimento de questionamentos tais como: o que é um quilombo? Como o quilombo dos Palmares era organizado? Como este durou tanto tempo? Quais os lugares ocupados por Dandara no quilombo? Existia outras como ela? Estes questionamentos são apenas alguns exemplos utilizados em sala e muitos outros podem ser feitos. Cada personagem e século apresentado era acompanhado de atividades e debates sendo necessário algumas aulas para concluí-los.
Outra possibilidade de análise são os conhecimentos procedimentais, aqueles que envolvem o trabalho de pesquisa realizado pelos próprios discentes, fazer com que o aluno participe das diferentes fases da pesquisa o transforma em sujeito no processo de aprendizagem, tendo que fazer escolhas e tomar decisões coletivas, o que em tempos de individualismo torna-se uma dificuldade, mas com potencial ganhos. Porém, na realidade da sala de aula cabe ao professor observar e conhecer as qualidades de seus alunos e conduzir o processo de pesquisa, se não acompanhados os resultados podem ser insatisfatórios. Neste sentido pesquisar sobre mulheres negras faz emergir outro debate importante acerca da invisibilidade, pois a pouca existência de fontes sobre essas faz saltar aos olhos a desvalorização da cultura oral pelo Ocidente que em grande parte, é a forma de perpetuar as tradições em África, logo é possível pensar como este apagamento é um processo político e histórico consciente.

Cada personagem foi pensada dentro desta perspectiva, refletindo sobre o século em que estas viviam em diálogo com o seu contexto particular, possibilitando discorrer sobre lugares e construções culturais que de outras formas seriam invisibilizados. Assim foi apresentado o século XIX, utilizando-se da personagem Mônica, uma ama de leite a qual se tem algumas fontes históricas que lhe apresentam brevemente. Os muitos documentos históricos que tratam das amas de leite, a quantidade de casos e de fontes disponíveis fez com que Mônica fosse utilizada como um arquétipo social daquele contexto, representando diversas mulheres que se encontravam naquela circunstância.

O lugar ocupado pelas amas de leite é o ambiente doméstico, pois para as mulheres negras, além de exercer o trabalho físico, também se tinha a possibilidade de exploração sexual, uma forma a mais de castiga-las. Estas amamentavam os filhos dos escravizadores, ocorrendo em muitos casos dos seus rebentos serem vendidos ou desfavorecidos no cuidado e na alimentação que deveria ser prioritária ao “senhorzinho”. Tal situação revela um ambiente hostil onde afeto e violência caminham intrinsecamente conectados, pois em muitas situações essas amas eram tratadas como “se fosse da família”, porém isso poderia mudar com o mínimo sinal de autonomia ou de contestação da mulher negra.

A história de Mônica foi especial por gerar grande identificação em sala, um aluno compartilhou a história de sua mãe, que mesmo com dificuldades físicas luta para que ele tenha uma condição de vida melhor. Tais relatos são resultados da proximidade existente entre os alcançados pelo processo de colonização, que mesmo após o fim deste continua a influenciar na formação da identidade dos sujeitos que vivem a experiência do pós-colonial. Contudo é necessário que na sala de aula se tenha um ambiente de acolhimento onde o aluno sinta-se à vontade para compartilhar suas experiências, característica desvalorizada na proposta da racionalidade técnica ocidental.

A situação das amas de leite revela um ambiente complexo da sociedade colonial que pode ser abordado, problematizado e aproximado do contexto social contemporâneo, pois estas ocupam em sua maioria o lugar das empregadas domesticas, que pode ser aproveitado para questionar as desigualdades sociais de modo histórico e fundamentado. A complexidade do seu lugar social, entre a branquitude e o afeto demonstrado pelos filhos dos escravizadores e os diversos tipos de violência, inclusive a sexual que essas sofriam, torna possível compreender um contexto com diversas nuanças e complexidades.

Além de Dandara que foi percebida dentro do ambiente dos quilombos e Mônica que problematizou o lugar do privado, o doméstico, foram analisadas Luiza Mahin no contexto do século XIX e as revoltas que esta participou e contribuiu para a organização como quitandeira, possibilitando a análise do ambiente urbano, assim como Chica da Silva, só que em Minas Gerais. Chica da Silva propiciou a problematização de vários aspectos sobre as possibilidades das mulheres em Minas, e como essas tinham diversas redes de solidariedade para sobreviverem e enriquecerem, aprofundando ainda a discussão sobre a branquitude e o poder social da cor naquela sociedade. Outra personagem que possibilitou a discussão de um outro tema do século XIX foi Maria Firmina dos Reis, a primeira romancista negra do Brasil, a partir de Firmina foi possível debater sobre a abolição, pois o seu livro discute essa temática e sobre a educação oferecida as mulheres naquele contexto, pois apesar de professora e escritora esta foi autodidata, tendo dificuldade no acesso à educação formal. Firmina ainda mostra a capacidade de conquista e luta das mulheres negras mesmo em um contexto de extrema dificuldade.

Pensar o ensino de história a partir de mulheres negras é revolucionário, pois esse lugar de forasteira de dentro possibilita pensar um ensino de história mais complexo, democrático e transformador, como afirma Angela Davis, “quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. Visibilizar histórias de mulheres negras é também movimentar a sociedade.

Referências
Rayme Tiago Rodrigues Costa é professor do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Pará, campus Paragominas e mestrando do programa de mestrado profissional em ensino de história [PROFHISTORIA] pela Universidade Federal do Pará.

BAUMAN, Zygmunt,. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. [livro]
BARCA, Isabel. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. In. Para uma educação de qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro de Investigação em Educação [CIED]/ Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, 2004, p. 131 – 144. [artigo]
BORGES, Vavy Pacheco. Grandezas e misérias da biografia. In: PINSKY, Bassanezi, Carla [org]. Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2008. [livro]
COLLINS, Patricia, Hill. Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista negro. Revista Sociedade e Estado – Volume 31 Número 1 Janeiro/Abril 2016. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/se/v31n1/0102-6992-se-31-01-00099.pdf. Acesso em 20 de jan. de 2020. [internet]
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários á prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018. [livro]
GROSFOGUEL, Ramón. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado – Volume 31 Número 1 Janeiro/Abril 2016. Disponível em:
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922016000100025. Acesso em: 13 de Jun. de 2019. [internet]
IPEA, 2020. Disponível em:
MATTOS, Rinaldi Selma de. In: Ilmar Rohloff de Mattos [org]. Histórias do Ensino da História no Brasil. Rio de Janeiro: Access, 1998. [livro]
MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: N- 1, 2018. [livro]
MIGNOLO, Walter. Histórias Locais/Projetos Globais. Colonialidade, saberes subalternos e pensamento limiar. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. [livro]
NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: 2ª ed. Perspectiva, 2017. P.113.  [livro]
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte [MG]: Letramento: Justificando, 2017. [livro]
SCOTT, Joan. Gênero: Uma Categoria Útil Para Análise Histórica. New York, Columbia University Press. 1989. [livro]

11 comentários:

  1. O Ensino de História poderia contar com uma presença direta de mulheres negras e índias nos currículos da Educação Básica. Tal presença mediante este protagonismo étnico poderia em muito contribuir com a construção de consciências históricas demarcados pelo respeito e que se posicionassem fortemente contra toda forma de preconceito.
    ANDERSON DANTAS DA SILVA BRITO

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  2. Olá Rayme Costa, parabéns pelo trabalho. É de suma importância que mais professores coloquem as mulheres negras como protagonistas nas salas de aula, assim como a história negra como um todo. No entanto, nos livros didáticos esses temas continuam sendo relegados a boxes e textos complementares e é comum nas escolas que essas temáticas sejam "empurradas" apenas para os professores negros, como se fosse apenas sua obrigação tratar desses assuntos. Que tipo de ação pode ser feita para mudar esse pensamento entre gestores e professores das escolas públicas?
    Kédson Nascimento Maciel.

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    1. Saudacões amigo. Desde a instauracão da lei 10.639.03 que cursos, livros e outras medidas vem sendo tomadas nesse sentido, entretanto, devido o racismo estrutural que molda as nossas instituicões, esse processo é lento e longo. A própria diretriz da lei aponta alguns caminhos, como acões conjuntas e mudanca de valores por cerca dos agentes educacionais. Além disso, um fator que considero essencial é a formacao de professores, precisamos vencer a mentalidade do mito da democracia racial e os estereótipos de formacão social sobre a populacão negra. Acredito que eventos e trabalhos como esse contribuem também para essa mudanca.

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  3. Olá Rayme Costa! primeiramente quero parabenizar pelo excelente trabalho. Em seguida, gostaria de saber de houve alguma feedback dos alunos sobre o processo de pesquisa e aprendizagem, se eles já conheciam algumas mulheres que foram pesquisadas? e se houve um novo olhar sobre essa temática?
    Outra questão seria sobre o estudo da história de Dandara. Você tem alguma dica de leitura?
    Desde já agradeço pela atenção.
    Ellen Cristine Alves Silva Canuto

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  4. Saudacões Ellen, obrigado pela pergunta. Sim houve um ótimo feedback, porém, devido o tamanho disponível para publicacão tive que suprimir algumas informacões, como essas sobre os resultados. O conhecimento dos alunos sobre mulheres negras que tivessem contribuído com a construcão da história do Brasil era praticamente nulo, o que representa a grande invisbilizacão que essas sofreram e sofrem. Os resultados foram animadores, muitas relacões feitas com o presente, como a lembranca de nomes como o de Marielle Franco, por exemplo. O principal resultado observado foi a leitura mais crítica sobre e gênero e raca. Depois dessa atividade, eles passaram a perguntar "e as mulheres? E as mulheres negras como elas viviam nesse contexto?".

    A existência de fontes sobre mulheres negras é um dos principais desafios de se pensar elas como interlocutoras do ensino de história, de Dandara principalmente, utilizei na maioria, escritos incompletos de materiais de militância, representacões e outros contos e resumos sobre a sua história. Diante disso, foi essencial analisar bem o seu contexto, o quilombo dos Palmares, e pensar a sua trajetória como meio de explicar os conhecimentos de segunda ordem, como a invisibilizacão de mulheres negras.

    Segue alguns materiais:
    Somos Todas Rainhas. São Paulo. Realização: Associação Frida Kahlo e Articulação Política de Juventudes Negras. 2011. 1ª edição.
    Disponível em: http://www.afrika.org.br/publicacoes/somos-todas-rainha-1ed.pdf
    ARRAES, Jarid. Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis. São Paulo: Pólen, 2017.

    Rayme Costa.

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  5. Rayme! Que ótima experiência!!
    A leitura de seu texto me estimulou a muitas ideias! Quando destaca o fato de que partir de biografias "torna-se um importante instrumento de materialização da história, pois ao utilizar pessoas com histórias reais e rostos facilita-se a compreensão dos alunos", entendi a potencialidade de práticas como esta. A BNCC nos estimula neste sentido. Assim te questiono: a proposta desta aula surgiu a partir das tuas inspirações teórico-metodológicas. Tens contato com autobiografia, narrativa de si? Chegaste a pensar em uma próxima fase utilizando, por exemplo, a escrita de memoriais voltados a pensar o que isso tudo provocou nos estudantes e suas construções de si?.

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    1. Muito obrigado pelo comentário Fabiana. E que excelente ideia!!

      Já li algumas coisas a esse respeito e vou considerar para as próximas atividades, sem dúvida.

      Segue meu contato para mais interacões proveitosas como esta: rayme.costa@ifpa.edu.br

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    2. Obrigado pelo envio do contato e podemos trocar ideias!

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  6. Boa Noite!!!

    Parabéns pelo excelente texto!

    Pouco se fala sobre as mulheres negras nos livros de história, pois os escritos e as pesquisas em relação às mulheres negras são escassos e pouco discutidos nos âmbitos sociais e escolares, sobretudo na Educação Básica. O que você acha que pode ser feito para mudar essa realidade? Como inclui-las como protagonistas no ensino de História do Brasil?


    NEUDIANE PEREIRA DOS SANTOS

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    1. Saudacões Neudiane, obrigado pela leitura e comentário.

      O primeiro passo no meu entendimento, é a desconstrucão epistemológica. A ciência ocidental é excludente, não admite outros sujeitos e outras formas de se pensar o conhecimento. Sem essa transformacão, mulheres negras e outros sujeitos historicamente excluídos socialmente, continuarão sendo tratados como exótico.

      Um outro elemento, é a visibilizacão de outras histórias. Uma história única tem sido contada sobre o Brasil e precisa ser questionada e confrontada, a partir de outras producões.

      Ler mulheres negras é um passo fundamental para iniciar esse processo. Conceicão Evaristo, Djamila Ribeiro, Carolina Maria de Jesus e Lélia Gonzalez são ótimas pra iniciar.

      Rayme Rodrigues

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