O ENSINO DE HISTÓRIA DO BRASIL A PARTIR DE MULHERES NEGRAS
Segundo o atlas
da violência de 2019 houve um crescimento dos homicídios femininos em 2017, com
média de 13 assassinatos por dia. Somando-se um total de 4.936 mulheres mortas,
o maior número desde 2007. Ao colocar o recorte racial nesses números
observa-se o racismo agindo como fator de mortalidade. Entre os anos de 2007 e
2017 a violência contra a mulher negra cresceu 29,9% enquanto das mulheres não
negras cresceu 4,5%, ainda segundo a instituição 66% das mulheres assassinadas
em 2017 eram negras, o que indica como o racismo somado ao sexismo são
causadores de mortes, e tem ocasionado um genocídio da população negra, nesse
caso em particular das mulheres negras.
A diferença de
mais de 25% da quantidade de mortos em relação as mulheres negras e não negras
acima, não é aleatória, assim como não são os demais dados sobre a população
negra nesse país. Essa necropolítica [Mbembe, 2018] é organizada e
alicerçada no processo escravista que perdurou mais de 300 anos onde seres
humanos foram tratados como objetos, tendo sua cultura, conhecimento e história
exterminados, entretanto, após o fim da legalidade da escravização esse projeto
continuou, utilizando-se de outros mecanismos para manter o poder de um grupo
herdeiro dos escravizadores, onde moveram os sistemas econômicos, judiciário,
político e ideológico para tal. E é neste último elemento que a educação é
utilizada.
O racismo como um
sistema estrutural que rege e condiciona diversos sistemas sociais, necessita
de um aparelho que o viabilize, que não o torne agressivo, para tal, a educação
foi o principal instrumento utilizado para naturalizar as mortes, prisões e
subempregos de pessoas negras. Abdias Nascimento denominou de genocídio
cultural essa prática de embranquecimento institucional da cultura e história
brasileira, onde foi utilizado principalmente da falácia da democracia racial
para produzir uma aculturação ou assimilação da cultura da população negra. Ele
afirma:
“O sistema
educacional funciona como um aparelho de controle nessa estrutura de
discriminação cultural. Em todos os níveis do ensino brasileiro – primário,
secundário, universitário, o elenco das matérias ensinadas, constitui um ritual
da formalidade e da ostentação das salas da Europa e mais recentemente dos
Estados Unidos. Se consciência é memória e futuro, quando e onde está a memória
africana, parte inalienável da consciência brasileira, no currículo escolar?
Onde e quando a história da África o desenvolvimento de suas culturas e
civilizações, as características de seu povo, foram ou são ensinadas nas
escolas brasileiras? Ao contrário, quando a uma referência ao africano ou ao
negro é no sentido de afastamento e da alienação da identidade negra”
[Nascimento, 2017, p. 113].
A escola e o
ensino de história [Mattos, 1998] contribuíram para que essa ideologia se
concretizasse na mentalidade social, tratando a diferença como um fator de
discriminação e contando uma única história, a versão europeia, do que seria a
história do Brasil. Para o pensador decolonial Grosfoguel [Grosfoguel, 2016]
epistemicídio e genocídio são estruturas modernas inseparáveis, ou seja,
para que um grupo inteiro seja morto é necessário que antes, sua religiosidade
seja condenada, sua língua desvalorizada e seus corpos marginalizados. Somente
desta maneira quando tal grupo for assassinado o restante da população
naturalizará e justificará suas mortes, essa lógica remonta a experiência
moderna colonial realizada nas Américas.
Toda vez que o
continente africano é visto como um país, quando não se conta a história dos
reis e povos do Congo, do império do Mali ou das riquezas e abundância de
recursos e conquistas do império de Gana, quando as personagens femininas são
invisibilizadas e tem lugares subalternos nos livros didáticos, é isso que está
acontecendo. A ideologia racista e sexista está sendo confirmada e a escola e o
ensino de história estão sendo utilizados a serviço desta ideologia que tem
dizimado mulheres negras.
É necessário
pensar outros conhecimentos a partir de outras cosmogonias, outras geografias
da razão e do saber como afirma Djamila [Ribeiro, 2017]. Onde estão os saberes
das mulheres de terreiro, das Ialorixás e Babalorixás, das mulheres dos
movimentos sociais? Das irmandades negras, das quitandeiras, das mulheres
negociantes que juntaram bens e se locomoveram socialmente e as amas de leite?
Para que esses conhecimentos alcancem as aulas de história é necessário
descolonizar o conhecimento e questionar o saber eurocêntrico apontando para
outras possibilidades de ser no mundo.
Diante disso, a
proposta da pesquisa foi produzir uma narrativa do ensino de história do Brasil
colonial [Séc. XVI-XIX] como é popularmente nominado, que tivesse como
interlocutor as vidas de mulheres negras, mais especificamente, conhecimentos e
lugares de Dandara, Chica da Silva, Luiza Mahin, Mônica e Maria Firmina dos
Reis, percebendo-as como protagonistas de suas histórias e como importantes
construtoras das características do país existentes hoje. Isso foi feito com os
alunos do segundo ano do ensino médio do Instituto Federal do Pará em sala de
aula e terá como produto a construção de um sistema web com as biografias,
instruções de usos e propostas de atividades para serem realizadas atividades
nos diversos ambientes e fundamentalmente divulgar as histórias de mulheres
negras.
O lugar da mulher negra como oportunidade para
o ensino de história
Para se tratar
essas temáticas é necessário ter um posicionamento político que valorize a
vida, a igualdade, os direitos fundamentais e a diversidade, que seja
antirracista e antissexista, e ter clareza que a educação deve ser utilizada
como instrumento de libertação, como orienta Gilberto Freire, “uma educação
fundada na ética, no respeito à dignidade e a autonomia do educando ”, [FREIRE,
2018, p. 12] em que competência técnico-científica caminhe ao lado de
amorosidade e respeito. Para isso é necessário realizar uma descolonização
epistemológica, [Mignolo, 2003] valorizando sujeitos e valores excluídos da
epistemologia ocidental, modificando não apenas metodologias, mas as próprias
perguntas que iniciam a produção do conhecimento.
A pesquisa
fundamentou-se na metodologia de aula oficina de Izabel barca [Barca, 2004] e
outras ferramentas procedimentais para tornar o uso da biografia um caminho
fértil para o ensino de história, elas são a micro história e o gênero, além da
utilização da narrativa como método de ensino-aprendizagem e de instrumentos
oriundos do feminismo negro, como a interseccionalidade. Utilizando-as em
conjunto com a biografia, o ensino de história ganha personificação sem perder
a perspectiva histórica e as análises contextuais.
Especificamente o
gênero foi utilizado como referencial analítico. Segundo o conceito de Scott,
[Scott, 1989, p. 115] para ela, gênero é: “[...] uma categoria de análise
histórica, cultural e política que expressa relações de poder, possibilitando
sua utilização para diferentes sistemas de gênero e na relação desses com
outras categorias, como raça, classe ou etnia”.
A partir deste
conceito utilizei o gênero com o objetivo de pensar como as construções sociais
do feminino e do masculino contribuem para formar a identidade, oportunidades e
a própria forma de ser no mundo, para se perceber os personagens dentro de uma
categoria relacional e utilizar tal metodologia como meio de avaliar a
diferença entre os sexos e denunciar o uso de poderes a partir da declaração da
diferença. Ou seja, fazendo uma leitura da história e de mundo de modo a
valorizar as construções, percebidas de forma dinâmica e intrínseca a formação
dos sujeitos e das próprias instituições sociais, entendendo esse sujeito como
fruto das construções relacionais que o cercam.
A pesquisa foi
dividida em três etapas, o planejamento da sequência didática, das estratégias
metodológicas e a pesquisa sobre mulheres negras que pudessem me ajudar a
contar a história do Brasil do século XVI ao XIX, nesse interim foi apresentado
a proposta aos alunos e o debate na qual está se inseria. No segundo momento,
após ouvir os discentes foi apresentado de modo dialogal, utilizando diversas
fontes, os momentos históricos em uma perspectiva geral [séc. XVI-XIX], e em
particular os universos das cinco mulheres negras escolhidas, Dandara, Chica da
Silva, Maria Firmina dos Reis, Luiza Mahin e Mônica. E por fim os alunos, com
orientação e disponibilização de material de pesquisa apresentaram em equipe
seminários sobre as respectivas mulheres e seus contextos históricos,
relacionando o particular ao geral, tendo que produzir biografias das mulheres,
cinco perguntas sobre o conteúdo apresentado e pensar com quais mulheres do
presente aquelas personagens históricas se assemelham. Dessas atividades foram
produzidas as biografias das mulheres negras que estarão disponíveis em um
aplicativo web para serem utilizadas por outras pessoas interessadas, o qual
contará com um quiz, produzido em
parte pelos alunos e orientações de como proceder para realização da atividade.
Dialogando com o texto de Patrícia Hill
Collins e com o conceito de Outsider Within [forasteira de dentro], em que a
socióloga argumenta que muitas mulheres negras têm utilizado sua marginalidade
de maneira criativa, para produzir um pensamento feminista negro “capaz de
refletir um ponto de vista especial em relação ao self, a família e a
sociedade” [Collins, 2020, p. 95]. Foi possível perceber que este conceito
carrega grande potencialidade para o ensino de história no ambiente escolar,
pois o lugar de outro do outro e de marginalidade social no qual as mulheres
negras se encontram historicamente, pôde ser utilizado para pensar a história
de novos ângulos, com outros olhares, a partir de referenciais historicamente
ignorados e invisibilizados, sendo assim, de grande potencial transformador. Todavia,
tal lugar deve ser pensado de modo crítico problematizando-o, percebendo que
existe um grupo social que se beneficia da situação indigna oferecida a estas,
e que mesmo em tal situação existiu e existe resistência das mulheres pretas,
resistência a qual formou a cultura e as famílias brasileiras.
Ao apresentar o
debate histórico sobre a invisibilidade da mulher e especialmente da mulher
negra, surgem oportunidades de se produzir um ensino de história antirracista e
antissexista e questionar os lugares sociais impostos sobre as mulheres,
utilizando a perspectiva de gênero como ferramenta analítica, questionando que
nem todas as mulheres são iguais e ainda possibilitando definir o significado
de gênero e como este é construído socialmente para submeter as mulheres a
retribuições menores, abusos e explorações diversas. Esse debate foi realizado
nos primeiros momentos da atividade, onde estava-se apresentando a
justificativa da proposta aos alunos, devido à proximidade da desigualdade de
gênero ainda hoje, é possível usar diversos exemplos para explicar essa
construção histórica, como os dados citado no início deste trabalho, além de
reportagens e exemplos do próprio ambiente escolar.
Utilizando-se do
jogo de escalas e do debate da micro-história foi possível dialogar entre os
diversos contextos, relacionando histórias particulares ao contexto maior que
cercam as personagens, percebendo o indivíduo como parte de um todo que o
influencia e o forma. O que torna-se um importante instrumento de materialização
da história, pois ao utilizar pessoas com histórias reais e rostos facilita-se
a compreensão dos alunos. Segundo Borges, [Borges, 2008] o movimento da
sociedade contemporânea tem revelado uma grande fluidez das relações modernas,
um individualismo e uma midiatização que tem gerado uma crise de identidade
onde o indivíduo cada vez mais se detém sobre ele mesmo, mas sabendo menos de
si próprio. Baumam [Baumam, 2007] explica que esse ambiente novo é resultado da
passagem da fase “sólida” da modernidade para a “líquida” onde as instituições
e as organizações sociais que antes limitavam e impunham formas e costumes
agora estão em decadência não estabelecendo mais modelos de ações para o
indivíduo. Esse enfraquecimento das estruturas sociais tem levado a um desmembramento,
uma fragmentação da vida, onde pessoas individuais transformam-se em modelos,
tal contexto social não é diferente na realidade pesquisada.
Diante de tal
conjuntura a utilização da biografia e da micro história são pensados como
elementos importantes para explorar tal situação, pois esse caráter popular as
tornam atrativas para serem pensadas como instrumentos de ensino de história,
despertando a curiosidade do educando e personalizando a história que em muitos
momentos sofre com a falta de materialização. Todavia se utilizará a biografia
não para aumentar essa tendência, mas para a partir desta propor um pensamento
crítico para tal realidade pensando o homem e a sociedade de modo complexo e
relacional.
Desta forma,
foram apresentados os momentos históricos dialogando com as perspectivas
especificas de cada personagem com as características gerais da época. Por
exemplo, ao falar do século XVII utilizei a personagem Dandara, desta foi
possível explorar o seu lugar social e pensá-lo de uma nova perspectiva, de uma
mulher negra que vivia em um centro de resistência negra. Possibilitando o
surgimento de questionamentos tais como: o que é um quilombo? Como o quilombo
dos Palmares era organizado? Como este durou tanto tempo? Quais os lugares
ocupados por Dandara no quilombo? Existia outras como ela? Estes
questionamentos são apenas alguns exemplos utilizados em sala e muitos outros
podem ser feitos. Cada personagem e século apresentado era acompanhado de
atividades e debates sendo necessário algumas aulas para concluí-los.
Outra
possibilidade de análise são os conhecimentos procedimentais, aqueles que
envolvem o trabalho de pesquisa realizado pelos próprios discentes, fazer com
que o aluno participe das diferentes fases da pesquisa o transforma em sujeito
no processo de aprendizagem, tendo que fazer escolhas e tomar decisões
coletivas, o que em tempos de individualismo torna-se uma dificuldade, mas com
potencial ganhos. Porém, na realidade da sala de aula cabe ao professor
observar e conhecer as qualidades de seus alunos e conduzir o processo de
pesquisa, se não acompanhados os resultados podem ser insatisfatórios. Neste
sentido pesquisar sobre mulheres negras faz emergir outro debate importante
acerca da invisibilidade, pois a pouca existência de fontes sobre essas faz
saltar aos olhos a desvalorização da cultura oral pelo Ocidente que em grande
parte, é a forma de perpetuar as tradições em África, logo é possível pensar
como este apagamento é um processo político e histórico consciente.
Cada personagem
foi pensada dentro desta perspectiva, refletindo sobre o século em que estas
viviam em diálogo com o seu contexto particular, possibilitando discorrer sobre
lugares e construções culturais que de outras formas seriam invisibilizados.
Assim foi apresentado o século XIX, utilizando-se da personagem Mônica, uma ama
de leite a qual se tem algumas fontes históricas que lhe apresentam brevemente.
Os muitos documentos históricos que tratam das amas de leite, a quantidade de
casos e de fontes disponíveis fez com que Mônica fosse utilizada como um
arquétipo social daquele contexto, representando diversas mulheres que se
encontravam naquela circunstância.
O lugar ocupado
pelas amas de leite é o ambiente doméstico, pois para as mulheres negras, além
de exercer o trabalho físico, também se tinha a possibilidade de exploração
sexual, uma forma a mais de castiga-las. Estas amamentavam os filhos dos
escravizadores, ocorrendo em muitos casos dos seus rebentos serem vendidos ou
desfavorecidos no cuidado e na alimentação que deveria ser prioritária ao
“senhorzinho”. Tal situação revela um ambiente hostil onde afeto e violência
caminham intrinsecamente conectados, pois em muitas situações essas amas eram
tratadas como “se fosse da família”, porém isso poderia mudar com o mínimo sinal
de autonomia ou de contestação da mulher negra.
A história de
Mônica foi especial por gerar grande identificação em sala, um aluno
compartilhou a história de sua mãe, que mesmo com dificuldades físicas luta
para que ele tenha uma condição de vida melhor. Tais relatos são resultados da
proximidade existente entre os alcançados pelo processo de colonização, que
mesmo após o fim deste continua a influenciar na formação da identidade dos
sujeitos que vivem a experiência do pós-colonial. Contudo é necessário que na
sala de aula se tenha um ambiente de acolhimento onde o aluno sinta-se à
vontade para compartilhar suas experiências, característica desvalorizada na
proposta da racionalidade técnica ocidental.
A situação das
amas de leite revela um ambiente complexo da sociedade colonial que pode ser
abordado, problematizado e aproximado do contexto social contemporâneo, pois
estas ocupam em sua maioria o lugar das empregadas domesticas, que pode ser
aproveitado para questionar as desigualdades sociais de modo histórico e
fundamentado. A complexidade do seu lugar social, entre a branquitude e o afeto
demonstrado pelos filhos dos escravizadores e os diversos tipos de violência,
inclusive a sexual que essas sofriam, torna possível compreender um contexto
com diversas nuanças e complexidades.
Além de Dandara
que foi percebida dentro do ambiente dos quilombos e Mônica que problematizou o
lugar do privado, o doméstico, foram analisadas Luiza Mahin no contexto do
século XIX e as revoltas que esta participou e contribuiu para a organização
como quitandeira, possibilitando a análise do ambiente urbano, assim como Chica
da Silva, só que em Minas Gerais. Chica da Silva propiciou a problematização de
vários aspectos sobre as possibilidades das mulheres em Minas, e como essas
tinham diversas redes de solidariedade para sobreviverem e enriquecerem,
aprofundando ainda a discussão sobre a branquitude e o poder social da cor
naquela sociedade. Outra personagem que possibilitou a discussão de um outro
tema do século XIX foi Maria Firmina dos Reis, a primeira romancista negra do
Brasil, a partir de Firmina foi possível debater sobre a abolição, pois o seu
livro discute essa temática e sobre a educação oferecida as mulheres naquele
contexto, pois apesar de professora e escritora esta foi autodidata, tendo
dificuldade no acesso à educação formal. Firmina ainda mostra a capacidade de
conquista e luta das mulheres negras mesmo em um contexto de extrema
dificuldade.
Pensar o ensino
de história a partir de mulheres negras é revolucionário, pois esse lugar de
forasteira de dentro possibilita pensar um ensino de história mais complexo,
democrático e transformador, como afirma Angela Davis, “quando uma mulher negra
se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. Visibilizar
histórias de mulheres negras é também movimentar a sociedade.
Referências
Rayme Tiago
Rodrigues Costa é professor do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do
Pará, campus Paragominas e mestrando do programa de mestrado profissional em
ensino de história [PROFHISTORIA] pela Universidade Federal do Pará.
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BARCA, Isabel.
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O Ensino de História poderia contar com uma presença direta de mulheres negras e índias nos currículos da Educação Básica. Tal presença mediante este protagonismo étnico poderia em muito contribuir com a construção de consciências históricas demarcados pelo respeito e que se posicionassem fortemente contra toda forma de preconceito.
ResponderExcluirANDERSON DANTAS DA SILVA BRITO
Olá Rayme Costa, parabéns pelo trabalho. É de suma importância que mais professores coloquem as mulheres negras como protagonistas nas salas de aula, assim como a história negra como um todo. No entanto, nos livros didáticos esses temas continuam sendo relegados a boxes e textos complementares e é comum nas escolas que essas temáticas sejam "empurradas" apenas para os professores negros, como se fosse apenas sua obrigação tratar desses assuntos. Que tipo de ação pode ser feita para mudar esse pensamento entre gestores e professores das escolas públicas?
ResponderExcluirKédson Nascimento Maciel.
Saudacões amigo. Desde a instauracão da lei 10.639.03 que cursos, livros e outras medidas vem sendo tomadas nesse sentido, entretanto, devido o racismo estrutural que molda as nossas instituicões, esse processo é lento e longo. A própria diretriz da lei aponta alguns caminhos, como acões conjuntas e mudanca de valores por cerca dos agentes educacionais. Além disso, um fator que considero essencial é a formacao de professores, precisamos vencer a mentalidade do mito da democracia racial e os estereótipos de formacão social sobre a populacão negra. Acredito que eventos e trabalhos como esse contribuem também para essa mudanca.
ExcluirRayme Tiago Rodrigues Costa
ExcluirOlá Rayme Costa! primeiramente quero parabenizar pelo excelente trabalho. Em seguida, gostaria de saber de houve alguma feedback dos alunos sobre o processo de pesquisa e aprendizagem, se eles já conheciam algumas mulheres que foram pesquisadas? e se houve um novo olhar sobre essa temática?
ResponderExcluirOutra questão seria sobre o estudo da história de Dandara. Você tem alguma dica de leitura?
Desde já agradeço pela atenção.
Ellen Cristine Alves Silva Canuto
Saudacões Ellen, obrigado pela pergunta. Sim houve um ótimo feedback, porém, devido o tamanho disponível para publicacão tive que suprimir algumas informacões, como essas sobre os resultados. O conhecimento dos alunos sobre mulheres negras que tivessem contribuído com a construcão da história do Brasil era praticamente nulo, o que representa a grande invisbilizacão que essas sofreram e sofrem. Os resultados foram animadores, muitas relacões feitas com o presente, como a lembranca de nomes como o de Marielle Franco, por exemplo. O principal resultado observado foi a leitura mais crítica sobre e gênero e raca. Depois dessa atividade, eles passaram a perguntar "e as mulheres? E as mulheres negras como elas viviam nesse contexto?".
ResponderExcluirA existência de fontes sobre mulheres negras é um dos principais desafios de se pensar elas como interlocutoras do ensino de história, de Dandara principalmente, utilizei na maioria, escritos incompletos de materiais de militância, representacões e outros contos e resumos sobre a sua história. Diante disso, foi essencial analisar bem o seu contexto, o quilombo dos Palmares, e pensar a sua trajetória como meio de explicar os conhecimentos de segunda ordem, como a invisibilizacão de mulheres negras.
Segue alguns materiais:
Somos Todas Rainhas. São Paulo. Realização: Associação Frida Kahlo e Articulação Política de Juventudes Negras. 2011. 1ª edição.
Disponível em: http://www.afrika.org.br/publicacoes/somos-todas-rainha-1ed.pdf
ARRAES, Jarid. Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis. São Paulo: Pólen, 2017.
Rayme Costa.
Rayme! Que ótima experiência!!
ResponderExcluirA leitura de seu texto me estimulou a muitas ideias! Quando destaca o fato de que partir de biografias "torna-se um importante instrumento de materialização da história, pois ao utilizar pessoas com histórias reais e rostos facilita-se a compreensão dos alunos", entendi a potencialidade de práticas como esta. A BNCC nos estimula neste sentido. Assim te questiono: a proposta desta aula surgiu a partir das tuas inspirações teórico-metodológicas. Tens contato com autobiografia, narrativa de si? Chegaste a pensar em uma próxima fase utilizando, por exemplo, a escrita de memoriais voltados a pensar o que isso tudo provocou nos estudantes e suas construções de si?.
Muito obrigado pelo comentário Fabiana. E que excelente ideia!!
ExcluirJá li algumas coisas a esse respeito e vou considerar para as próximas atividades, sem dúvida.
Segue meu contato para mais interacões proveitosas como esta: rayme.costa@ifpa.edu.br
Obrigado pelo envio do contato e podemos trocar ideias!
ExcluirBoa Noite!!!
ResponderExcluirParabéns pelo excelente texto!
Pouco se fala sobre as mulheres negras nos livros de história, pois os escritos e as pesquisas em relação às mulheres negras são escassos e pouco discutidos nos âmbitos sociais e escolares, sobretudo na Educação Básica. O que você acha que pode ser feito para mudar essa realidade? Como inclui-las como protagonistas no ensino de História do Brasil?
NEUDIANE PEREIRA DOS SANTOS
Saudacões Neudiane, obrigado pela leitura e comentário.
ExcluirO primeiro passo no meu entendimento, é a desconstrucão epistemológica. A ciência ocidental é excludente, não admite outros sujeitos e outras formas de se pensar o conhecimento. Sem essa transformacão, mulheres negras e outros sujeitos historicamente excluídos socialmente, continuarão sendo tratados como exótico.
Um outro elemento, é a visibilizacão de outras histórias. Uma história única tem sido contada sobre o Brasil e precisa ser questionada e confrontada, a partir de outras producões.
Ler mulheres negras é um passo fundamental para iniciar esse processo. Conceicão Evaristo, Djamila Ribeiro, Carolina Maria de Jesus e Lélia Gonzalez são ótimas pra iniciar.
Rayme Rodrigues