LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA: UMA ABORDAGEM HISTORIOGRÁFICA SOBRE O CONCEITO DE HISTÓRIA TEMPO E FONTES HISTÓRICAS
Introdução
A importância do
livro didático no Brasil direcionado às políticas educacionais remonta a década
de 1930, durante o chamado “Estado Novo”, quando, em 1938, foi criada, pelo
Decreto-Lei n°1.006, a Comissão Nacional do Livro Didático [CNLD],
estabelecendo a primeira legislação de produção e circulação do livro didático
no país.
Essa preocupação
com implantação de uma lei especifica dentro de um órgão federal, o Ministério
da Educação e Saúde, direcionado ao livro didático, reflete a preocupação com o
controle de um material ideológico que, segundo Capelato [1998], consiste num
veículo privilegiado para a introdução de novos valores e modelagem de
condutas, sobretudo com base nos mecanismos prescritivos do currículo e do
material instrucional.
Entendemos que o
livro didático é constituído de múltiplas condições: posicionamento políticos,
conteúdo, linguagem, editor, redator, revisor, uma memória impressa, sendo o
mesmo tido como fonte de pesquisa, tanto pela apropriação dos discursos
historiográficos, quanto pelo fato de ser uma concretização e intenção de
políticas de currículo.
Dessa forma, toda
proposta curricular direcionada ao livro didático é socialmente construída,
porquanto histórica, e dependente de inúmeros condicionamentos e conflitos de
interesses, e o currículo corresponde, em síntese, a uma forma de política
cultural [GIROUX,1986]. Uma abordagem sobre os conceitos de História, tempo e
fontes históricas no livro didático de História, resulta em externalizar de
forma direta que os livros didáticos, expressam, nas entrelinhas,
posicionamentos políticos, ideológicos e pedagógicos de um determinado contexto
histórico, incorporando sentidos e significados, possibilitando múltiplas
leituras e interpretações, e, sobretudo, configurando, no âmbito escolar, uma
falsa sensação de segurança no ensino de História em relação às categorias
históricas, como História, tempo e fonte.
Para podermos
chegar ao nosso objetivo, fazemos uma contextualização de forma sucinta sobre a
legislação de produção e circulação do livro didático no país através das
políticas educacionais adotadas ao longo dos séculos XX-XXI. Posteriormente,
analisamos, com base na historiografia, os conceitos de História, tempo e
fontes históricas no livro didático Conexões com a História da editora Moderna,
SP, do ano 2013, em sua 2º edição. O livro tem como autores Alexandre Alves,
mestre e doutor em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo; Leticia Fagundes de Oliveira, Mestre em
História Social, pela faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo.
Um pouco sobre a história do livro didático no
Brasil
Durante a década de 1930, com o chamado Estado Novo, com incentivo do Ministro da
Educação e Saúde, Gustavo Capanema, é criado um órgão específico para formular
políticas do livro didático, o Instituto Nacional do Livro [INL], contribuindo
para dar maior legitimação ao livro didático nacional e, consequentemente,
auxiliando no aumento de sua produção e para o atendimento do público escolar.
Estipula que, segundo Capelato [1998], a partir de 1º de janeiro de 1940,
livros sem autorização do ministério não poderiam ser utilizados nas escolas
pré-primárias, primárias, normais, profissionais e secundárias de toda
República.
Durante as
décadas de 1940 e 1950, essa política curricular direcionada ao livro didático
continuou de forma a dar continuidade aos mecanismos de controle ideológico e,
por meio do Decreto-Lei nº 8.460, de 26 de Dezembro de 1945, houve a
consolidação da legislação sobre as condições de produção, importação e
utilização do livro didático no Brasil.
Durante a década
de 1970, no período do regime militar, houve um processo de massificação do
livro didático no sentido de atender à esfera educacional e interesses
tecnocratas do MEC-USAID, Ministério da Educação e United States Agency
International for Development, agência norte americana que previa assistência
financeira e assessoria técnica junto aos órgãos, autoridades e instituições
educacionais, no intuito de controlar, política e ideologicamente, o âmbito
educacional. Em se tratando do livro didático de História, nesse período, o
ensino ficou relegado a segundo plano no currículo escolar, sendo essa
disciplina substituída, juntamente com a disciplina Geografia, pela disciplina
“Estudos Sociais”, com a clara intenção de eliminar do âmbito da escola a
dimensão crítica que a disciplina oferecia aos estudantes.
Durante a década
de 1990, sob a égide da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 9.394/98 e
tendo como objetivo a formulação de políticas educacionais que possibilitassem
a construção de propostas curriculares mais amenas, enxutas, modernas e
globalizantes, é instituído o Programa Nacional do Livro Didático [PNLD] que,
em 1993, foi reestruturado, trazendo como um dos principais pontos no âmbito da
escola a indicação do livro didático pelos professores. O PNLD, desde a década
de 1990, é um programa de responsabilidade do Fundo Nacional de desenvolvimento
da Educação [FNDE], e tem por função fomentar a distribuição dos livros
didáticos no Brasil.
O PNLD para o
ensino médio de História tem como um dos princípios fazer circular demandas de
caráter mais geral, instituídos legalmente e frutos de demandas sociais, a
exemplo da legislação sobre a experiência africana, afro-brasileira e indígena,
das ideias de interdisciplinaridade, da atividade com fontes históricas. Também
atualizam a relação entre escola e o seu entorno, introduzindo o uso de objetos
digitais [PNLD, 2015, p. 9]
Esses princípios
norteadores direcionados ao livro didático de História têm como aporte teórico
de direcionamento ou parâmetro os Parâmetros Curriculares Nacionais [PCNs] de
1997. Sendo assim, ocorre um processo de avaliação pedagógica dos livros
inscritos para o PNLD, publicado no “Guia de Livros Didáticos” Ensino Médio
História. Os livros que são indicados no Guia foram avaliados pelo Ministério da
Educação e Cultura [MEC], conforme critérios previamente discutidos, sendo que
“os livros que apresentam erros conceituais, indução a erros, desatualização,
preconceito ou discriminação de qualquer tipo são excluídos do Guia do Livro
Didático” [PNLD, 2015].
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio de História
Os Parâmetros
Curriculares Nacionais estão contidos nas orientações da LDB 9394/96 e, como o
próprio nome indica, apontam para a necessidade de um currículo que oriente
para a finalidade da educação básica, seja ela a educação infantil, a
fundamental ou o ensino médio. [Brasil, PCN, 1997, p.13].
Segundo Jacomeli
[2007] as agências internacionais, como Banco Mundial, FMI e UNESCO, ditam o
quê e como devem os países em desenvolvimento investir para oferecer Educação
Básica para todos. Essa articulação foi dada em 1990 durante a Conferência de
Jomtien na Tailândia, que teve como resultado a “Declaração Mundial sobre a
educação para Todos”, como necessidade de adequar os países em desenvolvimento
aos interesses do capital estrangeiro, necessitando de mão de obra capacitada e
qualificada para o trabalho, em que o Estado aparece de forma minimizada,
seguindo regras dos agentes internacionais financeiros, em busca de qualidade,
eficiência, eficácia e, sobretudo, de resultados que se refletem no descompasso
entre as políticas educacionais e o contexto educacional real brasileiro.
Muito embora
esteja dito em seu texto legal que os PCNs [1997] não são um currículo de
estado pronto e obrigatório, suas orientações didáticas metodológicas
transformam-no em currículo a ser seguido no âmbito do contexto escolar,
demonstrando um viés homogeneizador da sociedade escolarizada, resultando em
documentos curriculares como as propostas, guias, referenciais, diretrizes,
etc. que, em princípio, deveriam ser somente orientações para a construção do
currículo escolar. Segundo os PCN’s
[1997], o objetivo do governo brasileiro foi contemplar a necessária adequação
da educação ao atual momento histórico brasileiro no mundo globalizado do
capitalismo, sob o desenvolvimento de novas tecnologias da informação e
comunicação além das exigências no mundo do trabalho.
Entendemos que
este projeto educacional está articulado com as políticas neoliberais do mundo
globalizado, e os PCNs defendem a proposta de um currículo que contemple o
desenvolvimento de competências e habilidades que possibilitem o aprender a
conhecer; aprender a fazer; aprender a viver com os outros e aprender a ser,
subsidiado pela máxima do aprender a aprender. Em uma perspectiva crítica,
Jacomeli [2007] indaga por que essas atitudes e valores não podem ser
substituídos por: questionar, lutar, não se conformar com, exigir respeito,
liberta-se de etc.?
Os PCNs apontam
para uma reorganização do discurso liberal ou neoliberal da educação, sendo
esta a orientação que presente, de forma camuflada, no contexto escolar e
trabalhada no currículo escolar fortemente impregnado de conhecimentos
valorativos, em sintonia com as políticas mundiais presentes na sociedade
capitalista, ditando regras, comportamentos, valores, currículo.
Assim, o
professor de História deve ser um sujeito critico reflexivo capaz de interrogar
para compreender o real sentido das propostas educacionais no âmbito escolar, e
principalmente direcionadas ao livro didático, que é um veículo de políticas
educacionais presente em todo o território nacional.
O livro didático Conexões com a História e
seus conceitos: História, tempo e fonte histórica.
O livro didático,
Conexões com a História traz em suas primeiras páginas no subtópico “Nascimento
e desenvolvimento da história” a definição do conceito de História: “é a
disciplina que estuda a vida dos homens em sociedade ao longo do tempo, sendo
seu objetivo compreender as ações, desejos, pensamentos, sentimentos e criações
culturais dos homens em diversas sociedades e variadas épocas” [Alves;
Oliveira, 2015, p.11]
Sobre o conceito
de História trabalhado no livro didático, percebemos que o mesmo destina pouco
espaço para a análise do conceito do que é História, direcionando-o para uma
“disciplina ensinável”, sem uma aproximação diante das correntes históricas que
foram moldadas pelos homens ao longo do tempo e sociedade, quando houve intenso
processo de discussão científica sobre o fato. Quando a História tornou-se
disciplina acadêmica, e galgou seu estatuto de ciência, o modelo narrativo de
composição historiográfica teria sido suplantado pelo modelo científico
rankeano, adequando o conhecimento histórico a postulados científicos, deixando
de lado a subjetividade em detrimento de uma suposta realidade comprovável,
concretizada majoritariamente pelo documento, representando nessa concepção o
fato em sua totalidade, com a suposta tentativa de redução do que é tão plural
e polissêmico: a História.
Ainda no
parágrafo citado, o conceito de História é complementado com o seguinte trecho:
a palavra história vem do grego antigo historie, que em dialeto jônio significa
“investigação” “testemunho”, sentido utilizado pelo viajante grego Heródoto
[século V A.C.], que escreveu uma história das guerras dos gregos contra os
persas com base em testemunhos dos acontecimentos, que segundo o mesmo, o
objetivo da história é um produzir um discurso ou relato verdadeiro dos fatos,
separando-os dos mitos, fábulas e lendas [Alves; Oliveira, 2015, p.11].
O texto está mais
preocupado com o passado e com suas provas, e com a ideia de modernidade. O
historiador, todavia, deve ter a consciência que a História não é presa às
fontes, e que as mesmas não falam. Quem fala é o narrador ou o historiador, e
que a História pode ser “boa” ou “ruim” e não apenas em uma história
verdadeira.
Dessa forma,
entendemos que tratar sobre o conceito de história de forma crítica e reflexiva
em um livro didático requer um texto passível de interpretações, sem tornar-se
uma verdade absoluta, sendo assim possível por conta dos padrões de compreensão
de um fato ou de um contexto específico que podem emergir da construção da
história.
Entendemos que o
conceito sobre História tratado no texto didático remete a muitos aspectos
históricos complexos e que não são explicados de forma clara, como o conceito
de modernidade, de correntes históricas, métodos, testemunhos, veracidade e
relativização, existindo ideias e contextos que perpassam as correntes históricas
e que não são tratadas no livro didático de forma explícita e didática, cabendo
ao professor a responsabilidade de fazer a mediação dialógica do texto,
possibilitando ou não estratégias de investigação, exemplificação, hipóteses.
Percebemos dessa
forma que a questão mercadológica do livro didático, sua distribuição,
impressão e custo influenciam demasiadamente a aprendizagem do aluno e o
trabalho do professor, recortando e sintetizando ideias e construções
históricas com relação ao material a ser trabalhado em sala de aula, resultando
em um ensino direcionado apenas à transposição didática.
Sobre o conceito
de fontes históricas descrito no livro didático Conexões com a História, o
mesmo coloca que as fontes da história são todos os vestígios deixados pelas
gerações passadas que podem ser analisadas pelos historiadores para produzir
conhecimento histórico, esses vestígios podem ser registros escritos,
monumentos, fotografias, pinturas, instrumentos de trabalho, joias,
vestimentas, entre outros objetos feitos pelo trabalho humano, que servem como
base para a construção do conhecimento histórico [Alves; Oliveira, 2015, p.12].
Podemos analisar
que os conceitos tratados sobre fonte histórica no texto didático afirmam que
toda fonte histórica é passível de produzir conhecimento histórico. No entanto,
o que nos chama atenção é que não há a preocupação em deixar claro que fontes
históricas são passíveis de serem contestadas, refutadas, tendo um caráter
histórico, político, social, religioso e econômico, traduzindo interesses de
uma determinada época, sendo partes constitutivas das relações e de realidade
sociais.
Entendemos que ao
conceituar fontes históricas, o livro didático em questão deveria contemplar,
em uma perspectiva didática e clara, que não há documento neutro, nem fonte que
transpareça a verdade absoluta, pois segundo Le Goff [1990, p.535-536] o
historiador deve argumentar que o documento não é qualquer coisa que fica por
conta do passado, é um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de
forças que aí detinham o poder, o historiador assim começa a fazer falar as
coisas mudas.
Nessas
circunstâncias, o entrecruzar direcionado à análise documental dos dados
levantados, com a disposição das informações obtidas nos documentos, permite
enxergar melhor detalhes para a produção de novos olhares descritivos e
problematizadores, voltados ao passado e contextualizados com a história do
documento da época. Assim, acredita-se que se faz necessária uma delimitação
mais detalhada sobre os conceitos de fontes históricas no livro didático em
questão e sua crítica mais precisa.
A questão
relacionada ao conceito de tempo no livro didático Conexões com a História nos
coloca que tempo é a matéria-prima de que é feita a História e que pressupõe a
divisão do tempo em passado [o que já passou], presente [a realidade vivida
neste momento] e futuro [o que ainda estar por vir]; ainda continuando no
parágrafo “como o homem é um ser que tem linguagem e memória, é capaz de
relacionar o presente vivido com as experiências passadas e com as expectativas
para o futuro” [Alves; Oliveira, 2015, p.15].
No parágrafo a
seguir, os autores citam que um bom exemplo para entendermos a ligação entre
passado e presente e futuro é pensarmos a história das mulheres. De fato, foi a
partir do momento em que as mulheres começaram a conquistar um espaço público
na sociedade, ou seja, a partir de uma questão do presente, que se desenvolveu,
na historiografia, um espaço para estudar o passado da mulher, agora entendida
como sujeito histórico [Alves; Oliveira, 2015, p.12].
Nesse parágrafo
sobre tempo e seu respectivo exemplo, podemos analisar que não há, neste
sentido, uma problematização do conhecimento histórico, já que este
acontecimento é compulsoriamente inscrito em um determinado tempo cronológico.
Segundo Schmidt e Cainelli [2004], a compreensão do presente não significa que
tudo deve ser remetido ao presente, na medida em que as questões colocadas para
o passado não cessam de evoluir, sempre gerando novas problemáticas e novos
interesses.
Quando o
historiador aceita entrar nesse jogo de interpretar o presente pelo passado,
deverá fazê-lo ciente de suas regras, sua responsabilidade e possíveis
resultados, que além de procurá-lo no presente, exclui esse presente de criar
sua própria história, o que os estudiosos da época estão propondo. Segundo
Koselleck [2006] é uma renovação historiográfica que proporciona ao historiador
deixar de olhar para o passado objetivando o futuro. Esse movimento consistirá
numa tomada de consciência daquilo que realmente estão fazendo ao transformar o
passado em História.
Entendemos que ao
analisar esses conceitos referentes ao tempo, percebemos que há uma
discordância entre os mesmos. No primeiro momento, há uma definição e
explicação de tempo de forma cronológica e, posteriormente, há uma opção de
rever esse conceito segundo as ideias do historiador March Bloch, da Escola dos
Annales. Segundo Bittencourt, “é importante destacar que o livro didático como
objeto da indústria cultural impõe uma forma de leitura organizada por
profissionais e não exatamente pelo autor” [Bittencourt, 2010, p. 71].
O trabalho com o
conceito de temporalidade precisa incluir, de maneira clara e explícita, a
compreensão de noção de temporalidade e a renovação historiográfica contemporânea,
possibilitando, assim, que os historiadores entendam o passado como uma
reconstrução com base no seu presente e não meramente como uma relação de causa
e efeito.
Considerações Finais
Consideramos que
as abordagens sobre os conceitos de História, fontes históricas e tempo, no
livro didático Conexões com a História revelam a complexidade desse artefato
cultural, que, segundo Martins [2007], tem suas condições atreladas a aspectos
sociais de produção, circulação e recepção, e estão definidas com referência a
práticas sociais estabelecidas na sociedade.
Historicamente,
entendemos que o livro didático perpassa por uma construção
político-social-econômica, e a ideia sobre livro didático e de seus aportes
teóricos metodológicos envolve por parte do professor o problematizar pelas
opções feitas, os recortes estabelecidos pelos mesmos [o que precisamos
aprender?], questões técnicas, de organização e operacionalização [como podemos
aprender?] que são autonomizadas e discutidas “em si”. Segundo Bittencourt, “o
livro didático é, antes de tudo, uma mercadoria, um produto do mundo da edição
que obedece à evolução das técnicas de fabricação e comercialização”
[BITTENCOURT, 2010, p. 71].
Entendemos que
pensar na formação inicial e continuada do professor de História requer também
em pensar o livro didático como objeto de estudo, um momento concreto para
vivenciar essa temática e discuti-la.
Assim, o
professor de História deve ser um mediador de conhecimento diante do seu aluno,
capaz de construir o investigar, interrogar o livro didático. Assim como no
trabalho do historiador, em que o tratamento de fontes históricas exige uma
multiplicidade de habilidades e capacidades, em sala de aula os alunos também
deverão lançar mãos destas ferramentas intelectuais para compreender a natureza
do conhecimento histórico científico e da realidade social.
Uma tomada de
consciência histórica, na qual se invista na autonomia do aluno, oferecendo
oportunidades para que o mesmo seja construtor do seu conhecimento, pode vir a
contribuir para que as várias reflexões que ocorreram e que tem ocorrido há
décadas acerca da História e do ensino de História se concretizem de fato em
sala de aula.
Referências
Ana
Paula dos Santos Reinaldo Verde é Professora da educação básica no Maranhão e
professora bolsista do Parfor História [Programa de formação de professores da
educação básica] pela Universidade Federal do Maranhão. Possui graduação em
História e Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão [2007]. Especialista
em Psicopedagogia pela Faculdade Internacional de Curitiba e Psicologia da
Educação pela Universidade Estadual do Maranhão Mestrado em Historia
Profissional pela Universidade Estadual do Maranhão e Doutoranda em Educação
pela Universidade Estadual do Ceará. E-mail:napaularenaldo@gmail.com
Bartolomeu Lima
Sá Júnior, graduando Licenciatura em História pela Universidade Federal do
Maranhão - UFMA/PARFOR. Professor na Unidade Escolar Básica Andrelina dos
Santos Carvalho - 07 anos na função de
professor da Educação Básica.
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Olá professor@s, parabéns pelo texto.
ResponderExcluirEstudar sobre o livro didático é sempre interessante sobretudo quando a abordagem faz a relação entre produção didática e produção socialmente histórica - documento/fonte.
A questão suscitada pelo texto foi a seguinte:
- Os livros didáticos não problematizam de forma precisa o que a ser o conhecimento histórico, mas, essa é uma característica do livro didático, ou seja, a superficialidade.
Assim, me pus a pensar: como o professor pode expandir essa superficialidade diante de um currículo/conteúdo tão extenso? Como trabalhar com a "Educação Histórica" ou "Alfabetização Histórica" como propõe os professores Martín Ibagón e Nilson Javier na conferência de aberturada, quando o número de aulas de história está sendo reduzido a cada dia?
Um abraço,
Olá bom dia Márcia! Obrigada pela pergunta! De fato os livros didáticos são produtos de uma realidade (im)posta! Nós professores da educação básica vivemos com essa indagação constante: como trabalhar com a História possibilitando a Educação Histórica?! O ponto de partida dessa resposta é sempre se importar com a singularidade, particularidade e universalidade numa perspectiva concreta da realidade em que o nosso aluno esta assentado!Metodologias que possibilitem a pesquisa e a construção de conhecimento e não apenas a reprodução de informações, reverberações da sociedade contemporânea ou sociedade da informação.A redução da disciplina História no contexto educacional é reflexo do Governo conservador daí a relação com o livro didático que é um artefato cultural, ou seja, determinações da realidade. A disciplina História sempre foi alvo do Estado e cabe ao professor de História e as instituições de Ensino terem consciência de seu papel diante da educação escolarizada possibilitando uma educação emancipadora!As formações iniciais e continuas são um começo e a epistemologia da prática se faz necessário!
ResponderExcluirBoa tarde professores, excelente texto, parabéns!
ResponderExcluirCom base no que foi dito por vocês no texto, sobre as infinitas dificuldades no ensino de História em relação aos conceitos que são trabalhados,como,no cenário atual que estamos vivendo onde a disciplina História é tão menosprezada e mais ainda dificultada, nós, futuros professores, podemos trabalhar estes conceitos citados por vocês e os demais? pensando na realidade em que vivemos, onde na maioria das vezes não temos acesso ao livro didático!
Boa tarde Tamara! Obrigado pela leitura e escolha do texto. As dificuldades sobre conceitos históricos é uma consequência da formação inicial do professor de História e há possibilidade do professor(res) construir essas limitações que são impostas pela realidade que lhe é imposta! De fato, os métodos de ensino nas aulas de História eram baseados em recordações e conservação de textos orais e escritos. Enquanto professores e futuros professores Tamara, temos como principal desafio para os alunos: refletir, analisar e problematizar a história enquanto parte integrante da vida de cada aluno, trazendo todo conhecimento de mundo, e assim, valorização o meio que o cerca, transformando no modo de vida social, cultural e econômica da localidade, no presente e no passado. Os desafios são muitos para os educadores que trabalham com Ensino de História. O acesso ao livro didático ou não, tem suas particularidades, sabemos que tem sua eficiência e ineficiência no processo de ensino-aprendizagem. Muitas vezes o livro didático é utilizado de uma forma equivocada, sendo o único recurso de conduzir esse processo, o que não pode acontecer! O processo deve ser o agente capaz de inovar, sem depender exclusivamente do livro didático.
ExcluirObrigado pela resposta!
ExcluirNão há de quê!
ExcluirOlá a todos/as. Primeiro parabéns pelo texto.
ResponderExcluirA discussão sobre livro didático é muito importante e por diversas razões...
Às vezes as críticas ficam sobre o livro ser raso, superficial e demasiado resumido... Todavia, se faz necessário ampliar as reflexões sobre o processo de produção desse material. Entender "todas" as variáves envolvidas, para entender melhor o processo de construção e compreender os limites que esse material tem...
Sobre esse ponto uma questão/pergunta: a) como se percebe as inúmeras vairáveis que condicionam a produção do livro? O processo de elaboração dos editais do PNLD, o processo de inscrição dos manuscritos pelas editoras, o processo de seleção das instituições avaliadoras, os critérios de avaliação (tudo isso tem muitas implicações na produção dos livros) que a título de exemplo, determinam até a quantidade de páginas...
A outra questão é sobre a dimensão mercadológica... você afirma:
"Percebemos dessa forma que a questão mercadológica do livro didático, sua distribuição, impressão e custo influenciam demasiadamente a aprendizagem do aluno e o trabalho do professor, recortando e sintetizando ideias e construções históricas com relação ao material a ser trabalhado em sala de aula, resultando em um ensino direcionado apenas à transposição didática".
Não se nega a influência do forte investimento do capital na produção dos livros, mas não é tão "simples" nem mecâmico. Não estou afirmando que você colocou a questão nesses termos. Apenas para refletirmos... há muitas "fases", sujeitos, relações, disputas e possibilidades em cada uma das etapas, assim, como poderíamos sustentar em que medida esses interesses do mercado interferem no processo de fabricação do livro?
Estas questões que coloco para reflexão estão relacionadas a meu lugar de fala, pois em 2008 recebi o convite para escrever um livro didático de História Regional pela Editora Moderna. Desde então venho pesquisando Ensino de História, livro didático e formação docente. Se me permita, algumas sugestões, as últimas pesquisas publicadas de Flávia Caimi da Universidade de Passo Fundo, Helenice Rocha da UERJ, Margarida Maria de Oliveira da UFRN e alguns dos textos que tenho publicado, podem contribuir; claro são apenas sugestões.
Parabéns pelo texto...
Olá boa tarde Erinaldo! Obrigada pela pergunta! Em que medida esses interesses do mercado interferem no processo de fabricação do livro? Compreendo que há uma relação determinante entre o mercado que é capitalista e o Estado, o livro didático é uma politica de Estado, mais perpassa internamente a subjetividade daquele sujeito que o constrói, porém infelizmente o que o determina é o capital, teremos a escolha do livro didático esse ano e o governo conservador com certeza vai interferir através do PNLD. Alguns livros didáticos de História ampliaram suas concepções categorias sobre etnicidade e gênero, mas a metodologia a ser desenvolvida na sala de aula depende da realidade e da possibilidade formativa pessoal e profissional, falo sobre a profissionalização e a profissionalidade do professor de História. Abraços! Obrigada pelas indicações teóricas, contribui e faz parte do meu estudo de Tese!
ExcluirSim, Ana Paula...
ExcluirQuando coloquei a pergunta foi mesmo para ampliar as relfexões: por que penso que apesar de existir muita pressão do mercado (e existe muita mesmo - tem alguns textos de Celia Cassiano que podem ajudar bastante) fico imaginando que, por outro lado, não tenho certeza se seria "determinista" essa interferência. Por que? Não sei se você sabe, até 2018 as universidades federais credenciadas pelo MEC tinham autonomia para compor sua equipe avaliadora de forma interdisciplinar e essa equipe tinha total autonomia para proceder à avaliação e sempre foi composta com muita gente séria e competente, que em última instância realizava a avalização dos livros, enviados para o MEC sem nenhuma identificação de autoria e de editora...
Outra questão igualmente importante é que o livro precisa chegar na escola e ser escolhido pelo/a professor/a. Então de nada adianta (nós da academia, professores/pesquisadores) identificarmos um conjunto x e y de características que os livros precisam ter e esses livros não serem aprovados ou sendo aprovados, não serem escolhidos pelos professores/as. Há pesquisas que indicam que os livros que não mais bem avaliados (pelos pesquisadores/as e passam a compor o Guia) não são os livros mais escolhidos pelos/as professores... Isso é muito interessante...
Bom trabalho/pesquisa...
Olá Ana e Bartolomeu. Ha algum tempo trabalho em minhas disciplinas da licenciatura com o livro didático, pois há uma distancia significativa entre a historiografia e o livro didático. Os resultados foram positivos, os alunos puderam perceber como a ciência da história pode e é reconstruída didaticamente na docência. Infelizmente pouco se estuda o livro didático, em sua metodologia de ensino na universidade! Queria saber como poderíamos refletir e modificar esse quadro? Abcs
ResponderExcluirEverton Carlos Crema
Satisfação professor Crema! Obrigada pela pergunta! Acredito que o ponto de partida para a mudança metodológica de ensino na Universidade, é a efetiva consciência de ser professor de História da Educação Básica, pois o percurso histórico do curso de História, de bacharel para licenciado, e sua ressignificação, e mais recentemente a possibilidade da profissão “historiador”, reverbera na identidade do professor de História ou na limitação desta, devido às legislações e o percurso pessoal e profissional do mesmo. Realidade posta, o Curso de História, dentro de suas singularidades e particularidades, deve possibilitar uma relação mais próxima da educação escolarizada e compreender como o professor de História trabalha metodologicamente ou não o livro didático, quais seus saberes diante desse artefato cultural e sua epistemologia da prática. Rever o Projeto Pedagógico do Curso se for necessário, possibilitar o contato com a escola independentemente dos programas que o Governo de forma ínfima promove, como a Residência Pedagógica, Pibid, ou seja, promover o que a Universidade se propõe: ensino pesquisa e extensão! Pensar o ensino de História dentro da sala de aula e com as contradições que a escola está assentada! Gostaria de ter acesso as suas pesquisas sobre o tema! Já foi publicado?
ResponderExcluirEspero ter respondido sua pergunta!A Teoria e a prática são construídas conjuntamente!
ExcluirOlá, boa tarde! Primeiramente parabéns, pelo belíssimo texto sobre o livro didático. Bom, sabemos que o livro didático de história no Brasil, é mecânico. Pois os conteúdos do mesmo não visam uma formação crítica dos alunos.E a minha pergunta é, como o professor de história pode trabalhar a criticidade do educando mesmo com esses livros didáticos que contradizem o que nós enquanto professores de história tentamos mudar no decorrer dos tempos.. e principalmente nós dias atuais?
ResponderExcluirBom dia! Obrigado pela leitura e escolha do texto. O livro didático é uma das principais ferramentas de ensino usadas no Brasil, e quase sempre única. Importante tanto para o professor quanto para o aluno na relação ensino-aprendizagem, e lembrando que o livro didático não deve ser a única alternativa para os professores auxiliarem seus alunos do processo de aprendizagem. Uma coisa é muito provável, para muitos, o gosto pela leitura começa com os livros didáticos. O professor que leciona História deve estar ciente que o ensino ainda é muito marcado pelas imposições políticas, e que de fato houveram muitas mudanças cruciais em relação a democratização de conteúdos e âmbito escolar. Lembremos os PCNs(1997 e 2002), que inserem uma renovação historiográfica em âmbito da educação básica! Nós como professores devemos conduzir o aluno a reconstruir a história, enfatizar que hoje podemos efetivamente participar da construção política social e econômica da nossa sociedade. Desenvolver o pensamento crítico dos alunos e incentivar as contradições da sociedade, fazendo que eles criem suas próprias opiniões. Essa busca pela criticidade do aluno pode realizar-se através da pesquisa, construir conhecimento e não apenas ser receptor de informações.
ExcluirPergunta respondissima, professor Bartolomeu Sá. Obrigada!
ExcluirParabéns, meu caros! Belo texto!
ResponderExcluirSabendo -se que os livros didáticos são vistos como um objeto de múltiplas leituras e que devem ser pensados como objetos culturais complexos e, ainda, compreendido como documento histórico. Que limite esse tipo de análise do livro didático, pode apresentar ao pesquisador?
(Ilma Cristiny Batista da Costa)
Olá bom dia Ilma!As determinações da realidade ou limites destas são impostas pela suas contradições,ou seja, vivemos numa sociedade capitalista e a Lei que rege nossa educação que é a LDBEN 9.394/96 versa que todos tem direito a uma educação pública e de qualidade,porém as contradições estão posta na realidade concreta das escolas!Acredito que o limite para analise de um liro didático que é constructo do seu tempo é o nível de reflexividade em que se encontra o sujeito que ira analisa-lo!Pode ser analisado em sua essência ou simplesmente pela sua aparência fetichizada imbricada pelos suas limitações de produção mercadológica!
ExcluirParabéns pela participação!Abraços!
ExcluirNosso colega Erinaldo respondeu que até 2018 as universidades federais credenciadas pelo MEC tinham autonomia para compor sua equipe avaliadora de forma interdisciplinar e essa equipe tinha total autonomia para proceder à avaliação.Não tiro o mérito dos professores que constroem o livro didático porem como o próprio Erinaldo afirma N questões contribuem para que o livro didático com conteúdos críticos e atualizados não sejam adotados!
ExcluirÓtimo texto! Conforme exposto na década de 1930 foi durante “Estado Novo”, quando, em 1938, foi criada, pelo Decreto-Lei n°1.006, a Comissão Nacional do Livro Didático [CNLD], estabelecendo a primeira legislação de produção e circulação do livro didático no país." Gostaria de confirmar se o Colégio Pedro Segundo era o responsável pela elaboração dos "manuais" anteriormente ou posteriormente?
ResponderExcluirOutra dúvida como ficaram nos Colégio Militares, eles tinham autonomia em montar seu próprio currículo e material ou deveriam seguir o que era imposto?
Podem indicar leituras sobres os temas perguntados?
Obrigada pelos esclarecimentos,
Regiane Aparecida Pontes Botelho Nogueira
Bom Dia Regiane! Muito bem citado, vale lembrar que na década de 1930 chegou ao fim o chamado Governo Provisório que foi instaurado com a vitória da Revolução de 1930. Essa nova constituição, elaborada por uma Assembleia Nacional Constituinte, consagrando aparentemente a “Democracia”. Sobre o Decreto-Lei n°1.006, vale ressaltar também que a Comissão Nacional do Livro Didático, foi instituída pelo presidente Getúlio Vargas, em 1938, estabeleceu as condições de produção, importação e utilização do livro didático em todo o território nacional.
ExcluirRegiane, de fato, ao longo do século XIX, os “Manuais” das disciplinas consagradas ao conhecimento do Brasil, no Colégio Pedro II, tiveram como autores, predominantemente, os seus próprios professores. Tais mestres eram figuras que detinham um grau de conhecimento muito acima da média, eles escreviam livros didáticos, revelavam elevada identificação subjetiva com seu trabalho e seu domínio sobre as condições que o cercavam. Mais também, a delimitação cinge-se aos manuais didáticos pioneiros, produzidos ao longo do período imperial até o início do século XX, visando dar suporte, em especial, ao ensino secundário. A hipótese é de que, por não ser uma nação capitalista desenvolvida, o Brasil começou tardiamente a construir os manuais didáticos modernos.
Se tratando da década de 1930, em relação os Colégios Militares, a abordagem da educação no período proposto, consideremos o que vai de 1930 até 1945 como a Era Vargas, e de 1945 até 1964 com o período do Nacional-Desenvolvimento. A escolha dessa divisão faz-se porque o texto abordará as políticas em educação, ou seja, a regulamentação da educação escolar, destacando as discussões e o pressupostos que motivaram essas ações governamentais. Os novos métodos de ensino, inicialmente, limitaram-se a um público restrito, tanto pelas iniciativas em escolas particulares, quanto pela manutenção de escolas pela Igreja católica, espaço, na época, da educação tradicional. A Constituição de 1934 estabelecendo a necessidade de um Plano Nacional de Educação, como também a gratuidade e obrigatoriedade do ensino elementar, e as Reformas Educacionais nos anos de 1930 e 40 demonstram que, nessas décadas, houve mudanças formais e substanciais na educação escolar do país.
Indicações de leituras sobre os temas propostos:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1950-1959/decreto-34742-2-dezembro-1953-330410-publicacaooriginal-1-pe.html
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario8/_files/tsc_gilberto.pdf
__________________________________________________________________
https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/EleVoltou/Educacao
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/periodo_era_vargas_intro.html
file:///C:/Users/Francisco%20de%20Assis/Downloads/Dialnet-AEducacaoEscolarDuranteOPeriodoDoEstadoNovo-6238738%20(2).pdf
Espero ter ajudado!
ExcluirMuito obrigada pelos esclarecimentos! Serão de grande ajuda. Parabéns pelo trabalho.
ExcluirObrigado @Regiane🤝
ExcluirParabéns pelo texto! Sou professora de escola pública e considero muito importante suas reflexões. Aqui no Paraná ocorre a indicação do livro didático pelos professores, porém o mais indicado é adotado ao Estado todo, desconsiderado as particularidades locais. Considerando ainda que o professor teve sua carga horária de aula reduzida, sobrando menos tempo para busca de materiais além do livro. E que muitas vezes é o único meio de pesquisa dos estudantes. Qual seria o caminho para que o livro didático realmente cumpra seu papel na reflexão da história em sala de aula?
ResponderExcluirObrigada!
Ana Joana Zimolong.
Bom dia professora Ana! Obrigado pela leitura e escolha do nosso texto. Essa é uma indagação extremamente plausível, que de fato, perpétua por todo o Brasil. A escolha do livro didático sempre foi e é marcada aparentemente pela visão democrática, onde os professores sacrificam um ou dois horários para a definitiva escolha, geralmente essa escolha acarreta em um Município ou Estado por inteiro. Estamos registrados na constituição como um País democrático, a Constituição de Brasileira de 1988: Democracia e Política consolida o ideal democrático com o viés eminentemente pautado em cidadania. Embora como cidadãos instruídos sabemos que essa democracia de escolha igualitária é profundamente escassa, e o Brasil é um República extremamente corrupta. Essas escolhas dos livros didáticos geralmente ocorrem por meio de benefícios para uma Cidade/Estado/País por parte da editora. Para que você professora Ana, e nós enquanto mediadores do processo ensino-aprendizagem, devemos saber que o papel do livro didático de História na reflexão para um caminho de sucesso, é você ter a ciência que como professores sabemos que a leitura é fundamental para a sobrevivência do indivíduo. O livro didático é um dos recursos para que o estudante possa expandir seus horizontes, apesar de ser um dos recursos pedagógicos mais antigos, sabemos e devemos elevar nosso olhar crítico em relação ao livro didático, alguns mantém a sua centralidade que é muito importante para o suporte docente, e alguns não contribuem e nem favorecem o ensino-aprendizagem. O professor não deve se limitar, mas... lembrando que o livro didático traz diversas limitações enquanto aluno, acadêmico, pesquisador e assim sucessivamente. Devemos considerar que existe diversos elementos que determinam nosso sucesso em práticas pedagógicas.
ExcluirBom dia Ana Joana! O caminho a ser percorrido é uma formação continua do professor através de leituras historiográficas, pesquisa coletiva com alunos e professores importância a historia local e uma analise sistemática do mesmo são ações que pode contribuir para que o professor utilize o livro didático de forma critica e reflexiva!
ResponderExcluirPodem
ResponderExcluirOlá, Boa tarde a todos!
ResponderExcluirO fazer história é algo de extrema importância para a humanidade, é nesse fazer – construindo e desconstruindo verdades – que o homem revisita seu passado e lá, através de técnicas específicas, obtém informações que poderão ajudá-lo a interpretar esse passado, compreender seu presente e apontar para o futuro.
O texto relata que “Entendemos que o livro didático é constituído de múltiplas condições: posicionamento políticos, conteúdo, linguagem, editor, redator, revisor, uma memória impressa, sendo o mesmo tido como fonte de pesquisa, tanto pela apropriação dos discursos historiográficos, quanto pelo fato de ser uma concretização e intenção de políticas de currículo”.
Na opinião dos autores, de que forma esse posicionamento político, citado no texto, pode interferir na elaboração do livro didático?
Francisco Carlos de Medeiros
Graduando Licenciatura História, 1º Período - UFRN
Olá Francisco!O posicionamento político pode interferir nas concepções sobre determinadas temáticas e isso é claramente observador no contexto atual por meio do governo conservador que rege a educação formal!Questões de gênero diversidade e questões étnico raciais estão perdendo espaço no âmbito escolar devido posicionamento político do presente governo e essa postura interfere na atuação dos professores em sala de aula que são questionados por tratar de tais temáticas mesmo as mesmas estando amparadas nas Leis como a lei 10.639/2003!
ResponderExcluirParabéns pelo texto e pelas constribuições!!! Estudar o material didático não é tarefa fácil, dado sua complexidade de produção e apropriação. Penso que esse material, foi ao longo da década de 90, passando por transformações que estão vinculadas às mudanças que ocorreram não somente no campo epistemológico da disciplina História, qnto as relacionadas às discussôes no campo do ensino de História(do que é ensinar e como ensinar), além de uma certa autonomia, ameaçada no contexto atual, do PNLD e seus editais que instigam e apontam a necessidade de atualização dos textos didáticos com relação a historiografia e ensino de história. No entanto, o material didático possui limites, gostaria que vocês colocassem um pouco sobre o pensam acerca da relaçâo entre a formação docente e a possível dificuldade dos professores(não generalizando, por favor) para problematizar os limites desses materiais com relação aos temas abordados. Muito Obrigada!! Carmem Lúcia Gomes De Salis
ResponderExcluirOlá Carmem agradecemos pela pergunta tão pertinente! De fato a formação do professor de História ao longo de sua construção histórica, assim como as demais licenciaturas, foi apartada da escola, temos o professor dador de aula ! E infelizmente as leis que tratam sobre formação de professores tratam o professor como um técnico de conteúdos! No entanto, algumas mudanças foram sentidas com programas federais de anos anteriores que possibilitam a entrada do estudante logo nos primeiros períodos do curso, mais que são vagas ínfimas, deixando esse contato apenas no estagio últimos anos.Esse distanciamento da escola por parte dos graduandos e da própria formação dos professores da Universidade como reverberação desse histórico do Curso prejudica metodologicamente e pedagogicamente a formação do futuro professor de História e consequentemente de seu olhar concreto para o livro didático! Alguns professores da Universidade já trabalham com essa relação teórica epistemológica historiográfica e o livro didático mas ainda temos um bom caminho a percorrer sobre a formação do professor e sua relação com a complexidade da educação escolarizada.
ExcluirOlá! Parabéns pelo texto Ana Paula e Bartolomeu.
ResponderExcluirComo mostraram, ao longo da história mudam-se políticas, tecnologias de informação e comunicação. Mas o ponto crucial que é a educação, que forma os futuros cidadãos, continua sendo direcionada pelos interesses do capital, capacitação e qualificação para mão de obra e não para a formação da criticidade, liberdade e respeito. O livro didático,não diferente, segue nesta mesma direção.
Na realidade do nosso país, com tanta diversidade sociocultural, geográfica e étnica, como vocês avaliam a importância do livro didático? Pensam que seria possível uma outra forma de direcionamento para trabalhar com ensino de história que abarcasse toda esta diversidade de forma emancipadora?
Luciana de Souza Vilela
Olá Luciana! Agradecemos o interesse pelo nosso artigo!De fato a realidade do nosso país é pluri étnico e o livro didático não abarca tal diversidade e muitas vezes é o único material disponível do professor da educação básica Brasil afora!! Um dos caminhos na área de História que possam contribuir para tal mudança seria a relação mais próxima dos Mestrados profissionais com a escola haja vista uma produção intensa de produtos pedagógicos como exigência de tal formação! Os produtos versam sobre história local e socializados nas escolas de através de uma formação seria algo relevante e emancipador na medida em que dá abertura para a importância e possibilidade de construção de conhecimento e não apenas consumo do livro didático que não atende a diversidade cultural em que a educação escolarizada esta assentada!!
ExcluirUma sugestão sobre produtos e materiais que atendam questões étnico raciais pode ser acessado no site do Mestrado profissional de História da UEMA, inclusive tenho um blog como produto que versa sobre práticas pedagógicas e diversidade na escola!Pode ser acessado por aqui inovarhistoria.blogspot.com !
ExcluirBoa noite. Primeiramente parabéns pelo excelente texto apresentado. De acordo com o texto, o livro didático perpassa por uma construção política, social e económica, e ao longo dos anos, como relatado no texto, tem passado por transformações, principalmente na disciplina história. Nesse sentido, vocês poderam observar se os livros didáticos estão de acordo com os novos recortes historiográfico brasileiros, se situam essa nova paisagem política que se forma, tendo em vista esse revisionismo promovido por muitos historiadores brasileiros?
ResponderExcluirGemima Gomes de Carvalho Santos
Boa tarde Gemina, Satisfação! Sim, o livro didático é um modelo de política pública. Quando retratamos o ensino de História sempre devemos lembrar que ele passou por mudanças marcantes em sua trajetória escolar que a caracterizavam até recentemente, como um estudo mecânico sobre um passado criado para sedimentar uma origem eurocêntrica/branca e religiosa. Nessa temática, a historiografia brasileira, acredito eu, vem trazendo poucas novidades que de certa forma estão revelando o sentido verdadeiro do passado e, sobretudo, que venham revelar novas técnicas de se modificarem e reproduzirem novas tendências do passado.
ExcluirA historiografia brasileira citado no livro didático sempre eleva as forças dominantes do passado, como a burguesia: grandes pessoas da sociedade. No caso do Brasil Gemima, a escravidão é o tema central que nunca abandonou seus resquícios de violência, tanto no livro didático, quanto na realidade atual, e também há elevação do mundo eurocêntrico. Nós, enquanto alunos, educadores, acadêmicos e historiadores devemos ter sempre em mente que a História da Historiografia vai nos permitir uma excelente compreensão de que o historiador é fruto de seu próprio tempo, assim como qualquer cidadão perante uma sociedade. Devemos ser mediadores consciente daquilo que verdadeiramente oprimiu nossos antepassados de forma muito cruel, e fazer de forma sucinta e crítica essa desconstrução minuciosamente.
Olá, obrigada por esse texto! Trabalho com as séries iniciais, maioria dos profissionais são pedagogos, sendo que o livro didático de história possui um papel importante para esses profissionais, pois muitas vezes ele orienta o trabalho com os estudantes já que não são especialistas. Assim, muitos conceitos da história são apresentados ao professores pelo livro didático. Como a formação continuada pode auxiliar os pedagogos a observar livros de história com mais especificidade?
ResponderExcluirBom dia, querida Ana Paula. Parabéns a vc e Bartolomeu Lima Sá Júnior pelo texto e as inquietações que provoca. Tendo em vista o crescimento dos EADs, ou os formatos híbridos de ensino, gostaria que vocês comentassem como, aos seus olhos, está desenhado o futuro do livro didático?
ResponderExcluirOlá Doutora Marize satisfação! Infelizmente professora os sucateamento das licenciaturas na esfera privada é uma realidade tanto por parte do ensino como por parte principalmente da desprofissionalização do professor!O formato híbrido que nos é apresentado é resulatado da desenfreada sociedade da informação e das tecnologias virtuais que já fazem parte do cotidiano das escolas de forma não democrática quando falamos de conhecimento e o livro didático está sendo construído conforme as possibilidades em que sua realidade se configura!Nas escolas públicas acredito que o livro didático permanece devido o seu caráter politico de Estado e econômico editoras trazendo o ensino híbrido por meio dos links e na escola privada a realidade são dos tablets que substituem os mesmos! O ensino híbrido é algo relevante se no entanto o Governo tanto federal quanto estadual e as próprias Universidades formarem alunos e professores para tal realidade pois nossa cultura educacional formal ainda está centrada no ensino presencial devido vários fatores inclusive a educação básica que é uma questão social devido as diferença sociais! na Europa o ensino hibrido é uma realidade mais são contextos educacionais históricos e sociais diferentes!
ExcluirDigo o sucateamento
ExcluirOlá Sibeli!As séries iniciais são um grande desafio haja vista um único professor para todas as disciplinas e os PCNs não trazerem referencias sobre as temáticas apresentadas! Recomendo o livro Ensino De História - Fundamentos E Métodosde Circe Maria Fernandes Bittencourt. Sobre a analise do livro didático fazer uma pesquisa sobre o autor do mesmo já é um bom começo conhecer qual relação com ensino de Historia e planejar a utilização mais particular sobre as imagens textos de documentos e mapas relacionando com pesquisas feitas pelos alunos já é algo inovador!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirExcelente texto. O uso do livro didático é uma ferramenta importantíssima em sala de aula, entretanto, como destaca o texto, muitas vezes os conteúdos dos livros didáticos são elaborados de forma "superficial", o que acaba prejudicando o real entendimento do aluno sobre o conteúdo e as aulas do professor. De que forma, nós futuros professores (obs: ainda estou na faculdade) podemos reverter tal situação? Fazer um vínculo entre o livro didático e as fontes históricas? Ou existem outros métodos?
ResponderExcluirTALITA TALINE DA MATA SILVA
Olá Talita ! O livro didático é uma fonte histórica por meio dele e do seu recorte temporal podemos compreender as vertentes historiograficas que o perparssam averiguando os autores a disposição das imagens documentais essa é metodologicamente falando um.dos caminhos queaque o professor deve percorrer alicerçado de forma continua pela historiografia pois o livro didático acredito sempre vai ter algumas dessas características pois é filho do seu tempo e de seus idealizadores e a função do professor é suprir essas lacunas já que nao temos como abarcar as contradições e imensa história vista de vários ângulos e sociedades!
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