HISTÓRIA DO ENSINO DE HISTÓRIA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UM PROCESSO CONTÍNUO DE TRANSFORMAÇÃO
Tornei-me
professora de História quando pela primeira vez pisei em sala de aula com esta
função. Não havia me acostumado a ser chamada por este tratamento. Foi uma
surpresa quando percebi que meus alunos e alunas já me viam como professora,
apesar de eu ainda não me ver a partir desta identidade. Porém, ser professora
não é um processo que tem um fim: constantemente nos transformarmos em
professores.
A formação do
professor de história é um processo contínuo que tem lugar tanto no espaço
pessoal como profissional do sujeito. É importante considerarmos como o tempo e
os diversos espaços socioeducativos formam o professor. Contudo, como afirma
Selva Fonseca [2003], é na formação inicial nos cursos de graduação que os
saberes históricos e pedagógicos são colocados como ponto central de debate e
problematização. Este é o momento inicial do processo de formação da identidade
profissional do professor ou professora, visto que, geralmente, será a primeira
vez que ela ou ele refletirá sobre o seu modo de ser e estar na profissão.
A própria
disciplina de História surgiu no século XIX como uma necessidade de formar
profissionais aptos a ensinar uma história nacional, que formasse o cidadão
[Prost, 2008]. Daí porque a constituição do ensino de história e a formação de
professores estão intimamente relacionadas.
Muito se discute
sobre a distância entre as práticas e saberes históricos - referimo-nos ao
conhecimento histórico, construído a partir de ferramentas de natureza
historiográfica, da análise e investigação de documentos históricos [Schimidt,
2005] - que são produzidos e
mobilizados na universidade e aquilo que está presente nas escolas – aqui
inserida a ideia de cultura escolar: um conjunto de práticas e normas que
definem conhecimentos a ensinar e condutas ou comportamentos a inculcar na
escola, dentro de determinado contexto social e construídos historicamente [Julia, 2001]. Pois se a formação inicial da
professora e do professor é fundamental, o que acontece quando ela ou ele se
forma e passa a atuar na escola? E aqui se instala outro debate presente nos cursos
de graduação: ser historiadora ou professora de História?
Fonseca [2003]
defende que o exercício da docência abarca um conjunto de habilidades que
possibilita trabalhar com saberes e valores por meio de processos educativos
desenvolvidos no interior do sistema de educação escolar. Mas, no caso
específico da disciplina, o saber docente consiste também no domínio do
conhecimento historiográfico, fazendo com que o professor de História seja ao
mesmo tempo um historiador. Não deveria haver dicotomia entre estas duas
identidades profissionais, pois elas se complementam.
O documento das
Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos Superiores de História apresenta
um silêncio no que diz respeito ao papel destes cursos na formação do
professor; a ênfase recai na formação do pesquisador. A autora, então,
questiona: por que não ser historiadora e professora? Por que a dicotomia entre
ensino e pesquisa? Selva Fonseca [2003] ainda faz uma crítica à formação
aplicacionista presente no documento: os saberes pedagógicos aparecem como
complementares, para cumprir uma função de instrumentação, ao invés de
emergirem como parte fundamental da formação do pesquisador-professor.
Esta mudança de
olhar para o professor ou professora que está atuando em sala de aula é uma das
motivações do Mestrado Profissional em Ensino de História, por exemplo. Ele faz
parte de um programa de pós-graduação em rede nacional, coordenado pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro, e tem como objetivo promover e
aperfeiçoar a formação de professores que estão atuando em escolas da educação
básica com a disciplina de História. A partir dele, temos a possibilidade de
realizar pesquisas no campo do ensino e refletir sobre nossas práticas
pedagógicas em sala de aula com leituras sobre teoria da história e
historiografias diversas. O trabalho nestas páginas desenvolvidas parte do
pressuposto de que a pesquisa é fundamental para a prática pedagógica do
profissional e a construção do conhecimento por parte dos alunos.
Podemos atribuir
este fator à maneira como a formação de professores foi se constituindo na
história recente do Brasil. Segundo Marcelo Magalhães [2006] foi somente com a
transição do período de Ditadura Militar para a democracia que a professora ou
professor deixou de ser visto/a apenas como um transmissor/a de conhecimento e
passou a atuar como coautor/a no processo de ensino-aprendizagem. Isto
significa que pensar a formação de professores como pesquisadores é
relativamente recente e refletir sobre o seu processo de transformação também,
desde o curso de graduação até a formação continuada, uma vez que o tornar-se
professor/a nunca é um processo acabado. Além disto, Selva Guimarães [2003]
ainda aponta como é necessário formar permanentemente o professor, ao mesmo
tempo fazendo com que este processo também reverbere em mudanças concretas no
sistema educacional brasileiro.
Na constituição
da História como uma disciplina escolar podemos ver este processo: os objetivos
e finalidades da disciplina dentro do espaço escolar foram se transformando ao
longo do tempo e com isto a formação e o papel da professora ou professor em
sala de aula. A existência da lei 10639/03 – que decreta a obrigatoriedade do
ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas, por
exemplo, está intimamente relacionada
com estes fatores. Para uma determinada perspectiva de ensino de história, não
era necessário discutir identidades plurais ou desigualdades sociais. Assim
como não era papel do professor ou professora instigar alunos e alunas ao desenvolvimento
do pensamento crítico.
A História se
tornou disciplina escolar no Brasil após a independência, momento em que se
buscou estruturar um sistema de ensino para o Império, com objetivos definidos
e métodos pedagógicos próprios. O objetivo principal da disciplina era a
formação do cidadão e cidadã produtivo e obediente as leis, controlado pelo
Estado por meio da educação nacional. Evidentemente que este ensino era voltado
principalmente para formar as elites dirigentes do país.
Circe Bittencourt
[2007] nos explica que a construção da identidade nacional esteve sempre
relacionada à constituição de um sentimento nacionalista e uma concepção
específica de povo. Thaís Fonseca [2011] complementa que desde o século XIX até
a década de 1930, as elites passaram a refletir sobre a construção da nação,
que deveria levar em conta a mestiçagem, considerada então como um problema,
pois envolvia aqueles indivíduos indesejados: os afro-brasileiros e
indígenas.
Neste sentido, a
escolha das elites no poder, provenientes do setor agrário e escravagista, foi
a construção de um nacionalismo que se identificava com o mundo cristão e
branco europeu, seguindo o modelo francês de escolarização e implicando na
formação de uma consciência nacional repleta de estereotipias e exclusões
sociais [Bittencourt, 2007].
Desta forma, as
populações indígenas, por exemplo, apesar de representarem o símbolo da nação,
principalmente com a emergência do romantismo, foram apagadas do ensino de
História. Bittencourt [2007] afirma que tais populações apareciam somente no
estudo da fase inicial da colonização e depois de maneira pontual quando se
tratava de lutas e/ou confrontos na história do Brasil. Podemos nos questionar
o quanto esta construção do passado acerca desta população ainda permanece no
ensino de História e na formação dos professores da disciplina.
Nas décadas de
1930 e 1940 o governo promoveu uma série de reformas para elaborar políticas
educacionais. O ensino de História foi consolidado, então, como disciplina
escolar dentro de uma proposta de formação da unidade nacional. A partir desse
momento, programas curriculares foram estruturados, com definição de conteúdos,
indicação de prioridades, orientação quanto aos procedimentos didáticos e
indicação de livros e de manuais [Fonseca, 2011]. Houve também a criação do
Ministério da Educação e da Saúde, como eixo responsável pela definição de
programas educacionais, implicando na retirada da autonomia das escolas no que
diz respeito à elaboração de seu próprio programa.
Esta reforma
também definiu a História do Brasil e da América como centro do ensino. No
entanto, ela aparecia como componente da História da Civilização, tornando seu
espaço reduzido dentre todo o conjunto de conteúdo a ser ensinado. Segundo
explica Bittencourt [2007, p. 39]:
“o ideário
imperialista dos países europeus expressava-se na configuração de uma história
profana que transformou a história universal em história da civilização.
Civilização passou a ser o novo conceito para designar progresso, separando e
identificando os povos cada vez mais em civilizados ou atrasados.”
Somente com a
Reforma Gustavo Capanema em 1942, a História do Brasil foi transformada em
disciplina autônoma e consolidou como seu objetivo fundamental a formação moral
e patriótica [Fonseca, 2011]. Para consolidar o papel do estado-nação neste
processo, os principais personagens desta história foram os chefes
republicanos, construtores da pátria; reforçando a formação política do cidadão
brasileiro sob um viés único e homogeneizante.
O ensino de
História no Brasil, então, apresenta as disputas e confrontos entre grupos que
apresentavam projetos diversos para a nação. A História da Civilização
explicava, por exemplo, o porquê da dominação pelo racismo diante da
superioridade do branco. É relevante mencionar que, neste contexto, a
historiografia brasileira também confirmava este ideal, no qual o estágio de
civilização do povo brasileiro estava em risco por conta da presença de
afro-brasileiros e indígenas.
Durante o período
da Ditadura Militar, esta concepção de formação do cidadão foi aprofundada,
agora com restrição à formação e à atuação de professoras e professores a
partir da Doutrina de Segurança Nacional e Desenvolvimento, visando eliminar
qualquer tentativa de resistência ao regime então estabelecido. O ensino de
História, neste momento, tinha como objetivo formar cidadãos não críticos, mas
conformados com a sociedade hierarquizada que já estava colocada. Thaís Fonseca
[2011, p. 58] afirma que “a História aparecia como uma sucessão linear de fatos
considerados significativos, predominantemente de caráter
político-institucional, e no qual sobressaíam os espíritos positivos que
conduziriam a História. ”.
Tal concepção de
ensino de História criou o sentimento de um nacionalismo ufanista, conforme
aponta Bittencourt [2007], no qual as diferenças e conflitos presentes na
sociedade brasileira foram naturalizados. Os estudos sociais propostos eram uma
junção reduzida de história e geografia, sem profundidade teórica e conceitual,
somente o suficiente para que o aluno se adaptasse à comunidade brasileira e ao
sistema. Ensinar se tornou reproduzir conhecimento e a didática se apresentava
como uma instrumentalização das técnicas do professor para transmitir os
conteúdos.
No final da
década de 1970, com o processo de redemocratização, foi necessário repensar o
ensino de História, agora com projetos educacionais que refletissem sobre o
processo de construção da democracia no Brasil. Diferente do não questionamento
colocado pelo regime militar, propunha-se um ensino de História crítico, que
reconhecesse e problematizasse as desigualdades e conflitos presentes na
sociedade brasileira. Além disto, o estudante deveria desenvolver o domínio de
algumas habilidades próprias do método historiográfico, como a análise de fatos
e suas diferentes interpretações e o estudo de conceitos fundamentais para
compreender a sociedade.
A historiografia
brasileira também passava por um momento de revisitar obras consideradas
clássicas e fazer novos questionamentos às mesmas fontes. Bittencourt [2007]
aponta como um exemplo a preocupação das reformulações curriculares na década
1980 em enfrentar o racismo, até então visto e analisado sob a ótica de um país
da democracia racial. Os movimentos sociais organizados tiveram um papel
fundamental na construção de uma pauta democrática para o futuro do país. A
qualidade do ensino de História, então, passou a estar relacionada à capacidade
desta disciplina em levar para a escola as discussões historiográficas mais
recentes.
Mas a luta pela
implementação de uma proposta de ensino que incorporasse a temática das
histórias e culturas africanas e afro-brasileiras acompanha todo o século XX.
Intelectuais e militantes negros e negras, bem como, pesquisadores apoiadores
da causa antirracista, realizaram enfrentamentos em prol da questão.
A educação teve,
e ainda tem, lugar fundamental nas discussões das organizações dos movimentos
negros. Ela representa, nas palavras de Mariana Heck Silva [2017], um espaço de
luta política e de empoderamento dos sujeitos, portanto de emancipação social e
cultural. Além da inclusão de conteúdos no currículo, a expectativa é romper
com o racismo institucional e modificar o sistema então estabelecido,
eurocêntrico e branco. Destacam-se duas demandas sempre colocadas em pauta
nesta área: a escolarização de homens e mulheres negros e a inserção das
histórias e culturas africanas e afro-brasileiras no ensino.
Em relação a esta
segunda demanda, se trata de uma reivindicação antiga: a partir da década de
1970, o movimento negro passou a denunciar o espaço escolar como excludente e a
invisibilidade da experiência de africanos, africanas e seus descendentes na
história do Brasil [Silva, 2017]. Assim, desde então, o movimento buscou formas
de institucionalizar o ensino da temática por meio de projetos de lei. Conforme
explica Willian Lucindo [2014], o primeiro projeto a ser apresentado com tais
características foi elaborado pelo deputado federal Abdias do Nascimento, no
ano de 1983. Neste, seu autor propunha a criação de mecanismos de compensação à
discriminação racial, incluindo política de cotas para homens e mulheres negros
no serviço público e a incorporação do ensino de história e cultura africana e
afro-brasileira nos livros didáticos, educação básica e universidades. Apesar
de aprovado, o projeto foi arquivado no ano de 1989, como pontua Mariana Heck
Silva [2017]. Para Willian Lucindo [2014], isto se justifica porque o projeto
negava contundentemente a existência da democracia racial no Brasil, que
mantinha a hierarquia e privilégios da branquitude, silenciando por sua vez o
debate sobre o racismo estruturante da sociedade brasileira.
Todavia, a luta
contra o racismo institucional posto não acabou: senadores e deputados do
movimento negro continuaram a propor projetos sobre a temática, tomando como
base aquele escrito por Abdias do Nascimento. Uma proposta apresentada no ano
de 1995, pela senadora Benedita da Silva não foi aprovado e acabou sendo
arquivado. No mesmo ano, Humberto Costa apresentou outro projeto de lei que,
apesar de arquivado, foi reapresentado por Ben-Hur Ferreira e Esther Grossi em
1999. Este projeto de lei, de número 259, tinha como foco a área da educação
tornando obrigatório o ensino das relações étnico-raciais, História da África e
da cultura afro-brasileira [Silva, 2017]. Segundo a autora, esta proposta foi a
que resultou na aprovação da Lei 10.639 no ano de 2003, citada anteriormente.
Diante deste
breve histórico, podemos observar como o ensino e a formação do professor e
professora de história sempre esteve relacionado com a formação de um cidadão a
partir de uma identidade nacional. Se no primeiro momento o cidadão seria
aquele súdito fiel à monarquia, hoje a cidadania aparece como um valor de um
sujeito participativo e consciente da sua agência na história e da sua
responsabilidade perante a sociedade na qual vive. De uma identidade nacional
homogênea e monolítica, passamos a identidades plurais e multifacetadas, que
ressignificaram o conceito de cidadania, identidade e ensino de História no Brasil.
Referências
Carolina
Corbellini Rovaris é mestre em Ensino de História pela Universidade do Estado
de Santa Catarina [UDESC] e professora de História da educação básica em
Lages/SC.
BITTENCOURT,
Circe. Identidades e ensino de história no Brasil. In: CARRETERO, Mario; ROSA,
Alberto; GONZÁLEZ, Maria Fernanda [orgs.]. Ensino de história e memória
coletiva. Porto Alegre: Artmed, 2007. P. 33-52
FONSECA, Selva
Guimarães. Como nos tornamos professores de história: a formação inicial e
continuada. In: ______. Didática e
Prática de Ensino de História. Campinas/SP: Papirus, 2003. p.
59-88
FONSECA, Thaís
Nivia de Lima e. Exaltar a pátria ou formar o cidadão. In:__________. História
& Ensino de História. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011. P. 37-90.
JULIA, Dominique.
A Cultura Escolar como Objeto Histórico. Revista Brasileira de História da
Educação, nº 1, jan/jun 2001, p. 9-43.
LUCINDO, Willian
Robson Soares. Histórico do Movimento Negro no Brasil, luta e resistência da
militância às Políticas de Ação Afirmativa, a Declaração de Durban até a Lei
10639/03: a dívida social do Brasil com a população negra após o 13 de maio.
In: CARDOSO, Paulino de Jesus Francisco; RASCKE, Karla Leandro [orgs.].
Formação de professores: promoção e difusão de conteúdos sobre história e
cultura afro-brasileira e africana. Florianópolis: DIOESC, 2014. p. 60-75.
Doze lições sobre
a história. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008. P. 13-32
MAGALHÃES,
Marcelo de Souza. Apontamentos para pensar o ensino de História hoje: reformas
curriculares, Ensino Médio e formação do professor, Tempo, v. 11, nº 21, 2006,
p. 49-64.
PROST,
Antoine. A história na sociedade
francesa [séculos XIX e XX]. In: ________. Doze lições sobre a história. Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2008. P. 13-32
SCHIMIDT, Maria Auxiliadora. Saber escolar e
conhecimento histórico? História & Ensino, Londrina, v. 11, 2005, p. 35-49.
SILVA, Mariana
Heck. O ensino de História das Áfricas na Universidade do Estado de Santa
Catarina [1998-2013]. 2017. Dissertação [Mestrado em História Social] –
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa noite, considero pertinentes as questões levantadas durante o artigo, gostaria de comentar a respeito de um ponto sobre cultura escolar, onde Dominique Juliá, como você expôs, justifica como um conjunto de normas, de práticas que permite a transmissão do conhecimento, e um importante aliado para recontar a história das instituições bem como da sociedade, são os arquivos escolares, que guarda entre poeiras, fungos e etc, fontes importantes, Oliveira destaca que “Através desses acervos é possível conhecer as atividades administrativas e pedagógicas de transformação da educação ao longo do tempo, enfim, perceber a cultura escolar da instituição”. o professor sobretudo o de história tem um papel como historiador/ pesquisador, de se empenhar para que a historiografia dê visibilidade, que estude as praticas e influencias educacionais para entendermos a massificação do ensino, e porque o ensino de história é para os alunos algo chato e distante, enquanto poderia ser visto como algo que faz parte de quem ele é. Creio que essa herança de desinteresse ao profissional de história é fruto de como nossa profissão foi tratada desde sempre pela elite brasileira.
ResponderExcluirBoa noite Ellen!
ExcluirAgradeço pela troca de ideias!
Concordo com sua colocação. Penso que o status do historiador, até hoje em dia ainda, é muito questionado. Vide a não regulamentação da profissão. Sem dúvida, sabemos que por trás deste desinteresse/desvalorização há também o desejo de parte da população de não questionar o que já está estabelecido na sociedade, mas que faz parte de um processo histórico mais amplo. E, consequentemente, esta visão recai para o professor de história.
Carolina Corbellini Rovaris.
Olá Carolina! Trabalho com ensino de História e milito fortemente pela área, reconheço sua importância e urgência. Salvo melhor juízo, parece que discutimos o ensino de história e a formação de professores sempre do lato de fora, seja das associações de história, das universidades. Gostaria de saber se você concorda ou não, e como poderíamos caminhar em direção a uma realidade melhor para com o ensino e formação de professores?
ResponderExcluirAbcs
Everton Carlos Crema
Boa noite Everton!
ExcluirGrata pela possibilidade de diálogo.
Concordo! Hoje sou professora da educação básica. Mas tive minha formação (graduação e mestrado) em uma universidade pública. Discute-se muito nos cursos a questão de como são as práticas e as teorias por trás delas. Porém, penso que é muito distante. A universidade não chega na escola; e essa não chega na universidade. Uma das propostas mais atuais é o mestrado profissional em Ensino de História – ProfHistória. Acredito ser este um bom caminho para seguir: possibilitar a professores da educação básica a realização de um mestrado focado no ensino, dar a oportunidade de repensar suas práticas a partir da teoria e metodologia da história.
Olá Professora Carolina Corbellini Rovaris. Tudo bem. Parabéns pelas reflexões aqui expostas sobre o Ensino de História e sua trajetória em nosso país, bem como das mudanças que impactam de forma positiva no trato da História em Sala de Aula, como a Lei 10.639. Assim, com base em suas reflexões com suporte nos autores citados no texto, gostaria de perguntar para a Professora, como a Professora vê na atualidade a condição de ser Professor (a)de História e Historiador (a)ao mesmo tempo? Há incentivos para isso? A escola valoriza o Professor Pesquisador? A importância da pesquisa para a formação continuada do Professor (a) Historiador(a)? Muito Obrigado.
ResponderExcluirGerson Luiz Buczenko.
Boa noite Gerson!
ExcluirEstou bem e você? Espero que tudo certo também.
Vou seguir a mesma linha do comentário acima. Eu penso que realmente falta um diálogo entre a escola e a universidade. Porém, isto não invalida a ação do indivíduo como professor. Se eu, enquanto professora de história, busco desenvolver em sala de aula a consciência histórica, só para dar um exemplo; eu tenho que buscar formas outras de trabalhar determinado assunto baseadas na metodologia da história. Então a formação continuada é fundamental. Inclusive para ter acesso a novas abordagens.
Por outro lado, se considero a disciplina de história como algo puro e simplesmente factual, com nomes e datas; aí não há a necessidade de buscar formação continuada.
Com certeza, sei que não depende somente da vontade do indivíduo. Mas já é um caminho. Penso que para a escola valorizar o professor pesquisador, é importante apontar porque a pesquisa é importante e como ela trará resultados para a sala de aula.
Sem dúvidas, uma escola que compreenda estas questões e incentive o professor a ir além abre mais possibilidades. Mas penso que o professor de história precisa ter esta consciência.
Obrigada pelo compartilhar de ideias.
Boa Noite!Parabéns, Professora Carolina Rovaris. É importante ressaltar, o relato de suas experiências, sendo protagonista do seu processo de formação e aos cotidianos escolar. É mais um incentivo para nós acadêmicos!
ResponderExcluirEntão! Você acha que o ensino e a formação do professor de história está condizente ao período que estamos vivendo, com tanta tecnologia, velocidade da informação e comunicação?
Está preparada para ensinar para os futuros alunos que tem a informação na ponta da mão?
Rosângela Fernandes da Silva.
5° Período Universidade Nilton Lins - Manaus-AM.
Boa noite Rosângela!
ExcluirObrigada pela participação.
Penso que a questão da tecnologia não é abordada nos cursos universitários de licenciatura de maneira geral. Quero dizer, o suficiente para sairmos preparados e já executar estratégias em sala de aula.
Por outro lado, penso que ao sair do curso de história com a compreensão de qual é o objetivo dela na educação básica; as estratégias pedagógicas nós podemos e devemos adaptar. Quanto à informação na ponta da mão, sempre digo aos meus alunos que: hoje o acesso à ela é facilitado, no entanto, são poucos os que conseguem construir conhecimento a partir da informação. Um exemplo: ao trabalhar a revolução francesa com os estudantes, tenho que instiga-los a pensar sobre a sua relação com a atualidade. É fácil saber onde aconteceu, quando e por quê. Mas para que isto serve no cotidiano? Penso que aí está nosso papel como professoras e professores de história, construir conhecimento a partir da informação.
Abraços!
Boa tarde! Carolina Corbellini, E parabéns pelo texto. Bela explanação.
ResponderExcluirSabemos o quanto a formação continuada do professor de história, contrubui no ensino da mesma. Pois só assim, saberemos conduzir o nossos educandos à adquirem consciência de seus direitos e deveres na sociedade em que estamos inseridos. E que o professor de história deve sempre deixar claro, o verdadeiro sentido de democracia. Perante esses apctos, como o professor historiador, pode levar o aluno a perceber o que vêm nas entrelinhas dos livros didáticos, refentes às abordagens sobre a cultura africana e afrobrasileira. Pois essa reforma de 1970 propõe algo que no papel é maravilhoso, mas na prática, é totalmente distorcida. Qual o seu ponto de vista em relação isso...?
Atenciosamente: Ana Patrícia Mendes dos Santos.
Boa noite Ana!
ExcluirAgradeço pelo comentário e troca de ideias.
Além da reforma de 1970, mais especificamente sobre a história e a cultura africana e afro-brasileira, temos a lei 10639/2003, que avança no sentido de especificar melhor como será feito este ensino. Apesar de que ela também tem seus problemas. Na minha opinião, o ler nas entrelinhas é uma habilidade que devemos ensinar os nossos alunos a exercitar, com todos os conteúdos. Isto se faz, a meu ver, questionando e propondo desafios a eles que vão além de perguntas simples e objetivas. Fazê-los de fato pensar e problematizar. E, ainda mais importante, trazer para o seu cotidiano, para fazer sentido para eles. Mas considero que isto deve partir do professor! É ele ou ela que precisa ter a consciência, como você comentou, do objetivo da disciplina.
Muito obrigada!
Excluirrespeitosamente um abraço!
Ana Patrícia Mendes dos Santos.