Daniela de Campos


ENSINO DE HISTÓRIA E LITERATURA: ENTRELAÇANDO SABERES




Inicio este texto com uma citação do professor italiano Nuccio Ordine que, apropriadamente, encerra o que entendo ser importante quando pensamos sobre o conhecimento, em especial, conhecimento acadêmico. Ordine diz que “somente o saber, ao desafiar os paradigmas dominantes do lucro, pode ser compartilhado sem empobrecer quem o transmite e quem o recebe.” [Ordine, 2016, p. 147]

Em “A utilidade do inútil: um manifesto”, Ordine avalia que a Educação, em tempos atuais, vem sendo pautada pelo utilitarismo e pelo que dita o mercado. Nessa perspectiva, os conhecimentos inúteis deveriam ficar fora dos currículos. Assim,  mediante essa lógica, saberes como a filosofia, a literatura, a arte e a história não teriam utilidade imediata alguma, portanto seriam descartáveis. Esse é um debate muito presente na área da Educação e as áreas do saber que se enquadram na “inutilidade” precisam constantemente se reafirmar para garantir seu lugar no mundo escolar.

Este artigo se propõe a analisar possibilidades de entrelaçar saberes do campo do “inútil”: a História e a Literatura. Essa análise partirá de bibliografia produzida sobre o tema e também de práticas desenvolvidas em sala de aula pela autora nos últimos anos. Essas práticas, desenvolvidas por meio de projetos de ensino no âmbito do IFRS – Campus Farroupilha, foram planejadas tendo em vista a necessidade de priorizar conhecimento histórico significativo, por meio de ações interdisciplinares. Percebe-se também que estratégias e metodologias de ensino que se assentam somente em práticas tradicionais, podem, muitas vezes, não fomentar o aprendizado significativo em discentes do Ensino Básico, em especial, no caso aqui analisado, de Ensino Médio. Não se trata de transformar o espaço da sala de aula em território teatral, em que o professor precisa ser um showman ou showoman! No entanto, perece-me muito produtivo que o professor de História utilize fontes diversas para fomentar o aprendizado histórico.

Assim, neste texto serão destacadas possibilidades de relacionar o conhecimento histórico com a literatura a partir de uma concepção interdisciplinar de ensino com estratégias desenvolvidas com alunos do Ensino Médio Integrado em um curso de informática do IFRS Campus Farroupilha.

História e Literatura
Desde o surgimento da Escola dos Annalles que o campo da pesquisa histórica vem alargando seu conjunto de temas e de fontes. Nesse sentido, a  Literatura, desde muito cedo, é fonte utilizada para a constrtução da narrativa histórica. Do mesmo modo, a Literatura também buscou na História inspiração para suas obras. Claro está que História e Literatura se aproximam, apesar de serem campos distintos. A diferença principal reside no fato de que a segunda não tem compromisso com a verdade, ponto que não deve ser abandonado quando nos referimos ao texto histórico. Nesse sentido, Bomeny, ao discutir a narrativa como algo comum aos dois campos de saber,  diz que “História e ficção são semelhantes na medida em que são stories e narrativas de eventos e ações. Mas, para a História, tanto a estrutura da narrativa como seus detalhes são representações da realidade passada.” [Bomeny, 1990, p. 89]

Se hoje conseguimos estabelecer a fronteira, mesmo que às vezes borradas, entre o texto histórico e o ficcional, vários estudiosos apontam que nem sempre isso foi assim. Esse é o caso do historiador francês Jules Michelet [1798-1874], que, no século XIX, “buscara enveredar pelas sendas híbridas que o reconciliaram com a arte, recusando a linha da história fatual que lhe parecia árida e comprometida com o poder.” [Cerdeira, 2018, p. 27] Por outro lado, a autora diz que “se a História tende assim para o literário, não é menos evidente que a ficção, de modo geral, sonhe penetrar nos domínios seguros da verdade histórica” [idem].

Em alguns casos, a Literatura faz o papel da História, a narrada, dando voz aos excluídos de discursos oficiais e de uma historiografia mais tradicional, ainda afeita aos grandes personagens e/ou leituras totalizantes, que destina pouco espaço aos “de baixo”. Um exemplo, dentre tantos que podemos citar, é o do escritor português José Saramago. De sua vasta obra, muitos romances podem ser considerados históricos. Conforme Oliveira Neto, a “nouvelle histoire [teve] influência sobre o universo criativo de Saramago pelo contato que sua ficção assume com o discurso de revisitação da história pelo olhar dos que dela foram excluídos.” [Oliveira Neto, 2018, p. 22]

No Brasil, a pesquisa histórica com base em fontes literárias, de acordo com Ferreira [2017], levou um pouco mais de tempo para se desenvolver, a despeito das pesquisas históricas em vários países europeus, que desde os anos 1970, faziam uso da Literatura.

“No Brasil, a importância da literatura na pesquisa das ciências humanas, sobretudo na Sociologia, já vinha também sendo debatida por muitos intelectuais, entre eles, Antonio Candido [...] No entanto, com a exceção de alguns poucos, como Sérgio Buarque de Holanda e Nelson Werneck Sodré, ela não era objeto especial de interesse dos historiadores. Isso só ocorreria desde a década de 1980 com as novas propostas de abordagem da História Social e Cultural, que ganharam relevo em países da Europa e nos Estados Unidos. A partir de então, essa linha de estudos tornou-se profusa entre nós, gerando trabalhos relevantes.” [Ferreira, 2017, p. 65]

Um dos mais expressivos críticos literários e estudiosos da Literatura no Brasil, Antonio Candido, em sua importante obra “Literatura e Sociedade” analisa como os textos literários influenciam ou sofrem influência do meio social, não só no enredo como também na estrutura da escrita. Seus textos são valiosos para aqueles que se dedicam ao tema e apontam direções preciosas, em especial, para os que se iniciam nas pesquisa considerando essas suas áreas do saber. Para Antonio Candido, nunca é demasiado pontuar que, ao se analisar ou estudar determinada obra literária, o pesquisador deve lembrar que “valores e ideologias contribuem principalmente para o conteúdo”.  [Candido, 2000, p. 27] O crítico aprofunda sua análise do aspecto sociológico contido na produção literária, ao tomar como exemplo povos considerados “primitivos”, ou melhor dizendo, que não compartilham da cultura ocidental, estudados pela Antropologia. Para ele, a produção literária desses povos [inclusa a oralidade]

“aparecerá como algo que só a análise sociológica é capaz de interpretar convenientemente, pois ela mostra que naquelas sociedades o sentimento estético pode ser determinado por fatores diferentes dos que condicionam entre nós, ligando-se estreitamente aos meios de vida, à organização social, e representando uma nítida sublimação de normas, valores e tradições.” [Candido, 2000, p. 49]

Dessa forma, um poema de um determinado povo, no pensamento de Antonio Candido, em que aparece a preocupação com a alimentação, aquilo que nomina de “sacralização do alimento”, nos fala sobre a importância que a busca pela comida e a manutenção da vida ocupa no cotidiano de determinado grupo. Isso nos mostra como a Literatura, nesse caso apoiada pela Antropologia, tem a contribuir com a compreensão histórica da humanidade. Nesse sentido, um exemplo contundente são os escritos antigos, veja-se a Ilíada e a Odisseia de Homero.

Na mesma direção, Allan Megill, em texto intitulado Literatura e história, argumenta que esses são dois campos distintos, afirma, porém, que “a literatura e os estudos literários cultivam uma consciência dos aspectos da experiência humana, particularmente aqueles relacionados à subjetividade e à identidade” [Megill, 2016, p. 271].

Do que foi dito até aqui, parece-nos indubitável a validade da relação Literatura e História na prática da pesquisa. Resta-nos saber se essa mesma validade está posta nas práticas de ensino, considerando o praticado na Educação Básica.

A Literatura no ensino de História: concepções interdisciplinares
Ao iniciar o percurso que relaciona Literatura e ensino de História, cabe considerar que todo professor deve [ou deveria] ter como premissa de sua ação pedagógica a pesquisa. Como já mencionado no início desse texto, muito se fala no incremento das fontes para a pesquisa histórica, em especial após o advento da Escola dos Annales. No entanto, as discussões sobre o tema nem sempre alcançam a história que é ensinada no Ensino Básico, mesmo que a maioria dos profissionais da área formados no Brasil sejam licenciados.

As ações produzidas com turmas de Ensino Médio de um Curso Técncio serviram de base para as reflexões aqui inscritas. As atividades se desenvolveram em aulas de História e de outros componentes curriculares envolvidos nos projetos, em especial, da área de Linguagens, tendo em vista seu caráter interdisciplinar. Nessas ações utilizou-se, para a concepção do projeto e entendimento das obras, um dos modelos de análise sociológica da literatura proposto por Antonio Candido em Literatura e Sociedade [2000]. Para Candido, uma das formas de se compreender uma obra literária ocorre “pelos estudos que procuram verificar a medida em que as obras espelham ou representam a sociedade, descrevendo seus vários aspectos. [...] consistindo basicamente em estabelecer correlações entre aspectos reais e os que aparecem no livro.” [Candido, 2000, p. 11]

No que tange aos estudos de Educação, as atividades não se restringiram à leituras isoladas à área de conhecimento que comumente se associam, pois se fundamenta numa concepção de educação integral por meio de atividades que são compartilhadas por diferentes disciplinas. Falemos então, um pouco sobre os estudos a respeito da interdisciplinaridade.

Conforme Beatriz Zechlinski, a atual configuração curricular nas escolas, com seus saberes compartimentalizados com a divisão disciplinar,

“é uma decorrência da forma de pensar o conhecimento em geral produzido pela Ciência Moderna, de que para melhor conhecer é necessário dividir e classificar. No entanto, percebemos que esse método não tem sido capaz de unir novamente as partes, o que impossibilita a compreensão do todo.” [Zechlinski, 2003, p. 8]

Essa divisão curricular, por disciplinas, propicia uma visão fragmentada do conhecimento produzido pela humanidade ao longo dos séculos. Dificilmente, no espaço escolar [e fora dele também!], há um esforço para relacionar esses saberes, que, em última análise, fazem parte de um todo. O resultado disso é que, muitas vezes, “os conteúdos parecem aos alunos algo sem sentido e distante da realidade cotidiana, o que dificulta o prazer em aprender...” [Zechlinski, 2003, p. 9]

Numa tentativa de tentar “driblar” essa organização curricular fragmentada, projetos que invoquem uma metodologia interdisciplinar se configuram em excelente opção aos docentes e instituições que almejam proporcionar um conhecimento mais ampliado aos seus alunos.

Destacando o pensamento do italiano Nuccio Ordine, já aqui mencionado, ao argumentar que, num mundo contemporâneo, em que se dá excessiva importância à técnica, sendo que as artes e as ciências humanas, os chamados saberes humanísticos, ficam em segundo plano, quiçá, em terceiro. Para esse autor, em momentos de crise é necessário reforçar a importância desses saberes [das ciências humanas e das artes], pois, “exatamente nos momentos em que a barbárie ganha espaço, a fúria do fanatismo se volta não somente contra seres humanos mas também contra bibliotecas e obras de arte, contra monumentos e grandes obras-mestras da humanidade”. [Ordine, 2016, p. 14]

Diante do exposto, entendemos que é importante realizar um esforço para trabalhar de forma cada vez mais integrada, por meio de projetos interdisciplinares, que priorizem um conhecimento mais global e menos fragmentado, contribuindo para que a Educação seja mais inclusiva e propicie aos alunos um ensino crítico e de qualidade. Compreende-se que uma das formas de se perseguir esse objetivo são práticas mais dinâmicas, sempre pautadas pela pesquisa e pelos saberes científicos.

A interdisciplinaridade, como nos confirma José D’Assunção Barros, possibilitou aos historiadores pensar seus temas, suas fontes e sua escrita, pois “certos conceitos vindos de diferentes campos artísticos podem ser assimilados pelos historiadores para integrar o seu repertório conceitula .” [Barros, 2019, p. 112]

Nessa lógica, as ações que foram propostas aos alunos desvelam essa concepção de História e de uma educação que se deseja não tão compartimentalizada e que dialogue com outras áreas do saber. A seguir, a descrição de algumas das atividades realizadas, considerando a intersecção em História e Literatura.

Século XX nas obras literárias
O mundo contemporâneo geralmente é conteúdo previsto para a disciplina de História no último ano do Ensino Médio. Como muitas vezes acontece, pela grande quantidade de assuntos que devem ser abordados, muitos acabam ficando “de fora”, pelo tempo que o componente curricular dispõe na grade curricular. E nem vamos aqui comentar do lugar ocupado pelas disciplinas de Ciências Humanas nos currículos escolares! Por isso, uma das alternativas encontradas foi a realização de um seminário de obras literárias que tenham como assunto algum evento ou processo histórico situado no século XX. A escolha das obras possíveis de serem lidas pelos alunos prioriza autores latinoamericanos e africanos, ainda que autores europeus não fiquem fora da lista. Também procurou-se escolher obras escritas por mulheres. Da lista de autores e obras destaca-se , sobre o contexto africano, Chimamanda Ngozi Adichie [Hibisco Roxo e Meio sol amarelo]; José Eduardo Agualusa [Barroco Tropical]; Buchi Emecheta [Cidadã de segunda classe]. Sobre a América Latina algumas das escolham recaíram em Alejandro Zambra [Formas de voltar para casa]; Isabel Allende [De amor e de sombra]; Fernando Morais [Olga e Corações Sujos], Maria Pilla [Volto semana que vem]; Bernardo Kucinski [Você vai voltar para mim e K]. De uma lista de, aproximadamente, trinta títulos, cada aluno escolhe um e o livro é apresentado na forma de seminário para todo turma. Apesar de uma certa resistência de alguns alunos, afinal, “para que ler obras literárias, se a aula é de História!”, o resultado tem sido muito satisfatório. Após a apresentação das obras, alguns alunos se interessam pelos livros lidos pelos colegas e acabam lendo outros títulos. Essa atividade, além de ampliar o conhecimento sobre determinados fatos históricos, também é uma oportunidade de incentivar a prática da leitura em jovens estudantes.



Shakespeare revisitado
William Shakespeare é o autor mais conhecido no mundo ocidental. Suas obras, ainda que escritas há muito tempo [suas peças surgiram entre 1590 e 1616], discorrem sobre temas universais e são atemporais. Ler e entender a obra shakespeariana permite compreender o contexto no qual ela foi produzida, qual seja o do Renascimento europeu, mas também temas que são inerentes ao Humano. Além disso, trabalhar com obras de caráter universal e que pertencem ao cânone, é uma forma de possibilitar a estudantes de Ensino Médio o contato com essa cultura universal e uma possibilidade de fomentar hábitos de leitura. Pensando nisso, foram desenvolvidos projetos de ensino a partir da leitura de obras do dramaturgo inglês, com as obras Hamlet e Otelo. Para isso, se constituiu um projeto institucional formulado pelas disciplinas de História, Inglês, Literatura e Filosofia. Os alunos leram edições bilingues e, ao final, tiveram que produzir uma releitura da peça lida, em paralelo as disciplinas trabalhavam conteúdos relacionadas a sua área. Para Hamlet, os alunos produziram um roteiro teatral utilizando a linguagem e plataformas de mídias sociais [Facebook, Twitter, Whatsapp]. Já para a obra Otelo, os alunos entregaram uma história em quadrinhos [também bilingue], mantendo o tema e os dilemas apresentados por Shakespeare na obra original, mudando, no entanto, o contexto histórico em que a história se passava. Para isso, os discentes tiveram que pesquisar e/ou recorrer aos conteúdos históricos anteriormente trabalhados.

O Continente de Veríssimo e a história do Rio Grande do Sul
And last but not least, apresento um projeto desenvolvido durante o ano de 2019, a partir da obra O Continente, volume 1, do escritor sul-rio-grandense Erico Verissimo, produzido em parceria com as áreas de Geografia, Literatura, Espanhol, além, claro, da História. O Tempo e o vento é considerado pelos estudiosos a principal obra de Erico Veríssimo que, por sua vez, é tido como um dos grandes da literatura sul-rio-grandense. Compreender, ainda que em parte, a obra de Erico Verissimo é essencial para entender um determinado momento da literatura nacional, não só a regional. Publicado em três partes [O Continente, O Retrato e O Arquipélago], o romance foi concebido como uma unidade e preserva as mesmas características estéticas e formais em seu conjunto, variando apenas as questões temáticas. Em O Continente prevalece uma visualização mítica da formação do povo gaúcho, projetada em Pedro Missioneiro, um índio com poderes especiais que prevê sua própria morte pelos irmãos de Ana Terra, seduzida e grávida. Aquele personagem é a “fonte” de tudo e o seu enlace com Ana Terra sinaliza a miscigenação entre o índio e o bandeirante vicentino. Assim como ocorre com as obras de Shakespeare, mencionadas anteriormente, considera-se que “O Continente” é texto que pertence ao cânone e também oferece uma enriquecedora experiência de diálogo com a arte, já que a leitura de clássicos permite, além da análise do texto em si, que se desenvolva um olhar crítico sobre a realidade, através de relações estabelecidas pela leitura da obra. A escolha da obra de Verissimo se justificaria apenas pelo dito acima. Entretanto, “O Tempo e o vento” não é “apenas” literatura. Trata-se de narrativa literária que se fundamenta em fatos ocorridos, ou seja, na História. Como afirma Pesavento “se os personagens são criação do autor e não existiram de fato, a trama se dá em um tempo histórico do acontecido” [Pesavento, 2006, p. 271]. Esse tempo histórico, no caso do primeiro livro [O Continente – volume 1] é o da formação do estado do Rio Grande do Sul, quando o Brasil era ainda colônia de Portugal e esse espaço, o mais ao sul da Linha do Equador, vivia entre disputas das coroas ibéricas. Podemos afirmar, inclusive, que o espaço geográfico, com suas cidades imaginárias, mas não longe do real, também constituem personagens da obra. Depois da leitura da obra, da discussão acerca dela em diferentes momentos, os alunos foram instados a elaborar um roteiro e um curta metragem tendo como foco as personagens principais, ou seja, cada grupo de alunos escolheu um dos personagens e atualizou sua história para o tempo presente, mantendo suas características originais.

Haja vista as ações acima descritas, considera-se que que aliar Literatura e História, e, se possível, outras áreas do conhecimento, é uma estratégia muito eficaz ao se trabalhar com alunos do Ensino Médio. A leitura é fundamental para a compreensão da História ensinada na escola, mas não esclusivamente dela. Utilizar textos literários para a compreensão do nosso passado, parece ser uma maneira de perseguir a aprendizagem significativa para nosso alunos.

Referências
Daniela de Campos é professora no Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Farroupilha. Endereço eletrônico:
daniela.campos@farroupilha.ifrs.edu.br

BARROS, J.D’A. Interdisciplinaridade na História e em outros campos do saber. Petrópolis: Vozes, 2019. [livro]

BOMENY, H. Encontro suspeito: História e Ficção. Dados Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 33, n. 1, 1990, pp. 83-118. [artigo]

CERDEIRA, T.C. José Saramago entre a História e a ficção: uma saga de portugueses. Belo Horizonte: Moinhos, 2018. [livro]

FERREIRA, A.C. A fonte fecunda. In: PINSKY, C.B. LUCA, T.R. [orgs] O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2017, p. 61-91. [livro]

MEGILL, A. Literatura e História. In: MALERBA, Jurandir [org]. História & Narrativa. A ciência e a arte da escrita histórica. Petrópolis: Vozes, 2016, p. 265-271. [livro]

CANDIDO, A. C. Literatura e Sociedade. 8ª. Ed. Publifolha, 2000. [livro]

OLIVEIRA NETO, P.F. “Nós vivemos dentro de uma possibilidade de ver que é nossa”. In: CERDEIRA, T.C. José Saramago entre a História e a ficção: uma saga de portugueses. Belo Horizonte: Moinhos, 2018, p. 17-23. [livro]

ORDINE, N. A utilidade do inútil: um manifesto. Rio de Janeiro: Zahar, 2016. [livro]

PESAVENTO, S. J. Erico Veríssimo: encontros e desencontros da ficção com a história. Revista USP, São Paulo, n. 68, dez/fev 2005-2006, p. 270-273. [artigo]

ZECHLINSKI, B. P. História e Literatura: questões interdisciplinares. História em Revista, Pelotas, v. 9, dez 2003. [artigo]

23 comentários:

  1. Essa metodologia poderia ser aplicada para se trabalhar a questão étnico racial? Obrigada.
    Telma Almeida da Silva

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    1. Telma, claro que sim. Felizmente, hoje temos diversas obras publicadas que dão conta da temática. Em uma das atividades citadas no texto, por exemplo, procuro contemplar literatura africana.

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  2. É possível utilizar um literato que escreve textos auto-biográficos para se pensar a ideia de identidade nacional brasileira? Ou o fato de sua vida se misturar a dos personagens "atrapalha" essa compreensão?
    Mônica Abramchuk

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    1. Olá, Mônica. Penso que depende do texto. A escolha pelas obras, como relatado no texto, esteve relacionada a quanto elas podem ajudar os alunos a entender determinados contextos. Outro ponto que acho que dever ser considerado é a questão da literariedade da obra. O livro da Maria Pila sobre o período da ditadura, de certa forma, é autobiográfico e costumo utilizar nos seminários.

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  3. Boa noite, primeiramente parabéns pelo trabalho. Sou um grande defensor do uso da literatura como fonte de ensino de história, acreditando que ela torna o aprendizado mais leve e descontraído. Gostaria de saber do por que, na sua opinião, muitos professores se recusam a utilizar a literatura nas salas de aula de História?
    Abraço.
    Júnior Henrique Ott

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    1. Olá, Junior. Que bom que também trabalhas com essa metodologia! Acho que todos, professores e alunos, temos a ganhar. Penso que Às vezes a realidade dos professores é muito dura, com sobrecarga de trabalho e falta de estrutura. Talvez esse seja um fator que leve alguns professores a não diversificar sua prática docente. Também pode ser por desconhecimento de algo que não esteja estritamente ligado a sua área de saber. Abraço!

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  5. Boa noite, ao utilizar a historia e a literatura, como uma forma hibrida de historia e ficção, poderá confundir um pouco os alunos do ensino fundamental. Como poderiamos fazer essa dinamica na construção de historia é ciencia e literatura é arte?

    Angela Pessoa Gomes Correa

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    1. Olá, Angela. Me parece que o trabalho realizado de forma interdisciplinar, com apoio dos docentes de Literatura é uma precaução para que isso não ocorra. Ou seja, cada área demarcando suas especificidades para que fique claro aos alunos. O professor de História tem obrigação de explicitar essa diferença e pontuar àquilo que cabe à História. Abraço

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  6. Telma Almeida da Silva20 de maio de 2020 às 13:28

    Obrigada pela resposta, professora.

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  7. Daniela, parabéns pelo texto e pela proposta didática da utilização da literatura como fonte nas aulas de história. Eu faço isso desde 2017, bo ensino fundamental, em especial com os 9 anos, e, é, muito enriquecedor, tanto para nós docentes quanto ao corpo discente. Te pergunto sobre as resistências de ler,e como contorna isso? Ainda, como os estudantes chegam no ensino médio? Claro que como passam por uma prova de seleção pública, no caso do IFRS, devem estar mais acostumados a leitura, mas como avalia a evolução da escrita deles após lerem os livros, quais conceitos argumentativos históricos utilizam para relacionar com os personagens. Abs.

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    1. Olá, Alysson. O fato de trabalhar num Instituto Federal ajuda, em vários aspectos, e o mais importante deles é que os professores têm mais tempo para planejar as atividades e elaborar projetos conjuntos. Isso deveria ser padrão em todo ensino básico. Sempre há algum tipo de resistência, mas como as atividades são avaliadas e, geralmente, em mais de uma disciplina isso acaba ajudando (a velha ladainha do "vale nota"). Por outro lado, muitos alunos gostam da atividade e acabam lendo mais títulos dos autores escolhidos.
      Já trabalhei também com literatura no ensino fundamental e deu igualmente certo. Só precisamos avaliar as obras com mais cuidado e pensar no produto final (acho mais difícil o trabalho no Fundamental).
      A escrita de fato melhora, mas o mais importante, para mim, é a relação que eles estabelecem com conteúdos históricos trabalhados. Teve um livro que o aluno leu, sobre a ditadura, do Bernardo Kucinsky, que depois a mãe dele me pediu emprestado porque o filho havia comentado com ela. Abraços

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    2. Oi Daniela, obrigado pelo retorno. Tenho um artigo aqui no Simpósio sobre a relação do ensino em história pela da pesquisa histórica utilizando a literatura como fonte, aplicado no Ensino Fundamental em Canoas. Poderíamos pensar num trabalho colaborativo no futuro. Em Canoas trabalho bastante com o IFRS. Abraços.

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  8. Oi, Daniela.
    Parabéns pelo texto e pela iniciativa. Gostei bastante.
    O interessante de trabalhar com a literatura e oferecer uma visão interdisciplinar para os alunos é que podemos pensar e refletir sobre as representações artísticas produzidas e, ao situá-las historicamente, perceber também as relações que escapam e podem ser discutidas.
    Você continua trabalhando com esta metodologia? Se sim, quais outros textos literários que você já trabalhou com seus alunos?

    Parabéns novamente, é muito importante refletir sobre as diferentes nuances que a arte se manifesta em nossa vida.

    Att.

    Gabriela Harumi Araki

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    1. Oi, Gabriela. Sigo trabalhando com literatura sim. Este ano queria trabalhar de forma mais contundente com a temática do fascismo, tendo em vista o que se apresentava na política brasileira no início do ano (imagina agora!). Por outro lado, queria fugir de obras já "batidas" sobre o assunto. Acabei optando por trabalhar com O homem do castelo alto, do Philip K. Dick, um romance distópico. A professora de literatura aceitou trabalhar com a obra também e estamos desenvolvendo. Com outra turma a ideia era trabalhar com romances do Luiz Antonio Assis Brasil, que tem muitas obras que contemplam contextos históricos, em especial, do Rio Grande do Sul. Às vezes, o acesso às obras dificulta o trabalho. Por exemplo, gostaria de fazer um projeto de leitura do livro A rainha Ginga do José Eduardo Agualusa. Livro esgotado e que não se encontra nas bibliotecas. Daí, temos que adaptar...
      Abraço

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  9. Telma Almeida da Silva20 de maio de 2020 às 19:30

    Boa tarde!
    Poderia indicar na literatura obras e autores que possam se relacionar com a temática histórica que trata a ditadura que iniciou em 1964 no Brasil?

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    1. Olá, Telma. No seminário de obras literárias sempre indico obras que tratam deste contexto, desde mais conhecidas como Batismo de Sangue e O que é isso, companheiro?, como outras não tão divulgadas, como Volto semana que vem ou O amor de Pedro por João. Dois livros do Bernardo Kucinski também são ótimos para trabalhar a temática: K e Você vai voltar para mim. Abraços

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    2. Olá, Telma! Gostaria de contribuir, se me permite: As meninas, de Lygia Fagundes Telles (romance); O leite em pó da bondade humana, de Haroldo Maranhão (esse é um conto), me parecem opções interessantes para o ensino médio. Há um livro de Regina Dalcastagné, chama-se O Espaço da Dor, bem curto, com análises de romances produzidos no período da ditadura.

      Larissa Leal Neves

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  10. Muito interessante o texto e a proposta estabelecida. Acho fascinante estudar e pensar o uso da literatura no Ensino de História e vice-versa. Meu questionamento com base neste texto é o seguinte: Em que medida a interdisciplinaridade torna-se efetiva no ambiente escolar de educação, ou seja, de que forma essas atividades interdisciplinares ultrapassam a ideia de “aula-oficina” e se conectam diretamente ao ensino de história como um todo? De que forma podemos ‘avaliar’ essas práticas interdisciplinares na formação dos estudantes e professores enquanto sujeitos socioculturais que fazem a História?
    Agradeço a atenção.
    Sandiara Daíse Rosanelli

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  11. Texto muito rico em informações. A minha dúvida diz respeito sobre, a questão de utilizar a literatura como fonte para a produção de material didático sobre a história local. Quais as estratégias mais recomendadas?
    Att: Evileno Ferreira.

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  12. Ola. Meu nome é Cleyton. Primeiramente parabéns pelo artigo. Ele é muito interessante. Muitas vezes pensei em usar a literatura como uma ferramenta a mais no ensino de história, porém poucas vezes consegui colocar algo em prática. Gostaria de saber se você já trabalhou com alguma literatura mais popular em suas aulas de história? E se sim, como foi sua experiência?

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  13. Olá, Daniela! Gostei bastante das suas propostas. Sou professora de literatura, atualmente pesquisando na área de História, mas buscando andar pela interdisciplinaridade. Como professora, quando trabalhamos com obras que requerem um conhecimento histórico mais aprofundado, procuro o apoio da minha colega da área, que também é uma grande amiga (penso que trabalhar com dedicação exclusiva é uma questão fundamental pra esse tipo de abordagem, não deixando tudo para que o aluno busque "por si", mas orientado-o, de fato), e acredito que essa seja a melhor forma, pois muitas vezes nós sentimos diretamente a carência do conhecimento histórico dos alunos para a compreensão. Vejo que com a reforma do ensino médio , talvez esse acabe se tornando um dos poucos métodos (e de maneira obviamente insatisfatória) que nos restará para não deixar o aluno alijado da história (bem como de sociologia, filosofia, artes), mas, inevitavelmente, cairá tudo nas costas dos professores de Letras. Você teria uma visão mais otimista nesse contexto?

    Larissa Leal Neves

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