Bárbara Figueiredo Souto e Clarissa Rodrigues Soares


EDUCAÇÃO POPULAR E ENSINO DE HISTÓRIA EM DEBATE: REFLEXÕES E EXPERIÊNCIAS A PARTIR DO CURSINHO POPULAR DARCY RIBEIRO/REDE EMANCIPA


Introdução
O objetivo desta apresentação é refletir sobre as possibilidades propiciadas por um cursinho popular pré-universitário institucionalizado em universidade pública, bem como os desafios enfrentados no que se refere ao ensino de história numa perspectiva da educação popular. Para a realização desta análise, trataremos da recém institucionalização do Projeto de Ensino e Extensão Cursinho Popular Darcy Ribeiro, na Universidade Estadual de Montes Claros [Unimontes]. Tendo em vista que a Rede Emancipa [Movimento Social de Educação Popular] atua no município de Montes Claros desde 2013, discutiremos os desafios sobre o ensino de história no âmbito desse cursinho, antes da institucionalização, e as possibilidades abertas no processo de ensino-aprendizagem.

O projeto apresentado na Unimontes visa a manutenção e o aprimoramento do cursinho popular pré-universitário, inaugurado em abril de 2013, totalmente gratuito e voltado para estudantes de escolas públicas, trabalhadores[as], pessoas de periferia e de baixa renda, de Montes Claros e região. Sob a proposta pedagógica da Rede Emancipa, o cursinho integra-se numa rede mineira e nacional de coletivos organizados para discussão e atuação sobre a temática da ampliação e da democratização do acesso ao ensino superior junto às camadas mais populares de nossa sociedade, historicamente afastadas do meio universitário e acadêmico. Nesse sentido, o projeto tem por objetivo integrar as perspectivas de ensino e extensão, desenvolvendo atividades que visem a formação dos[as] acadêmicos[as] dos cursos de licenciatura da Unimontes, bem como desenvolver ações no intuito da aproximação com a comunidade.

Educação popular e universidade
Defendemos que o cursinho precisa ser popular não apenas no aspecto econômico [de ser gratuito], mas também em suas práticas pedagógicas.A este respeito, Paulo Freire nos alertou para o fato de que, geralmente, quando pensamos em ‘educar’ associamos à ideia de transmitir conhecimentos. Ou seja, “a noção generalizada de EDUCAÇÃO é aquela de ‘ensinar = transmitir’ e ‘aprender = receber’.” [Freire, 1993, p. 65] No entanto, para Paulo Freire, esse tipo de pensamento foi sendo superado pela ação dos Movimentos Sociais, inovando no âmbito educacional ao agregar novos saberes e sujeitos na construção do conhecimento. Foi nesse processo de somar esforços para resolver os problemas das comunidades e agir em prol de melhores condições de vida que surgiu a Educação Popular [Freire, 1993, p. 66].

Nesse sentido, temos a permanente preocupação de estabelecer diálogos com as teorias da educação, no intuito de tornar a prática docente um processo efetivo de transformação social. Logo, é importante enfatizar a assertiva de Moacir Gadotti:

“As pedagogias que se dizem puramente científicas, sob sua pseudo-neutralidade, escondem a defesa de interesses hegemônicos da sociedade e concepções de educação, muitas vezes, autoritárias e domesticadoras. Ao contrário, as pedagogias críticas têm todo o interesse em declarar seus princípios e valores, não escondendo a politicidade da educação. É o que acontece com a educação popular, a educação social e a educação comunitária. Elas se situam no mesmo campo de significação pedagógica, o campo democrático e popular.” [Gadotti, 2012, p. 1-2]

Concebemos a institucionalização do projeto de grande relevância, pois sabemos que é preciso analisarmos e rompermos, cada vez mais, com o histórico “caráter colonial da universidade moderna” que exclui diversos sujeitos de seus espaços e campos de saber. Conforme Boaventura de Sousa Santos, a universidade “não só participou na exclusão social das raças e etnias ditas inferiores, como teorizou a sua inferioridade, uma inferioridade que estendeu aos conhecimentos produzidos pelos grupos excluídos em nome da prioridade epistemológica concedida à ciência.” Logo, “as tarefas da democratização do acesso são, assim, particularmente exigentes porque questionam a universidade no seu todo, não só quem a frequenta, como os conhecimentos que são transmitidos a quem a freqüenta.” [Santos, s/d, p. 53]

O projeto institucionalizado almeja trabalhar em prol da mobilização de métodos de ensino mais abrangentes e democráticos, colaborando para romper as barreiras entre universidade e comunidade e ampliando as possibilidades de ingresso de sujeitos historicamente marginalizados nos diversos espaços de saber. Apesar da ciência dos desafios enfrentados cotidianamente, partimos da concepção de que o trabalho coletivo tem grandes potencialidades de transformação social, por isso acreditamos na eficácia de ações que integrem instituições de ensino públicas e movimentos sociais em busca de outras conjunturas de sociedade que prezem pela equidade e pela justiça social. Ao articularmos a parceria entre a universidade e o movimento social atraímos mais estudantes para a instituição, inserindo em seus espaços e vagas jovens da periferia que, muitas vezes, não têm conhecimento de que a universidade pública é um ambiente que também pertence a eles[as].

Apesar do projeto ter característica assistencialista, possui o diferencial de apenas partir de uma ação assistencial para ampliar em termos de ação com movimentos sociais e organizações estudantis. Nesse sentido, coadunamos a concepção de extensão de Boaventura de Sousa Santos, ao afirmar que “perante uma privatização discreta [ou não tão discreta] da universidade pública, as atividades de extensão, para evitar isso, devem ter como objetivo prioritário [...] o apoio solidário na resolução dos problemas da exclusão e da discriminação sociais e de tal modo que nele se dê voz [ou melhor, se dê ouvidos] aos grupos excluídos e discriminados”. [Santos, s/d, p. 54]

Articulada a esta questão, Nadir Zago, ao refletir sobre experiências de cursos pré-vestibulares populares no Brasil, constatou:

“Os pré-vestibulares populares, [...], fazem parte de iniciativas que vêm crescendo numericamente e ganhando visibilidade num momento de grande discussão sobre o ensino superior brasileiro e suas grandes contradições. Apesar de não dispormos de dados precisos sobre os seus resultados, os indicadores existentes permitem concluir que esses cursos vêm exercendo um papel importante na demanda e também no acesso ao ensino superior. Além disso, exercem uma função política ao denunciar a discriminação racial e desigualdades escolares e sociais. O PVP representa a oportunidade de retomada dos estudos e ao mesmo tempo um espaço de sociabilidade e formação de subjetividades, tal como revelam os dados da pesquisa de campo, particularmente quando os alunos envolvidos no projeto falam do valor simbólico que representa a continuidade dos estudos ou ainda das experiências sociais com colegas e professores do curso. ” [Zago, 2008, p. 159]

Apesar da produtiva experiência do Emancipa na cidade de Montes Claros, atualmente o Cursinho enfrenta algumas dificuldades na manutenção das atividades, mas a institucionalização da ação enquanto Projeto de Ensino e Extensão tem muito a contribuir para saná-las. Talvez, o maior desafio enfrentado por atividades sem remuneração seja manter a estabilidade da equipe, que envolve professores[as], pedagogos[as] e psicólogos[as], principalmente. Nesse sentido, a certificação emitida pela universidade aos[às] participantes da equipe, incentiva a estabilidade de profissionais formados[as] e em formação. Além disso, a estrutura física existente no campus Professor Darcy Ribeiro tem o potencial de propiciar experiências educativas de grande qualidade, oportunizando a circulação da comunidade no interior do campus, a qual pode frequentar a biblioteca – além do acesso ao acervo, os[as] educandos[as] do cursinho podem usufruir de um espaço tranquilo de estudos – e se envolver nas atividades que frequentemente ocorrem na universidade, como palestras, oficinas, momentos culturais etc. A execução das atividades do Cursinho na estrutura da universidade é uma maneira de otimizar o uso dos bens públicos em prol da comunidade, ampliando os benefícios proporcionados – por meio de equipamentos e recursos didáticos – pelos investimentos na área da educação.

Educação popular e ensino de história
No que diz respeito ao campo da História, as discussões sobre o papel do[a] historiador[a], desde o século XX, apontam para a necessidade de renovação não apenas das formas de se construir o conhecimento histórico – com a valorização de novas fontes, novos métodos e novos sujeitos sociais – mas também das práticas no ensino. Abandonar as formas tradicionais de se ensinar história demanda deixar para trás o papel do[a] professor[a] enquanto o[a] detentor[a] de todo o conhecimento histórico que apenas reproduz e narra fatos e estruturas pré-estabelecidas pelo currículo escolar.

Enquanto disciplina ligada às ciências humanas e sociais, a História tem o papel de auxiliar na formação de seres críticos e criativos que sejam capazes de perceber e questionar o seu próprio tempo e as suas próprias experiências enquanto sujeitos sociais. Sendo assim, para além da reprodução e narração de conteúdos em sala, faz-se necessária a inserção do[a] estudante na discussão enquanto sujeito do conhecimento histórico.

O discurso de uma história voltada para entender as lutas e resistências populares e as experiências compartilhadas pelas classes e sujeitos que foram silenciados[as] pela historiografia ao longo do tempo está presente dentro da academia e também na construção dos currículos da educação básica. Entretanto, ainda é um desafio para os[as] professores[as] a transposição do discurso para a prática de ensino.

A perspectiva da educação popular, adotada pelo Cursinho Popular Darcy Ribeiro e a Rede Emancipa, de trazer o[a] educando[a] para o centro do processo de aprendizagem, pode auxiliar o[a] professor e o[a] acadêmico[a] de história a transpor essa barreira. A “história vista de baixo” defendida pelo[a] historiador[a] dentro da academia precisa sair do papel nas salas dos cursinhos populares, inserindo o[a] estudante no processo de construção do conhecimento histórico e de compreensão do contexto em que ele[a] está inserido[a], pois a ideia da educação popular é exatamente colocar em evidência aqueles[a] que são marginalizados[as] ou prejudicados[as] pelas políticas de exclusão do estado.

Os preceitos que regem o Cursinho Popular Darcy Ribeiro e a Rede Emancipa estão pautados nesses ideais e colocam o[a] estudante como parte importante do próprio processo de construção da Rede Emancipa enquanto movimento social. Dentro dos cursinhos há ausência de hierarquia e tanto os[as] educandos[as], quanto os[as] educadores[as] da rede exercem funções para além da sala de aula.

No Cursinho Popular Darcy Ribeiro, educadores[as], acadêmicos[as], estudantes, psicólogos[as], advogados[as] e membros de diversas áreas que contribuem para a manutenção do seu funcionamento têm se esforçado para manter o projeto funcionando na cidade de Montes Claros, considerada polo universitário da região do Norte de Minas Gerais. Diversas são as dificuldades apresentadas ao longo do projeto que vão desde a produção de material, fornecimento de alimentação para os[as]estudantes durante os intervalos das aulas, até o próprio acesso aos locais onde são desenvolvidas as aulas.

No que diz respeito ao ensino de História no Cursinho Popular Darcy Ribeiro, o que pode ser observado é que a disciplina tem geralmente o maior número de educadores[as) disponíveis para ministrar aulas, o que nos leva a pensar que a História tem para esses[as] historiadores[as] uma importância social que os[as] fazem partir para a prática na busca da transformação do presente.

No entanto, ainda é um desafio para os[as] educadores[as] conseguirem organizar o conhecimento histórico no curto período de tempo disponível, uma vez que, atualmente, as aulas funcionam apenas aos sábados, em manhãs que são compartilhadas por inúmeras disciplinas que compõem o currículo escolar e que são cobradas nos vestibulares gerais e no Enem. O próprio modelo de acesso ao ensino superior no país dificulta a atuação do[a] educador[a] de história, pois, apesar de alguns avanços em provas que têm se tornado cada vez mais interdisciplinares e interpretativas, alguns vestibulares da região ainda mantêm um modelo de prova extremamente conteudista.

O caminho que o Cursinho Popular Darcy Ribeiro tem apostado para enfrentar as dificuldades com relação ao tempo disponível para discussão histórica e as formas de acesso ao ensino superior, coaduna com a perspectiva que a educação popular e a própria ciência histórica defendem, que é a interdisciplinaridade. São construídos ao longo do projeto diversos momentos de debate em que é possível discutir temas da atualidade e do passado a partir da perspectiva de diversas áreas do conhecimento, sempre instigando o[a] educando[a] a contribuir no processo de construção do saber.

Construída como movimento social que preza por uma educação pública gratuita e de qualidade, a Rede Emancipa tem se tornado uma grande aliada na democratização do acesso à educação no país. Movimento social, este, que tem em vista não apenas o ingresso no ensino superior pelos[as] educandos[as], mas que questiona o modelo de ensino neoliberal e de educação bancária, que buscam formar mão de obra qualificada para o mercado de trabalho sem se preocupar com os abismos sociais que esse tipo de educação ajuda a perpetuar.

Considerações finais
A experiência vivenciada coletivamente no Emancipa nos apresentou as possibilidades de educação emancipadora desta rede, bem como os desafios cotidianos que a educação popular precisa superar. A parceria do Emancipa com a Universidade Estadual de Montes Claros abriu um novo horizonte de expectativa para o desenvolvimento das atividades em busca de justiça social, bem como a possibilidade de proporcionar aos[às] formandos[as] o contato com a educação popular, instigando novas reflexões sobre as práticas de ensino.

A partir da institucionalização do projeto junto à Unimontes, os[as] acadêmicos[as] do curso de História da universidade poderão auxiliar diretamente na construção de novas formas de ensinar o conhecimento histórico, com práticas que estejam muito mais próximas ao que propõe a Teoria da História. Sendo todo o arcabouço pedagógico construído de forma coletiva, os[as] acadêmicos[as] e educadores[as] passam de reprodutores a atores sociais que precisam agir para o aprimoramento do ensino dentro da rede. Ademais, o contato com a realidade dos[as] educandos[as] e suas vivências propiciará aos[às] acadêmicos[a] a possibilidade de compreender o contexto histórico em que estão inseridos[as] a partir das experiências plurais compartilhadas no cursinho.
        
Referências
Drª. Bárbara Figueiredo Souto é professora do Departamento de História da Universidade Estadual de Montes Claros. Integra a coordenação do Emancipa Darcy Ribeiro [Montes Claros].

Ma. Clarissa Rodrigues Soares é professora de história da rede pública e privada do estado de Minas Gerais. Educadora no Emancipa Darcy Ribeiro [Montes Claros].

FREIRE, Paulo. Uma visão pedagógica da cultura: o movimento popular como escola de educação popular. In: FREIRE, Paulo; NOGUEIRA, Adriano. Que fazer: teoria e prática em educação popular. 4ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.

GADOTTI, Moacir. Educação popular, educação social, educação comunitária: conceitos e práticas diversas, cimentadas por uma causa comum. CONGRESSO INTERNACIONAL PEDAGOGIA SOCIAL, São Paulo, Julho de 2012.

SANTOS, Boaventura. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da Universidade. p. 53. Disponível em: https://www.ces.uc.pt/bss/documentos/auniversidadedosecXXI.pdf. Acessado em 21 de setembro de 2019.

ZAGO, Nadir. Cursos pré-vestibulares populares: limites e perspectivas. Perspectivas, Florianópolis, v. 26, n. 1, p. 149-174, jan./jun. 2008.


11 comentários:

  1. Soy Gustavo Lorenzana Duráan. Mi pregunta es la siguiente: ¿Por qué la educación popular y la enseñanza de la historia es una opción ante los modelos dominantes de la enseñanza de la historia?

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  2. Soy Gustavo Lorenzana Durán. Mi pregunta es ¿por qué la educación popular y la propuesta de enseñanza de la historia son una opción ante los modelos dominantes de la enseñanza de la historia? Envío de nueva cuenta la pregunta debido al error en el apellido materno.

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  3. Boa noite, Gustavo Durán! Agradeço pelo pertinente questionamento! A educação popular – e o ensino de história, a partir dessa perspectiva – apresenta-se como uma opção aos modelos dominantes de ensino devido ao seu potencial de criticar o próprio sistema em que está inserido. Ou seja, a educação popular tem como base a formação crítica, que instiga os(as) educandos(as) a problematizarem sua realidade e a somar na lutar por justiça social. Tendo em vista que o sistema de ensino em vigência reproduz as desigualdades, a educação popular se apresenta como uma alternativa de leitura do mundo mais democrática e cada vez mais inclusiva. E assim devem ser as abordagens historiográficas e o ensino de história, sempre crítico e libertário.
    Bárbara Figueiredo Souto

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  4. Cara Bárbara, Olá, A importância da universidade brasileira sair de dentro de si e ir a todo lugar é urgente e fundamental. Acredito que o trabalho que vocês desenvolvem se aproxima da extensão universitária. Pergunto, como sua universidade, mesmo colegas vêem o trabalho que realizam, tendo em vista um caráter ainda muito tradicional da universidade brasileira? Parabéns Abcs

    Everton Carlos Crema

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    1. Boa noite, Everton! Agradecemos pelo diálogo com nosso trabalho! A propósito, sua pergunta é muito importante. O projeto que apresentamos foi aprovado na Universidade nas Câmaras de Ensino e Extensão, tendo em vista que o Cursinho Popular nos permite atuar nesses âmbitos. Infelizmente, não foi fácil a aprovação do projeto, devido à resistência de alguns membros das referidas Câmaras que, provavelmente, não reconhecem a importância de ações como a aqui apresentada. Em contrapartida, tivemos apoio de outros tantos parceiros de trabalho. Portanto, a educação popular permanece sendo um tema polêmico, que divide opiniões, mesmo depois de tanto tempo sendo praticada em nosso país.
      Bárbara Figueiredo Souto

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  5. Boa noite,
    Tendo em vista que a prova de ingresso as universidades públicas é ainda bastante excludente e sobremaneira, conteudista. Gostaria de saber quais estratégias são usadas na articulação entre a educação popular e a "educação formal", a qual é necessária para adentrar na universidade? Além disso, gostaria de saber se vocês sabem qual é a maior dificuldade para a permanência dos alunxs? Por fim, há algum amparo em relação ao suporte tecnológico, na hora da inscrição e no processo do ENEM/SISU?
    Agradeço e parabenizo pelo excelente trabalho.
    Matheus Oliveira de Paula.

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    1. Boa tarde, Matheus!
      Agradecemos pelas considerações e pelo interesse no nosso trabalho. O caráter conteudista das provas é uma das grandes dificuldades que enfrentamos no nosso cursinho e defendemos uma mudança necessária no modelo. É preciso vencer um conteúdo enorme e atualmente temos aulas apenas aos sábados, o que torna essa tarefa bastante difícil. Entretanto, criamos estratégias ao longo do tempo, para além das aulas por disciplina, como os "Círculos de Debate" que tem temas interdisciplinares e participação ativa dos educandos. Esses círculos têm a finalidade de auxiliar na melhora da argumentação da redação, mas sempre levando em consideração a experiência tanto dos educandos quanto dos mediadores. Promovemos, ainda, saraus e momentos culturais que são construídos com auxílio dos próprios educandos. Sobre a evasão, identificamos a dificuldade financeira para o custo dos transportes e a necessidade de conciliação entre os estudos e o trabalho como problemas recorrentes, mas estamos traçando estratégias de mapeamento e pesquisa para ter uma resposta mais fidedigna à situação da maioria dos estudantes. Sobre o amparo em relação ao suporte tecnológico, nós temos voluntários que ficam encarregados de auxiliar os educandos com o Enem e os vestibulares da região.
      Abraços e obrigada!
      Clarissa Rodrigues Soares.

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  6. Querida Bárbara e Clarissa,
    Parabéns pela iniciativa do Cursinho Popular Darcy Ribeiro- EMANCIPA. Gostaria de saber, qual a proposta pedagógica do cursinho? Os acadêmicos da Unimontes ministram as aulas no cursinho?
    Sucesso no projeto.
    Carla Cristina Barbosa

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  7. Bom dia, professora Carla!
    Agradecemos por seu interesse no nosso projeto! No Cursinho, partimos das perspectivas pedagógicas da educação popular, principalmente, das reflexões de Paulo Freire. Logo, as aulas no cursinho buscam a dialogicidade e a articulação com a realidade dos(as) educandos(as). Além disso, promovemos Círculos de Cultura, Saraus etc.
    Sim, os(as) acadêmicos(as) da Unimontes lecionam no Cursinho, sendo a maioria dos integrantes. Vale ressaltar que a área de História é a maior na composição do Cursinho Popular Darcy Ribeiro/Rede Emancipa.
    Seria um prazer contar com sua parceria nesse projeto!
    Bárbara Figueiredo Souto e Clarissa Rodrigues Soares

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  8. Muito bom o texto! Parabéns mesmo, amo o trabalho do Emancipa!

    Lá vai a pergunta:
    Gostaria de saber como funciona o projeto de forma pedagógica, é uma educação informal, de vivência? Há muita procura do cursinho? E qual a estrutura, existe um lugar especifico onde esses(as) alunos(as) vão? Existe bastante procura? De quanto em quanto tempo ocorrem os encontros?
    E pra quem quer montar um cursinho popular na sua localidade, o que indicariam pra formar essa rede?

    Sucesso pra vocês!


    -Eduarda Thaís dos Santos

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    1. Boa noite, Eduarda! Muito obrigada pelas considerações e pelo interesse no trabalho! Ficamos muito felizes com o elogio.

      Por enquanto o cursinho tem funcionado aos sábados. Nós dividimos as turmas entre 1ºs, 2ºs e 3ºs anos do ensino médio e formados. Não há processo seletivo para participar do cursinho e nem cobrança de mensalidade. As aulas ocorrem em uma escola estadual que cedeu o espaço para desenvolvermos o projeto. Pela manhã os alunos costumam ter 4 horários com as disciplinas que são cobradas no Enem e nos vestibulares da região. Os nossos educadores participam de formações sobre educação popular, por isso a abordagem dentro de sala de aula deve levar em consideração as vivências dos educandos. Além disso, os estudantes são estimulados a participar da construção do projeto. Temos vários ex estudantes que hoje são voluntários da rede.
      Em alguns sábados, na parte da tarde, desenvolvemos os círculos de debate que trabalham temas interdisciplinares com educadores de áreas diferentes como mediadores das discussões. Desenvolvemos momentos culturais ao longo do ano com auxílio dos educandos. Nos últimos anos a procura tem sido bastante expressiva. Tivemos quase 500 alunos inscritos no último ano. O problema que enfrentamos é a permanência de todos esses alunos ao longo do ano, pois muitos acabam evadidos por diversos motivos. Com a institucionalização do projeto junto à Universidade Estadual de Montes Claros pretendemos aumentar os encontros.
      Para quem quer montar um cursinho popular é preciso ter em mente que esse é um trabalho de construção coletiva. Junte-se com quem acredita na educação popular e pode somar com você. A formação teórica também é importante no desenvolvimento do projeto e a leitura de Paulo Freire essencial, mas sem desconsiderar os saberes e vivências populares. No mais, caso seu interesse seja específico na Rede Emancipa, no nosso site oficial você pode se cadastrar como voluntário e conhecer as experiências dos cursinhos que já existem no Brasil.

      Obrigada!
      Clarissa Rodrigues

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