EDUCAÇÃO POPULAR E ENSINO DE HISTÓRIA EM DEBATE: REFLEXÕES E EXPERIÊNCIAS A PARTIR DO CURSINHO POPULAR DARCY RIBEIRO/REDE EMANCIPA
Introdução
O objetivo desta
apresentação é refletir sobre as possibilidades propiciadas por um cursinho
popular pré-universitário institucionalizado em universidade pública, bem como
os desafios enfrentados no que se refere ao ensino de história numa perspectiva
da educação popular. Para a realização desta análise, trataremos da recém
institucionalização do Projeto de Ensino e Extensão Cursinho Popular Darcy
Ribeiro, na Universidade Estadual de Montes Claros [Unimontes]. Tendo em vista
que a Rede Emancipa [Movimento Social de Educação Popular] atua no município de
Montes Claros desde 2013, discutiremos os desafios sobre o ensino de história
no âmbito desse cursinho, antes da institucionalização, e as possibilidades
abertas no processo de ensino-aprendizagem.
O projeto apresentado na Unimontes visa a manutenção e
o aprimoramento do cursinho popular pré-universitário, inaugurado em abril de
2013, totalmente gratuito e voltado para estudantes de escolas públicas,
trabalhadores[as], pessoas de periferia e de baixa renda, de Montes Claros e
região. Sob a proposta pedagógica da Rede Emancipa, o cursinho integra-se numa
rede mineira e nacional de coletivos organizados para discussão e atuação sobre
a temática da ampliação e da democratização do acesso ao ensino superior junto
às camadas mais populares de nossa sociedade, historicamente afastadas do meio
universitário e acadêmico. Nesse sentido, o projeto tem por objetivo integrar as perspectivas
de ensino e extensão, desenvolvendo atividades que visem a formação dos[as]
acadêmicos[as] dos cursos de licenciatura da Unimontes, bem como desenvolver
ações no intuito da aproximação com a comunidade.
Educação
popular e universidade
Defendemos que o cursinho precisa ser popular não apenas no
aspecto econômico [de ser gratuito], mas também em suas práticas pedagógicas.A este
respeito, Paulo Freire nos alertou para o fato de que, geralmente, quando
pensamos em ‘educar’ associamos à ideia de transmitir conhecimentos. Ou seja,
“a noção generalizada de EDUCAÇÃO é aquela de ‘ensinar = transmitir’ e
‘aprender = receber’.” [Freire, 1993, p. 65] No entanto, para Paulo Freire,
esse tipo de pensamento foi sendo superado pela ação dos Movimentos Sociais,
inovando no âmbito educacional ao agregar novos saberes e sujeitos na
construção do conhecimento. Foi nesse processo de somar esforços para resolver
os problemas das comunidades e agir em prol de melhores condições de vida que
surgiu a Educação Popular [Freire, 1993, p. 66].
Nesse sentido, temos a permanente preocupação de estabelecer
diálogos com as teorias da educação, no intuito de tornar a prática docente um
processo efetivo de transformação social. Logo, é importante enfatizar a
assertiva de Moacir Gadotti:
“As pedagogias que se dizem puramente científicas, sob sua
pseudo-neutralidade, escondem a defesa de interesses hegemônicos da sociedade e
concepções de educação, muitas vezes, autoritárias e domesticadoras. Ao
contrário, as pedagogias críticas
têm todo o interesse em declarar seus princípios e valores, não escondendo a
politicidade da educação. É o que acontece com a educação popular, a educação
social e a educação comunitária.
Elas se situam no mesmo campo de significação pedagógica, o campo democrático e
popular.” [Gadotti, 2012, p. 1-2]
Concebemos a institucionalização do projeto de grande relevância,
pois sabemos que é preciso analisarmos e rompermos, cada vez mais, com o
histórico “caráter colonial da universidade moderna” que exclui diversos
sujeitos de seus espaços e campos de saber. Conforme Boaventura de Sousa
Santos, a universidade “não só participou na exclusão social das raças e etnias
ditas inferiores, como teorizou a sua inferioridade, uma inferioridade que
estendeu aos conhecimentos produzidos pelos grupos excluídos em nome da
prioridade epistemológica concedida à ciência.” Logo, “as tarefas da
democratização do acesso são, assim, particularmente exigentes porque
questionam a universidade no seu todo, não só quem a frequenta, como os
conhecimentos que são transmitidos a quem a freqüenta.” [Santos, s/d, p. 53]
O projeto institucionalizado almeja trabalhar em prol da
mobilização de métodos de ensino mais abrangentes e democráticos, colaborando
para romper as barreiras entre universidade e comunidade e ampliando as
possibilidades de ingresso de sujeitos historicamente marginalizados nos
diversos espaços de saber. Apesar da ciência dos desafios enfrentados
cotidianamente, partimos da concepção de que o trabalho coletivo tem grandes
potencialidades de transformação social, por isso acreditamos na eficácia de
ações que integrem instituições de ensino públicas e movimentos sociais em
busca de outras conjunturas de sociedade que prezem pela equidade e pela
justiça social. Ao articularmos a parceria entre a universidade e o movimento
social atraímos mais estudantes para a instituição, inserindo em seus espaços e
vagas jovens da periferia que, muitas vezes, não têm conhecimento de que a
universidade pública é um ambiente que também pertence a eles[as].
Apesar do projeto ter característica assistencialista, possui o
diferencial de apenas partir de uma ação assistencial para ampliar em termos de
ação com movimentos sociais e organizações estudantis. Nesse sentido,
coadunamos a concepção de extensão de Boaventura de Sousa Santos, ao afirmar
que “perante uma privatização discreta [ou não tão discreta] da universidade
pública, as atividades de extensão, para evitar isso, devem ter como objetivo
prioritário [...] o apoio solidário na resolução dos problemas da exclusão e da
discriminação sociais e de tal modo que nele se dê voz [ou melhor, se dê
ouvidos] aos grupos excluídos e discriminados”. [Santos, s/d, p. 54]
Articulada a esta questão, Nadir Zago, ao refletir sobre
experiências de cursos pré-vestibulares populares no Brasil, constatou:
“Os pré-vestibulares populares, [...], fazem parte de iniciativas
que vêm crescendo numericamente e ganhando visibilidade num momento de grande
discussão sobre o ensino superior brasileiro e suas grandes contradições.
Apesar de não dispormos de dados precisos sobre os seus resultados, os
indicadores existentes permitem concluir que esses cursos vêm exercendo um
papel importante na demanda e também no acesso ao ensino superior. Além disso,
exercem uma função política ao denunciar a discriminação racial e desigualdades
escolares e sociais. O PVP representa a oportunidade de retomada dos estudos e
ao mesmo tempo um espaço de sociabilidade e formação de subjetividades, tal
como revelam os dados da pesquisa de campo, particularmente quando os alunos
envolvidos no projeto falam do valor simbólico que representa a continuidade
dos estudos ou ainda das experiências sociais com colegas e professores do
curso. ” [Zago, 2008, p. 159]
Apesar da produtiva experiência do Emancipa na cidade de Montes Claros,
atualmente o Cursinho enfrenta algumas dificuldades na manutenção das
atividades, mas a institucionalização da ação enquanto Projeto de Ensino e
Extensão tem muito a contribuir para saná-las. Talvez, o maior desafio
enfrentado por atividades sem remuneração seja manter a estabilidade da equipe,
que envolve professores[as], pedagogos[as] e psicólogos[as], principalmente.
Nesse sentido, a certificação emitida pela universidade aos[às] participantes
da equipe, incentiva a estabilidade de profissionais formados[as] e em
formação. Além disso, a estrutura física existente no campus Professor Darcy
Ribeiro tem o potencial de propiciar experiências educativas de grande
qualidade, oportunizando a circulação da comunidade no interior do campus, a
qual pode frequentar a biblioteca – além do acesso ao acervo, os[as]
educandos[as] do cursinho podem usufruir de um espaço tranquilo de estudos – e
se envolver nas atividades que frequentemente ocorrem na universidade, como
palestras, oficinas, momentos culturais etc. A execução das atividades do
Cursinho na estrutura da universidade é uma maneira de otimizar o uso dos bens
públicos em prol da comunidade, ampliando os benefícios proporcionados – por
meio de equipamentos e recursos didáticos – pelos investimentos na área da
educação.
Educação
popular e ensino de história
No que diz respeito ao campo da História, as discussões sobre o
papel do[a] historiador[a], desde o século XX, apontam para a necessidade de
renovação não apenas das formas de se construir o conhecimento histórico – com
a valorização de novas fontes, novos métodos e novos sujeitos sociais – mas
também das práticas no ensino. Abandonar as formas tradicionais de se ensinar
história demanda deixar para trás o papel do[a] professor[a] enquanto o[a]
detentor[a] de todo o conhecimento histórico que apenas reproduz e narra fatos
e estruturas pré-estabelecidas pelo currículo escolar.
Enquanto disciplina ligada às ciências humanas e sociais, a
História tem o papel de auxiliar na formação de seres críticos e criativos que
sejam capazes de perceber e questionar o seu próprio tempo e as suas próprias
experiências enquanto sujeitos sociais. Sendo assim, para além da reprodução e
narração de conteúdos em sala, faz-se necessária a inserção do[a] estudante na
discussão enquanto sujeito do conhecimento histórico.
O discurso de uma história voltada para entender as lutas e
resistências populares e as experiências compartilhadas pelas classes e
sujeitos que foram silenciados[as] pela historiografia ao longo do tempo está
presente dentro da academia e também na construção dos currículos da educação
básica. Entretanto, ainda é um desafio para os[as] professores[as] a
transposição do discurso para a prática de ensino.
A perspectiva da educação popular, adotada pelo Cursinho Popular
Darcy Ribeiro e a Rede Emancipa, de trazer o[a] educando[a] para o centro do
processo de aprendizagem, pode auxiliar o[a] professor e o[a] acadêmico[a] de
história a transpor essa barreira. A “história vista de baixo” defendida
pelo[a] historiador[a] dentro da academia precisa sair do papel nas salas dos
cursinhos populares, inserindo o[a] estudante no processo de construção do
conhecimento histórico e de compreensão do contexto em que ele[a] está
inserido[a], pois a ideia da educação popular é exatamente colocar em evidência
aqueles[a] que são marginalizados[as] ou prejudicados[as] pelas políticas de
exclusão do estado.
Os preceitos que regem o Cursinho Popular Darcy Ribeiro e a Rede
Emancipa estão pautados nesses ideais e colocam o[a] estudante como parte
importante do próprio processo de construção da Rede Emancipa enquanto
movimento social. Dentro dos cursinhos há ausência de hierarquia e tanto os[as]
educandos[as], quanto os[as] educadores[as] da rede exercem funções para além
da sala de aula.
No Cursinho Popular Darcy Ribeiro, educadores[as], acadêmicos[as],
estudantes, psicólogos[as], advogados[as] e membros de diversas áreas que
contribuem para a manutenção do seu funcionamento têm se esforçado para manter
o projeto funcionando na cidade de Montes Claros, considerada polo
universitário da região do Norte de Minas Gerais. Diversas são as dificuldades
apresentadas ao longo do projeto que vão desde a produção de material,
fornecimento de alimentação para os[as]estudantes durante os intervalos das aulas,
até o próprio acesso aos locais onde são desenvolvidas as aulas.
No que diz respeito ao ensino de História no Cursinho Popular
Darcy Ribeiro, o que pode ser observado é que a disciplina tem geralmente o
maior número de educadores[as) disponíveis para ministrar aulas, o que nos leva
a pensar que a História tem para esses[as] historiadores[as] uma importância
social que os[as] fazem partir para a prática na busca da transformação do
presente.
No entanto, ainda é um desafio para os[as] educadores[as] conseguirem
organizar o conhecimento histórico no curto período de tempo disponível, uma
vez que, atualmente, as aulas funcionam apenas aos sábados, em manhãs que são
compartilhadas por inúmeras disciplinas que compõem o currículo escolar e que
são cobradas nos vestibulares gerais e no Enem. O próprio modelo de acesso ao
ensino superior no país dificulta a atuação do[a] educador[a] de história,
pois, apesar de alguns avanços em provas que têm se tornado cada vez mais
interdisciplinares e interpretativas, alguns vestibulares da região ainda
mantêm um modelo de prova extremamente conteudista.
O caminho que o Cursinho Popular Darcy Ribeiro tem apostado para
enfrentar as dificuldades com relação ao tempo disponível para discussão
histórica e as formas de acesso ao ensino superior, coaduna com a perspectiva
que a educação popular e a própria ciência histórica defendem, que é a
interdisciplinaridade. São construídos ao longo do projeto diversos momentos de
debate em que é possível discutir temas da atualidade e do passado a partir da
perspectiva de diversas áreas do conhecimento, sempre instigando o[a]
educando[a] a contribuir no processo de construção do saber.
Construída como movimento social que preza por uma educação
pública gratuita e de qualidade, a Rede Emancipa tem se tornado uma grande
aliada na democratização do acesso à educação no país. Movimento social, este,
que tem em vista não apenas o ingresso no ensino superior pelos[as]
educandos[as], mas que questiona o modelo de ensino neoliberal e de educação bancária,
que buscam formar mão de obra qualificada para o mercado de trabalho sem se
preocupar com os abismos sociais que esse tipo de educação ajuda a perpetuar.
Considerações
finais
A experiência vivenciada coletivamente no Emancipa nos apresentou
as possibilidades de educação emancipadora desta rede, bem como os desafios
cotidianos que a educação popular precisa superar. A parceria do Emancipa com a
Universidade Estadual de Montes Claros abriu um novo horizonte de expectativa
para o desenvolvimento das atividades em busca de justiça social, bem como a
possibilidade de proporcionar aos[às] formandos[as] o contato com a educação
popular, instigando novas reflexões sobre as práticas de ensino.
A partir da institucionalização do projeto junto à Unimontes, os[as]
acadêmicos[as] do curso de História da universidade poderão auxiliar
diretamente na construção de novas formas de ensinar o conhecimento histórico,
com práticas que estejam muito mais próximas ao que propõe a Teoria da
História. Sendo todo o arcabouço pedagógico construído de forma coletiva,
os[as] acadêmicos[as] e educadores[as] passam de reprodutores a atores sociais
que precisam agir para o aprimoramento do ensino dentro da rede. Ademais, o
contato com a realidade dos[as] educandos[as] e suas vivências propiciará
aos[às] acadêmicos[a] a possibilidade de compreender o contexto histórico em
que estão inseridos[as] a partir das experiências plurais compartilhadas no
cursinho.
Referências
Drª. Bárbara
Figueiredo Souto é professora do Departamento de História da Universidade
Estadual de Montes Claros. Integra a coordenação do Emancipa Darcy Ribeiro
[Montes Claros].
Ma. Clarissa
Rodrigues Soares é professora de história da rede pública e privada do estado
de Minas Gerais. Educadora no Emancipa Darcy Ribeiro [Montes Claros].
FREIRE, Paulo. Uma visão pedagógica da cultura: o
movimento popular como escola de educação popular. In: FREIRE, Paulo; NOGUEIRA,
Adriano. Que fazer: teoria e prática
em educação popular. 4ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.
GADOTTI,
Moacir. Educação popular, educação social, educação comunitária: conceitos e
práticas diversas, cimentadas por uma causa comum. CONGRESSO
INTERNACIONAL PEDAGOGIA SOCIAL, São Paulo, Julho de 2012.
SANTOS,
Boaventura. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e
emancipatória da Universidade. p. 53. Disponível em: https://www.ces.uc.pt/bss/documentos/auniversidadedosecXXI.pdf. Acessado em 21 de setembro de 2019.
ZAGO,
Nadir. Cursos pré-vestibulares populares: limites e perspectivas. Perspectivas, Florianópolis, v. 26, n.
1, p. 149-174, jan./jun. 2008.
Soy Gustavo Lorenzana Duráan. Mi pregunta es la siguiente: ¿Por qué la educación popular y la enseñanza de la historia es una opción ante los modelos dominantes de la enseñanza de la historia?
ResponderExcluirSoy Gustavo Lorenzana Durán. Mi pregunta es ¿por qué la educación popular y la propuesta de enseñanza de la historia son una opción ante los modelos dominantes de la enseñanza de la historia? Envío de nueva cuenta la pregunta debido al error en el apellido materno.
ResponderExcluirBoa noite, Gustavo Durán! Agradeço pelo pertinente questionamento! A educação popular – e o ensino de história, a partir dessa perspectiva – apresenta-se como uma opção aos modelos dominantes de ensino devido ao seu potencial de criticar o próprio sistema em que está inserido. Ou seja, a educação popular tem como base a formação crítica, que instiga os(as) educandos(as) a problematizarem sua realidade e a somar na lutar por justiça social. Tendo em vista que o sistema de ensino em vigência reproduz as desigualdades, a educação popular se apresenta como uma alternativa de leitura do mundo mais democrática e cada vez mais inclusiva. E assim devem ser as abordagens historiográficas e o ensino de história, sempre crítico e libertário.
ResponderExcluirBárbara Figueiredo Souto
Cara Bárbara, Olá, A importância da universidade brasileira sair de dentro de si e ir a todo lugar é urgente e fundamental. Acredito que o trabalho que vocês desenvolvem se aproxima da extensão universitária. Pergunto, como sua universidade, mesmo colegas vêem o trabalho que realizam, tendo em vista um caráter ainda muito tradicional da universidade brasileira? Parabéns Abcs
ResponderExcluirEverton Carlos Crema
Boa noite, Everton! Agradecemos pelo diálogo com nosso trabalho! A propósito, sua pergunta é muito importante. O projeto que apresentamos foi aprovado na Universidade nas Câmaras de Ensino e Extensão, tendo em vista que o Cursinho Popular nos permite atuar nesses âmbitos. Infelizmente, não foi fácil a aprovação do projeto, devido à resistência de alguns membros das referidas Câmaras que, provavelmente, não reconhecem a importância de ações como a aqui apresentada. Em contrapartida, tivemos apoio de outros tantos parceiros de trabalho. Portanto, a educação popular permanece sendo um tema polêmico, que divide opiniões, mesmo depois de tanto tempo sendo praticada em nosso país.
ExcluirBárbara Figueiredo Souto
Boa noite,
ResponderExcluirTendo em vista que a prova de ingresso as universidades públicas é ainda bastante excludente e sobremaneira, conteudista. Gostaria de saber quais estratégias são usadas na articulação entre a educação popular e a "educação formal", a qual é necessária para adentrar na universidade? Além disso, gostaria de saber se vocês sabem qual é a maior dificuldade para a permanência dos alunxs? Por fim, há algum amparo em relação ao suporte tecnológico, na hora da inscrição e no processo do ENEM/SISU?
Agradeço e parabenizo pelo excelente trabalho.
Matheus Oliveira de Paula.
Boa tarde, Matheus!
ExcluirAgradecemos pelas considerações e pelo interesse no nosso trabalho. O caráter conteudista das provas é uma das grandes dificuldades que enfrentamos no nosso cursinho e defendemos uma mudança necessária no modelo. É preciso vencer um conteúdo enorme e atualmente temos aulas apenas aos sábados, o que torna essa tarefa bastante difícil. Entretanto, criamos estratégias ao longo do tempo, para além das aulas por disciplina, como os "Círculos de Debate" que tem temas interdisciplinares e participação ativa dos educandos. Esses círculos têm a finalidade de auxiliar na melhora da argumentação da redação, mas sempre levando em consideração a experiência tanto dos educandos quanto dos mediadores. Promovemos, ainda, saraus e momentos culturais que são construídos com auxílio dos próprios educandos. Sobre a evasão, identificamos a dificuldade financeira para o custo dos transportes e a necessidade de conciliação entre os estudos e o trabalho como problemas recorrentes, mas estamos traçando estratégias de mapeamento e pesquisa para ter uma resposta mais fidedigna à situação da maioria dos estudantes. Sobre o amparo em relação ao suporte tecnológico, nós temos voluntários que ficam encarregados de auxiliar os educandos com o Enem e os vestibulares da região.
Abraços e obrigada!
Clarissa Rodrigues Soares.
Querida Bárbara e Clarissa,
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa do Cursinho Popular Darcy Ribeiro- EMANCIPA. Gostaria de saber, qual a proposta pedagógica do cursinho? Os acadêmicos da Unimontes ministram as aulas no cursinho?
Sucesso no projeto.
Carla Cristina Barbosa
Bom dia, professora Carla!
ResponderExcluirAgradecemos por seu interesse no nosso projeto! No Cursinho, partimos das perspectivas pedagógicas da educação popular, principalmente, das reflexões de Paulo Freire. Logo, as aulas no cursinho buscam a dialogicidade e a articulação com a realidade dos(as) educandos(as). Além disso, promovemos Círculos de Cultura, Saraus etc.
Sim, os(as) acadêmicos(as) da Unimontes lecionam no Cursinho, sendo a maioria dos integrantes. Vale ressaltar que a área de História é a maior na composição do Cursinho Popular Darcy Ribeiro/Rede Emancipa.
Seria um prazer contar com sua parceria nesse projeto!
Bárbara Figueiredo Souto e Clarissa Rodrigues Soares
Muito bom o texto! Parabéns mesmo, amo o trabalho do Emancipa!
ResponderExcluirLá vai a pergunta:
Gostaria de saber como funciona o projeto de forma pedagógica, é uma educação informal, de vivência? Há muita procura do cursinho? E qual a estrutura, existe um lugar especifico onde esses(as) alunos(as) vão? Existe bastante procura? De quanto em quanto tempo ocorrem os encontros?
E pra quem quer montar um cursinho popular na sua localidade, o que indicariam pra formar essa rede?
Sucesso pra vocês!
-Eduarda Thaís dos Santos
Boa noite, Eduarda! Muito obrigada pelas considerações e pelo interesse no trabalho! Ficamos muito felizes com o elogio.
ExcluirPor enquanto o cursinho tem funcionado aos sábados. Nós dividimos as turmas entre 1ºs, 2ºs e 3ºs anos do ensino médio e formados. Não há processo seletivo para participar do cursinho e nem cobrança de mensalidade. As aulas ocorrem em uma escola estadual que cedeu o espaço para desenvolvermos o projeto. Pela manhã os alunos costumam ter 4 horários com as disciplinas que são cobradas no Enem e nos vestibulares da região. Os nossos educadores participam de formações sobre educação popular, por isso a abordagem dentro de sala de aula deve levar em consideração as vivências dos educandos. Além disso, os estudantes são estimulados a participar da construção do projeto. Temos vários ex estudantes que hoje são voluntários da rede.
Em alguns sábados, na parte da tarde, desenvolvemos os círculos de debate que trabalham temas interdisciplinares com educadores de áreas diferentes como mediadores das discussões. Desenvolvemos momentos culturais ao longo do ano com auxílio dos educandos. Nos últimos anos a procura tem sido bastante expressiva. Tivemos quase 500 alunos inscritos no último ano. O problema que enfrentamos é a permanência de todos esses alunos ao longo do ano, pois muitos acabam evadidos por diversos motivos. Com a institucionalização do projeto junto à Universidade Estadual de Montes Claros pretendemos aumentar os encontros.
Para quem quer montar um cursinho popular é preciso ter em mente que esse é um trabalho de construção coletiva. Junte-se com quem acredita na educação popular e pode somar com você. A formação teórica também é importante no desenvolvimento do projeto e a leitura de Paulo Freire essencial, mas sem desconsiderar os saberes e vivências populares. No mais, caso seu interesse seja específico na Rede Emancipa, no nosso site oficial você pode se cadastrar como voluntário e conhecer as experiências dos cursinhos que já existem no Brasil.
Obrigada!
Clarissa Rodrigues