Cristhiano dos Santos Teixeira e Ariana Lopes Santos Silva


DESAFIOS PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM NOS TEMPOS ATUAIS DE PANDEMIA [COVID-19]



Atualmente vivemos em meio a um caos mundial instaurado pelo vírus do Covid-19, o que nos propõe reavaliar, repensar, reatualizar inclusive nossa perspectiva sobre as nossas relações de fronteira, tanto internacional quanto nacional e regional. Assim como também o que está afetando as nossas relações interpessoais, certamente, numa alteração de percepção sobre o paradigma que tínhamos sobre a cultura. A palavra de ordem, de rotina que se instaura hoje e que circula com mais frequência entre nós, nos meios de comunicação principalmente, é em defesa pelo isolamento, que determina através de decreto a quarentena ‘obrigatória’ sob a determinação da OMS e do Ministério da Saúde, que luta para que todos “fiquem em casa” e evitem aglomerações como “único” meio eficaz de combater a circulação do vírus que possui alto risco de contaminação, o que reforça a nossa compreensão sobre a convivência do distanciamento radical que afeta sociologicamente e psicologicamente a nossa percepção de mundo.

O campo de batalha, frente à agonia da população e às incertezas futuras, assistimos a insensatez da autoridade presidencial do Brasil que insiste ignorar, mesmo após recuo do presidente estadunidense Donald Trump, contrariando as determinações médicas, o que não contradiz sua posição antiga, e velha conhecida nossa, de ser menos extremista do que ignorante, já que há muito tempo acompanhamos ataques constantes à ciência no Brasil por parte do governo federal. Além da briga presidencial contra as autoridades médicas, noutra linha de frente de batalha, a justiça também contra-ataca as acusações do atual governo que negligencia os decretos dos Estados frente à supremacia constitucional do artigo 5º, inciso XV, que trata no seu conteúdo o direito de locomoção, o “direito de ir e vir”. Porém, as autoridades judiciárias, como no caso dos ministros e ex-ministros do STF, afirmam que é de raso conhecimento reduzir-se a esta noção simplista, já que, segundo eles, “é possível extrair da Constituição diretamente esta ordem de ‘fique em casa’”, se referindo ao artigo 196 que assegura a saúde da população como direito de todos os cidadãos e dever da União, dos Estados e dos Municípíos.   

A doença deixa de ser vista, portanto, apenas pelas suas concepções no âmbito biológico ou fisiopatológico, todavia, ela também deve ser entendida como socialmente construída, como se estudam os seus impactos morais, religiosos, políticos, econômicos, no “imaginário social”, como afirma o historiador Jucieldo Ferreira Alexandre. Neste contexto do ‘imaginário pandêmico’, se assim podemos nos referir, que se institui atualmente também percebemos a produção destes conflitos [como o caos generalizado, o medo e a “resistência”, esta muitas vezes travestida também pela ignorância] e as alterações cotidianas [nas relações sociais e sanitárias]. Sendo assim, o grande impacto que o vírus atinge no sistema educacional, na relação entre ensino-aprendizagem, nos obriga, na condição de educadores e pensadores, a uma lista grande de questionamentos a se fazer, sobre: [1] o custo psicológico do isolamento, [2] o aumento da desigualdade no ensino, [3] o impacto no orçamento da educação, [4] o reforço da necessidade do caminho do ensino globalizado, [5] o impacto do jogo geopolítico, [6] as relações de solidariedade coletiva, [7] os impasses da prática do esporte dos alunos frente as dificuldades do isolamento, [8] a necessidade de uma educação e cultura digital mais eficazes, [9] e o medo como ação lucrativa. Emfim, são alguns dos pontos que pude desenterrar e que vejo que podem render ótimos trabalhos de pesquisa daqui pela frente. Porém, quero destacar aqui uma preocuação específica que toca no centro do problema do ensino e aprendizagem nesse tempo de pandemia: que é sobre as dificuldades e o aumento das desigualdades na educação, e que coloca tanto em discussão uma análise histórica quanto sociológica do problema.

Fala-se teoricamente bastante de uma nova “transfiguração do corpo” em espaços sociais virtuais da tela, discussão antiga por sinal [como as propostas por M. McLuhan sobre as formas de extensões do corpo, das interfaces], muitos ignoram em parte os distúrbios sócio-econômicos que dissonam em desigualdades de acesso e participação desta realidade virtualmente construída frente aos impactos da pandemia. Quando tratamos de empregar as palavras ‘fronteiras’ e ‘limites’ nesse contexto das nossas reflexões, corriqueiramente associadas, percebemos se tratar, especificamente, de ‘espaços’ e de ‘esgotamentos’, simultaneamente. Neste sentido, a antiga distância entre as fronteiras da cultura sócio-econômica que instaurou um distanciamento histórico de condições de acesso no Brasil mais uma vez nos possibilita pensar a importância do espaço físico no processo de aprendizagem e os desafios que ainda enfrentaremos pela frente com o “novo” modelo de educação a distância em um país que há pouco tempo aprovou medidas duras contra os setores básicos da sociedade, na qual me refiro a Emenda Constitucional que estabeleceu recentemente o teto de gastos de investimento exatamente nas áreas de educação e saúde e que, hoje, inesperamente, sofre os impactos da pandemia.

Segundo os dados atuais do relatório do Banco Mundial, com a pandemia do Covid-19 as escolas foram fechadas em 160 países contabilizando um total de aproximadamente 1,5 bilhão [e 1 bilhão segundo a UNESCO] de estudantes [600 mil só no Brasil] que estão acompanhando as aulas virtualmente com o uso de tecnologias e diferentes aplicativos [o Homeschooling]. Às pressas os profissionais tiveram que repensar, ainda incipiente, um “novo” modelo de educação, de tentar, dentro dos limites da valorização profissional e da capacidade técnica, se reinventar e desenvolver supostas metodologias novas. Ainda, são enormes os desafios que buscam implementar este tipo de educação virtual tanto no que tange as dificuldades de milhares de famílias no Brasil que não conseguem acessar facilmente as plataformas online de ensino como àquelas que não possuem condições econômicas de acesso, como também da carência profissional de formação técnica para os professores e gestores que não conseguem direcionar através do ambiente virtual suas aulas e atividades no controle da interação e da participação nos processos de aprendizagem – segundo dados disponíveis na internet, de acordo com pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, os números assustam, são 58 % de famílias em todos o país que não tem acesso aos computadores e 33% não tem acesso à internet, e, segundo IBGE, 60% não possuem computador e 25% não tem internet, os números variam. Porém, o acesso aos aparelhos constitui o maior problema para a maioria da população brasileira.
Esta realidade pode ser acompanhada de perto pela maioria da população. Para ilustrar o problema, nas escolas do município de Formosa-GO, onde residimos e que ministramos aulas, comparando, percebemos que esse problema é esrutural em muitas regiões. A realidade histórica de muitos municípios do país se reproduz também a calamidade da educação nos discursos de profissionais que “romantizam a pobreza” e que ignoram as dificuldades. Reflexo também daqueles que insistem em romantizar uma educação sistemática, de ‘burocratização’ do conhecimento através de formas e estratégias ultrapassadas de controle do planejamento, o que, por outro lado, deveria estar vinculado ao princípio da liberdade do conhecimento e da liberdade e autoridade intelectual docente.  Em que pese assume um discurso que lastima a impossibilidade tecnológica de uns em benefício das possibilidades de acesso de outros, por exemplo, diante do cenário crítico de avanço do vírus e, consequentemente, do isolamento social, onde no sistema educacional tem um maior impacto pela grande circulação de pessoas que as escolas provocam, atingindo inclusive outros setores, adotamos o sistema de aulas virtuais, porém, é perceptível, que apenas metade dos alunos acessam os conteúdos diários – todavia, essa realidade varia em comparação a outras regiões. Nossa questão no momento é tentar entender como seria buscar esse alcance pela “maioria” já que a maioria desses alunos não dispõe do acesso básico ao aparelho ou internet ou que, simplesmente, agora, ignoram ainda mais as aulas online [sendo que em parte a educação dos pais também influencia neste último caso]. Nesta afirmativa expressa-se os dois sentidos do caminho que aqui resumimos através dos números: [1º] a falta de acesso aos computadores e a internet pela maioria dos nossos alunos, somada a “resistência” dos pais a este “novo” modelo de aulas em meio a pandemia, e [2º] o despreparo e a falta de equipamento e de conhecimento técnico dos professores para a orientação do processo de ensino-aprendizagem das relações dos conteúdos trabalhados.

O problema também atinge os alunos do ensino médio que frequentam as escolas públicas. Em muitos casos, acompanhamos relatos de alunos que lamentam as desvantagens que terão que enfrentar, por exemplo, no vestibular, se comparado aos alunos das escolas particulares. Em uma matéria da BBC News sobre o assunto uma aluna da rede pública pontua afirmando que é nítido as desvantagens de condição finaceira das famílias somada aos problemas estruturais das escolas públicas, já que há tempo as escolas privadas, a frente no processo de acesso virtual das relações dos coneúdos, já utilazavam de plataformas online de estudos e de acesso aos temas escolares mesmo antes da crise pandêmica.

Contudo, essa “nova” experiência demanda, hoje, a criação urgente de espaços voltados à reflexão sobre a prática do ensino e os gastos com educação pública no Brasil, assim como medida de urgência, no redirecionamento de verbas – como o destinado à merenda – para o acesso de famílias em condição de extrema pobreza a plataforma digital. Enfim, porém, sabemos que apenas isso não resolveria o problema.

Noutra margem, diante dos problemas sociais enfrentados com a Covid-19 e, consequentemente, dos impasses na educação pública, como foi sublinhado, vale mais uma vez nos questionar qual o papel das ciências humanas no presente, no contexto do pensamento social contemporâneo? Podemos ou devemos assumir o momento como uma ruptura no pensamento das ciências que afetará e transformará o sistema educacional no país? O que podemos esperar das novas estratégias e ferramentas no processo de ensino-aprendizagem daqui em diante?

Vale ressaltar que simultaneamente ao contexto de pandemia atual a ciência, como já citado alguns casos, no Brasil se tornou um dos principais alvos de ataques por parte do governo federal e de alguns seguidores. Diversas vezes a ciência foi desqualificada publicamente por causa de uma uma suposição que a coloca no rumo de uma orientação ideológica de esquerda ou, por vezes, comunista. A ciência, recentemente, tivera no contexto atual uma drástica redução dos investimentos em pesquisa, com o desmonte das universidades, o atraso nos salários dos professores e o corte de diversas bolsas de pesquisa. Somado a isso, ocorre uma onde de controversias que surgiu, no Brasil, a partir de um fenômeno social mundial de emergência e estabelecimento no poder de um pensamento assumidamente conservador e ortodoxo, de um lado com os “negacionistas” e, do outro, os “revisionistas”.

 Sem querer estender uma reflexão interminável a respeito do problema das duas correntes, digo apenas que o ‘negacionismo’ é, entre os dois, o mais perigoso e inaceitável forma de pensamento porque dele vem a recusa à totalidade dos fatos do passado, ao passo que o outro, seja possível, por ser mais comum, de tempos em tempos, à comunidade acadêmica, se for o caso, permite reconduzir por vias científicas da prova e da minúcia do fato novas descobertas – daí podemos extrair as vertentes de pensamento em suas críticas e suas diferenças ao longo da história. Como se vê hoje, por exemplo, as ofensas a obra do pensador brasileiro Paulo Freire [que resume em parte os ataques à ciência e à educação no Brasil] pode também nos conduzir a esse campo amplo de debate, que vivemos hoje, no qual direciona ao problema da realidade social da educação brasileira [em todos os seus aspectos de formação] às dificuldades enfrentadas, que ocorre ainda a passos lentos, que são compatíveis a uma pedagogia que tem sido ainda prática de dominação.

A atualidade da obra de P. Freire nunca esteve tão latente em nossas discussões atualmente, ela ainda nos refresca o conhecimento com as suas reflexões acerca dos fundamentos sobre o modelo de ensino e de educação libertadora. Que reforça a necessidade dos indíviduos se descobrirem a partir da questão da ‘conscientização’ de si, como parecido com as “Maioras” gregas que tecem o seu próprio destino, mas a partir da sua realidade concreta. Esta relação, mais uma vez, nos coloca diante dos problemas atuais que enfrentamos. Neste caso, como já foi apontado, tratamos do difícil acesso de muitas famílias pobres ao espaço da educação virtual que se desenha hoje no imaginário pandêmico brasileiro. Isto porque percebemos que Freire, em sua obra, ao invocar a concepção necessária sobre os pressupostos do processo ensino-aprendizagem, do fazer a mediação entre o conhecimento e o indivíduo através da sua própria realidade, não previa, certamente, que no futuro este espaço físico das relações poderia estar ameaçado. Tornando-o ser, por extrema necessidade, transplantado ao espaço das relações virtuais da internet. Digo isso porque nos deparamos hoje não com uma contradição, porém com uma realidade anacrônica que não prevalece a crítica da obra do educador.
Ou seja, quero dizer que, como defende Freire, se através da educação os seres devem aprender a se expressarem na sua própria realidade, ao se descobrirem, ao tomar consciência de si, através da linguagem, ao narrar a sua própria história, os conteúdos deveriam, portanto, caminhar inseparáveis deste processo. No entanto, a linguagem computadorizada, hoje, que cobra dos alunos das escolas públicas o uso de plataformas digitais, e que ainda continua sendo estranha a muitas famílias, reforça mais uma vez que devemos retomar a obra de Freire em sua crítica atual ao clamar pela necessidade de uma educação que pudesse caminhar respeitando os limites das condições da história de vida das famílias pobres e vice-versa. O impacto dessa cobrança que vivenciamos, de uma linguagem virtual, afasta, portanto, milhares de jovens e adultos da possibilidade de libertação através da educação como fator essencial na formação da consciência de coletividade. Afastando-os, definitivamente, de uma política de participação democrática. O que reforça que, dentro dos limites sócio-econômicos dessas famílias, qualquer que seja o não acesso, ou a não experiência com esta linguagem virtual recente que se impõe frente à circulação do vírus Covid-19 que ameaça nossas antigas estruturas de relações, e traz à luz do problema o despreparo total de um país que, mais uma vez, enfrenta as mudanças do tempo, radicalmente e dolorosamente, da forma mais leviana, inconsequente e incompetente.                       

Referências bibliográficas
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra; 2005. [livro]
GADOTTI, Moacir. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1989. [livro]
GADOTTI, MoacirHistória das Ideias Pedagógicas. São Paulo: Ática, 2002. [livro]
SANTOS, José Luis dosO que é cultura. 14. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. [livro]

51 comentários:

  1. Bom dia! As pandemias nos apresentam dentro do contexto historiográfico várias correntes como nos é apresentado no texto, bem como as percepções relativas a defesa do livre pensamento e do livre arbítrio individual, mesmo que como historiadores sejamos contrários aos movimentos que não estão embasados nos contextos científicos em se tratando de doenças de transmissão coletiva, isso ocorre, justamente pela movimentação humana na liberdade de pensamento e expressão. Sendo assim, qual seu pensamento em relação as movimentações contrárias que vemos acontecer?
    Lidiane Álvares Mendes

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bom dia, Lidiane.
      Complementando a colocação do Cristhiano, temos observado no Brasil um forte movimento negacionista quanto à atual situação de pandemia, movimento este que é nitidamente apoiado pelo Presidente da República, que nega fatos históricos e evidências científicas e desacredita o valor das Ciências em prol de seus interesses ideológicos. Nesse contexto, o Presidente e seus apoiadores disseminam ataques aos meios de comunicação e à comunidade científica, deixando de promover uma política pública efetiva no combate ao vírus. Fato é que tais posicionamentos adotados por estes grupos se encontram em desacordo com o conhecimento científico, o que acabam por propalar mais desinformação à sociedade. O direito à liberdade de pensamento e expressão é um direito humano, consagrado tanto na Constituição Federal de 1988 quanto em documentos internacionais. No entanto, há entendimento de que este direito não é absoluto e pode ser mitigado quando utilizado para reproduzir informações inverídicas.
      No atual cenário crítico, há a importância de se garantir a correta informação à sociedade, bem como evitar a propagação de “fake News”, uma vez que esta não é protegida pela liberdade de expressão.
      Por não ser um direito absoluto, a liberdade de expressão pode ser relativizada em um contexto de ameaças sérias à saúde pública , cuja situação possa colocar em risco a vida de uma coletividade. Assim, restrições a alguns direitos podem ser justificadas quando elas têm base legal, sobretudo quando a crise é baseada em evidências científicas.
      Dessa forma, dada a atual situação de pandemia do COVID-19, que representa grande ameaça à saúde pública, é plenamente justificável que haja restrições a certos direitos, como o de liberdade de pensamento.
      Infelizmente temos observado que no Brasil o governo tem falhado na garantia do direito à livre expressão, ao passo que ataca jornalistas, profissionais da saúde e a comunidade científica em geral e o reflexo desse negacionismo tem sido catastrófico, vide o número de vítimas fatais pela COVID-19. ARIANA LOPES SANTOS SILVA

      Excluir
  2. Olá Lidiane.
    Lamentavelmente vivemos um contexto na história do Bradil que, em comparação a outras épocas, de ataques perversos à ciência, principalmente e constantemente reforçado o desprezo pelo presidente algo que mesmo se comparado ao período da ditadura militar não se demonstrava tão nítido e perigoso. Mesmo que o contexto atual do mundo seja em relação a pandemia o Brasil também enfrenta a imaturidade da autoridade e a negação do conhecimento científico que cresceram substancialmente nos últimos anos. Quero dizer que, isso se torna ainda mais perigoso. Desde sempre, em diversos momentos, a gente pode acompanhar alguns "revisionismos" históricos o que, a meu ver, coloca em debate determinados assuntos o que contribuiu e ainda contribui para derrubar certos paradigmas. O que, de certa forma, nos leva ao pensamento crítico. No entanto, e por outro lado, o "negacionismo" certamente, não sei se como um movimento organizado,tende a ser verdadeiramente perigoso. Lamentavelmente vivemos na borda desse buraco negro. Nenhuma sociedade pode se desenvolver, em todos os aspectos, recusando a ciência e atacando as universidades que sao epicentros desse conhecimento em suas áreas. Estamos certamente a beira da falésia...

    ResponderExcluir
  3. Anderson Bezerra de Jesus18 de maio de 2020 às 18:42

    Boa tarde, Cristhiano e Ariana, devido o aumento da desigualdade no ensino que ocorre no país, assim como a falta de acesso dos estudantes à internet, e levando em consideração da prerrogativa do Governo Federal em manter a avaliação do ENEM no corrente ano em detrimento à falta de acesso dos estudantes mencionada no texto, para vocês há alguma alternativa para levar aos alunos os conteúdos escolares sem que haja prejuízo aos que não tem acesso a internet? Vocês têm de alguma passando algum conteúdo neste período? Se sim, como tem sido tal experiencia com os alunos?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bom dia, Anderson.
      Eu defendo que o aprendizado on line, no momento atual, tem apenas mitigado a interrupção do ensino normal, o que não representa, nem de longe, solução para a substituição das aulas convencionais. A desigualdade nas condições de ensino já era grande no Brasil e ficou ainda maior no atual cenário, visto que nem todos os alunos têm acesso às plataformas digitais. As crianças e os pais têm enfrentado dificuldades para acompanhar as atividades, o que aumenta o distanciamento daquelas que têm melhores condições para acessar esse tipo de ambiente virtual, o que causará enorme prejuízo caso o ENEM seja aplicado neste ano.
      Os estudantes com deficiência ainda são mais prejudicados, pois os materiais distribuídos não são adaptados à sua realidade.
      Acredito que os governos devem adotar estratégias para tentar reduzir a desigualdade no ensino, por exemplo, garantindo materiais impressos ou meios de acessarem o ambiente virtual a alunos que não tenham acesso a internet, bem como fornecer materiais adaptados e acessíveis aos estudantes com deficiência. Ainda, após o fim do distanciamento social e com o retorno das atividades escolares, o Governo deve tentar recuperar o tempo de aula presencial, a fim de que os alunos possam ter acesso ao conteúdo perdido. ARIANA LOPES SANTOS SILVA

      Excluir
  4. Cristhiano Teixeira18 de maio de 2020 às 19:52

    Boa noite Anderson. Tenho absoluta certeza que o uso da linguegem virtual neste momento está excluindo milhões da participação democrática. que, a meu ver, ocorre através do acesso a linguagem.
    Minha experiência está hoje me revelando muitos impasses em relação ao distanciamentodos de muitos alunos com outros tipos de usos de linguagem.
    Essa distorção é nítida. Além da falta de acesso constante dos alunos a internet, como define o texto, nao me espanta, por outro lado, é que muitas escolas, mesmo diante das dificuldades, promovem uma espécie de "burocratização do conhecimento" ao privilegiar questões irrelevantes como as avaliações com provas.
    O Enem é um caso claro e que reflete essa preocupação já que sabemos que apenas uma parcela privilegiada da população terá os meios possíveis de acesso a linguagem vitual como ferramenta para acesso as matérias do conhecimento.
    Quando recorremos a história conseguimos compreender de fato que o problema de acesso a democracia no Brasil tecaí exatamente sobre o problema de acesso a linguagem (acesso ao cinema, ao jornal, a revista, aos jogos, a intenet).
    Veja bem, frente a essas doficuldades percebemos que o Estado, mais uma vez, se cala diante do problema qué o "acesso", neste caso ao acesso virtual.
    Neste caso, o Estado deveria assumir a responsabilidade de liberação de crédito ou de redorecionar o dinheiro que não está sendo utilizado na alimentação dos alunos para levar até este aluno o acesso as aulas virtuais.
    Seria uma posdibilidade. Em todo caso, quero dizer que mais do que uma questão de urgência, o governo deveria, como em outros casos, possibilitar o repasse na forma de auxílio para levar ao aluno sem acesso essa possibilidade.
    Numa escola onde leciono, a maioria de famílias pobres, nao tem acesso. Neste caso a escola decidiu imprimir as atividades aos que nao possuem acesso para que estes peguem na escola, o que sou completamente contrário já que favorece para a aglomeração de alguns, e que coloca o aluno e os pais em risco, contrariando as determinações.

    CRISTHIANO TEIXEIRA

    ResponderExcluir
  5. Boa noite, Christiano e Ariana! Primeiramente, gostaria de ressaltar que a reflexão de vocês é muito pertinente e elucidadora! Compartilho com vocês a preocupação intensa com esse cenário e com a maneira que o Presidente tem conduzido os debates e ações neste contexto que requer tanta sabedoria e empatia. Sendo assim, qual a sugestão de vocês, para que os(as) professores(as), principalmente da área de História, consigam articular estratégias que minem as diretrizes que vêm sendo impostas por direções e governantes?
    Bárbara Figueiredo Souto

    ResponderExcluir
  6. Bom dia Barbara. Agradeço a leitura.
    Enfim... a história hoje, e me arrisco afirmar, tem sofrido maior parte dos ataques.
    Recentemente assistimos o presidente vetar o projeto de lei 4699/12 do congresso que regulamenta a profissão de historiador no Brasil. Além de reduzir a história no ensino médio a ciencias sociais aplicadas, retirando sua especificidade. Entre outros ataques que vulgarizam o conhecimento histórico, como no caso do "negacionismo"...
    Mas como professor e pesquisador na area de história, tenho certeza ser inútil retirar do professor de história sua identidade crítica. Portanto história não é 'opinião'.
    Apesar disso é possível perceber que esses que negam os fatos e a autoridade do historiador ainda constituem minoria, o que não deixa de ser em certa medida uma ameaça que pode assumir proporçoes maiores.
    Neste momento, as diretrizes impostas pelo atual governo, e que nos afeta diretamente e negativamente, cria um cenário q desvaloriza a profissao de historiador no Brasil.
    Porém, nos cabe resistir... resistir contra os panegirismos... os excessos do conservadorismo, do autoritarismo...
    O conhecimento histórico atua na formaçao do sujeito como cidadão. E tratamos de falar de um sujeito histórico...
    Quero dizer, não se pode negar a existência dos fatos dados.

    CRISTHIANO TEIXEIRA

    ResponderExcluir
  7. Boa tarde, senhores Cristhiano dos Santos Teixeira e Ariana Lopes Santos Silva. Parabenizo pela excelente e necessária reflexão. Sem dúvida, a COVID-19 desnudou as desigualdades que desde há muito existem no Brasil, escancarando os privilégios de alguns e as chagas de muitos em nosso País. Gostaria de perguntar o seguinte: Como a experiência com o coronavírus pode ajudar na formulação de políticas públicas mais inclusivas no âmbito da educação?

    Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa.

    ResponderExcluir
  8. Boa tarde Raimundo. Agradecemos o elogio sobre o tema em questão.
    Também agradecemos a duvida, muito boa pergunta.
    Muito bem. Vejo que nesse sentido a edicaçao inclusive se tornou um objeto de muitas dúvidas, porém com maior abertura para as reflexões.
    Vejo que ainda é um problema que se encontra marcado pelas necessidades de delicadeza em relação aos exames sobre o tema em suas mais diversas perspectivas.
    Por ainda ser uma proposta nova isso implicaria em um remanejamebto ou uma reestruturação mais radical, que de fato se faça sentir, na dinâmica escolar.
    Por causa da sua complexidade, da realidade da educação, e da educação inclusiva no país, a participação dos profissionais da educação nas suas diversas disciplinas, que devem ser ouvidos para que sias propostas possam ser utilizadas no sentido de esclarecer e orientar a comunidade escolar doantr do grande desafio em adotar uma forma de prática pedagogica que possa, de fato, privilegiar a diversidade na escola.
    O que quero reforçar é que espero que com essa experiência de pandemia, futuramente,nao muito distante, se possa pensar a política pública para o ensino de maneira que aqueles que estão diretamente vinculados a essa realidade possam participar diretamente da sua elaboração. Os professores são essenciais neste processo.
    O que temos hoje, ainda, é um modelo de educação na qual prevalece o interesse justamente daqueles que não estão inseridos nessa realidade. Quero dizer, as políticas educacionais no Brasil funciona de forma verticalizada de cima para baixo. Um grande erro.
    Esse tipo de educação "burocratizada", tanto para o professor quanto para o aluno, engessa a escola. Sao poucas as opçoes de atividades na realidade das escolas o que diminui muito o acesso a outros espaços de relação.
    Ainda conservamos aquilo que Freire criticou outrora. Prova, conteúdo, Planejamento burocrático, metodologia tradicional, enfim, a escola deveria ser vista como espaço democrático de relações, onde todos possam participar e desfrutar a sua dinâmica. Mas acho que falta dinâmica, são pouquíssimas as opções.
    Em muitas escolas sequer a comudade, assim como os professores, participam da elaboração do ppp, que em muitos casos é autoritariamente elaborado pela direção.
    Posso afirmar que essas "inovações" que anunciam atualmente nao fazem parte da realidade da maioria das escolas públicas no Brasil. Enquanto prevalecer a unilateralidade não haverá transformação, e enquanto houver dificuldade dos alunos de acesso a outras formas de linguagem não haverá, certamente, democracia.

    ResponderExcluir
  9. Boa noite, parabéns pelo texto. Algumas instituições de ensino superior aderiram á educação a distância e outras ainda não aderiram. Todas podem substituir suas atividades presenciais por educação a distância? E os alunos que não tem como ter aulas online o que deve ser feito? esse recurso deveria ser definitivo ou só durante a pandemia?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite Sueli. Fico feliz que o texto tenha lhe proporcionado algumas inquietações.
      Sao exatamente essas dificuldades que estamos a problematizar a partir dessas barreiras que impossibilitam o acesso as muitas formas de meios de comunicaçao. Lembro-me de quando o pensador Marshall McLuhan determina o meio como mensagem, como o meio de sentidos. E tudo ao nosso redor nos comunica alguma coisa. E isso só é possível se houver acesso a linguagem. Sem ela não haveria comunicação.
      Comunicar é antes de tudo conectar, interligar, compreender,...
      Nesse sentido, perceba que a nossa educação é ineficiente.. é burocrática.. e superficial.
      Nao teremos uma educação libertadora e democrática enquanto não tivermos outros meios de acesso a ela. De acesso as várias manifestações de linguagem. O que nos permite neste sentido apreender a cultura nas suas muitas manifestaçoes e formas.
      Uma autora que gosto bastante, Jean Caune,diz em livro que a cultura é como ato de comunicação; a linguagem é como modo de transmissão e de interpretação das formas culturais.
      A falta desse acesso corresponde a exclusão. Vivemos, portanto, neste momento de pandemia, a prova de que não existe no Brasil políticas de inclusão efetiva, no sentido real da coisa, mas políticas que tendem esconder ou amenizar as distorções de acesso dos excluídos.


      Excluir
    2. Bom dia, Sueli. Agradeço a pergunta.
      Acredito que a realidade do Brasil não seja favorável para a implementação do EAD na educação básica, pois o que temos enfrentado atualmente é a carência de recursos por parte dos estudantes e seus pais para acessar o ambiente virtual, o que acaba por ser ainda mais excludente do que o ensino presencial. Portanto, com o fim da Pandemia, defendo que o menos prejudicial aos alunos, sobretudo os da rede pública, é o retorno à sala de aula convencional.
      No atual momento, para aqueles alunos que não tem acesso às aulas on line, os governos deveriam adotar estratégias efetivas para tentar reduzir a desigualdade no ensino, por exemplo, garantindo materiais impressos ou meios de acessarem o ambiente virtual a alunos que não tenham acesso a internet, bem como fornecer materiais adaptados e acessíveis aos estudantes com deficiência, uma vez que a falta de acesso a esses materiais tem intensificado a exclusão. (Ariana Lopes Santos Silva)

      Excluir
  10. Boa Noite, e parabéns pelo belíssimo texto.
    Compartilho da angústia de todos em relação ao momento que vivemos em consequência da pandemia ocasionada pelo covid-19, realmente é preocupante, principalmente pela negligencia do presidente, que em época de pandemia vive uma disseminação de fake news e negaciosismo ao extremo. De fato a EAD é novidade a muitos alunos, assim como para alguns professores também. Bem contudo essa era uma proposta do governo atual "Educação a distancia, substituição de professores, menos gastos com alunos, transportes enfim uma serie de asneiras, sendo assim eu lhe pergunto qual a maior lição que podemos tirar nessa Pandemia? como preparar nossos jovens para dias incertos?

    Maria Evilene de Aquino......

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite Maria.
      Agradeço a leitura.
      O Brasil a cada dia se supera com o aumento da quantidade de mortes. Agora a pouco fui informado que mais um dia superamos a casa dos mil.
      Enfim... ouço com frequência que após a pandemia o Brasil vai mudar completamente as relaçoes "que nunca será como antes". Mas eu discordo dessas incertezas.
      Essa é a nossa preocupação hoje... não é com a mudança, mas com a falta dela.
      Eu espero, e torço, para que esses problemas sejam tratados com a devida atenção necessária.
      Mas eu poderia arriscar aqui uma resposta pouco objetiva: sendo mais uma esperança minha do que um prognóstico, eu, pessoalmente, torço para que seja implementado nas escolas outras formas de participação, e quero dizer q será necessário aumentar os gastos com a educação, não havendo outra saída. Principalmente no investimento com tecnologia e material.
      Mas na realidade, se tratando do Brasil atual, no pós-pandemia, acredito que não trará tantas mudanças imediatas sensíveis.
      Os cortes na educação e a falta e o congelamento de investimentos em infraestrutura, salário e cursos de capacitação é a nossa pedra no sapato.

      Excluir
    2. Bom dia, Maria Evilene. Obrigada pelas considerações. No meu ponto de vista, a Pandemia nos trouxe uma oportunidade para repensar o papel da escola e dos pais, que muitas vezes terceirizam para a escola o dever de educar. Também nos leva a refletir sobre o modelo de educação adotado, que muitas vezes não prepara o aluno para enfrentar situações semelhantes à atual crise provocada pela COVID-19. E, por fim, frente a todo o negacionismo protagonizado pelo atual governo, a principal lição que podemos tirar da Pandemia é de que não podemos menosprezar a ciência!(Ariana Lopes Santos Silva)

      Excluir
  11. Bom dia Cristhiano e Ariana, primeiramente parabéns pela abordagem desse tema,assunto bastante delicado, realidade que estamos vivendo nesse memento infelizmente em volta a essa pandemia, quando muitas escolas foram obrigadas a pararem suas atividades via decreto do governo estadual, Assim, essas escolas tendo que adotar métodos totalmente online onde muitos alunos de ensino público se quer tem acesso a recursos tecnológicos como computadores, celular etc...onde também temos uma internet de péssima qualidade que fica fora do orçamento desse aluno de baixa renda, como vocês citam no artigo que o mesmo acaba ignorando as aulas online que a instituição adota para o mesmo, sendo que parte dessa educação vem por influência dos pais, devido a isso eu gostaria de saber se haveria possibilidade pós-pandemia de ser criados métodos por parte da instituição ou professores para que esses pais esteja mais preparados e adaptados para encarar essas novas tecnologias futuramente ?
    André Sales Mileo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, bom dia André.
      Você toca numa questão bastante interessante. Que são os pais.
      Sabemos que muitos resistem ou tentam abdicar de uma responsabilidade, inclusive de matéria constitucional, quanto a educaçao como responsabilidade do Estado e da Família.
      Um ponto interessante, nesse sentido, seria tornar a participaçao dos pais na realidade das escolas obrigatório. E não apenas esporadicamente em reuniões como entrega de notas. Como uma possibilidade de reeducação dos familiares.
      Outra possibilidade, talvez, poderia ser feita através da oferta de aulas de computação na própria escola, e que pudesse ser acessível inclusive aos próprios familiares.
      Seriam possibilidades... neste caso um grupo de especialistas, a serviço para o Estado, poderiam compor uma discussão mais minuciosa, se essa fosse seu interesse, para se chegar a uma conclusão mais eficiente que correspondesse a realidade específica de cada família.

      Cristhiano Teixeira

      Excluir
    2. Bom dia, André.

      A atual legislação brasileira pertinente a educação prevê um modelo democrático de gestão escolar, mas, na prática, vemos que essa gestão não considera alguns elementos básicos, por exemplo, a efetiva participação dos dos pais na comunidade escolar. Muitas vezes também os professores não são ouvidos na tomada de decisões, o que dificulta a interação.
      O exercício democrático é o mais adequado na distribuição de poder e na efetivação do modelo escolar. Por isso, acredito que todos os atores interessados - gestores, professores, pais - devem participar das decisões concernentes ao planejamento escolar e juntos encaminhar solicitação ao Poder Público de verbas para expansão e aprimoramento de novas tecnologias para alcançar não somente os alunos, mas também aos seus pais, a fim de prepará-los para situações como a atual. (Ariana Lopes Santos Silva)

      Excluir
  12. Bom dia Cristhiano e Ariana mais uma vez aqui para tocar em assunto bastante importante que vocês citam no artigo sobre o desconhecimento por parte dos professores sobre uso de tecnologias em sala de aula, como sabemos as tecnologias sempre existiram, mesmo que não reconhecidas por essa nomenclatura. Elas são as ferramentas que usamos para solucionar, da melhor forma questões as quais levariam talvez muito tempo para resolvê-las, tornando mais prático e confortável o processo de excussão das nossas atividades diárias. As novas tecnologias estão em todo e qualquer lugar, seja em fábricas ou nas demais empresas dos mais diversos segmentos, não ficando de fora, é claro, o setor educacional, influenciando no processo de ensino-aprendizagem. Sabemos que essas ferramentas vêm a facilitar a forma do trabalho dentro e fora das escolas, o que não quer dizer que essa facilidade seja vista por todos com bons olhos, pois, há uma grande quantidade de profissionais da educação, principalmente professores, que não aceitam as novas tecnológicas como instrumento transformador na sua prática pedagógica. Essa rejeição muitas vezes se dá devido à falta de conhecimento, por parte desses, sobre a forma como utilizá-las para adquirir praticidade no processo de ensino-aprendizagem. Se as novas tecnologias educacionais não são usadas torna cada vez mais difícil o processo de inclusão digital tão discutido e esperado. O que não quer dizer que o uso desordenado dessas tecnologias será bem aproveitado, pois o que importa é saber usar-las , devido a isso eu gostaria de saber quais seria os pontos que você acredita que poderia ser melhorados para essa falta de preparo e falta de equipamentos e conhecimentos técnicos dos professores para a orientação desse processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos trabalhados em sala de sala ?

    André Sales Mileo

    ResponderExcluir
  13. Boa tarde André, mais uma vez.
    Sempre um prazer aprofundar nossas discussões.
    Acredito, sublinhando meu ponto de vista, como já reforcei, que o primeiro passo seria investimento (equipamento, internet de qualidade, etc.).
    Segundo seria justamente o processo de curso de qualificação e capacitação com boa remuneração aos professores. Pra que em seguida os professores pudessem utilizar as ferramentas no processo de ensino-aprendizagem com os alunos (vídeos, jogos, filmes, tarefas, entre outros). Inserindo o aluno definitivamente no universo da linguagem virtuais.
    Acredito que esse caminho, bem orientado e com investimento, poderia suprimir esse atraso. Nao que isso pudesse substituir as aulas com conteúdos, já que ambas devem ser trabalhadas de maneira integrada sem se desvincular uma da outra.

    ResponderExcluir
  14. Olá Cristhiano e Ariana, primeiramente lhes parabenizo pelo seu texto que nos traz reflexões de grande importância e altamente necessárias para pensarmos o ensino em tempos de pandemia. Estes dias participava de um evento onde estavam presentes dois secretários da educação, e se discutia sobre as adaptações que os professores e alunos devem fazer para se encaixarem neste nosso contexto que envolve ensino a distância. No entanto, acredito que deve ser justamente o contrário, que devem ser as políticas educacionais e a educação que devem ser pensadas considerando as diferentes realidades dos alunos e professores e a grande desigualdade que impossibilita um acesso uniforme aos meios tecnológicos. Partindo desta premissa, quais as “saídas” que podemos vislumbrar para este atual cenário de ensino de história em contexto de pandemia que considere as diferentes realidades dos alunos e professores?

    Gerlane do Nascimento Mendes

    ResponderExcluir
  15. Boa tarde Gerlane.
    Primeiro, gostaria de dizer que compartilho dessa premissa sobre a importância de se considerar as realidades em sua forma múltipla e diversa.
    Como já destaquei em outros bate-papos com outros colegas-leitores, considerei este ponto a partir de uma antiga, porém recente,crítica levantada por Paulo Freyre quando trata de inclinar defesa por uma ação mais libertadora, e dialógica. Em prol de um futuro como resultado de um projeto de luta e muitos esforços. Pela necessidade de um sujeito da autonomia. Autosuficiente. Liberto. Processo, que, segundo ele, ocorre através da linguagem. Para se alcançar de fato a democracia, ja que considera, nesse ponto, que toda forma de educação é um ato político e vice-versa.
    Neste sentido ele quer dizer dessa forma de sociedade que se assume do processo de libertação e democratização.
    Que implicaria na formação de decisão, de vontade política da população, de forte mobilizaçao coletiva, enfim...

    Acho que a atualidade da obra de Freire corresponderia a sua dúvida.
    Esse processo a que ele faz referência vai de encontro a essa sociedade de muitas personalidades e com muitos diferentes problemas (como no caso das distorções econômicas), plural, fragmentada...


    ResponderExcluir
    Respostas
    1. De fato a obra de Freire nos nas refletir sobre estas questões de forma muito atual. Muito obrigada pela resposta, foi bastante esclarecedora. Abraço

      Gerlane do Nascimento Mendes

      Excluir
  16. Tendo em vista um acontecimento histórico como este, no qual o mundo enfrenta um caos devido esta crise pandêmica, onde a mesma infelizmente não está sob o nosso domínio para ser erradicada rapidamente, é imprescindível sempre procurar medidas para enfrentarmos e nos adaptarmos a uma nova realidade que permanecerá futuramente no cotidiano das pessoas, neste caso, especialmente dos docentes e discentes no processo de ensino-aprendizagem (não excluindo aqui a necessidade de participação das famílias).
    É sabido também a necessidade de sempre cuidar da saúde mental para evitar possíveis prejuízos. No entanto, é notório que infelizmente várias pessoas já enfrentavam problemas psicológicos e estes tiveram graduais agravamentos durante a pandemia, não só no que concerne os abalos provocados no âmbito​ educacional e consequentemente no processo de ensino-aprendizagem (como foi muito bem destacado no texto o agravamento visível das desigualdades sociais no país no que concerne as possibilidades de acesso e participação), mas também no âmbito externo em geral.
    Portanto, considerando os alunos que continuam tendo aulas por meios de espaços virtuais e também os que continuam estudando por conta própria com os recursos que dispõem, quais metodologias de estudo podem ajudar a potencializar o aprendizado dos alunos neste momento de instabilidade emocional?
    Grata,
    Eugênia de Jesus Sá.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite Eugênia. Tudo bem?
      Eu sou meio suspeito pra tratar resolver essas questões metodológicas, principalmente como num manual prático de ensino-apredizagem.
      Meu entendimento sobre metodologia está mais direcionado as capacidades do conhecimento científico, do método como um processo e não no sentido de um manual de formação das capacidades técnicas e profissional.
      Os conteúdos são imprescindíveis na formação intelectual do aluno. Bom, acredito que nesse momento tão delicado devemos garantir que os alunos não saiam prejudicados.

      Excluir
  17. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  18. Olá, Cristhiano e Ariana! Parece que nós professores estamos atônitos ainda com o modo como a Covid-19 mexeu com nossas vidas. Sabemos há muito que essas desigualdades existem, e que nossa educação tradicional mal a mascara. A impressão que tenho, pessoalmente, porém, é que muitos de nós está mais preocupado com como a pandemia nos obriga a sair de uma zona de conforto em que podíamos ao menos nos conformar em "fazer a nossa parte". Digo isso, em especial porque muitas vezes o problema do EAD vem sendo encarado apenas pela falta de acesso (e digo "apenas" não porque ache que seja um problema menor, porque, como vocês mostram, é realmente muito grave, mas porque é apenas um dos muitos problemas) não se levando em consideração, por exemplo, que é uma modalidade que requereria toda uma reestruturação didática e metodológica, e não apenas uma "transposição". Penso que neste momento nossa tarefa é gigantesca, porque além de pensar nas soluções a curto prazo, esse deveria ser o momento para repensarmos toda a educação, a forma da escola, das aulas, a nossa interrelação no ambiente escolar, sem que, mais uma vez, tudo recaia nas costas do professor, visto individualmente. Acredito, assim como vocês, que Paulo Freire nos ajude a pensar nesse sentido. Vocês têm visto no mundo algum exemplo nesse horizonte? Porque a ONU, só pra dar um exemplo, tem colocado a questão da EAD como a solução do futuro, sem fazer qualquer dessas críticas.

    Larissa Leal Neves

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite Larissa. Que bom vê-la por aqui.
      Parece que esse problema da EAD se tornou hoje um problema mais real. Se não fosse a pandemia talvez estivéssemos apenas, como em muitos casos, fantasiando o uso da tecnologia nas escolas.
      Hoje nos deparamos de fato com a falta de conhecimento para lhe dar com esses casos emergenciais. Talvez esse seja o nosso principal problema, pois só discutimos as possibilidades de resolver o problema quado o problema já se tornou realidade. Nao acredito que um dia a EAD possa substituir definitivamente as aulas presenciais, isso seria um erro. Nem mesmo os países mais desenvolvidos no uso da tecnologia na educação apontam para esse futuro da EAD. Mas deveríamos há muito tempo, pelo menos, ter criado algum tipo de plataforma de acesso que pudesse servir em casos excepcionais.o que mais me dói mesmo é que na maioria das escolas de ensino fundamental existem salas de informática, ha um tempo que o governo investiu na compra dos equipamentos, porém, hoje, o que temos é um amontoado de coisas velhas, sem nenhuma assistência técnica. Investiram muito na compra dos equipamentos, mas nao contrataram especialistas para atuarem na orientação dos alunos no uso dos aparelhos.
      É uma utopia achar que as escolas incentivam o uso das tecnologias. Por diversas vezes fui testemunha de casos em que a própria direção negava o acesso dos alunos aos aparelhos, ou que os aparelhos se encontravam inutilizados ou simplesmente não tinha equipamento suficiente para atender e suportar pelo menos metade de uma turma.
      De fato, concordo, com muitos professores que se recusam abdicar a sua 'zona de conforto'. Mas isso também pode ser um reflexo dessa carência de atividades, de suporte ou de plataformas específicas para o ensino público que permita a interação entre professor e alunos.
      Vejo que a falta de intimidade e de costume de uso da tecnologia pelos professores, a falta desse hábito, na maioria das escolas públicas cria esse ambiente distorcido e de desfavorecimentos.


      Excluir
    2. Concordo, Cristhiano. O problema já está aí há muito tempo, e foi sendo protelado até chegar a esse ponto, em que mais do que nunca precisamos dessa alternativa, mas não sabemos usá-la e muitos ainda continuam sem acesso e, de fato, não se soluciona nada antes de criar o problema. Também penso que as aulas presenciais serão sempre imprescindíveis, mas também vejo que não na quantidade em que temos hoje, e rever isso é rever toda a forma como a educação se organiza. Vejo, por exemplo, a necessidade de instituir definitivamente a dedicação exclusiva, já tão importante para o aumento da qualidade do trabalho do professor, e agora como uma forma de diminuir riscos de saúde, ao diminuir a quantidade de alunos com que temos contato diariamente. Mas, é claro, isso não pode acontecer sem que haja garantia do salário digno, que continua sendo uma das maiores lutas da categoria. Enfim, penso que é um trabalho de longo prazo mesmo, e, infelizmente, neste governo não vemos possibilidade de qualquer mínima solução.

      Excluir
  19. Ótima publicação!

    É de extrema importância todos os pontos exclamados no texto de vocês. A pandemia causada pelo novo corona vírus nos mostrou ainda mais o descaso com todas as áreas do conhecimento em nosso país e a distância de realidade de quem tem acesso ao conhecimento e quem não tem.

    Grande exemplo disso foi a propaganda do Enem 2020, que praticamente falou “Se você tem acesso a aulas e cursos virtuais ótimo e se não o problema não é nosso” ignorando totalmente a luta diária da maioria dos estudantes que não possuem internet em casa e dependem exclusivamente da escola e dos professores em sala de aula presencial para estudar e desenvolver seus conhecimentos.

    Depois de muitos protestos de pessoas anônimas e famosas, o adiamento do Enem de 30 a 60 dias foi confirmado hoje pelo INEP (20 de maio de 2020), mas fica o questionamento: Esse tempo é o suficiente para os estudantes sem os meios necessários se recuperarem?

    Nos últimos dias em diferentes redes sociais, os estudantes estão pedindo a suspensão das aulas online, afirmando que não estão surtindo efeito e apontando os problemas enfrentados pelos alunos da rede pública. Com isso diversos debates sobre desigualdade social e privilégios estão sendo levantados: Na opinião de vocês qual a melhor maneira de responder a esses pedidos e como o sistema educacional seria afetado com todo o tempo de atraso?

    - Letícia Freitas Britto

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, boa noite Letícia.
      De fato tenho consciência de que há muitas críticas de pais e alunos em relação as aulas onlines.
      Mas acredito que nao seria responsável também suspender por definitivo essas aulas.
      O efeito não é o mesmo que as aulas presenciais. No caso de alguns alunos que já reclamavam das aulas presenciais, agora também fazem vista grossa e também recusam este tipo de aula. Sao muitos e variado os casos...
      Acho que o atraso ele vai existir. Porém, neste momento de delicadeza e coletividade, por outro lado, também se espera que este momento possa ser de dedicação e superação para aqueles que podem ter a posdibilidade de nao interrompimento dos seus estudos.


      Excluir
    2. Bom dia, Letícia. Agradeço os questionamentos.
      Quanto à suspensão do ENEM, acredito que o tempo estipulado pelo Governo é insuficiente para reparar os prejuízos provocados pela suspensão das aulas, uma vez que não há como dimensionar quais serão esses prejuízos. O ideal seria manter o exame suspenso e aguardar a evolução do quadro de interrupção das aulas de um modo geral, uma vez que o retorno das atividades escolares podem acontecer primeiro em alguns Estados e em outros não, o que também provocará desigualdade nas condições de realização do exame por parte dos alunos. (Ariana Lopes Santos Silva)

      Excluir
  20. Boa noite, Ariana e Cristhiano. Tudo bem?
    Gostei muito da reflexão que foi feita. Bastante necessária.
    Fico pensando também sobre o problema estrutural. Já que "tocou" neste ponto, tenho feito alguns questionamentos. Em relação a pós pandemia com as creches municipais, uma vez que, quem precisa dessa instituição são pessoas de baixa renda, como serão as creches quando passarmos esse período? No retorno? Aí na cidade de vocês há algum comentário sobre? Faço essa pergunta porque é um público bem específico. Inclusive, nesse período de pandemia, foi feito alguma proposta, teve plano da Secretaria da Educação,ou pela direção da creche em relação ao dia dia das crianças, de forma que os pais incentivem no desenvolvimento das crianças em casa? Gostaria de saber alguma experiência em relação a creche. Se souber e puder compartilhar, agradeço. Erine Estevam de Santana.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite Erine. Como vai?
      Muito importante sua preocupação com a situação das creches no período pós-pandemia.
      Mas acho também complicado formular algum tipo de previsão sobre uma questão tão especifica.
      Confesso que nao tenho informações suficientemente relevantes sobre a situação das creches, mas creio que estas serão uma das últimas instituiçoes a retomarem as suas atividades.
      Acredito, e assim espero, que as creches, quando retornarem, deverão assumir todas as responsabilidades possíveis quanto a higienização dos seus espaços.
      Os pais, nessa posiçao, devem assumir seus papéis na formação dos seus filhos. Nao só neste momento de pandemia, mas ao longo de todo seu desenvolvimento como já é previsto.
      Acho muito importante dar atençao aos pequenos e mante-los envolvidos com atividades diversas, a estas crianças com a idade das creches acredito que o uso das 'brincadeiras' sejam os melhores meios para garantia do seu desenvolvimento.

      Excluir
    2. Bom dia, Erine. Agradeço suas perguntas, que são de grande relevância para o atual momento, inclusive, me fez refletir sobre a realidade de minha cidade quanto a esse ponto. O que tenho observado é que não houve muita preocupação por parte do governo local quanto a esta etapa de ensino, ou seja, as creches foram simplesmente fechadas e as crianças estão sob integral cuidado dos pais ou parentes. Esse fato tem inclusive afetado os pais, que precisam trabalhar e não tem com quem deixar as crianças. O que percebemos é uma omissão do poder público quanto à assistência aos pais e crianças matriculadas nas creches. Quanto ao desenvolvimento das atividades das crianças, são atividades iniciais, que não demandam planejamento e mediação por parte dos professores, portanto, os pais podem assumir esse papel, uma vez que a formação dos filhos também é de suas responsabilidades.

      Excluir
  21. sabemos que em virtude dessa pandemia tudo mudou, entre essas tais mudanças se faz presente o isolamento social, fechamento de pontos comercias, desemprego entre outros mundial, local e global. e dentro desse âmbito se inclui também a educação, por conta disso, o que você diz a respeito das dificuldades que serão enfrentadas no ano letivo do aluno.
    Adriele Fonseca Silva

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bom dia, Adriele.
      Acredito que a maior dificuldade será recuperar o conteúdo por parte daqueles alunos que não tiveram um acesso adequado ao EAD, o que, com certeza, lhe trará enormes prejuízos, dada a nítida desigualdade de acesso ao ensino.

      Excluir
    2. (Ariana Lopes Santos Silva)

      Excluir
  22. Bom dia Adriele
    Bom, de fato a qualidade do ano letivo vai ser afetada negativamente.
    Porém, demonstra que o sistema educacional está totalmente atrasado, despreparado, em relação aos usos efetivos das novas formas de lingugens numa era tecnológica que vivemos.

    CRISTHIANO TEIXEIRA.

    ResponderExcluir
  23. Boa Noite!!!
    Parabéns pelo excelente texto!
    Quais tipos de mudanças poderão surgir na educação, quando passar esse surto da Covid-19? E qual impacto pode surgir sobre o ensino à distância no Brasil, depois que passar essa pandemia?

    NEUDIANE PEREIRA DOS SANTOS

    ResponderExcluir
  24. Boa noite Neudiane.
    Entendo que sofreremos mudanças profundas, mas naobde imediato. Isso vai depender de muita luta, como tá no nosso dna.
    Neste momento acredito ser muito difícil estabelecer um prognóstico, mas mudanças serão necessárias a patir de hoje.
    Vai depende muito da nosa participão na luta, nossa pressão a partir de agora será muito importante.

    ResponderExcluir
  25. Gostei muito do texto

    Minha pergunta é:

    Você considera que o sistema EAD, possa continuar ganhando força e vir a se tornar como principal método de ensino no futuro? Seria mais eficiente para os alunos?

    Daniel Augusto Pereira Garcia

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.