Ângela Pessôa Gomes Corrêa


CONTROVÉRCIAS DA ESCRAVIDÃO NA HISTÓRIA DO BRASIL NO SÉCULO XV AO XVI



Ao observar as salas de aula, durante os estágios obrigatórios para obter o diploma de Licenciada em Historia, pude ter um melhor entendimento do porque os alunos universitários terem tanta dificuldade na compreensão, leitura e interpretação critica dos textos apresentados a eles, durante o curso de História.

Com as leituras dos livros de Paulo Freire, Circe Bittencourt e Selva, eles falam claramente que para obter a atenção e o interesse dos alunos, a criatividade dos professores, ao preparar uma aula, deve ter um toque de reflexão e critica, para alcançar a pratica da cidadania, observando as controvérsias, neste nosso caso a Historia do Brasil.

A seguir, farei um roteiro, que a princípio é um ensaio de projeto, que poderá ser aplicado, em uma semana de debate da “Consciência Negra”, para o Ensino Fundamental II ou para o Ensino Médio. Sendo indispensável que os alunos tenham a compreensão sobre alguns temas da Historia do Brasil e da Historia Geral como: - A expansão comercial européia dos séculos XV e XVI [especialmente a portuguesa] – O mercantilismo e o sistema colonial [especialmente as características referentes a Portugal e Brasil]– A atuação das ordens religiosas no inicio da colonização brasileira [especialmente a Campanha de Jesus] – Fatores como o êxito da empresa açucareira [técnica de produção, mercado, financiamento, mão de obra] – O comercio colonial e a importação do tráfico de escravos vindos da África.

Sugestão para o debate: questão geradora
Por que foi introduzida a escravidão negra no Brasil colônia?

1° Etapa:
CONTROVERSIAS DA ESCRAVIDÃO NA HISTORIA DO BRASIL
- Eis a questão:


  Gravura 1 – aldeia tapuios [Fonte: Rugendas, J.M. – Viagem Pitoresca através do Brasil]
A gravura 1, reproduz uma cena da vida rural, pondo em primeiro plano, um grupo de índios já quase civilizados, sob orientação de um missionário. É um exemplo de imagem romântica que os europeus faziam do Brasil: a atração pela natureza tropical e a visão do índio como um “bom selvagem” que leva uma vida pacata no meio da natureza.


Gravura 2 – castigo público na praça de santana [Fonte: Rugendas, J.M. – Viagem Pitoresca através do Brasil]

A gravura 2, retrata um realismo na cena da vida urbana da escravidão, que tanto chocava os europeus que viajavam pelo Brasil. A violência do castigo cria um contraste com a indiferença das pessoas ao redor que simplesmente assistem ao espetáculo. De todos os quadros pintados por Rugendas, este é o que revela sua revolta e indignação.

Ao observar as gravuras 1 e 2; elas mostram algumas situações especificas do negro e do índio na época do Brasil Colônia e de como o pintor alemão Johann Moritz Rugendas, que veio ao Brasil em 1825, isto é, no final do Primeiro Reinado, quando o pais iniciava em sua fase de independência e a sociedade permanecia ainda rural e mais escravista, apesar de ocorrer um certo aumento do comercio com a Europa e o mundo ocidental.

- Questionamento para os alunos:
Como as diferenças entre a situação do negro e do índio tal como foi retratada nas gravuras?
Por que motivo o negro está sendo castigado? Você observa a mesma situação com o índio?
Além de índios e negros, você nota a presença nessas gravuras de outros elementos? Quais são eles em cada gravura e o que estão fazendo?
A partir dessas observações, você acha que só o negro foi escravizado?

- Análise e discussão:
Durante a análise e discussão o professor deverá estar atento para as respostas, que devem contemplar alguns aspectos como:
As gravuras foram feitas pelo mesmo Autor e na mesma época, no entanto são bem, a gravura 1 mostra um cenário do interior do Brasil, em que um grupo indígena está sendo catequisado por um missionário. Observe a presença da civilização dos brancos: as construções, as ferramentas, as roupas, o próprio missionário e os trabalhadores negros no fundo. Os índios estão em liberdade. Já na gravura 2, apresenta uma cena da vida urbana, um castigo em praça pública, no Rio de Janeiro. A atenção se volta para a condição dos negros escravos, submetidos aos castigos, cercado pelos edifícios e meios de transporte. A escravidão é o tema principal desta pintura.

O castigo era frequente e aplicado aos escravos que fugiam do cativeiro ou praticavam alguma irregularidade, como o roubo. A gravura não dá o motivo, que poderia ser um simples capricho do senhor, mas evidencia um lado desumano, o sentido de um espetáculo de advertência, que atrai muitas pessoas. Ao contrário da gravura 1, o índio está em uma situação bem melhor, protegido pelo missionário. Vive em contato com a natureza, conservam alguns dos seus costumes e não exerce uma atividade importante para os donos da terra. Em segundo plano, mostra os trabalhos eram executados pelos negros.

Partindo das observações das gravuras, percebe-se que o índio não foi escravizado por dois motivos: primeiro, por que estavam sob a proteção do missionário, isto é a Igreja e segundo, eles viviam no meio da natureza, em organização tribal e dá a impressão de que eram impróprios para o trabalho obrigatório, pois “vive na inocência”.

2° Etapa:
Os textos devem ser distribuídos aos alunos, para que possam acompanhar a leitura e o debate.

- Texto n°.1

“O pau-brasil, tirado das matas brasileiras, foi o nosso primeiro produto de valor comercial, explorado pela Europa, na primeira metade do Século XVI. Era encontrado nas matas do litoral, desde a baía do Rio de Janeiro até a altura do cabo de São Roque [...].
A extração da madeira era feita por índios. Buscavam o pau-brasil nas matas, derrubavam as árvores, cortavam os troncos em pedaços e os levavam para as feitorias. Ficavam empilhados nos pontos mais procurados pelos navios [...]. Como a extração da madeira era feita pelos índios, e eram os índios que conheciam as matas, os portugueses os obrigaram a fazer esse trabalho, escravizando-os. Foi uma das razões pelas quais os índios passaram a odiar os brancos e a se revoltar. [...]

Com o grande desenvolvimento da cultura açucareira, começou a faltar gente, a faltar mão de obra. Os portugueses, tentaram continuar a servir-se dos índios, mas estes não estavam acostumados a trabalhos agrícolas e detestavam permanecer por longo tempo executando o mesmo serviço. Não resistiam ao trabalho obrigatório: ou morriam ou fugiam, indo reunir-se a índios inimigos. Os jesuítas, por sua vez, contribuíram para uma falta ainda maior da mão de obra, atraindo os índios para as missões.
Por essa razão, a coroa portuguesa, que estava interessada no aumento da produção de açúcar, favoreceu a importação de escravos negros da África. Em princípios do Século XVI foi iniciado o comercio de escravos para o Novo Mundo. A Espanha os introduziu na América espanhola [Antilhas] e Portugal no Brasil.

A partir de 1549, foram importados negros em quantidade, para as capitanias da Bahia e de Pernambuco; eram vendidos aos lavradores e aos senhores de engenho a preços vantajosos para os comerciantes, que os traziam da África. Com os lucros da venda do açúcar, os senhores compravam mais escravos, aumentando a produção do engenho.
A utilização dos escravos africanos deu resultados. Os negros eram mais resistentes do que os índios, já estavam habilitados aos trabalhos agrícolas e acostumados à escravidão, que existia na África. A região norte se desenvolveu muito, com o braço do negro escravo. Esse foi um dos motivos do seu rápido enriquecimento e do empobrecimento da região sul. As capitanias do Sul não puderam comprar escravos negros, porque custavam caro. E continuaram a servir-se do indígena, tendo necessidade de ir busca-lo cada vez mais no interior”. [Holanda, 1995]

-Perguntas para os alunos analisarem juntos:
Como o autor explica a introdução da escravidão pelos colonos portugueses no Brasil?
Por que o índio se adaptou à escravização durante a extração do pau-brasil, mas não nos trabalhos agrícolas da cultura açucareira?
Por que deu certo a utilização do escravo africano?
Qual foi a atuação dos jesuítas e da Coroa portuguesa em relação ao problema da mão-de-obra [indígena e africana]?

-Analise e respostas, devem contemplar:
Pelo grande desenvolvimento da cultura açucareira, a agricultura exigia um trabalho mais organizado e constante que a extração do pau-brasil, para que o aumento da produção do açúcar, era necessário um grande número de mão-de-obra.

Durante a extração do pau-brasil, o índio exercia uma atividade simples, a que ele já estava habituado [a coleta da natureza], com certa liberdade e eles suportavam as tarefas de cortar e trazer a madeira, apesar de obrigados a isso como escravos. Na agricultura, viam-se em uma situação mais complicada, estranha a seus hábitos; morriam com facilidade, por falta de resistência, ou fugiam para as matas.

Os motivos que levaram a escravidão dos negros africanos, é que muitos já trabalhavam na agricultura em suas regiões de origem [África] e com a venda do açúcar se podia pagar o preço alto dos escravos.

Os índios contavam com a proteção das missões jesuítas, que impediam que os colonos aprisionassem os índios, por isto é que agravou a falta de pessoas para trabalhar. A coroa portuguesa desejava aumentar a produção de açúcar que lhe traria benefícios, daí permitiram a importação de escravos africanos para o Brasil. O enriquecimento permitiu o emprego de escravos negros, que custavam caro, isso no Nordeste, ao contrário do sul do Brasil, onde as dificuldades econômicas obrigaram os colonos a utilizar o trabalho indígena e também a penetrarem cada vez mais no interior à procura de novos cativos.
- Texto n°.2

“Um dos aspectos mais dolorosos da História do Brasil foi o trabalho escravo, introduzido em nossas terras desde a época da descoberta. Não constituímos, deve-se lembrar, uma exceção nesse particular. Nas colônias francesas, inglesas, espanholas e de outras nações o mesmo sistema era empregado. Um dos principais pretextos para a utilização dos escravos era a afirmação de que os homens de raça branca não seriam capazes de realizar pesados serviços braçais em nosso clima. Com este argumento e outros semelhantes, os colonos aprisionavam os índios e os obrigavam a trabalhos a que eles não estavam habituados. Algumas ordens religiosas, notadamente a dos jesuítas, procuravam lutar contra a escravização, despertando com essa atitude a hostilidade dos colonos. Certas pessoas aconselharam a importação de cativos africanos que, apesar de seu preço elevado, foram introduzidos em regular número nas lavouras da Bahia e do Nordeste, na segunda metade do século XVI.

Vieram de Portugal ordens severas, proibindo a escravização dos índios. Os colonos portugueses, entretanto, sempre arranjavam pretexto para burlar as proibições, ora aproveitando-se da lei que lhes permitiam proteger os nativos da terra, ora provocando conflitos, pois era-lhes permitido transformar em escravos os prisioneiros feitos em guerras justas. O próprio prestigio dos jesuítas não os impediu de agir dessa maneira pouco humana. [...]

Na época do descobrimento do Brasil a escravidão era normalmente praticada em diversas populações africanas que tinham contato com os portugueses e outros europeus. Quando se iniciou o movimento visando substituir, em toda a América, os trabalhadores índios pelos resistentes escravos negros, o comercio destes últimos já era bastante ativo no litoral da África. Os próprios reis ou chefes de tribos desse continente, frequentemente ofereciam à venda os prisioneiros de guerra, e, às vezes, pessoas do próprio povo. À medida que o apresamento de escravos se tornava mais rendoso, ia aumentando o número de expedições especialmente destinadas a trazer os cativos aos portos de embarque. E algumas cidades chegaram a experimentar notável prosperidade, graças a tão desumano comercio. [...]

O transporte de pessoas destinadas ao trabalho forçado não se fez apenas para o Brasil. Foi praticado por todas as nações da Europa que possuíam colônias, tais como a Inglaterra, França e Espanha. Era, naquelas épocas, um sistema que muita gente condenava, mas que dava grande lucros e por isso os governos o permitiam e até o estimulavam”. [Lobo]

- Perguntas para a interpretação do texto:
Segundo o Autor, o emprego do trabalho escravo foi uma inovação de Portugal na colonização do Brasil?
Por que motivo recorreram os colonos ao trabalho escravo do índio e do negro?
Como se explica a introdução no Brasil de negros africanos para serem escravos?

- A interpretação do texto, deverá contemplar algumas considerações:
A Inglaterra, a França e a Espanha empregavam a escravidão em suas colônias e praticavam o tráfico de escravos negros. Na época do descobrimento do Brasil, a escravidão também já existia na África: os chefes das tribos vendiam os prisioneiros de guerra e gente de seu próprio povo.
O preconceito de origem racial, segundo o qual brancos não serviam para trabalho braçal num pais de clima tropical, o que era pretexto para justificar a utilização de escravos. A necessidade de mão-de-obra para a lavoura.
- Texto n° 3
“O negro: base da colonização
Embora o índio tenha sido um elemento importante para a construção da colônia nos seus primeiros tempos, o negro logo o suplantou, construindo o trabalho de africanos e seus descendentes o pilar mais solido sobre o qual se erigiu a sociedade brasileira.

Em alguns pontos do território, o índio chegou a ser mais fundamental que o negro, como mão-de-obra. Em São Paulo, até ao final Século XVII, quase não encontravam pretos, e os documentos da época que usavam o termo ‘negros’ referiam-se na verdade a índios, pois a palavra foi comumente utilizada para designar quaisquer elementos das raças dominadas. Nos primeiros tempos do Rio de Janeiro, até à segunda metade do Século XVII, a mão-de-obra nativa era também amplamente predominante e sua escravização chegou a despertar polemicas e conflitos entre os colonos e algumas autoridades eclesiásticas.

O mesmo se deu nas regiões setentrionais do Brasil, Maranhão e Pará, onde o tráfico negreiro só se tornou regular nas últimas décadas do século XVIII. Lá também o índio foi muito utilizado, de maneira quase exclusiva, tornando-se objeto de acirradas disputas entre jesuítas e colonos.

 Mas o predomínio do escravo negro foi total nas grandes áreas açucareiras da Bahia e da Zona da Mata nordestina, generalizando-se mais tarde para toda a base da economia exportadora do Brasil.

Devido a esse predomínio, alguns autores chegaram a ensaiar uma pseudo explicações para a ‘preferencia’ dada ao negro como trabalhador. Analisaram tais setores as características físicas e culturais dos elementos das raças subordinadas, de maneira claramente racista, para chegar à conclusão ou de uma pretensa ‘superioridade’ do negro no eito, ou de uma suposta ‘indisposição’ cultural do índio para o trabalho da lavoura. Como se o trabalho não fosse escravo e os índios pudessem ‘escolher’ a atividade para a qual estivessem mais aptos. [...]

Os  progressos atuais da antropologia já atribuíram ao limbo todas esses raciocínios, que aliás nem teriam sido feitos se se tratasse realmente de um trabalho historiográfico profundo e não de manifestações da ideologia do colonialismo: bastaria aos historiadores de início do Século verificar o alto grau de aperfeiçoamento técnico e de produtividade do trabalho atingido pelos guaranis das missões jesuíticas platinas [já nessa época razoavelmente estudadas], para não formularem ideias sobre o ‘despreparo’ ou ‘indolência’ dos índios para a atividade regular.

Realmente essenciais para explicar o uso do africano são as estruturas e as práticas do mercantilismo portugueses na época do início da colonização. Desde os meados do Século XV os portugueses haviam estabelecido um comercio crescente de negros escravos para o reino, e depois também para as ilhas do Atlântico africano que se dedicavam ao cultivo da cana e outros artigos. Esse trafico, contando com praças comerciais poderosas, com um fornecimento regular de negros, com grandes somas investidas, dá grandes lucros ao mercantilismo luso, do qual era peça essencial. No início do Século XVI ele se voltou decisivamente para a América, dirigindo-se para as Antilhas e a outros pontos do Novo Mundo. A existência desse rendoso trafico foi, sem dúvida, a razão para o uso em larga escala do escravo africano nas lavouras brasileiras, cuja própria existência foi determinada pelo mercantilismo luso, tendo por tanto que se subordinar aos mecanismos deste”. [Mendes, 1977]

- Perguntas para análise do texto:
Para o Autor, qual é o fator que explica a introdução negra na colônia?
Neste texto, você nota diferenças entre o índio e o negro?
Pela leitura do texto, o trabalho do índio chegou a ser mais importante que o do negro?
Quais as críticas feitas pelo Autor às chamadas “pseudo explicações” do problema da escravidão?
Essas críticas podem ser dirigidas às interpretações contidas nos textos já estudados?

Durante a discussão desperte nos alunos a análise crítica dos textos analisados, como:
As estruturas e as práticas do mercantilismo português no Século XVI e a colonização do Brasil foi realizada para trazer lucros aos interesses comerciais portugueses. O tráfico negreiro, que vinha sendo praticado regularmente desde o Século XV, era uma peça essencial desses interesses. Portanto, a introdução da escravidão negra na lavoura colonial brasileira se deve à pressão desses mecanismos da política mercantilista que garantia um comercio rendoso.

Tanto o índio quanto o negro são tratados como raças dominadas submetida à escravidão, sendo o nome “escravo” atribuído a um e a outro. Suas características étnicas e culturais não justificam maior ou menor “adaptabilidade” ou trabalho compulsório.

O índio predominou no início da colonização. Em certas regiões, como São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e Pará, o trabalho indígena continuou fundamentalmente até o Século XVIII, diminuindo quando o tráfico de escravos se tornou regular nessas regiões.

Três críticas são apresentadas:
1° - Por ser uma explicação claramente racista, aquela que justifica a escravidão das raças dominadas esquecendo que essas não escolheram essa forma de trabalho, mas foram obrigadas e mantidas e mantidas sob controle.
2° - Por ser uma explicação baseada nas características físicas e culturais, aquela que sustenta a ideia preconceituosa de que o negro era predisposto para o trabalho braçal, enquanto o índio desvalorizava o trabalho [por uma suposta indisposição cultural].
3° - Por ser uma explicação parcial, aquela que não reconhece a eficiência comprovada da organização social dos índios guaranis que, nas missões jesuítas, desenvolveram a técnica e a produtividade e não se mostraram indolentes ou despreparados ao trabalho regular.

3° Etapa e conclusão
Nesta etapa os alunos deveram dar o seu ponto de vista pessoal sobre as controvérsias, eles deveram defender suas ideias, baseados em tudo o que foi apresentado, em um fórum de debates, na qual toda a turma deverá estar presente.

Eles deveriam ter uma análise crítica e responder à pergunta que gerou o debate “POR QUE FOI INTRODUZIDA A ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL COLÔNIA? ”

Referências
ARRUDA, José Jobson. História Moderna e Contemporânea. São Paulo, Ática, 1977. [livro]
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura, 1964. [livro]
HOLANDA, Sergio Buarque de. História do Brasil. São Paulo, Nacional, v.1. p.38-39, 1995. [artigo]
LOBO, R. Haddock. História do Brasil. São Paulo, Duas Cidades, s.d., p.41, 59 e 85. [artigo]
MENDES Jr, Rocari Maranhão. História – Texto e Consulta. São Paulo, Brasiliense, 1977. [livro]
RUGENDAS, J. M. Viagem Pitoresca através do Brasil. [livro]
TEIXEIRA, F. e Dantas. Estudos de História do Brasil – Colônia. São Paulo, Moderna, v.1, 1971. [livro]

21 comentários:

  1. Olá, Você comenta que é um ensaio de projeto que poderá se aplicado em um debate de Consciência Negra. Em sua análise da Figura I, você afirma que "os índios estão em liberdade", em seguida no próximo parágrafo você afirma que "os indígenas estão protegidos pelo missionário". Devo lembrar que por muito tempo os missionários empregavam eles como mão de obra e, faturavam economicamente principalmente com as drogas do sertão. Em sua opinião a partir de uma análise romancista e eurocêntrica, não é induzir o aluno a uma visão equivocada do processo de colonização? Gostaria que você comentasse.
    Diovani Furtado da Silva

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  2. Olá, voce inicia seu texto afirmando ser um projeto para se desenvolver diante da perspectiva da Consciência Negra. Em alguns trechos voce afirma que os "indios nao se adaptavam à escravidão", que eram "protegidos pelos missionários", mas vale lembrar que eles trabalhavam, como por exemplo, nas "missiones jesuiticas" na regiao sul no cultuvo de erva mate. Sobre os textos para a interpretação, talvez seria mais interessante vc ir atras de fontes documentais do século XVI e XVII, inúmeros padres, jesuítas, aventureiros, colonizadores vieram para o Brasil no período e relatavam o contidiano, destaco as obras do jesuíta portugues Fernão Cardim, Pe. Antonio Vieira, e Pe. José de Anchieta, que abordam inúmeros aspectos da colônia. Ao ler seu texto confundi seu objetivo, pois apresenta uma visão mais eurocentrica e amena sobre o processo de colonização, talvez nao tao interessante para uma semana de Consciência Negra. Gostaria de saber se vc considera ser uma melhor estratégia fazer uma abordagem mais leve sobre o tema.
    Gabrielle Legnaghi de Almeida

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  3. Olá Ângela e debatedores. Obrigado a todos, imagino que o texto seja um passo inicial e uma proposta metodológica, resultado de uma primeira experiência que traz consigo toda duvida e toda a possibilidade. Importante desenvolvermos o debate contributivo como vejo aqui. Precisamos aliar a criticidade e a contribuição historiográfica a metodologias de ensino de resultado, instigando nossos alunos e alunas. Abcs a todos.

    Everton Carlos Crema

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  4. Boa noite a todos.
    Logo no início do seu artigo Ângela, você comenta: “Ao observar as salas de aula, durante os estágios obrigatórios para obter o diploma de Licenciada em História, pude ter um melhor entendimento do porque os alunos universitários terem tanta dificuldade na compreensão, leitura e interpretação crítica dos textos apresentados a eles, durante o curso de História.”
    Estou nesse mesmo caminho atualmente, e infelizmente a pandemia do Covid 19 me prejudicou enormemente no meu processo de estágio. Mas ano passado, 2019, consegui estagiar em duas escolas, e ainda no final de 2018, pelo processo PSS, dei aulas por um curto período para dois 8ºAnos. Eu não estava preparado, mas a experiência foi impagável.
    Durante minha experiência como estagiário, senti uma tremenda apatia dos professores de História que acompanhei em sala de aula. Os professores não eram nada criativos ou dinâmicos, suas aulas eram enfadonhas e tremendamente chatas, tanto que os alunos, em sua maioria não davam a menor atenção.
    Minha primeira pergunta é: O que fazer para que os professores de História façam a diferença e sejam mais criativos e dinâmicos em sala de aula?
    Como sou um pré historiador e tenho muito ainda que aprender, muito que estudar, muito que ler, vou aproveitar esses espaço para melhorar minhas convicções ok?
    É correto num debate em sala de aula, Ângela, eu afirmar que os negros deram mais certo como escravos, porque, diferente dos índios que eram aborígenes, não conheciam a região e os costumes daqui, pois vinham de uma região que ficava “quase do outro lado do mundo”, ou seja, o Brasil era totalmente desconhecido para eles?
    É certo dizer que eles vindos “quase do outro lado do mundo”, apesar da mesma cor da pele, eles muitas vezes não tinham muito mais em comum, pois vinham de regiões africanas diferentes, com costumes, línguas e etnias únicas?
    Em relação aos índios, apesar de terem de certa forma proteção dos jesuítas em relação à escravização portuguesa, que outra vantagem ocorreu a esses povos, já que, com a catequização e a “civilização” dos nativos pelos missionários, perderam seus costumes, sua cultura e até suas vidas?

    At.te
    Sérgio Aparecido Lansa

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  5. Ola Ângela
    Por gentileza poderia explicar melhor sobre o que você quer dizer sobre
    os índios que não se adaptavam à escravidão e depois eram protegidos
    pelos missionários?


    Eliane Terezinha Piccolotto

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    1. Boa noite Eliane, obrigado por sua pergunta, os missionarios que virea nas primeiras caravelas rumo ao Brasil, vinham com uma missão clara de encontrar tudo oque foce lucrativo para ser confiscado pela igreja, vendo que índios, a principio eram puros e inocentes, isso é oque a literatura luminista que quer nos mostrar. que tudo era um mar de rosas. Os jesuítas protegiam os indígenas porque eles eram a o gps da selva para encontrar as pedras mais cobiçadas da Europa. A sploração do indio pelos jesuitas foi um presedente escandaloso e imoral para os descendentes que sofrem até os dias de hoje.
      Obrigado,
      Angela Pessoa Gomes Correa

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  6. Olá, tenho mais uma pergunta. Em sua primeira pergunta do ensaio, você afirma que os índios foram escravizados durante o período de extração do Pau Brasil, que na realidade houve uma relação de trabalho entre indígenas e europeus por meio do escambo (ou seja, trocas), até mesmo porque durante a extração do Pau Brasil, ainda não tinha começado o processo de colonização. Em outro parágrafo você afirma que os africanos eram mais resistentes e acostumados a escravidão que o indígena. Diante do exposto, em que você se fundamenta para tais afirmações preconceituosas e eurocêntricas? você acredita que essa visão é correta de se passar em sala de aula?
    Diovani Furtado da Silva

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  7. Olá, gostaria de dizer que esse espaço é justamente para os debates e além disso, haver contribuição de ambos os lados (comunicadores e leitores).

    Meu ponto de vista, é que sua escrita está muito voltada para o eurocentrismo,por exemplo, você cita muito sobre "descobrimento do Brasil" termo já em desuso. Sua fala está muito ligada ao palavreado dos livros didáticos, quando na verdade nos cabe como profissionais da área uma reflexão crítica dos conteúdos. Acho que você deveria ficar mais sobre a resistência dos índios e negros aqui no Brasil, pois percebi que no seu trabalho eles são por vezes demostrado na visão eurocêntrica, o que não é muito interessante para nós tampouco para os alunos.

    Eu pergunto, quais contribuições a exposição deste conteúdo no projeto de consciência negra trouxe para a comunidade escolar? Houve uma compreensão crítica por parte dos integrantes?

    Danúbia da Rocha Sousa

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  8. Boa Tarde, Ângela.

    Gostaria de pontuar algumas questões:
    1º Fico feliz em vê seu interesse pela temática (Escravidão no Brasil Colônia) tão importante e que precisa ainda ser bastante debatida.
    2º Concordo com você quando diz ser importante fazer uso de fontes diversas em sala com o intuito de favorecer a introdução do aluno no pensamento histórico. Dessa forma, não seria interessante antes de começar o debate a respeito do conteúdo fazer algumas indagações em relação ao documento e as imagens trabalhadas em si? Tais como: o que é um documento? Como e por quem foi produzido (a)? Com que propósito? Penso também ser importante trabalhar alguns conceitos antes mesmo de trabalhar textos e imagens. Concorda?
    3º Utilizar imagens, textos pode de fato tornar as aulas mais dinâmicas, porém se não forem bem trabalhados poderão ser tornar um método bastante embaraçoso e sem sentido. Você diz que o seu ensaio de projeto poderá ser debatido tanto com os alunos do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio. Você acha possível seguir esses mesmos roteiros com alunos de faixa etárias diferentes?
    4º Os textos ainda trabalham com uma visão muito eurocêntrica. E reafirmam alguns estereótipos (ex: Os negros eram mais resistentes do que os índios, já estavam habilitados aos trabalhos agrícolas e acostumados à escravidão, que existia na África) que a historiografia recente tenta combater. Os textos não permitem aos estudantes enxergarem o negro e o índio como sujeitos históricos ativos, que resistiram de diferentes maneiras a escravidão. Acredito que seria importante utilizar um texto ou uma imagem que façam os discentes perceberem também a outra realidade. O que você pensa a respeito.
    Muito agradecida,
    Bruna Lana Prado Velozo Barroso

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    Respostas
    1. Boa noite,obrigado pelas suas alegações, terei que lapidar um pouco mais.
      Mas para a plicação deste roteiro os alunos, devem ter uma pre compreensão de: "A expansão comercial européia dos séculos XV e XVI [especialmente a portuguesa] – O mercantilismo e o sistema colonial [especialmente as características referentes a Portugal e Brasil]–
      A atuação das ordens religiosas no inicio da colonização brasileira [especialmente a Campanha de Jesus] – Fatores como o êxito da empresa açucareira [técnica de produção, mercado, financiamento, mão de obra] – O comercio colonial e a importação do tráfico de escravos vindos da África".
      Tanto os textos e as imagens são para instigar os alunos, que já trazem em sua bagagem a visão de outras fontes, para uma discussão critica e construtiva. Fazendo com que os alunos se coloque dos dois lados, no período da colonização.
      Obrigada Bruna,
      Angela Pessoa Gomes Correa

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    2. Obrigada por responder as minhas questões. E espero em breve poder te encontrar nos simpósios para debatermos a temática.
      beijos

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  9. Anderson Bezerra de Jesus19 de maio de 2020 às 18:03

    Boa noite Ângela, minha pergunta em relação ao texto parte da seguinte questão, quando você apresenta um imagem e traz em sua análise: "Partindo das observações das gravuras, percebe-se que o índio não foi escravizado por dois motivos: primeiro, por que estavam sob a proteção do missionário", e traz em sua conclusão: "Nesta etapa os alunos deveram dar o seu ponto de vista pessoal sobre as controvérsias".
    Quais outros parâmetros foram criados para que o aluno tenha uma análise crítica pessoal, se não lhes foram apresentadas outras versões como exemplo: a situação real dos indígenas nos aldeamentos em convivência forçada com outras tribos, muitas vezes inimigas? E que fonte embasa a afirmação que os indígenas não foram escravizados?
    Acredito que seria razoável trazer a questão da guerra justa e porque esta se dava, e trazer a questão sob a perspectiva do indígena.
    Atenciosamente,

    Anderson Bezerra de Jesus

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  10. Boa noite tanto a gravura 1 quanto a gravura 2 representam e muito a história colonial do Brasil, no entanto peço que me explique melhor o porquê você texto diz que os missionários protegiam os índios e preservavam sua cultura. se ao introduzir o catolicismo e outros aspectos da cultura europeia muito se perdeu da cultura Nativa sem falar da dizimação em massa de grupos indígenas?
    Desde já agradeço a atenção
    Jorge José de Lira

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  11. A proposta da pesquisa é utilizar o tema “POR QUE FOI INTRODUZIDA A ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL COLÔNIA?" em sala de aula, especialmente durante a Semana da Consciência Negra. A lei 10.639-2013 fomentou a expansão dos conteúdos que devem ser retratados para se discutir a questão indígena e negra no Brasil, e seus reflexos podem ser observados, embora ainda insipientes, no livro didático. De que forma nós professores de História devemos ressaltar os aspectos culturais, regionais e da diversidade das nações africanas e indígenas como forma de valorar a vivência desses povos no Brasil?

    Adriana Cardoso dos Santos Pereira

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  12. A gravura 1, descreve a representação de “um grupo de índios já quase civilizados”. A ideia de civilização foi pensada pelos povos europeus como forma de justificar sua superioridade diante das demais culturas. Importante ainda a discussão de que o índio não foi privilegiado pela proteção missionária, houve, durante o período colonial brasileiro, um genocídio de grandes dimensões das populações indígenas.
    Enquanto o texto 1 enfatiza e justifica que os negros já estariam acostumados a escravidão porque já era praticada na África. Considero que a análise e discussão dos documentos propostos podem se guiar tanto pelas teorias racistas desenvolvidas na Europa nos séculos XVI e XVII e trazidas para o Brasil, quanto promover as diferenças entre a escravidão cultural presente em algumas etnias africanas e a escravização mercantil praticada pelos europeus. Ademais, é de extrema relevância ao abordar a temática escravização, enfatizar as inúmeras formas de resistência promovidas pelos escravizados indígenas e negros no Brasil.
    Durante décadas o livro didático associou apenas a imagem do negro a escravidão, repercutindo negativamente na formação identitária de nossos alunos. Do mesmo modo, o indígena é representado como uma figura do nosso folclore. Dessa forma, gostaria de saber o que motivou a escolha do tema, dos textos e das gravuras apresentadas no trabalho.

    Adriana Cardoso dos Santos Pereira

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  13. BOM DIA..
    NA SUA CONCEPÇÃO O ESCRAVISMO DOS POVOS AFRICANOS NO BRASIL, TEVE ALGUMA RELAÇÃO COM A ESCRAVIDÃO DOS ÍNDIOS NO PERÍODO COLONIAL?

    IRONI JUNIOR RODRIGUES DE LIMA

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  14. Ângela, gostaria de saber se na sua consideração utilizar a historiografia (textos um e dois) não mereceria uma maior atenção e explicação por parte do professor, a fim de evitar a ideia de que aquilo é a verdade? Será que não se corre o risco de julgar a foto apenas pelo que disseram os historiadoes citados?
    -Albano Gabriel Giurdanella

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  15. Em participação à mesas redondas de simpósios feitos por universidades públicas, o tema da escravidão moderna fica em alta. No entanto, quando partimos da América portuguesa do século XVIII - esta que praticava à escravização do negro demasiadamente -, para alguns países da África, principalmente à ocidental - estes que, diferente do Brasil, praticavam o que conhecemos como a servidão. Para tanto, no seu entender, acha importante fazer essa diferenciação desses tipos de situação para não criar dubiedades entre os alunos?

    Elderson Ferreira Gonçalves

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  16. Ao longo de toda nossa história, ou grande parte dela, o "índio" foi posto em uma situação de inferioridade, um ser que necessitava ser tutelado. No entanto, sabemos que os mesmos "índios" tutelados resistiram à escravização dos portugueses. Para desmistificar essa posição trazida desde a colonização de um "índio" submisso aos brancos, talvez seja interessante levantar esse diálogo em sala de aula. Você acha pertinente essa explanação para os alunos?

    Elderson Ferreira Gonçalves

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  17. Opa,tudo bem?
    Com grande aumento do desenvolvimento açucareira, começou a faltar mão de obra indígena,certo? E além do fator cultural e social,teve mais algum fator que levou os portugueses a substituírem a mão escrava indígena pela africana?

    Kaio Barros de souza

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  18. olá,parabéns pelo modelo de projeto. enquanto estudante observei durante meus estágios que a história da África ainda é retratada apenas por uma ótica eurocentrica,mostra apenas o negro escravizado,sem qualquer análise crítica do porquê essa escravidão, e do porquê foi diferente em relação a escravidão indígena.

    Sara Alves Ferreira

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