Diego dos Santos e Gustavo Henrique Kunsler Guimarães


CARTAS EM SALA DE AULA: A ESCRITA EPISTOLAR COMO FONTE HISTÓRICA E O ALUNO COMO SUJEITO DO CONHECIMENTO



Introdução
A presente comunicação tem por objetivo lançar observações acerca de um trabalho prático desenvolvido dentro da disciplina de História envolvendo duas escolas municipais do Rio Grande do Sul. Separadas em mais de 100 km de distância, elas estão localizadas, respectivamente, em Butiá, município pertencente a região carbonífera do estado, e Candelária, geograficamente localizada no Vale do Rio Pardo.

A atividade produzida consistiu em uma troca de cartas entre os alunos, desenvolvida em turmas de 6° e 7° ano do Ensino Fundamental, dentro da disciplina de História, sendo esta ministrada pelos autores deste texto. Se procurou com a atividade destacar diversos elementos pertinentes ao processo de aprendizagem dos discentes. O que se propõe é uma análise acerca da validade do trabalho desenvolvido, atentando para as consequências geradas a partir da atividade. Neste sentido, contempla alguns eixos importantes para pensar o ensino de História e a problematização das fontes históricas. Há de se considerar a ampliação das fontes históricas, visto que:

“São consideradas, na contemporaneidade, como fontes históricas as imagens – pinturas, esculturas, vídeos, histórias em quadrinhos, cartazes –, os artefatos arqueológicos, os relatos orais, as canções e novos tipos de documentos escritos – relatórios de investigação policial, cartas, poemas, diários íntimos ou públicos, jornais, etc.”. [Sobanski et al., 2010, p. 27].

A pluralidade de fontes foi um dos pontos trabalhados pelos docentes com os alunos, buscando colocar aos mesmos que há uma gama de opções de abordagem para a produção do saber histórico, sendo a escrita epistolar uma destas. Tanto a escolha do tipo de fonte histórica bem como a aplicação desta por meio da atividade foram discutidas entre os docentes. Logo, essa foi uma iniciativa pessoal dos mesmos, que contou com o aval das escolas envolvidas. Colegas de graduação em História e amigos, os professores mantiveram contato durante todo o processo a fim de alinhar as propostas nas escolas.

Escolhida tal temática, os professores discorreram acerca do uso da carta ao longo da história e da riqueza de informações e análise que pode ser feita a partir da mesma. O texto que segue problematiza inicialmente a validade deste trabalho em sala de aula e em um segundo momento analisa os resultados do mesmo e sua contribuição, principalmente na implementação das habilidades e competências da Base Nacional Comum Curricular [BNCC].


Escrita epistolar e seu uso em Sala de Aula
A Base Nacional Comum Curricular [BNCC] na sua proposta para o 6º ano, dentro da unidade temática História: tempo, espaço e formas de registros, em objetos de conhecimentos Formas de registro da história e da produção de conhecimento histórico, com ênfase específica na habilidade EF06HI02, a qual propõe: "identificar a gênese da produção do saber histórico e analisar o significado das fontes que originaram determinadas formas de registro em sociedades e épocas distintas" [BRASIL, 2018, p. 421], norteando acerca da importância de trabalhar a produção histórica por meio da análise das fontes históricas.

Para isso o presente texto discorre sobre uma atividade realizada em parceria entre duas escolas municipais, uma situada na zona urbana de Butiá e a outra em área rural do município de Candelária, ambas do Rio Grande do Sul. Foi proposto aos discentes que os mesmos produzissem cartas para os alunos da outra escola, procurando inseri-los como sujeito da História. Acerca desta questão Marta de Souza Lima Brodbeck pontua que:

“Todos nós somos sujeitos da História, por isso nós voltamos para a experiência do aluno. Partimos da realidade que lhe é a mais próxima, espaço em que a socialização tem seu início, quer seja em casa, na escola ou mesmo no bairro. É importante ressaltar que essa história vivenciada não é um fim, mas um princípio de reflexão, que usa a pesquisa como instrumento valioso para a formação do aluno”. [2012, p. 5].

Os alunos que participaram da atividade estavam concentrados nas turmas de 6° ano da escola de Butiá e de 6º e 7° ano na escola de Candelária, em razão desta ser uma turma multisseriada. Inicialmente foi proposta a atividade, sendo bem aceita pelos alunos. Após isso os mesmos tiveram contato com o gênero de escrita epistolar a partir da explanação dos professores e aprenderam como produzir uma carta, desde sua estrutura básica, como o preenchimento de destinatário e remetente até questões mais práticas, no que se refere a produção textual que a envolve.

Se destaca os motivos que levaram a escolha desta atividade. Dentre diversas opções metodológicas para o ensino de História e o reconhecimento da pluralidade de fontes históricas, se escolheu a produção de cartas para que os discentes tivessem a oportunidade de reconhecer a mesma como fonte histórica, resgatar uma prática que os mesmos tinham uma vaga noção, produto de histórias contadas por seus pais, avós ou responsáveis, além de dentro desta atividade colocá-los como sujeitos da história e produtores de uma fonte histórica. Vale lembrar que: “todos os registros e as evidências das ações humanas são fontes de estudo da história. A história como experiência humana torna-se objeto de investigação do historiador que a transforma em conhecimento.” [Fonseca, 2003, p. 40].

Assim, a ideia era que os alunos escrevessem um pouco sobre sua realidade e reconhecessem as proximidades e os distanciamentos do discente da escola que receberam a carta. Essa questão foi viável devido a diferença dos espaços de vivência e das práticas sociais das cidades. O município de Butiá faz parte da região carbonífera no Rio Grande do Sul, logo a atividade de boa parte dos familiares dos estudantes, antepassados e atuais, tem relação direta ou indireta com o carvão. Inicialmente pertencente ao município de São Jerônimo, a formação de Butiá está ligada a exploração de carvão em minas. Sua emancipação ocorreu após um plebiscito em agosto de 1963, sendo o município emancipado em 9 de outubro de 1963, Butiá está localizada a cerca de 81 km da capital Porto Alegre.

Candelária, situada a 188 km de Porto Alegre, está inserida dentro do Vale do Rio Pardo, região do estado de diversidade econômica e cultural. Na economia, Candelária destaca-se pela variedade de produções agrícolas, tendo como principais culturas o tabaco, a soja e o arroz. Na indústria, destaque para empresas do ramo calçadista, de móveis e de beneficiamento. Além da agricultura, em particular, a comunidade na qual a escola de Candelária está inserida, se destaca também pela produção industrial de tijolos e telhas de barro, estando parte das famílias envolvidas nesse processo de fabricação. O município também concentra parte da imigração germânica do Rio Grande do Sul, tendo o fluxo migratório para o local, então pertencente ao município de Rio Pardo, iniciado na década de 1860. Já a emancipação político-administrativa de Candelária ocorreu no ano de 1925. Anterior à imigração alemã, o território onde hoje localiza-se o município foi ocupado pela redução jesuítica Jesus Maria [1633-1636], uma das maiores da primeira fase de aldeamentos no Rio Grande do Sul. Além dos vestígios de ocupação humana, o território de Candelária revela importantes registros fossilíferos de vertebrados do período Triássico da Era Mesozoica.

Tais diferenças espaciais, culturais e sociais, permitiram aos alunos que estes compreendessem melhor o ambiente em que vivem e conhecessem também a realidade de outros estudantes. Para isso, foi proposto que na carta os alunos descrevessem seu ambiente familiar, sua rotina, seus gostos pessoais e suas aspirações.

Ao possibilitar que os estudantes escrevessem sobre suas vidas, a atividade acabou por desenvolver um conjunto de competências estabelecidas pela BNCC. O documento normativo define competência como sendo: “a mobilização de conhecimentos [conceitos e procedimentos], habilidades [práticas, cognitivas e socioemocionais], atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho” [BRASIL, 2018, p. 8].

Sendo assim, os relatos pessoais escritos pelos alunos permitiram aos mesmos conhecer-se e compreender-se na diversidade humana, além de reconhecer suas emoções e as dos outros, conforme sugere a competência geral de número 8 da BNCC, que fala em Autoconhecimento e autocuidado. Para Paulo Freire, o ato de assumir-se como sujeito é uma das tarefas mais importantes da prática educativa, que deve propiciar:

“as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar”. [2018, p. 42].

A partir dos relatos orais ocorridos após a leitura das cartas, foi possível perceber que os discentes se mostraram surpresos com as diferenças existentes entre as rotinas. No caso dos estudantes de Candelária, estes dedicam parte do seu dia a colaborar com as atividades domésticas e agrícolas, prática comum nas regiões de agricultura familiar. Já no caso de Butiá, os alunos se dividem entre discentes que auxiliam os pais ou responsáveis e aqueles que passam o momento fora da escola longe dos responsáveis, participando de projetos educativos proporcionados pelo município ou por iniciativa privada. Apesar dos contrastes de realidade, os educandos perceberam também algumas aproximações entre eles, principalmente no que se refere a presenças das tecnologias. O uso de redes sociais e de games foram os mais citados, juntamente com as preferências musicais.

Desse modo, o momento de reflexão realizado em ambas as classes, contribuiu para que os estudantes reconhecessem as diferentes identidades, compreendendo a si e ao outro, valorizando e exercitando o respeito às diferenças culturais. Consequentemente, contemplou-se, desta forma, a primeira competência específica da área de Ciências Humanas.

Além de competências que envolvem o autoconhecimento e a relação com o outro, o trabalho realizado com as turmas também oportunizou que outras competências gerais da BNCC fossem efetivadas no processo de escrita e leitura das cartas. A competência de número um, que trata sobre Conhecimento, deu-se a partir da percepção das diferentes realidades, abrindo espaço para valorização das diversas manifestações culturais, de que trata a terceira competência [Repertório cultural]. A partir disso, também foi possível estabelecer com os discentes diálogos que buscaram promover o respeito ao outro e à diversidade, sem qualquer tipo de preconceito [Competência 9 – Empatia e cooperação].

A atividade, em todos os seus momentos, explorou a utilização das diferentes linguagens, sobretudo a escrita e a oral. Assim sendo, permitiu o desenvolvimento da quarta competência da BNNC, que propõe: “utilizar diferentes linguagens – verbal [oral ou visual-motora, como Libras, e escrita], corporal, visual, sonora e digital –, [...], para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos [...]. ” [BRASIL, 2018, p. 9].

Quanto a competência de escrita, que é de responsabilidade de todas as áreas de conhecimento, a atividade contribuiu para o trabalho com um gênero textual pouco comum entre as novas gerações, acostumadas com o tipo de linguagem característico das redes sociais. Nesse sentido, a escrita epistolar mostrou-se como um desafio aos discentes, que tiveram de assumir uma postura protagonista, ativa e reflexiva do próprio processo de aprendizagem. Desse modo, o desenvolvimento da autonomia tornou-se imprescindível, pois requereu dos educandos independência e autoconfiança.

Neste contexto, os docentes tiveram o papel de mediadores, coordenando a atividade e instigando os alunos a reconhecerem suas vivências e experiências como parte do conhecimento. Tratando-se de uma metodologia ativa de ensino e aprendizagem, compreendemos que:

“a função do professor, ao adotar tais metodologias, deixa de ter uma ação de “transmissão da informação” e passa a ser aquela de mediador do processo de aprendizagem, modificando as suas próprias formas de pensar e também aquela dos alunos, em função da experiência do aprender, estimulando a autoaprendizagem e a co-aprendizagem, como forma de aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes”. [Melo, 2017, p. 15].

No que se refere aos resultados da atividade podemos levantar alguns pontos interessantes. Primeiro, se destaca a animação dos alunos em ter contato com pessoas de sua idade que não conheciam. Considerando a globalização da informação, sobretudo nhoque se refere as mídias sociais, em uma situação comum o estudante entraria em sua rede social e efetuaria uma busca de nomes, podendo iniciar ou não um diálogo. No processo da carta os mesmos aguardaram alguns dias para receber estas, demonstrando no período de espera curiosidade sobre o conteúdo das mesmas. Se pontua também, que quando recebidas, os discentes destacaram diferenças entre as rotinas. As práticas comuns aos alunos da escola de Candelária não eram as mesmas dos alunos da escola de Butiá. Após a leitura pessoal - feita individualmente por cada discente -, houve um momento de reflexão dos alunos com os respectivos professores com indagações, com maior ênfase nas diferenças. Os discentes demonstraram muita curiosidade para compreender como cidades separadas por cerca de 100 km tinham organizações tão distintas.

Ao problematizar tais pontos foi possível contextualizar sobre a formação do estado do Rio Grande do Sul explorando outras temáticas como a formação econômica, social e cultural. Tal questão foi válida, visto que: “é através da percepção de suas experiências de vida que o aluno pode incorporar com maior propriedade os saberes escolares de forma crítica e contínua, melhorando sua compreensão do mundo e ampliando sua ação e interação social” [Brodbeck, 2012, p. 15].

Considerações Finais
Pensar metodologias que coloquem o discente como protagonista inserido diretamente no ensino e produção do saber histórico é sempre pertinente e desafiador. O presente texto procurou dessa forma abordar uma das várias estratégias de aprendizagem no ensino de História. A atividade de troca de cartas que envolveu escolas do município de Butiá e Candelária - ambas do estado do Rio Grande do Sul -, proporcionou aos discentes uma nova forma de interação e de reconhecimento de si e do ambiente em que está inserido.

A estratégia de aprendizagem também proporcionou o resgate de um estilo de comunicação ao qual a geração atual tem pouco contato, proporcionando a reflexão acerca da produção de fontes históricas e auxiliando os mesmos a compreender como seus antecedentes se relacionavam. Ao problematizar o conteúdo das cartas foi possível analisar proximidades e distanciamentos da rotina dos discentes, gerando problematizações acerca da forma de organização social dos alunos e refletindo sobre as condições de vida destes. Com isso, aproximou-se os objetos de conhecimento ao cotidiano dos educandos, dando significado a esses conhecimentos.

Por fim, se reforça a validade desta atividade, que dialoga com competências presentes na Base Nacional Comum Curricular, coloca os alunos como protagonistas do objeto de estudo, mostra de maneira prática como se constitui uma das várias fontes históricas estudadas e os aproxima como cidadãos.

Referências
Diego dos Santos é pós-graduado em Política e Sociedade pela Faculdade de Educação São Luís e licenciado em História pela Universidade de Santa Cruz do Sul. Atualmente é professor de História na rede municipal de Candelária-RS e graduando em Segunda Licenciatura em Geografia EAD pela Faculdade Educacional da Lapa.

Gustavo Henrique Kunsler Guimarães é mestre em História pela Universidade de Passo Fundo e licenciado em História pela Universidade de Santa Cruz do Sul. Atualmente é professor de história na rede municipal de Butiá-RS.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a Base. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 12 abr. 2020. [internet]

BRODBECK, Marta de Souza Lima. Vivenciando a História–Metodologia de Ensino da História. Curitiba: Base Editorial, 2012. [livro]

FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática de ensino de História: experiências, reflexões e aprendizados. Campinas: Papirus, 2003. [Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico]. [livro]

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 57ª ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2018. [livro]

MELO, Renata dos Anjos. A educação superior e as metodologias ativas de ensino-aprendizagem: uma análise a partir da educação sociocomunitária. Dissertação de Mestrado. Centro Universitário Salesiano de São Paulo. UNISAL – Campus Maria Auxiliadora. 176p. 2017. Disponível em: https://unisal.br/wp-content/uploads/2018/03/Disserta%C3%A7%C3%A3o_Renata-dos-Anjos-Melo.pdf. Acesso em: 12 abr. 2020. [internet]

SOBANSKI, Adriane de Quadros et al. Ensinar e aprender: História: histórias em quadrinhos e canções. Curitiba: Editora Base, 2010. [livro]



12 comentários:

  1. Achei muito interessante a proposta de atividade em meio a um momente que estamos vivendo globalmente e principalmente no Brasil de grandes polarizações e separações, especialmente por meio das próprias mídias sociais, como os próprios autores mencionaram que os estudantes utilizam. A questão da diversidade e da alteridade já parece não caber mais em apenas conscientizar, mas em trabalhar por meio de atividades que propiciem o contato com o outro e seja possível reconhecer nele semalhanças e diferenças, por isso achei muito interessante o trabalho. Eu tenho um questionamento, que é citado brevemente na parte final do trabalho apenas, mas em aplicação direta ao Ensino de História, por meio de que atividades e momentos posteriores foi possível perceber resquícios da experiência com as cartas?
    Matheus Siqueira Barboza

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Matheus, obrigado pelo comentário, muito pertinente. No caso da escola localizada em Butiá, os alunos fizeram conexões com as cartas recebidas pelos estudantes da escola de Candelária quando trabalhavam questões voltadas a agricultura. Em geral os questionamentos estavam voltados para reflexões sobre o cotidiano dos alunos que receberam a carta. Considerando os temas trabalhados no decorrer do 6° ano as menções foram frequentes. Também destaco que tais reflexões eram feitas acerca da comunicação, quando os alunos discutiam sobre uma civilização. Os mesmos estabeleceram uma conexão a partir da espera para receber as cartas, compreendendo que o período que estudavam tinha formas e velocidade de comunicação diferentes do período atual.
      Espero ter respondido seu questionamento Matheus.
      Cordialmente,
      Gustavo Henrique Kunsler Guimarães

      Excluir
    2. Obrigado, Matheus. A atividade foi realizada dentro do bloco no qual estudam-se o papel da História e do historiador, as fontes históricas e os diferentes sujeitos. Sendo assim, foi possível desenvolver com os alunos, além da noção de variedade de fontes históricas, a percepção destes como sujeitos e como parte da História, desmistificando a ideia de que apenas grandes personagens são responsáveis por fazer história. E como o colega Gustavo mencionou, foi interessante notar a reação dos estudantes quanto a demora da chegada das cartas da outra escola. Muitos perguntaram-se como seus antepassados suportavam tanto tempo de espera, neste sentido, foi possível discutir a noção de tempo histórico e de como ele passa em ritmo diferente dependo da época ou do espaço.

      Diego dos Santos

      Excluir
  2. Em primeiro lugar, cumprimentos pela experiência. Recuperou uma das fontes históricas com as quais podíamos reconstruir o passado. Como podemos pensar a comunicação escrita interpessoal atual, em tempos de Whatsapp, telegram, Instagram, que se apagam em curto espaço de tempo (fontes impermanentes). Que fontes de comunicação interpessoal estamos deixando para o futuro?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, agradecemos o comentário. Sua observação é muito interessante visto que esta foi uma reflexão feita antes de iniciarmos o trabalho. Como os discentes podem compreender a sensação de pais e avós (acerca da emoção em receber uma carta), visto que na sua geração a internet conecta em segundos? Nesse sentido a proposta alcançou, além dos elementos apontados no texto, uma reflexão acerca das vivências de seu grupo familiar.
      Cordialmente,
      Gustavo Henrique Kunsler Guimarães

      Excluir
    2. Obrigado pela pergunta. Interessante problematizar a preservação das novas fontes. Vejamos, o problema quanto a conservação das fontes históricas não é de hoje, sabemos que muitas coisas já se perderam e muitas outras, lamentavelmente, seguem se perdendo, principalmente devido ao descaso para com o patrimônio e conhecimento humano. Quanto as novas fontes, acredito que sua conservação não seja um problema apenas dos historiadores, mas de toda uma sociedade, de instituições governamentais e de empresas, que devem valer-se de mecanismos de resguardo a estas fontes. É uma discussão que deve se fazer cada vez mais presente.

      Diego dos Santos

      Excluir
  3. Olá Diego e Gustavo. Interessante a proposta das aulas e temática. Gostaria que vocês falassem um pouco da experiência da pesquisa desenvolvida no preparo da aula, a experiência do processo e qual a importância do professor produzir um conteúdo e conhecimento em sala de aula, siando um pouco da reprodução? Abcs


    Everton Carlos Crema

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Everton, obrigado pelo comentário. Na preparação para a atividade procuramos estabelecer alguns elementos que tornassem viável a mesma. Inicialmente fizemos uma sondagem acerca do número de estudantes, a fim de que todos participassem da experiência. Organizada esta questão, nos voltamos para a análise das fontes históricas e sua forma de produção. Feito esta discussão desenvolvemos com os alunos a produção das cartas, desde a explicação básica como preenchimento até a produção de um breve texto a fim de estabelecer contato com o estudante que receberia a carta. Esta questão foi muito interessante, visto que os alunos analisavam com paciência quais informações escreveriam em suas cartas. Nesta mesma linha, se destaca o protagonismo dos mesmos na produção do conteúdo.
      Espero ter contribuído para a discussão.

      Cordialmente,
      Gustavo Henrique Kunsler Guimarães

      Excluir
    2. Olá, Eduardo. Além do mencionado pelo Gustavo, é necessário destacar que em atividades como essa é importante a comunicação constante entre os docentes para que a prática siga direcionamentos semelhantes, a fim de se tornar mais efetiva em ambas as turmas. Obrigado pelo comentário.

      Diego dos Santos

      Excluir
  4. Olá, gostei muito do seu trabalho. Faço só um simples questionamento.
    Em um mundo globalizado que vivemos que as informações estão a um clique, o que fazer para que os alunos tenham interesse sobre as cartas e que incentivos os professores devem fazer?

    Juan Pimentel da Silva, aluno de Licenciatura Plena em História da Universidade Nilton Lins, Manaus, Amazonas

    ResponderExcluir
  5. Olá Juan, obrigado pelo comentário. Seu questionamento tem muita validade. Em nossa abordagem procuramos destacar os aspectos de sociabilidade presentes na atividade. No processo de desenvolvimento da proposta utilizamos vídeos, cartas históricas e dialogamos sobre a possibilidade de conhecer uma pessoa com a realidade diferente do que a que os estudantes vivenciam. Os discentes demonstraram curiosidade acerca destas questões, visto que rompiam com as concepções de comunicação que haviam vivenciado. Nesse processo de mediação procuramos fomentar estes aspectos e respeitar o desenvolvimento dos mesmos enquanto protagonistas da proposta.
    Espero ter auxiliado.

    Cordialmente,
    Gustavo Henrique Kunsler Guimarães

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo questionamento, Juan. Quanto ao interesse dos alunos sobre as cartas, vimos que de certa forma o "estranhamento" com um estilo de escrita e comunicação mais formal, acabou por gerar interesse, pois tratava-se de algo novo, pouco experienciado na vida cotidiano dos estudantes. Além disso, práticas como essa de troca de cartas podem ser realizadas dentro do ambiente de uma mesma escola, fomentando uma nova maneira de comunicação entre os alunos e contribuindo para o aperfeiçoamento da escrita.

      Diego dos Santos

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.