CARTAS EM SALA DE AULA: A ESCRITA EPISTOLAR COMO FONTE HISTÓRICA E O ALUNO COMO SUJEITO DO CONHECIMENTO
Introdução
A presente
comunicação tem por objetivo lançar observações acerca de um trabalho prático
desenvolvido dentro da disciplina de História envolvendo duas escolas
municipais do Rio Grande do Sul. Separadas em mais de 100 km de distância, elas
estão localizadas, respectivamente, em Butiá, município pertencente a região
carbonífera do estado, e Candelária, geograficamente localizada no Vale do Rio
Pardo.
A atividade
produzida consistiu em uma troca de cartas entre os alunos, desenvolvida em
turmas de 6° e 7° ano do Ensino Fundamental, dentro da disciplina de História,
sendo esta ministrada pelos autores deste texto. Se procurou com a atividade
destacar diversos elementos pertinentes ao processo de aprendizagem dos
discentes. O que se propõe é uma análise acerca da validade do trabalho
desenvolvido, atentando para as consequências geradas a partir da atividade.
Neste sentido, contempla alguns eixos importantes para pensar o ensino de
História e a problematização das fontes históricas. Há de se considerar a
ampliação das fontes históricas, visto que:
“São
consideradas, na contemporaneidade, como fontes históricas as imagens –
pinturas, esculturas, vídeos, histórias em quadrinhos, cartazes –, os artefatos
arqueológicos, os relatos orais, as canções e novos tipos de documentos
escritos – relatórios de investigação policial, cartas, poemas, diários íntimos
ou públicos, jornais, etc.”. [Sobanski et al., 2010, p. 27].
A pluralidade de
fontes foi um dos pontos trabalhados pelos docentes com os alunos, buscando colocar
aos mesmos que há uma gama de opções de abordagem para a produção do saber
histórico, sendo a escrita epistolar uma destas. Tanto a escolha do tipo de
fonte histórica bem como a aplicação desta por meio da atividade foram
discutidas entre os docentes. Logo, essa foi uma iniciativa pessoal dos mesmos,
que contou com o aval das escolas envolvidas. Colegas de graduação em História
e amigos, os professores mantiveram contato durante todo o processo a fim de
alinhar as propostas nas escolas.
Escolhida tal
temática, os professores discorreram acerca do uso da carta ao longo da
história e da riqueza de informações e análise que pode ser feita a partir da
mesma. O texto que segue problematiza inicialmente a validade deste trabalho em
sala de aula e em um segundo momento analisa os resultados do mesmo e sua
contribuição, principalmente na implementação das habilidades e competências da
Base Nacional Comum Curricular [BNCC].
Escrita epistolar e seu uso em Sala de Aula
A Base Nacional
Comum Curricular [BNCC] na sua proposta para o 6º ano, dentro da unidade
temática História: tempo, espaço e formas
de registros, em objetos de conhecimentos Formas de registro da história e da produção de conhecimento histórico,
com ênfase específica na habilidade EF06HI02, a qual propõe: "identificar
a gênese da produção do saber histórico e analisar o significado das fontes que
originaram determinadas formas de registro em sociedades e épocas
distintas" [BRASIL, 2018, p. 421], norteando acerca da importância de
trabalhar a produção histórica por meio da análise das fontes históricas.
Para isso o
presente texto discorre sobre uma atividade realizada em parceria entre duas
escolas municipais, uma situada na zona urbana de Butiá e a outra em área rural
do município de Candelária, ambas do Rio Grande do Sul. Foi proposto aos
discentes que os mesmos produzissem cartas para os alunos da outra escola,
procurando inseri-los como sujeito da História. Acerca desta questão Marta de
Souza Lima Brodbeck pontua que:
“Todos nós somos
sujeitos da História, por isso nós voltamos para a experiência do aluno.
Partimos da realidade que lhe é a mais próxima, espaço em que a socialização
tem seu início, quer seja em casa, na escola ou mesmo no bairro. É importante
ressaltar que essa história vivenciada não é um fim, mas um princípio de
reflexão, que usa a pesquisa como instrumento valioso para a formação do
aluno”. [2012, p. 5].
Os alunos que
participaram da atividade estavam concentrados nas turmas de 6° ano da escola
de Butiá e de 6º e 7° ano na escola de Candelária, em razão desta ser uma turma
multisseriada. Inicialmente foi proposta a atividade, sendo bem aceita pelos
alunos. Após isso os mesmos tiveram contato com o gênero de escrita epistolar a
partir da explanação dos professores e aprenderam como produzir uma carta,
desde sua estrutura básica, como o preenchimento de destinatário e remetente
até questões mais práticas, no que se refere a produção textual que a envolve.
Se destaca os
motivos que levaram a escolha desta atividade. Dentre diversas opções
metodológicas para o ensino de História e o reconhecimento da pluralidade de
fontes históricas, se escolheu a produção de cartas para que os discentes
tivessem a oportunidade de reconhecer a mesma como fonte histórica, resgatar
uma prática que os mesmos tinham uma vaga noção, produto de histórias contadas
por seus pais, avós ou responsáveis, além de dentro desta atividade colocá-los
como sujeitos da história e produtores de uma fonte histórica. Vale lembrar
que: “todos os registros e as evidências das ações humanas são fontes de estudo
da história. A história como experiência humana torna-se objeto de investigação
do historiador que a transforma em conhecimento.” [Fonseca, 2003, p. 40].
Assim, a ideia
era que os alunos escrevessem um pouco sobre sua realidade e reconhecessem as
proximidades e os distanciamentos do discente da escola que receberam a carta.
Essa questão foi viável devido a diferença dos espaços de vivência e das
práticas sociais das cidades. O município de Butiá faz parte da região
carbonífera no Rio Grande do Sul, logo a atividade de boa parte dos familiares
dos estudantes, antepassados e atuais, tem relação direta ou indireta com o
carvão. Inicialmente pertencente ao município de São Jerônimo, a formação de
Butiá está ligada a exploração de carvão em minas. Sua emancipação ocorreu após
um plebiscito em agosto de 1963, sendo o município emancipado em 9 de outubro
de 1963, Butiá está localizada a cerca de 81 km da capital Porto Alegre.
Candelária,
situada a 188 km de Porto Alegre, está inserida dentro do Vale do Rio Pardo,
região do estado de diversidade econômica e cultural. Na economia, Candelária
destaca-se pela variedade de produções agrícolas, tendo como principais culturas
o tabaco, a soja e o arroz. Na indústria, destaque para empresas do ramo
calçadista, de móveis e de beneficiamento. Além da agricultura, em particular,
a comunidade na qual a escola de Candelária está inserida, se destaca também
pela produção industrial de tijolos e telhas de barro, estando parte das
famílias envolvidas nesse processo de fabricação. O município também concentra
parte da imigração germânica do Rio Grande do Sul, tendo o fluxo migratório
para o local, então pertencente ao município de Rio Pardo, iniciado na década
de 1860. Já a emancipação político-administrativa de Candelária ocorreu no ano
de 1925. Anterior à imigração alemã, o território onde hoje localiza-se o
município foi ocupado pela redução jesuítica Jesus Maria [1633-1636], uma das
maiores da primeira fase de aldeamentos no Rio Grande do Sul. Além dos
vestígios de ocupação humana, o território de Candelária revela importantes
registros fossilíferos de vertebrados do período Triássico da Era Mesozoica.
Tais diferenças
espaciais, culturais e sociais, permitiram aos alunos que estes compreendessem
melhor o ambiente em que vivem e conhecessem também a realidade de outros
estudantes. Para isso, foi proposto que na carta os alunos descrevessem seu
ambiente familiar, sua rotina, seus gostos pessoais e suas aspirações.
Ao possibilitar
que os estudantes escrevessem sobre suas vidas, a atividade acabou por
desenvolver um conjunto de competências estabelecidas pela BNCC. O documento
normativo define competência como sendo: “a mobilização de conhecimentos
[conceitos e procedimentos], habilidades [práticas, cognitivas e
socioemocionais], atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida
cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho” [BRASIL,
2018, p. 8].
Sendo assim, os
relatos pessoais escritos pelos alunos permitiram aos mesmos conhecer-se e
compreender-se na diversidade humana, além de reconhecer suas emoções e as dos
outros, conforme sugere a competência geral de número 8 da BNCC, que fala em Autoconhecimento
e autocuidado. Para Paulo Freire, o ato de assumir-se como sujeito é uma
das tarefas mais importantes da prática educativa, que deve propiciar:
“as condições em
que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou
a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser
social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador,
realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar”. [2018, p. 42].
A partir dos
relatos orais ocorridos após a leitura das cartas, foi possível perceber que os
discentes se mostraram surpresos com as diferenças existentes entre as rotinas.
No caso dos estudantes de Candelária, estes dedicam parte do seu dia a
colaborar com as atividades domésticas e agrícolas, prática comum nas regiões
de agricultura familiar. Já no caso de Butiá, os alunos se dividem entre
discentes que auxiliam os pais ou responsáveis e aqueles que passam o momento
fora da escola longe dos responsáveis, participando de projetos educativos proporcionados
pelo município ou por iniciativa privada. Apesar dos contrastes de realidade,
os educandos perceberam também algumas aproximações entre eles, principalmente
no que se refere a presenças das tecnologias. O uso de redes sociais e de games
foram os mais citados, juntamente com as preferências musicais.
Desse modo, o
momento de reflexão realizado em ambas as classes, contribuiu para que os
estudantes reconhecessem as diferentes identidades, compreendendo a si e ao
outro, valorizando e exercitando o respeito às diferenças culturais.
Consequentemente, contemplou-se, desta forma, a primeira competência específica
da área de Ciências Humanas.
Além de
competências que envolvem o autoconhecimento e a relação com o outro, o
trabalho realizado com as turmas também oportunizou que outras competências
gerais da BNCC fossem efetivadas no processo de escrita e leitura das cartas. A
competência de número um, que trata sobre Conhecimento, deu-se a partir
da percepção das diferentes realidades, abrindo espaço para valorização das
diversas manifestações culturais, de que trata a terceira competência [Repertório
cultural]. A partir disso, também foi possível estabelecer com os discentes
diálogos que buscaram promover o respeito ao outro e à diversidade, sem qualquer
tipo de preconceito [Competência 9 – Empatia e cooperação].
A atividade, em
todos os seus momentos, explorou a utilização das diferentes linguagens,
sobretudo a escrita e a oral. Assim sendo, permitiu o desenvolvimento da quarta
competência da BNNC, que propõe: “utilizar diferentes linguagens – verbal [oral
ou visual-motora, como Libras, e escrita], corporal, visual, sonora e digital
–, [...], para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e
sentimentos em diferentes contextos [...]. ” [BRASIL, 2018, p. 9].
Quanto a
competência de escrita, que é de responsabilidade de todas as áreas de
conhecimento, a atividade contribuiu para o trabalho com um gênero textual
pouco comum entre as novas gerações, acostumadas com o tipo de linguagem característico
das redes sociais. Nesse sentido, a escrita epistolar mostrou-se como um
desafio aos discentes, que tiveram de assumir uma postura protagonista, ativa e
reflexiva do próprio processo de aprendizagem. Desse modo, o desenvolvimento da
autonomia tornou-se imprescindível, pois requereu dos educandos independência e
autoconfiança.
Neste contexto,
os docentes tiveram o papel de mediadores, coordenando a atividade e instigando
os alunos a reconhecerem suas vivências e experiências como parte do conhecimento.
Tratando-se de uma metodologia ativa de ensino e aprendizagem, compreendemos
que:
“a função do
professor, ao adotar tais metodologias, deixa de ter uma ação de “transmissão
da informação” e passa a ser aquela de mediador do processo de aprendizagem,
modificando as suas próprias formas de pensar e também aquela dos alunos, em
função da experiência do aprender, estimulando a autoaprendizagem e a
co-aprendizagem, como forma de aquisição de conhecimentos, habilidades, valores
e atitudes”. [Melo, 2017, p. 15].
No que se refere
aos resultados da atividade podemos levantar alguns pontos interessantes.
Primeiro, se destaca a animação dos alunos em ter contato com pessoas de sua
idade que não conheciam. Considerando a globalização da informação, sobretudo
nhoque se refere as mídias sociais, em uma situação comum o estudante entraria
em sua rede social e efetuaria uma busca de nomes, podendo iniciar ou não um
diálogo. No processo da carta os mesmos aguardaram alguns dias para receber
estas, demonstrando no período de espera curiosidade sobre o conteúdo das
mesmas. Se pontua também, que quando recebidas, os discentes destacaram
diferenças entre as rotinas. As práticas comuns aos alunos da escola de
Candelária não eram as mesmas dos alunos da escola de Butiá. Após a leitura
pessoal - feita individualmente por cada discente -, houve um momento de
reflexão dos alunos com os respectivos professores com indagações, com maior
ênfase nas diferenças. Os discentes demonstraram muita curiosidade para
compreender como cidades separadas por cerca de 100 km tinham organizações tão
distintas.
Ao problematizar
tais pontos foi possível contextualizar sobre a formação do estado do Rio
Grande do Sul explorando outras temáticas como a formação econômica, social e
cultural. Tal questão foi válida, visto que: “é através da percepção de suas
experiências de vida que o aluno pode incorporar com maior propriedade os
saberes escolares de forma crítica e contínua, melhorando sua compreensão do
mundo e ampliando sua ação e interação social” [Brodbeck, 2012, p. 15].
Considerações Finais
Pensar
metodologias que coloquem o discente como protagonista inserido diretamente no
ensino e produção do saber histórico é sempre pertinente e desafiador. O
presente texto procurou dessa forma abordar uma das várias estratégias de
aprendizagem no ensino de História. A atividade de troca de cartas que envolveu
escolas do município de Butiá e Candelária - ambas do estado do Rio Grande do
Sul -, proporcionou aos discentes uma nova forma de interação e de reconhecimento
de si e do ambiente em que está inserido.
A estratégia de
aprendizagem também proporcionou o resgate de um estilo de comunicação ao qual
a geração atual tem pouco contato, proporcionando a reflexão acerca da produção
de fontes históricas e auxiliando os mesmos a compreender como seus
antecedentes se relacionavam. Ao problematizar o conteúdo das cartas foi
possível analisar proximidades e distanciamentos da rotina dos discentes,
gerando problematizações acerca da forma de organização social dos alunos e refletindo
sobre as condições de vida destes. Com isso, aproximou-se os objetos de
conhecimento ao cotidiano dos educandos, dando significado a esses
conhecimentos.
Por fim, se
reforça a validade desta atividade, que dialoga com competências presentes na
Base Nacional Comum Curricular, coloca os alunos como protagonistas do objeto
de estudo, mostra de maneira prática como se constitui uma das várias fontes
históricas estudadas e os aproxima como cidadãos.
Referências
Diego dos Santos
é pós-graduado em Política e Sociedade pela Faculdade de Educação São Luís e
licenciado em História pela Universidade de Santa Cruz do Sul. Atualmente é
professor de História na rede municipal de Candelária-RS e graduando em Segunda
Licenciatura em Geografia EAD pela Faculdade Educacional da Lapa.
Gustavo Henrique
Kunsler Guimarães é mestre em História pela Universidade de Passo Fundo e
licenciado em História pela Universidade de Santa Cruz do Sul. Atualmente é
professor de história na rede municipal de Butiá-RS.
BRASIL. Base Nacional Comum
Curricular: Educação é a Base. Brasília: MEC, 2018. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 12 abr. 2020. [internet]
BRODBECK, Marta de Souza Lima.
Vivenciando a História–Metodologia de Ensino da História. Curitiba: Base
Editorial, 2012. [livro]
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e
prática de ensino de História: experiências, reflexões e aprendizados.
Campinas: Papirus, 2003. [Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico].
[livro]
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:
saberes necessários à prática educativa. 57ª ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz
e Terra, 2018. [livro]
MELO, Renata dos Anjos. A educação
superior e as metodologias ativas de ensino-aprendizagem: uma análise a partir
da educação sociocomunitária. Dissertação de Mestrado. Centro Universitário
Salesiano de São Paulo. UNISAL – Campus Maria Auxiliadora. 176p. 2017.
Disponível em:
https://unisal.br/wp-content/uploads/2018/03/Disserta%C3%A7%C3%A3o_Renata-dos-Anjos-Melo.pdf.
Acesso em: 12 abr. 2020. [internet]
SOBANSKI, Adriane de Quadros et al.
Ensinar e aprender: História: histórias em quadrinhos e canções. Curitiba:
Editora Base, 2010. [livro]
Achei muito interessante a proposta de atividade em meio a um momente que estamos vivendo globalmente e principalmente no Brasil de grandes polarizações e separações, especialmente por meio das próprias mídias sociais, como os próprios autores mencionaram que os estudantes utilizam. A questão da diversidade e da alteridade já parece não caber mais em apenas conscientizar, mas em trabalhar por meio de atividades que propiciem o contato com o outro e seja possível reconhecer nele semalhanças e diferenças, por isso achei muito interessante o trabalho. Eu tenho um questionamento, que é citado brevemente na parte final do trabalho apenas, mas em aplicação direta ao Ensino de História, por meio de que atividades e momentos posteriores foi possível perceber resquícios da experiência com as cartas?
ResponderExcluirMatheus Siqueira Barboza
Olá Matheus, obrigado pelo comentário, muito pertinente. No caso da escola localizada em Butiá, os alunos fizeram conexões com as cartas recebidas pelos estudantes da escola de Candelária quando trabalhavam questões voltadas a agricultura. Em geral os questionamentos estavam voltados para reflexões sobre o cotidiano dos alunos que receberam a carta. Considerando os temas trabalhados no decorrer do 6° ano as menções foram frequentes. Também destaco que tais reflexões eram feitas acerca da comunicação, quando os alunos discutiam sobre uma civilização. Os mesmos estabeleceram uma conexão a partir da espera para receber as cartas, compreendendo que o período que estudavam tinha formas e velocidade de comunicação diferentes do período atual.
ExcluirEspero ter respondido seu questionamento Matheus.
Cordialmente,
Gustavo Henrique Kunsler Guimarães
Obrigado, Matheus. A atividade foi realizada dentro do bloco no qual estudam-se o papel da História e do historiador, as fontes históricas e os diferentes sujeitos. Sendo assim, foi possível desenvolver com os alunos, além da noção de variedade de fontes históricas, a percepção destes como sujeitos e como parte da História, desmistificando a ideia de que apenas grandes personagens são responsáveis por fazer história. E como o colega Gustavo mencionou, foi interessante notar a reação dos estudantes quanto a demora da chegada das cartas da outra escola. Muitos perguntaram-se como seus antepassados suportavam tanto tempo de espera, neste sentido, foi possível discutir a noção de tempo histórico e de como ele passa em ritmo diferente dependo da época ou do espaço.
ExcluirDiego dos Santos
Em primeiro lugar, cumprimentos pela experiência. Recuperou uma das fontes históricas com as quais podíamos reconstruir o passado. Como podemos pensar a comunicação escrita interpessoal atual, em tempos de Whatsapp, telegram, Instagram, que se apagam em curto espaço de tempo (fontes impermanentes). Que fontes de comunicação interpessoal estamos deixando para o futuro?
ResponderExcluirOlá, agradecemos o comentário. Sua observação é muito interessante visto que esta foi uma reflexão feita antes de iniciarmos o trabalho. Como os discentes podem compreender a sensação de pais e avós (acerca da emoção em receber uma carta), visto que na sua geração a internet conecta em segundos? Nesse sentido a proposta alcançou, além dos elementos apontados no texto, uma reflexão acerca das vivências de seu grupo familiar.
ExcluirCordialmente,
Gustavo Henrique Kunsler Guimarães
Obrigado pela pergunta. Interessante problematizar a preservação das novas fontes. Vejamos, o problema quanto a conservação das fontes históricas não é de hoje, sabemos que muitas coisas já se perderam e muitas outras, lamentavelmente, seguem se perdendo, principalmente devido ao descaso para com o patrimônio e conhecimento humano. Quanto as novas fontes, acredito que sua conservação não seja um problema apenas dos historiadores, mas de toda uma sociedade, de instituições governamentais e de empresas, que devem valer-se de mecanismos de resguardo a estas fontes. É uma discussão que deve se fazer cada vez mais presente.
ExcluirDiego dos Santos
Olá Diego e Gustavo. Interessante a proposta das aulas e temática. Gostaria que vocês falassem um pouco da experiência da pesquisa desenvolvida no preparo da aula, a experiência do processo e qual a importância do professor produzir um conteúdo e conhecimento em sala de aula, siando um pouco da reprodução? Abcs
ResponderExcluirEverton Carlos Crema
Olá Everton, obrigado pelo comentário. Na preparação para a atividade procuramos estabelecer alguns elementos que tornassem viável a mesma. Inicialmente fizemos uma sondagem acerca do número de estudantes, a fim de que todos participassem da experiência. Organizada esta questão, nos voltamos para a análise das fontes históricas e sua forma de produção. Feito esta discussão desenvolvemos com os alunos a produção das cartas, desde a explicação básica como preenchimento até a produção de um breve texto a fim de estabelecer contato com o estudante que receberia a carta. Esta questão foi muito interessante, visto que os alunos analisavam com paciência quais informações escreveriam em suas cartas. Nesta mesma linha, se destaca o protagonismo dos mesmos na produção do conteúdo.
ExcluirEspero ter contribuído para a discussão.
Cordialmente,
Gustavo Henrique Kunsler Guimarães
Olá, Eduardo. Além do mencionado pelo Gustavo, é necessário destacar que em atividades como essa é importante a comunicação constante entre os docentes para que a prática siga direcionamentos semelhantes, a fim de se tornar mais efetiva em ambas as turmas. Obrigado pelo comentário.
ExcluirDiego dos Santos
Olá, gostei muito do seu trabalho. Faço só um simples questionamento.
ResponderExcluirEm um mundo globalizado que vivemos que as informações estão a um clique, o que fazer para que os alunos tenham interesse sobre as cartas e que incentivos os professores devem fazer?
Juan Pimentel da Silva, aluno de Licenciatura Plena em História da Universidade Nilton Lins, Manaus, Amazonas
Olá Juan, obrigado pelo comentário. Seu questionamento tem muita validade. Em nossa abordagem procuramos destacar os aspectos de sociabilidade presentes na atividade. No processo de desenvolvimento da proposta utilizamos vídeos, cartas históricas e dialogamos sobre a possibilidade de conhecer uma pessoa com a realidade diferente do que a que os estudantes vivenciam. Os discentes demonstraram curiosidade acerca destas questões, visto que rompiam com as concepções de comunicação que haviam vivenciado. Nesse processo de mediação procuramos fomentar estes aspectos e respeitar o desenvolvimento dos mesmos enquanto protagonistas da proposta.
ResponderExcluirEspero ter auxiliado.
Cordialmente,
Gustavo Henrique Kunsler Guimarães
Obrigado pelo questionamento, Juan. Quanto ao interesse dos alunos sobre as cartas, vimos que de certa forma o "estranhamento" com um estilo de escrita e comunicação mais formal, acabou por gerar interesse, pois tratava-se de algo novo, pouco experienciado na vida cotidiano dos estudantes. Além disso, práticas como essa de troca de cartas podem ser realizadas dentro do ambiente de uma mesma escola, fomentando uma nova maneira de comunicação entre os alunos e contribuindo para o aperfeiçoamento da escrita.
ExcluirDiego dos Santos