Daiane Lima dos Santos


A HISTÓRIA DA ÁFRICA NO LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA DO ENSINO FUNDAMENTAL DO 7ª ANO DA COLEÇÃO ARARIBÁ



Quando o assunto é livro didático nota-se uma significativa parcela de autores que contribuem para pensar a forma de (re) produção dos mesmos como Alain Choppin (2004), Circe Bittencourt (2011), Cuesta Fernandez e Rüsen etc.

Diante dessa gama de autores, é importante destacar que Choppin em seu artigo “História dos livros didáticos e das edições didáticas: sobre o estado da arte” afirma que:

“[...] a pesquisa desenvolvida sobre o livro escolar de início dizia respeito ao próprio produto, ou seja, essencialmente ao seu conteúdo (product-oriented researches); apenas recentemente os historiadores têm se interessado pelas diversas etapas que balizam a existência de um livro (process-oriented researches), sem deixar de privilegiar algumas delas, como as reações e as críticas que podem ser suscitadas pelos livros didáticos (reception-oriented researches) [...].” [Choppin, 2004, p. 563].

Nota-se que, aos poucos, o livro didático foi sendo observado sob outra perspectiva sem limitar-se naquela cuja característica essencial era a ilustração, isto é, sem ser somente pela sua existência, mas pelo seu conteúdo.

De outro lado é possível perceber que Bittencourt ao analisar as pesquisas feitas a respeito do livro didático aponta que tiveram um avanço significativo no Brasil a partir dos anos 1980 “[...] as pesquisas acadêmicas sobre o livro didático tiveram um constante crescimento em programas de pós-graduação a partir da década de 1980 [...]”. [Bittencourt, 2011, p. 490].
E esse crescimento está relacionado aos temas trabalhados nos livros didáticos que tinham a ver com as questões de identidade conforme destaca Choppin:

“A análise desses temas mostra ainda que determinadas questões são frequentemente retomadas em cada país: as que se referem a formação da identidade nacional, e que são as mais comuns, notadamente em países que conquistaram a autonomia ou que a recuperaram recentemente, ou ainda naqueles nos quais o poder político preocupa-se em consolidar ou alimentar – por razões diversas – o sentimento de nacionalidade”. [Choppin, 2004, p. 556].

Os estudos apontaram que a identidade nacional era o tema trabalhado em diversos países como forma de despertar e consolidar o sentimento de nacionalidade. E isso está diretamente ligado à produção didática de construção sob o viés do Estado.

Nessa linha interpretativa, Circe Bittencourt em seu artigo “Produção didática de história: trajetórias de pesquisa” ao trabalhar as produções didáticas no Brasil, aponta elementos que fazem pensar as perspectivas de construção dos livros didáticos que passaram a ser preocupação de historiadores e geógrafos com relação à manipulação desses conteúdos pelo poder estatal.

Dessa forma, Bittencourt ao trazer uma análise do trabalho do historiador francês Marc Ferro afirma que:

“[...] identificou o caráter ideológico da literatura didática de maneira muito semelhante em países de diferentes lugares nas décadas de 1960 e 1970 concluindo que os livros escolares eram veículos privilegiados da difusão de uma ideologia e de uma manipulação política sobre as populações dos países do então terceiro mundo.” [Bittencourt, 2011, p. 497].

Essa contribuição dos estudos de Ferro sinalizada por Bittencourt estaria diretamente ligada ao entendimento de que os livros serviam como forma de manipulação política e difusão de ideologia sobre os países considerados de terceiro mundo, ou seja, aquilo que Boaventura de Sousa Santos (2010) critica, ao defender as Epistemologias do Sul que, de acordo com o autor são “Conjuntos de procedimentos que visam reconhecer e validar o conhecimento produzido por aqueles que têm sofrido sistematicamente as injustiças, a opressão, a exclusão causadas pelo capitalismo, pelo colonialismo e patriarcado”[Sousa Santos, 2010].

Além disso, a autora destaca que houve novas interpretações acerca do conhecimento escolar e do acadêmico o que contribui significativamente para repensar a produção dos materiais didáticos. [Bittencourt, 2011, p. 501].

Desse modo, o livro didático é entendido como mercadoria em razão, nos dias atuais, com o aperfeiçoamento tecnológico do livro didático de História, o que acarreta melhorias no processo de difusão e distribuição do material.

Choppin em seu artigo “O historiador e o livro escolar” afirma que o livro didático é uma fonte rica e complexa, passível de análise historiográfica “[...] porque ele se esforça em lançar um olhar distanciado, livre de contingências, livre de polêmicas, o historiador pode distinguir e colocar em relação as diversas facetas desse objeto extremamente complexo, que é o livro escolar. [Choppin, 2002, p. 15].

Isto posto, torna-se imprescindível trazer o livro didático como fonte já que a proposta é a de analisar de que forma o conteúdo de história da cultura afro-brasileira está sendo retratado nos livros/manuais didáticos, e no caso particular deste artigo, será feita a abordagem do livro didático do Projeto Araribá que norteia o trabalho do professor de ensino fundamental da sétima série.

Os livros didáticos em geral, segundo Bittencourt, quando trabalham as leis 10.649/2003 e 11.645/2008 – obrigatoriedade do ensino de história da África e da cultura dos afrodescendentes e do ensino de história indígena – deram novo sentido político ao ensino de História “[...] uma vez que tais decisões do poder governamental são decorrentes dos movimentos negros e dos indígenas” [Bittencourt, 2011, p. 506].

Já Luciene Moraes em seu artigo ao trazer a lei 10.639/2004 destaca que:

“[...] a referida lei atende uma antiga reivindicação do Movimento Negro apresentada já durante o I Congresso Brasileiro do Negro, promovido pelo Teatro Experimental do Negro, em 1950, e corroborada na Convenção Nacional do Negro pela Constituinte, realizada em Brasília, em 1986, reivindicando a inclusão da História da África e do negro no Brasil em todos os níveis de ensino, além da proibição de propaganda de guerra ou subversão da ordem e de preconceitos de religião, raça, cor e classe. ” [Moraes, 2014, p. 212].

Observa-se no trecho que referida lei é resultado de lutas e reivindicações do Movimento Negro ao longo do século XX no Brasil. Contudo, ao fazer uma análise de obras que tratam da revolta do Malês aponta:

“[...] percebe-se uma mudança sensível no trato do assunto corroborando a tese de que ocorre um impacto do texto da lei nas lutas hegemônicas pela fixação do sentido dos negros. O tema, que passava quase despercebido nos manuais anteriores à lei 10.639/2003, é utilizado nos manuais dos anos posteriores a sua promulgação, mesmo que seu espaço não tenha linhas tão rebuscadas quanto de outros eventos do período. ” [Moraes, 2014, p. 220].

É perceptível que, segundo a autora, a lei 10.639/2003 trouxe mudanças na maneira como o assunto A Revolta do Malês é retratado havendo um impacto positivo, sobretudo relacionado às “lutas hegemônicas pela fixação do sentido dos negros”.

No diz respeito ao manual didático analisado neste artigo corresponde à Unidade 3 intitulada “Povos e reinos da África”.

Como o objetivo deste artigo é analisar de que forma o negro é retratado no livro didático do 7º ano, é pertinente trazer autores que contribuem com a análise do processo de escravidão ao longo do tempo.

Desse modo, ao tratar do tema é possível notar autores que concordam e que discordam de Gilberto Freyre, autor que disseminou uma visão romantizada desse processo doloroso ocorrido no Brasil.

Suely Queiroz faz uma análise de como a escravidão era percebida pelos autores, em especial por Gilberto Freyre em Casa Grande e Senzala, afirmando que o autor foi um conservador “[...] seus argumentos para ressaltar a benignidade da escravidão revelam ter sido influenciado pelo pensamento conservador do século XIX, cuja a substância seria a “apologia do passado e a consequente defesa do status quo”. [Queiróz, 1998, p. 104].

Conforme a autora, as ideias difundidas por Freyre além de não serem contestadas na época, influenciaram autores brasileiros e estrangeiros, no entanto, nos anos 1950 surgiu uma corrente norte-americana que se opôs às ideias defendidas por Freyre descaracterizando a existência de um “sistema mais suave de escravidão”.

Além dessas discussões feitas, a autora Queiroz traz uma análise a respeito da família escrava apontando elementos que dificultavam a criação dessa instituição e de autores que defendem que era possível existir família escrava a partir das fontes qualitativas em que há historiadores da nova corrente que não negam a expressividade numérica masculina e baixa fecundidade feminina da qual está atribuída “[...]em grande parte explicada pelo inconformismo do escravo ante o cativeiro”. [Queiróz, 1998, p. 114].

Diante dos dados afirma que “[...]a separação forçada foi um dos grandes obstáculos para a vida familiar” [Queiróz, 1998, p. 114]. Nesse sentido, fica a polêmica sobre a expressividade da família escrava no Brasil.

Agora, no que concerne ao conceito de escravidão Ana Paula Squinelo e outras autoras fazem uma análise comparativa dos manuais didáticos brasileiros e portugueses do livro projeto Araribá com o qual este artigo trabalha:

“Usando meios pacíficos ou violentos, os africanos resistiam à crueldade da escravidão, em defesa de sua condição humana, de suas necessidades e de sua cultura. Muitos negros resistiam também de modo mais direto. Não foram poucas as ocorrências de escravos negros que roubaram os pertences do senhor, assassinaram feitores, capitães-do-mato e familiares do senhor. Nenhuma forma de resistência foi mais significativa que a fuga. Afinal, ela representava o fim das agressões físicas, do trabalho forçado, da submissão à vontade dos outros.” [Squinelo; Solé; Barca, 2018, p. 20].

De acordo com a autora, o projeto Araribá destaca que houve em partes o protagonismo do negro. Partindo dessa linha de pensamento, ao trazer como objeto de pesquisa o livro didático, manual do professor, do projeto Araribá para o 7ª ano do ensino fundamental cumpre frisar que é produção da editora Moderna cuja responsável é a Bacharel em História Maria Raquel Apolinário que possui experiência como professora na rede municipal e estadual de ensino.

Assim, será feita a análise da Unidade 3“Reinos e povos da África” que é composta por: Tema 1 “Reinos islamizados do Sahel”; tema 2: “O comércio caravaneiro”; tema 3: “Povos iorubás e bantos”.

Os reinos e povos da África
A Unidade 3 é iniciada com trecho do “Hino à minha terra” que exalta a importância da terra, fauna e flora da África, mas, em especial o foco está voltado ao respeito à diversidade e como imagem de abertura é possível observar 3 momentos distintos que caracterizam a vida na África: o comércio, a pintura corporal e uma sala de aula ao ar livre.

Considerando as ilustrações constantes em praticamente todas as páginas é pertinente trazer o que Squinelo [2015] afirma em sua análise inicial das obras didáticas trabalhadas no período de 1870, em especial, àquelas que retrataram a guerra do Paraguai trazendo as principais perspectivas didáticas a respeito do assunto sob o viés marxista.

A referida autora fez a análise das duas coleções mencionadas no título do artigo Projeto Radix: História e História, Sociedade e Cidadania que segundo a autora:

“Nas duas Coleções é possível averiguar elementos que as aproximam, assim como aspectos que as distanciam. Ambos os textos principais apresentam ao leitor uma narrativa linear e pautada nos acontecimentos, feitos, batalhas e heróis que de acordo com esse perfil de escrita foram fundamentais no contexto da Guerra.” [Squinelo, 2015, p. 1128].

Diante da análise, afirma que cada vez mais quadros e ilustrações ganham espaço nos manuais didáticos e tece uma crítica ao ressaltar que os textos cumprem “[...] função meramente ilustrativa e não problematizadora dos conteúdos, especial às concernentes à Guerra do Paraguai, isto é, as fontes não dialogam com o texto principal”. [Squinelo, 2015, p. 1134].

Tal assertiva gera a reflexão de como as imagens são dispostas nos materiais didáticos, se estão ou não amarradas ao texto, o que facilita a compreensão e o entendimento do assunto.

A autora conclui estabelecendo uma crítica de que a equipe produtora do livro faz a opção “[...] pela manutenção de uma escrita de história baseada no encadeamento dos fatos a partir de uma história eurocêntrica, linear e sustentada pelo quadripartismo histórico.” [Squinelo, 2015, p. 1137].

A rigor, no que tange à análise de como o negro é retratado no material didático analisado, não foi possível notar uma visão linear, entretanto, em um momento é possível verificar o negro como mercadoria, resultado de uma reprodução eurocêntrica, de uma epistemologia do norte.

Considerando o tema 1, ao tratar dos “Reinos islamizados do Sahel” texto é iniciado com a seguinte questão: “Por que conhecer a História da África?” E, logo abaixo, a seguinte pergunta: “Quais são as principais características dos reinos de Gana e Mali?”

Além disso, um trecho é destacado em letras na cor-de-rosa para que o professor evidencie as fontes que auxiliam nos estudos dos antigos povos africanos compostos pelos escritos árabes, vestígios arqueológicos e, especialmente, os relatos orais. Daí a importância da oralidade na construção da história dos povos da humanidade.
Desse modo, os questionamentos levam a reflexões que podem ser discutidas em sala de aula. Feitas as reflexões, é apresentado o contexto, breve, da África pré-colonial trazendo como tema 1 Os reinos islamizados do Sahel e o que chama atenção é a comparação de diferentes regiões da África retratada na ilustração inicial o que aponta para a diversidade de povos e tipos de economia que mantém a sociedade.

No texto, apresenta o ouro como moeda de troca, em especial, com o sal, e ao lado evidencia uma ilustração que mostra a forma comercial da época, o comércio caravaneiro. Além disso, trabalhando a cidade de Gana trouxe um mapa para explicar a presença do islã.

O manual didático traz informações complementares para o professor e utiliza o espaço “Pense e responda” com uma pergunta baseada no texto para que o aluno responda e, na sequência apresenta o contexto do Império Mali mostrando a sua importância.

Ao destacar a vivencia cotidiana, a sociedade, a economia, a cultura e religião em Mali dá ênfase para o trabalho artístico de produção de escultura, da arte.

Em consonância com o assunto, dá continuidade no tema 2O comércio caravaneiro” e a respeito desse tema é apresentado o texto intitulado “Sobrevivendo ao deserto” contendo uma ilustração.

É importante assinalar que, essa forma de texto associada à imagem, adotada na produção do livro, demonstra a criação de um determinado padrão na maioria das páginas que trazem algum tipo de ilustração que tem explícita ligação com a reflexão proposta.

Os textos e as imagens demonstram o comércio caravaneiro no deserto em tempos antigos e atuais. Nesse sentido, o deserto como lugar de passagem e, que contribuiu para o comércio, ou seja, desmistificando a ideia de que o deserto é totalmente inabitável. Demonstrando, além disso, as características e funcionalidades do camelo, animal muito resistente ao clima desértico que serve para além do transporte, como produtor de leite e de carne para o consumo humano.

Logo, ao dar continuidade ao conteúdo do manual didático são apontadas as “Rotas do comércio transaariano e transaheliano” e, para tanto, traz uma ilustração do século XVII, em que mostra um camelo descansando assim como mostrando as cidades que participavam dessa rota e as diferentes especiarias comercializadas.

É interessante assinalar que uma caixa de texto explicativa abaixo do referido texto permite um diálogo com a Geografia, o que demonstra a preocupação com a interdisciplinaridade uma vez que questiona os aspectos físicos do deserto e reflete sobre o espaço.

Todos esses elementos citados no texto levam a redefinição de conceitos prévios preconceituosos quanto ao clima desértico e suas caraterísticas, isto é, a entender a importância do deserto para as pessoas.

Os produtos da região do Sahel e das florestas iam em direção ao norte e depois seguiam para a Europa e para a Ásia. Dentre os principais produtos destacam-se: o ouro, noz-moscada e escravos.

É possível notar que, na descrição dos produtos comercializados da coleção, o escravo é um deles seguido do seguinte trecho: “Trabalhavam nas salinas do Saara, nas sociedades islâmicas do norte da África e nos países europeus, sobretudo na Península Ibérica Muçulmana.” O texto é finalizado com a afirmação de que esses produtos representavam a base da economia do Sahel.

Todavia, chama a atenção do professor em letra de tamanho menor, na cor-de-rosa da seguinte maneira:

“Os alunos podem estranhar a classificação do escravo como produtor ou mercadoria. Porém, é justamente essa condição de mercadoria que caracteriza a mão de obra escrava. Sugerimos esclarecer os alunos a respeito desse conceito. Em outras palavras, a desumanização não está no fato de os livros de história classificarem as pessoas escravizadas como ‘mercadorias’, mas ‘no sistema escravista que reduz um ser humano à condição de um bem, uma ‘propriedade’”. [Projeto Araribá, 2014, p. 71].

Cumpre frisar que, não são os livros de história que desumanizam ou caracterizam as pessoas como mercadorias, mas quem o escreve. Desse modo, quem escreveu o livro é infeliz ao apontar o escravo como mercadoria porque parte da perspectiva eurocêntrica ao invés de adotar outro conceito e evidenciar ao longo do texto a forma como as pessoas escravizadas foram tratadas durante o período estudado.

Diante desse panorama, a crítica que se estabelece ao texto do manual didático diz respeito ao fato de que o supracitado trecho deveria estar explícito no manual didático do aluno também para que não fique somente sob a responsabilidade do professor explicá-lo.

Para fechar a análise da Unidade 3 do manual didático do professor do Projeto Araribá é possível afirmar que existe um conteúdo significativo abordado no que diz respeito à História da África, nos seus aspectos econômicos, políticos e sociais, no entanto, esse conteúdo além de apresentar fragilidades no sentido de ser mais genérico, carece de maior explicação e articulação como, por exemplo, o tráfico negreiro no Atlântico e sua chegada no Brasil.

Logo, considera-se pertinente, por exemplo, que o manual faça sugestões ao professor, de forma clara e contextualizada, de como trabalhar alguns conceitos, em especial, o conceito de escravo e escravidão (este último ausente) porque o manual do professor aponta-o como mercadoria e, desse modo, acaba reproduzindo a ideia e visão colonizadora que é eurocêntrica.

Referências
Daiane Lima dos Santos é Doutoranda em História pela UFGD - Bolsista Capes/DS com a orientação do professor Doutor Paulo Roberto Cimó Queiroz.


CHOPPIN, Alain. História dos livros didáticos e das edições didáticas: sobre o estado da arte. Educação e pesquisa, São Paulo, v. 30, n.3, p.549-566. set/dez. 2004. [artigo]

____. O historiador e o livro escolar. História da Educação. /ASPHE. Pelotas: FAE/UFPel, n.11, abr. 2002, p. 5-24. [artigo]

GUIA de Livros Didáticos: PNLD 2014. História: ensino fundamental: anos finais. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Básica, 2013. [livro]

MORAES, Luciene Maciel Stumbo; MORAES, Wallace dos Santos. A revolta dos malês nos livros didáticos de História e a lei 10.639/2003: Uma análise a partir da “epistemologia social escolar”. In.: MONTEIRO, Ana Maria. Pesquisa em ensino de História: entre desafios epistemológicos e apostas políticas. 1ªed. Rio de Janeiro: Mauad X: Faperj, 2014. p. 209-225. [artigo]

QUEIRÓZ, Suely Robles Reis de. Escravidão negra em debate. In.:  FREITAS, Marcos Cezar (org.). Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto, 1998. p. 103-117. [artigo]

SOUSA SANTOS, Boaventura de; MENESES, Maria Paula. (Orgs.) Epistemologias do Sul. São Paulo; Editora Cortez. 2010. [livro]

SQUINELO, Ana Paula; SOLÉ, Glória; BARCA, Isabel. O conceito “escravidão” nos manuais didáticos de História: diálogos, itinerários e narrativas em Brasil e Portugal. Revista História e Ensino, Londrina, v. 24, nº 2, p. 55-86, jul./dez. 2018. [artigo]

SQUINELO, Ana Paula. Concepções historiográficas e ensino de história: a Guerra do Paraguai nas coleções didáticas projeto Radix: História e História, sociedade e cidadania (PNLD 2014). In Diálogos, Maringá, v.19, n. 3 p. 1121-1139, set./dez. 2015. [artigo]

12 comentários:

  1. Embora a pesquisa em torno do que os livros didáticos dizem ser importante, é essencial entender seu uso.

    existem pesquisas no Brasil que analisam o uso de livros escolares e seus efeitos na aprendizagem dos alunos em torno da compreensão da África como referência histórico?

    Prof. Javier Ibagón

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, boa tarde!

      Prezado Javier, sim existem pesquisas de mestrado e doutorado com tal finalidade. Um exemplo disso é a tese da Geranilde Costa e Silva da UFC que tem como título "Pretagogia: construindo um referencial teórico-metodológico de matriz africana para a formação de professores/as".

      Excluir
  2. Olá, Daiane. Muito interessante a sua análise.
    O livro didático muitas vezes é o único material de apoio disponível em sala de aula para professor e alunos. Neste caso, qual a sua percepção quando se trata da funcionalidade deste material didático em sala de aula a fim de realizar uma história mais abrangente e menos estereotipada?

    Priscielli do Carmo Rozo Cerdeira da Rosa.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, boa tarde, Priscielli. Penso que o livro didático serve como um suporte ao ensino de História da África cabendo ao professor uma pesquisa mais aprofundada, não se limitando a ele. Isso propiciará um diálogo com os alunos demonstrando a cultura africana anterior ao tenebroso período da escravidão. Ou seja, demonstrado que a África era organizada socialmente, politicamente e economicamente e que esses aspectos devem ser considerados para entender a formação da cultura do Brasil de ontem e de hoje.

      Excluir
  3. Olá, Daiane! Depois de alguns debates, adotamos aqui na cidade de São Gabriel do Oeste, MS, o Projeto Araribá como instrumento nas aulas de História tanto na rede estadual quanto municipal. Livro didático é sempre tema polêmico, afinal as críticas às ideologias e (des) construções presentes não conseguem um consenso. Entretanto, lembro que ele é um mediador e não o detentor do conhecimento e dos afazeres pedagógicos. Optei pelo Araribá por exatamente ter apresentado uma discussão maior e significativa da História da África em relação aos demais. Mesmo com uma lei que obriga o ensino, ainda muitos professores relutam em ensinar o tema. A seu ver, quais caminhos e debates o Projeto Araribá tem apresentado para este docente que reluta no ensino da história preta/negra? Sou Patricia Lúcia do Nascimento, professora de História na Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul.

    ResponderExcluir
  4. Olá, Patrícia. Boa tarde!

    De fato, o material do projeto Araribá traz uma abordagem mais ampla da África e na contramão deparamo-nos que existe resistência de alguns professores com relação ao ensino de História da África sobretudo porque consiste em um assunto "novo" aos olhos daqueles que só estudaram a "os africanos" a partir do momento do tráfico negreiro: quando foram trazidos forçadamente na condição de escravos.
    Nesse sentido, o projeto Araribá traz sugestões de leituras e filmes que auxiliam na compreensão do objeto de estudo facilitando o processo de ensino-aprendizagem dos alunos.
    Além disso, observa-se o novo olhar lançado para o entendimento da África sem os esteriótipos criados a partir do processo de escravidão. Ou seja, estuda-se a história da África a partir da África Pré-colonial.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo contigo e mais que nunca a importância de desconstruir essa visão tradicional e reducionista da história pautada pura e exclusivamente no tráfico negreiro,grata por sua resposta. Atenciosamente, Patricia.

      Excluir
  5. Daiane parabéns pelo trabalho. Tenho algumas questões para que eu possa me localizar melhor na sua leitura: quais os critérios que a levaram a optar pela coleção tratada? Qual seria seu ponto de partida para pensar suas questões a partir das narrativas apresentadas nos manuais que analisa: o da cultura escolar ou os apontamentos oriundos da educação histórica? Grata Helena Ragusa Granado

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Helena. Boa tarde.
      Optei em analisar a coleção do projeto Araribá tendo em vista que era o livro disponibilizado para os professores trabalharem no ano de 2018 na rede municipal de ensino em Dourados.
      Com isso, o ponto de partida foi pautado na educação histórica visando problematizar o ensino-aprendizagem da História da África.

      Excluir
  6. ANA PAULA SINQUELO E OUTROS AUTORES FIZERAM UM COMPARATIVO DOS MANUAIS DIDÁTICOS E PORTUGUESES QUE COMEÇA ASSIM: "USANDO MEIOS PACÍFICOS OU VIOLENTOS...."QUE MEIOS PACIFICOS FORAM ESTES?
    HEINZ DITMAR NYLAND

    ResponderExcluir
  7. NO FINAL DO TEXTO FALA QUE A HISTÓRIA DA AFRICA APRESENTA FRAGILIDADES. CONCORDO. POR QUE NÃO ESTUDAMOS O CONTINENTE AFRICANO? NÃO PODEMOS ESQUECER O NEGRO, ESCRAVOS E TRIBOS. NÃO SERIA UM ESTUDO MAIS AMPLO?
    HEINZ DITMAR NYLAND

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, boa tarde Heinz.

      É uma pergunta que sempre me faço, mas isso está além de nós. É um tema que merece atenção sobretudo porque nossa matriz identitária é miscigenada. Seria um estudo mais amplo e que contribuiria para minimizar esteriótipos e formas de preconceitos que existem, como por exemplo, na questão das religiões afro-brasileiras que são alvos de intolerância religiosa.

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.