A CIDADE NOS EDUCA: PATRIMÔNIO
LOCAL COMO FONTE DE CONHECIMENTO EM HISTÓRIA
Quando falamos em
patrimônio, a primeira imagem que normalmente vem à mente de muitas pessoas são
as construções antigas e luxuosas, ou seja, muitos ainda não percebem que ele é associado também à
cultura, às histórias e às mais variadas manifestações populares. Essas
manifestações são vividas, sentidas e experimentadas de acordo com os variados
grupos sociais e o tempo/ espaço em que ocorrem. A reflexão sobre os
patrimônios da cidade tem muitas utilidades na educação básica, entre elas
ajudar a “reconhecer
que todos os povos produzem cultura e que cada um tem uma forma diferente de se
expressar é aceitar a diversidade cultural e reconhecer também que não existem
culturas superiores a outras” [Grinberg, 2007, p. 4].
Fernando Cerri
[2001], seguindo os princípios de Paulo Freire [1997], nos aproxima de uma
noção muito importante para quem trabalha com educação e, neste caso, com
História: professoras e professores não são detentores de todo
conhecimento, História[s] não é construída tão
somente nos bancos escolares, muito pelo contrário, tudo em absoluto pode ter
potencial para nos educar em História. Portanto, a Consciência Histórica das
pessoas não é baseada apenas nos aprendizados do conteúdo do componente de
História na escola.
Mas, então, como a
cidade pode nos educar? Como definir o que é ou não patrimônio? Quais são os
sentidos, para além da importância material, que as pessoas dão para os espaços
de memória de um local? Este texto é parte do trabalho de conclusão da
Especialização em Ensino de História realizada na Universidade Federal do Pampa
em 2019, o objetivo esta em refletir sobre essas questões a partir de estudo
baseado em bibliografias de pesquisadoras/es consideradas referências nas
temáticas. Os resultados nos ajudam a compreender a importância do ensino de
História local para construção de jovens pensadores e conhecedores de sua
própria cidade.
A nova história e as
transformações na historiografia
Annales foi uma revista fundada
na França, em 1929, idealizada por Lucien Febvre e Marc Bloch, dois
pesquisadores que se encontravam insatisfeitos com a História Política e
Militar focada em relações de poder entre grandes nações e seus respectivos heróis. De tal modo, os dois encabeçaram
o movimento que tinha como missão devolver às pessoas, não só as pertencentes
da elite como comumente se fazia, a possibilidade de ser produtoras de
História. A historiografia até então não se preocupava com as estruturas, e sim
com fatos e datas marcadas por grandes episódios, utilizando somente fontes
advindas de documentos de instituições oficiais, fato que reduzia a história a
um emaranhado de eventos, cuja narrativa se alimentava basicamente pelo anseio
de uma verdade única. O contexto da 2ª Guerra Mundial auxiliou na emergência de
diversas discussões historiográficas, nas quais as experiências do
contemporâneo passaram a estar entre os interesses de pesquisadores.
Por qual motivo se coloca o presente como foco? Friedrich Nietzsche [1976, p. 102]
nos chama atenção para o valor da História. De acordo com ele, “serviremos a
história só na medida em que ela serve a vida”, isto é, nós precisamos de
História para a vida e para as ações do dia a dia. Para o autor citado, toda e
qualquer sociedade deveria possuir um adequado conhecimento do seu passado e
como ele se representa, mas, para isso, seria imprescindível aos indivíduos
saberem esquecer o que é supérfluo e saber guardar o que lhe fará falta. Quer
dizer que “o sentido histórico e a sua negação são igualmente necessários à
saúde de um indivíduo, de uma nação e de uma civilização” [1976, p. 109].
Pierre Lagrou [2009, p. 4] aponta que a “História
do tempo presente” iniciou-se na França, no final dos anos 1970, com o intuito
de repensar questões da historiografia até então vigente. A intelectualidade
não considerava fatos recentes como interessantes para a História,
deslegitimando sua importância para a produção de abordagens. Nesse sentido, Reinhart Koselleck [2014, p. 229]
propõe uma reflexão acerca da seguinte questão: por que tal coisa é considerada
como pertencente à história atual e outra coisa não? O autor não vê essa
pergunta como algo simples para responder, visto que as três dimensões
temporais terminam na presencialidade, todo tempo é um “tempo presente num
sentido específico. Pois o futuro ainda não é, e o passado já não é mais”
[2014, p. 231]. Em outras palavras, todas as histórias são histórias do tempo e
estão sendo pensadas no presente da pessoa que a produz. Essa nova noção de temporalidade passou a necessitar de
narrativas que estivessem alinhadas com as subjetividades inerentes aos seres humanos, significando uma quebra com a
objetividade até então exigida e ostentada como única forma de fazer História.
As contribuições da Nova História
permitiram o debate das narrativas históricas de outros personagens, antes
silenciados, ou seja, deslegitimados pela historiografia oficial, entre elas a
História do povo negro, das mulheres, dos povos originários, das pessoas tidas
como comuns, etc. É a partir dessa percepção que o saber popular tornou-se peça
chave para incluir aquelas e aqueles que outrora estavam distantes da História
oficial. Com as mudanças do entendimento do que é e para que serve a História,
muda-se também a prática relacionado ao ensino da mesma.
É no seio das transformações que vieram a partir do
surgimento dessas correntes historiográficas que nascem novos conceitos como o
de História Local, que, basicamente, é pesquisar as ações, transformações e
experiências das pessoas na sua esfera de atuação mais próxima: sua cidade/
bairro. As pessoas comuns passam a ser sujeitos interessantes para a História e
isso auxilia na introdução de um ensino com foco no local também:
“Trata-se de uma forma de abordar
a aprendizagem, a construção e a compreensão do conhecimento histórico com
proposições que podem ser articuladas com os interesses do aluno, suas
aproximações cognitivas, suas experiências culturais e com a possibilidade de
desenvolver atividades diretamente vinculadas à vida cotidiana. Como estratégia
de aprendizagem, a história local pode garantir melhor apropriação do
conhecimento histórico baseado em recortes selecionados do conteúdo, os quais
serão interligados no conjunto do conhecimento” [Vazquez, 1994 apud Schmidt;
Cainelli, 2009, p. 139].
Em meio a essa valorização do
ensino com enfoque nas experiências das pessoas dentro de seus espaços de
vivência coletiva, se dá, no Brasil, maior atenção às lutas dos movimentos
negros e dos povos originários por currículos que incluam a História e a
Cultura Afrobrasileira, Africana e Indígena. Apesar de sua extrema relevância
para a formação, consolidação e construção da História do país, por décadas,
não estava ocupando o devido lugar nos currículos e foi somente em 2003 que a
sociedade conquista, finalmente, a obrigatoriedade da inserção no ensino
escolar da cultura afrobrasileira e indígena, bem como a instituição do dia 20
de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra. A Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional é então alterada pela Lei 10.639/ 2003.
A História local hoje também é
parte do currículo das escolas, sob a justificativa de afirmação de identidade,
de reconhecimento da cultura que compõe a história da cidade em que vivem,
busca de percepção sobre continuidades e permanências da vida social, política,
econômica e laboral, tudo para com o objetivo de potencializar a Consciência
Histórica nas e nos discentes.
Ensino de história e consciência histórica
Acompanhando as novidades
da historiografia, ao longo dos anos, o Ensino de História, no Brasil e em
vários outros países, passou por diversos processos. Dentre eles, podemos citar
o tradicional caráter legitimador de heróis e conquistas advindas de
elites, supervalorizando a história branca,
ocidental e cristã. Nessa História criada e contada pelos de cima, caracterizada pelo eurocentrismo, linearidade e alinhavada
cronologicamente, nem todas as pessoas possuíam o aval para serem sujeitos
históricos, além do mais, tudo que por ela passasse deveria vestir a roupagem
da verdade única e inquestionável. Assim se fez o saber Histórico ou talvez, em
determinados espaços, ainda se faça.
O Ensino de História perpassa,
desde sua origem, por intenções de construção
de identidades nacionalistas, para formatar – literalmente – cidadãos
disciplinados e doutrinados pela visão linear e fatídica da história. No artigo “Didática da História: uma leitura
teórica sobre a História na prática”, Luis Fernando Cerri [2001, p. 264] aborda
a ligação da História com o desejo de construção e manutenção de uma identidade
nacional. Sendo assim, todo conteúdo ensinado no Brasil, parte de um produto
que ele chama de liberal e iluminista, tal como alguns países europeus, e aí se
configura como uma das características que permanece no presente, orientando o
ensino escolar da História.
Na contemporaneidade,
já possui outro caráter. Agora se percebe pelo viés de integralização das
diferentes formas de construção da Consciência
Histórica. Mas o que seria essa tal Consciência Histórica? Seria algo
específico de alguns poucos seres humanos, dos mais letrados, talvez? Seria
algo que se constitui a partir do acesso ao conhecimento histórico ensinado nas
escolas? Uma espécie de noção incorporada pelas pessoas de forma unilateral e
sem intenção objetiva por trás? Ou seria uma forma de pensar o tempo e espaço
própria de cada humano em seu ser e estar coletivamente no mundo? Esta última
ideia se aproxima mais da definição pensada por teóricos, como o alemão Jörn Rüsen
[2001].
Discutir História é também
compreender que ela é o estudo do passado no presente. Isso quer dizer que,
mesmo que de nós se espere resultados objetivos, isso não será possível, porque
as análises e formas de construção do conhecimento também se modificam no
tempo. Nesse sentido, sabe-se que os usos da História foram variados, de acordo
com os objetivos que determinada sociedade pretendia. A Consciência Histórica,
como nos ensina Cerri [2001], é algo nato do ser humano, isto é, está
intrínseca a vida prática das pessoas e, portanto, não é algo criado a partir
dos bancos escolares, nem algo específico de determinado grupo social. Desde
pequenos, todas as pessoas aprendem a construir essa consciência a partir de
fatos e vivências do cotidiano, desde as questões ligadas a nós, a nossa
família até as histórias que permeiam o ambiente fora de casa, como o bairro, a
cidade, o país.
O processo de aquisição de Consciência Histórica
está além da escola, pois dentro dele há as diversas outras formas que contribuem,
como as mídias que ajudam a consolidar pensamentos e formar opiniões
coletivamente. Evidentemente, não quer dizer que o ambiente escolar também não
tenha seu papel dentro desse processo. Somos nós que trabalhamos diretamente
com esse conteúdo, que temos como função orientá-los para melhor organizarem
essa consciência. Entretanto, Cerri [2001] também chama atenção para a
necessidade de perpetuação de ideias do Estado através dos usos da História,
frente às novas perspectivas que poderiam auxiliar o povo a pensar de outras
formas. Logo, essa faz parte das dificuldades intencionais que sofremos na
produção de conhecimento histórico nas instituições de ensino.
Esse desafio tem sido repensado a partir da própria
compreensão do conceito de Consciência Histórica, que agora retira o papel
dominante da História escolar como única detentora de criação dessa consciência
e parte para a aglutinação de outros saberes históricos que não somente
conteúdo de sala de aula. Neste momento, abre-se a chance para o ensino-aprendizagem,
considerando os conhecimentos que circulam em outros locais como igrejas,
família, mídias, redes sociais e etc.
Para o alemão Rüsen [2001], a Consciência Histórica
tem a ver com o cotidiano e com a própria existência no mundo e, assim, acredita
que essa consciência tem como fator principal auxiliar as pessoas na vida
prática, para que elas reflitam sobre o passado para implicar em sabedoria que,
posteriormente, será aplicada no presente, isto é, o futuro depende dessa
referência com o passado e o presente. A História tem que ter a sua utilidade
no mundo prático.
Por isso, Cerri [2001] nos
traz à tona o poder do passado – que se modifica de acordo com o uso que
precisamos dar a ele – frente ao presente. Portanto, para auxiliar na vida real
das pessoas, o Ensino de História precisa buscar seu fortalecimento
consolidando uma Didática da História que considere as experiências das pessoas
e as utilize como contribuição para a formação de jovens pensadores e agentes
de mudanças sociais. Quando se trata dos instrumentos pedagógicos que podem ser
usados para dar sentido à História local, um deles pode ser o uso dos
patrimônios como referência educativa. O patrimônio é um componente histórico
repleto de potencial para estimular o conhecimento através da memória, da
criatividade, da curiosidade e do pensamento crítico e reflexivo. No Manual de
Atividades Práticas de Educação Patrimonial, Evelina Grunberg [2007] explica o
que pode ser considerado como Patrimônio Cultural:
“São todas as manifestações e expressões que a
sociedade e os homens criam e que, ao longo dos anos, vão se acumulando com as
das gerações anteriores. Cada geração as recebe, usufrui delas e as modifica de
acordo com sua própria história e necessidades. Cada geração dá a sua
contribuição, preservando ou esquecendo essa herança. Patrimônio Cultural não
são somente aqueles bens que se herdam dos nossos antepassados. São também os
que se produzem no presente como expressão de cada geração, nosso “Patrimônio Vivo”:
artesanatos, utilização de plantas como alimentos e remédios, formas de
trabalhar, plantar, cultivar e colher, pescar, construir moradias, meios de
transporte, culinária, folguedos, expressões artísticas e religiosas, jogos,
etc”. [Grumberg. 2007, p. 4].
Como vimos, é um conceito que abrange uma
infinidade de possibilidades, tal como é a própria experiência humana: um
emaranhado de subjetividades. Neste manual, a escritora também compartilha
atividades práticas de utilização dos patrimônios como fonte de aprendizado e
reconhecimento de saberes e fazeres das sociedades que compõem nossa História.
Em meio a essa discussão, é preciso falar também sobre Memória, já que ela está
em tudo que fazemos. David Lowenthal, no texto “Como se Conhecemos o Passado”, chama atenção para o quanto
despercebido é a conexão do passado em nossa experiência do presente. “As
facetas do passado, que perduram em nossos gestos e palavras bem como em regras
e artefatos, surgem para nós como passado somente quando as reconhecemos como
tais” [Lowenthal, 1998, p. 64].
No texto supracitado, Lowenthal questiona sobre
como as pessoas tomam conhecimento do passado e responde que é algo muito
simples, conhecemos o passado pelas lembranças que nos contam, pelas nossas
memórias, pelo que lemos, ouvimos e pelas nossas vivências. “O passado nos
cerca e nos preenche; cada cenário, cada declaração, cada ação conserva um
conteúdo residual de tempos pretéritos” [1998, p. 64]. Logo, o passado coexiste
[e podemos dizer também que só existe] em função do presente que se orienta
para pensá-lo através das memórias, tanto individuais como coletivas.
Usar os patrimônios da cidade
como recurso pedagógico potencializa o desenvolvimento do ensino de História,
da sensibilidade, do olhar sobre a cidade, do pertencimento, da memória. Por
consequência de tudo isso, também se estimula o senso crítico-reflexivo da
juventude, já que ela estará produzindo sentido histórico-cultural sobre
espaços que, por vezes, passam despercebidos. Estabelecer esse contato reforça
aquele sentimento de autoestima e orgulho, assim como proporciona a percepção
da História em seu conjunto de temporalidades, ajudando a ver que a cidade e
quem nela habita teve e tem suas contribuições com a História local, da região
e do país.
Referências
Kênya J. Martins de Paiva é
Licenciada em História pela Universidade Federal do Pampa - Campus Jaguarão.
Atualmente estuda Especialização em Ensino de História na Unipampa e é
mestranda em Educação pela mesma universidade.
CERRI, Luís Fernando. Ensino de
História e consciência histórica: implicações didáticas de uma discussão
contemporânea. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2001. [livro]
FREIRE, Paulo. Pedagogia da
Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra,
1997. [livro]
GRUNBERG, Evelina. Manual de
atividades práticas de educação patrimonial. Brasília: IPHAN, 2007. [livro]
KOSELLECK, Reinhart. Estratos do Tempo. Estudos
sobre história. Rio de Janeiro: Contraponto/PUC-Rio, 2014. [livro]
LOWENTHAL, David. Como conhecemos o passado.
Projeto História: revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História e do
Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São
Paulo, n. 17, p. 63-180, nov. 1998. [artigo]
NIETZSCHE, Friedrich. Considerações Intempestivas.
Tradução Lemos de Azevedo. Lisboa: Editorial Presença, Livraria Martins Fontes,
1976. [livro]
RÜSEN, Jörn. Razão histórica: teoria da história:
fundamentos da ciência histórica. Brasília: UnB, 2001. [livro]
SCHMIDT, Maria
Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2009. [livro]
Olá professora, diante do exposto e da ideia de "consciência histórica", gostaria de entender como trazer vivências de "fora" para o ambiente da sala de aula e "levar" as vivências da sala para o cotidiano do aluno?
ResponderExcluir- Levando em consideração que devemos demonstra aos nossos alunos que História tem utilidade no cotidiano e que nossas vivências coopera para a construção da consciência histórica.
Lais Isabelle Rocha de Souza.
Oi Lais,
ExcluirObrigada pela questão, fostes a primeira rs.
Esse texto é o recorte teórico de uma pesquisa realizada envolvendo uma exposição fotográfica, em que trabalhei com e a partir de relatos da população da cidade sobre determinados patrimônios, e posteriormente, com as memórias das e dos estudantes em formato de oficina com objetos biográficos.
De forma geral a atividade consistiu em: realizar uma postagem no status do Whatsapp e em grupos de classificados (de Jaguarão) no Facebook. Solicitei, a quem quisesse participar da pesquisa, o envio de uma fotografia de ou em algum patrimônio da cidade e que junto da imagem fosse enviado um curto relato sobre a memória que a pessoa guardava sobre o momento.
Depois de explicar que seriam utilizadas na Educação Básica tive inúmeras mensagens. Algumas pessoas me entregaram a fotografia e o relato pessoalmente, mas a maioria fez tudo via internet. Na seleção, elenquei dezoito fotografias e suas respectivas memórias. Logo após, passei a procurar um local acessível para impressão dessas fotografias em formato A3 para realizar a exposição. Antes da exposição foi solicitado que a turma levasse objetos biográficos, pois as fotografias e relatos seriam utilizados em conjunto com os objetos carregados de memórias das próprias crianças.
Assim como esta atividade, muitas outras podem ser realizadas, tais como caminhadas culturais na cidade, passeios pedagógicos no meio rural, convidar pessoas mais velhas para conversar com as crianças em sala ou fora dela, solicitar que a turma faça entrevistas com questões sobre sua origem e como a cidade era há duas décadas, por exemplo. Todas essas propostas se relacionam diretamente com o conteúdo curricular de História, inclusive podem (e o ideal seria esse) ser trabalhadas de forma multidisciplinar.
Espero ter te respondido!
Um abraço virtual.
Como a(s) História(s) dos espaços urbanos pode se fazer presente nos currículos da Educação Básica e assim contribuir de forma mais efetiva para a construção de consciências históricas?
ResponderExcluirANDERSON DANTAS DA SILVA BRITO
Olá, Anderson.
ExcluirA BNCC na parte sobre História já orienta em relação a memória e a identidade pensando a partir do local em que se vive. As histórias dos espaços urbanos e campesinos são partes integrantes da identidade da população e por consequência, tornam-se fundamentais no aprendizado escolar. Dito isso, é importante destacar que, assim como foi dito no texto, a consciência histórica não é algo que se aprende somente nos bancos de instituições de ensino, estamos nos construindo em todos os espaços possíveis, dentro e fora de nossas casas. As profissionais da educação devem sempre instigar as e os educandos a trazer à tona as suas memórias sobre o local onde vivem e dessa forma, fazer as conexões necessárias para que a turma vá se percebendo como agente da história coletiva e individualmente.
Espero ter te respondido!
Um abraço virtual.
Kenya.
Pensando a cidade como uma fonte de pesquisa para o ensino de história e levando ainda em consideração os conteúdos previamente programados e a pressão direcionada aos docentes no sentido deles darem conta das avaliações externas e assim mostrar resultados, que possibilidades e/ou estratégias educacionais poderiam ser adotadas, enquanto metodologia, para refletir a história local e os patrimônios da cidade? Minha questão se resume, basicamente, em pensar a construção do conhecimento histórico, discutindo as potencialidades diante da existência de patrimônios (materiais/imateriais) em diálogo direto com a realidade destes estudantes, mas sem excluir a única ferramenta de estudo que a maioria dos estudantes tem acesso, o livro didático. Que contornos poderiam ser feitos para alcançar tais objetivos?
ResponderExcluirEster Araújo Lima da Silva
Olá, Ester.
ExcluirAgradeço sua questão.
O trabalho com a História Local possui algumas características, uma delas é que de forma geral as escolas não possuem material didático-pedagógico específico sobre a própria cidade. Portanto, a abordagem sobre a cidade, seus percursos, seus patrimônios (algo que esta em voga no Tempo Presente) fica muito a cargo da profissional e de como a escola se articula com as atividades oriundas de outros espaços institucionais, tais como Prefeitura, Museus, Universidades, etc. Por outro lado, muitos livros didáticos já trazem em seus conteúdos aspectos para se pensar no local em que vivemos, muitos orientam as e aos estudantes na realização de entrevistas com pessoas mais velhas, a realizar passeios pedagógicos no bairro, a utilizar canções escritas por artistas locais, memórias de ex estudantes daquela escola, e uma série de outras atividades que são específicas para abordar História, Memória e Identidade a partir do local em que estamos inseridos.
Espero ter te respondido!
Um abraço virtual.
Kenya.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá.
ResponderExcluirParabéns pelo texto e pela temática relevante.
É possível depreender a importância do patrimônio local como fonte de História, porém senti falta no texto de talvez explicitar as possíveis dificuldades enfrentadas por professores no acesso a essas fontes e no trato que deve ser dado a elas. Talvez, pelo limite de espaço no texto a autora não tenha tratado disso, mas creio ser essencial já que as documentações e fontes podem estar tanto facilmente acessíveis quanto estarem restritas ou "escondidas" de forma que os professores tenham que encontrar meios de explicitar aos alunos que mesmo não tendo contato direto com as fontes é necessário uma reflexão sobre o porquê do não acesso a elas.
Obrigado!
Nome: André Guilherme da Cruz Cremonesi
Olá, André.
ExcluirSua colocação é muito pertinente. Este texto por ser um recorte de um artigo maior realmente ficou carente de apresentar outras questões, tais como a levantada por você e também as relacionadas às formas de trabalhar com consciência histórica e patrimônios na prática. Neste caso em específico, as fontes são oriundas da própria cidade. Ou seja, é através de percursos realizados a partir de patrimônios locais que se irá construir narrativas para auxiliar na construção da consciência histórica, tanto na juventude como na educadora. Claro que para realizar pesquisas mais a fundo sobre determinado patrimônio vamos precisar procurar outros espaços, tais como Instituto Histórico e Geográfico, Casa de Cultura, Biblioteca Pública e afins, porém neste caso a intenção é que tais espaços sirvam de apoio para discussões básicas e também para ampliar a dimensão e a importância da cidade no país e suas relações com outros países também.
Espero ter te respondido!
Um abraço virtual.
Bom dia, Kenya.
ResponderExcluirPara a formação da consciência histórica, além da escola, quem mais pode contribuir? E como o professor de história pode utilizar esses múltiplos processos em sala de aula?
Pode responder com um exemplo.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa tarde Kenya,
ResponderExcluirAchei seu texto muito interessante, pois você enfoca também, na utilidade prática do ensino de História e traz correlações desse ensino com a questão patrimonial.
No caso, além do ensino de História e cultura afro-brasileira e índigena, bem como outros tantos grupos minoritários pouco evidenciados, há uma questão acerca de que forma estes grupos podem vir a ser mais visibilidados de forma prática no ensino de História local, em conjunto com a educação patrimonial.
Deste modo, a seu ver, como a consciência história poderia possibilitar estratégias educacionais para a viabilização acerca do ensino destes grupos, tendo em vista o ensino patrimonial e o meio globalizado em que vivemos?
Nome: Gisely Capitulino da Fonseca.
Primeiramente parabéns pelo texto. Ao conversar sobre patrimônio tenho sempre uma preocupação: como incentivar no aluno o sentimento de pertencimento? Se partirmos da escola como patrimônio, muitas não estão em estado de conservação adequado, e muitos dos motivos podem estar relacionados com a violência, com a exclusão social. Por que depredam? Por que a falta de cuidado com o que, pela lógica, é do jovem estudante? Diante disso, como você pensa que podemos auxiliar o estudante para que o mesmo possa pertencer ao local a ponto de cuidar? Penso que um aluno que vai para a escola com fome, e nesse espaço aprende que gastam milhões para a reforma de uma edificação histórica, necessita bem mais de uma aula expositiva. Acredito que envolver o aluno com a história da família, com a história do bairro, a sua própria história, seria uma forma de iniciar um processo de construção. Para depois, então, partir para uma saída de campo , talvez, para reconhecer na cidade os espaços de memória, de história, os prédios históricos, os monumentos, etc. O que você pensa sobre isso?
ResponderExcluirMaria Cristina Pastore